Como Flávio Dino, José Sarney acha que a corrida presidencial pode ter uma “terceira via”

 

José Sarney, como Flávio Dino, sugere terceira via na disputa 

Ainda uma das principais referências políticas do País por sua experiência e sua clarividência em relação ao que acontece no tabuleiro político brasileiro, o ex-presidente José Sarney e presidente de honra do MDB avalia que o forte desgaste que atinge tanto o ex-presidente Lula da Silva (PT) quanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode favorecer uma “terceira via” na corrida ao Palácio do Planalto. Essa avaliação do ex-presidente – que segundo a coluna do jornalista Lauro Jardim, na edição de ontem de O Globo – tem sido por ele externada a interlocutores, depois de ter recebido a visita dos dois pré-candidatos a presidente.  É essa também a avaliação do governador Flávio Dino (PCdoB), que desde as primeiras discussões sobre a corrida sucessória, vem defendendo a formação de uma grande aliança reunindo partidos do centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda democrática em torno de um nome em torno do qual se pode construir um consenso. Como o ex-presidente emedebista, o governador teme que mesmo uma candidatura forte, mas sem lastro partidário amplo e sólido, corre risco numa disputa fortemente polarizada como a que já começa a se desenhar.

José Sarney e Flávio Dino são marcados por diferenças políticas e ideológicas abissais, mas têm traços comuns, como o pragmatismo e a visão democrática segundo a qual é possível mobilizar essas forças em torno de um projeto que leva uma candidatura de projeção nacional. E nesse caso, suas posições coincidem, de vez que a ideia central de uma estratégia para vencer o atual inquilino do Palácio do Planalto é mobilizar forças políticas em torno de uma candidatura consensuada, evitando que elas se pulverizem. O ex-mandatário nacional e o governante maranhense sabem que projetos isolados e inflexíveis, como é o de Bolsonaro e parece ser o de Lula da Silva, limitam seu poder de fogo e tendem a fazer uma campanha cheia riscos.

José Sarney não deu pistas do que pensa a respeito de nomes, mas com certeza quer o MDB numa aliança forte. Flávio Dino, por sua vez, acha que Lula da Silva, mesmo com o problema da rejeição, tem condições de mobilizar um amplo leque de apoio partidário, também construindo pontes nos estados. Avaliam, por vieses diferentes, que o ex-presidente Lula da Silva precisa flexibilizar o debate, evitando impor as posições do PT. Mesmo já tendo declarado apoio uma eventual candidatura do líder petista, o líder maranhense não cansa de bater na tecla segundo a qual é necessária a construção da grande aliança. E mostra como exemplo o que ele próprio faz no Maranhão, onde governa com 16 legendas, que representam as mais diferentes correntes partidárias do País.

Defensor da política de alianças, Flávio Dino dá o exemplo e aposta numa candidatura de consenso da aliança que lidera para disputar a sua sucessão, que já ganha intensidade com as pré-candidaturas do senador Weverton Rocha (PDT) e do vice-governador Carlos Brandão (PSDB). E antes de se posicionar, vai consultar a todos os partidos que integram a base de apoio do seu Governo, pretendendo com isso estimular um debate que venha produzir consenso em torno de um dos dois pré-candidato. E mesmo estando inclinado a apoiar o seu vice, que tem sido o seu mais fiel aliado fora do PCdoB, vai iniciar as consultas já no final deste mês, com a perspectiva de chegar ao final do ano com todas as cartas na mesa, reunindo, portanto, argumentos para indicar o candidato. Paralelamente, Weverton Rocha e Carlos Brandão se movimentam intensamente em busca de apoio partidário, passando a impressão de que vão respeitar o resultado da consulta e o consequente posicionamento do governador, que é pré-candidato ao Senado.

No campo político nacional, o cenário que leva em conta a sucessão presidencial é ainda impreciso, e turvo. Jair Bolsonaro é candidatíssimo à reeleição, mas, além de não ter partido, não sabe exatamente com quem contará. O mesmo acontece com Lula da Silva, que realiza uma verdadeira maratona de contatos em busca de alianças. Correrão mais ainda se a tal “terceira via” for encontrada e lançada na disputa, como sugerem o ex-presidente José Sarney e o governador Flávio Dino.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Weverton intensifica articulação para formar base partidária forte

Weverton Rocha troca figurinhas com André Fufuca visando ampliar base partidária

O senador Weverton Rocha não faz pausa para descanso na corrida em que busca formar e consolidar uma base partidária para sustentar o seu projeto de candidatura à sucessão do governador Flávio Dino. Já conta com o DEM e já atraiu o Republicanos, comandado pelo deputado federal Cléber Verde; o PSL, que agora está sob o comando do deputado federal Pedro Lucas Fernandes; o PSB, conforme declaração do presidente socialista Luciano Leitoa, ex-prefeito de Timon, e provavelmente o PP, liderado no estado pelo deputado federal André Fufuca. Nos bastidores da política ludovicense, corre que Weverton Rocha aguarda o apoio do Podemos, comandado pelo prefeito Eduardo Braide, que não fez até agora qualquer gesto político relacionado com a corrida sucessória estadual em 2022. Aliados do senador apostam que ele terá o apoio de pelo menos oito dos 15 partidos da aliança dinista, o que será um cacife e tanto.

 

Brandão cumpre agenda intensa no interior em busca de apoio político

Carlos Brandão no cais de Parnarama, com o prefeito Raimundo Silveira (de azul)

O vice-governador Carlos Brandão (PSDB) vem cumprindo uma intensa programação de visitas a municípios, representando o governador Flávio Dino em inauguração e lançamento de obras. Na Quinta-Feira, ele esteve em Imperatriz, onde inaugurou mais uma etapa do Centro de Artesanato do município, e ontem foi a Parnarama, onde entregou as instalações da Defensoria Pública, uma Escola Digna e vistoriou obras no cais e no mercado da cidade. Carlos Brandão incursiona no interior representando o governador Flávio Dino – que está concentrado em São Luís por conta dos desafios do novo coronavírus -, e mostrando à classe política que está consolidando sua pré-candidatura à reeleição, para não deixar vácuos no seu projeto de poder.  Vale lembrar que o vice-governador será governador titular a partir de 3 de Abril do ano que vem, quando o governador Flávio Dino deixará o cargo para disputar o Senado.

São Luís, 17 de Maio de 2021.

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