Arquivos mensais: agosto 2025

Exata mostra Braide liderando com folga, Orleans solto em 2º e Lahesio e Camarão brigando pelo 3º lugar

Eduardo Braide lidera corrida aos Leões seguido de
Orleans Brandão, Lahesio Bonfim e Felipe Camarão

Se a eleição para o Palácio dos Leões fosse realizada agora, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD) sairia das urnas com 35,42% dos votos e disputaria o segundo turno com o secretário estadual de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), que receberia 19,67%. O ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), teria 13,08% da votação, enquanto o vice-governador Felipe Camarão (PT) ficaria em quarto lugar com 11,75% dos votos. Na sequência, 6,67% não votariam em nenhum deles, enquanto os 13,08% restantes não saberiam em quem votar.

É um cenário que, segundo dois observadores ouvidos pela Coluna, traduz, grosso modo, o atual ambiente da política maranhense. E que, como nos outros levantamentos, chama a atenção o fato de o prefeito de São Luís liderar a corrida, com folga expressiva, no momento em que as pré-candidaturas começam, de fato, a serem definida, num processo político antecipado – as eleições ocorrerão daqui a pouco mais de 13 meses – e marcado por forte embate entre grupos. Difícil imaginar outro desenho no que diz respeito a Eduardo Braide, que continua mantendo silêncio sepulcral sobre ser ou não ser candidato a governador.

Mas o diferencial trazido pela pesquisa Exata está na simulação do pleito sem a presença do vice-governador Felipe Camarão. De acordo com o levantamento, sem a presença do vice-governador na disputa, o prefeito Eduardo Braide saltaria para 40,92% das intenções de voto, ou seja, ele levaria quase metade dos votos que seriam do candidato do PT, enquanto Orleans Brandão receberia dois pontos percentuais, subindo para 21,58%, e Lahesio Bonfim levaria cerca de três pontos, alcançando 15%. E se o pleito se desse apenas entre Eduardo Braide e Orleans Brandão, o prefeito de São Luís sairia das urnas com 47,08% e o secretário de Assuntos Municipalistas receberia 25%.

O dado que efetivamente movimenta a corrida sucessória é o crescimento rápido e vertiginoso do emedebista Orleans Brandão, explicado, com clareza, por ser ele o nome escolhido pelo governador Carlos Brandão (ainda no PSB), comandar a Secretaria de Assuntos Municipalistas e ocupar o espaço de maior influência na equipe do chefe do Poder Executivo. Essa massa de poder político associada a uma visível desenvoltura nas reentrâncias da política estadual, especialmente na seara municipal, vem lhe dando gás para crescer nas intenções de voto.

Por outro lado, o vice-governador Felipe Camarão, em quem todos enxergavam grande potencial para  vencer a eleição, perdeu grande parte do seu cacife inicial e agora, sem chance de assumir o Governo e concorrer à reeleição, amarga o quarto ligar, medindo forças com o terceiro colocado, Lahesio Bonfim, cujo poder de fogo eleitoral varia a cada pesquisa, quase sempre situado na terceira colocação, ora como ameaça forte a Orleans Brandão, como se viu em pesquisas recentes, ora como ameaçado por Felipe Camarão.

Outro dado desse levantamento para ser levado em conta é o item rejeição, no qual Felipe Camarão (28,67%), Orleans Brandão (28,17%) e Lahesio Bonfim (27,42%) aparecem rigorosamente empatados elevados percentuais de rejeição, enquanto o prefeito Eduardo Braide surfa numa onda de rejeição bem menor: 11,33%.

Nesse mosaico, uma eleição em dois turnos, sinalizando, desde os primeiros levantamentos, para uma disputa dura, o sinal trazido pela nova pesquisa Exata, realizada num momento tenso e de muitas definições, é que o rumo da corrida ao Palácio dos Leões está nas mãos do prefeito de São Luís, seja como candidato, seja como não candidato. Se ele entrar, entrará forte, pelo menos com vaga garantida num segundo turno. Se ele não entrar, poderá influenciar fortemente o embate se se posicionar por uma candidatura.

Em Tempo: a pesquisa Exata foi realizada de 4 a 8 de agosto, ouviu 1.200 eleitores em 39 municípios, tem margem de erro é de 3,28 pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 95%.

PONTO & CONTRAPONTO

Pesquisa aponta “empate técnico” entre Lula e Brandão na avaliação das suas gestões

Lula da Silva e Carlos Brandão: bom
alinhamento administrativo e político

Os governos do presidente Lula da Silva (PT) e do governador Carlos Brandão (ainda no PSB) têm o mesmo nível de aprovação entre os maranhenses, segundo a pesquisa Exata.  

A gestão do presidente é aprovada por 62,33% dos 1.200 entrevistados, contra 34,33% que a desaprovam, enquanto a do governador tem a aprovação de 60,67%, contra 32,08% que não a aprovam.

Apenas 3,33% disseram não saber como avaliar o governo do presidente Lula da Silva, enquanto 7,25% disseram o mesmo em relação à gestão do governador Carlos Brandão.

Não são muitas as semelhanças entre as gestões do presidente Lula da Silva e do governador Carlos Brandão. Mas vários aspectos as aproximam, entre eles o viés social, especialmente no que diz respeito ao combate à fome. O governador Carlos Brandão lançou vários programas sociais complementares aos programas federais já consolidados.

Além do mais, o presidente Lula da Silva mantém uma relação institucional e administrativa ajustada, que se estende também no plano político. Mesmo sem saberem ainda como ficarão em relação à sucessão estadual, existe entre os dois o compromisso reiterado de que estarão no mesmo palanque em 2025.

Integrante do grupo dinista deixa cargo da gestão brandonista de Imperatriz

Clayton Noleto

Não surpreendeu o pedido de demissão de Clayton Noleto (PCdoB) da chefia da Secretaria de Governo na gestão do prefeito de Imperatriz, Rildo Amaral (PP). Numa nota equilibrada e política e eticamente correta, Clayton Noleto, que fora homem forte como secretário de Infraestrutura nos sete anos e três meses do Governo Flávio Dino, pediu demissão, alegando exatamente as circunstâncias políticas.

Expoente do dinismo na região Tocantina, Clayton Noleto apoiou a candidatura de Rildo Amaral, de quem recebeu convite para a Secretaria de Governo. Ele aceitou, mas logo ficou claro que o prefeito Rildo Amaral seguirá a linha política traçada pelo governador Carlos Brandão, que tem Orleans Brandão como candidato a governador, enquanto o agora secretário Clayton Noleto é apoiador da pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT).

Pelas razões expostas pelo próprio demissionário, o prefeito Rildo Amaral deve ter ficado aliviado com o gesto ao auxiliar.

São Luís, 19 de Agosto de 2025.

Protagonismo: Brandão viveu semana em que “peitou” Dino, confirmou que fica no cargo e reafirmou apoio a Orleans

Foto 1: Carlos Brandão com o presidente do MDB,
Baleia Rossi; foto 2: Carlos Brandão em audiência
com o ministro-presidente do STF, Luís Roberto
Barroso; e foto 3: Carlos Brandão com a
representante da Unesco. Marlova Jovchelovitchi

Se não foi um período perfeito do início ao fim, não há dúvida de que a semana que passou foi um dos momentos politicamente mais afirmativos para o governador Carlos Brandão (ainda no PSB) nos últimos tempos. E o ponto nevrálgico do roteiro por ele vivido entre Penalva, Brasília, São Luís e Barreirinhas foram as conversas que manteve com o presidente do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), na qual consolidou no partido a pré-candidatura de Orleans Brandão ao Governo do Estado, e com o ministro-presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, a quem reclamou das decisões do ministro Flávio Dino no processo sobre nomeação de conselheiros do Tribunal de Contas no Estado (TCE). Os movimentos caracterizaram nitidamente uma ampla e arrojada reação política do governador maranhense ao que muitos apontam como investidas do chamado Grupo Dinista contra ele e seu Governo.

A contramarcha de Carlos Brandão começou no domingo, em Penalva (10/08), onde, num discurso forte, feito em tom indignado e desafiador face à perda do controle do PSB e à decisão ministro Flávio Dino de mandar investigar suposta compra de vagas no TCE, ele, dando um tom jamais dado a uma fala pública, disparou: “Deus está do lado dos bons. Os satanás, perseguindo, vão ficar no inferno”. As palavras, que ecoaram fortemente no meio político, foram uma espécie de senha para o que viria.

Na segunda-feira (11/08), Carlos Brandão, acompanhado da presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale (ainda no PSB), e de Marcus Brandão, presidente do braço maranhense do MDB, desembarcou em Brasília, para cumprir uma agenda diferenciada, que começou na terça-feira (12/08) na sede do MDB. Ali, numa reunião com o presidente Baleia Rossi, o governador confirmou que ficará no cargo até o final do mandato, e apresentou o projeto de candidatura de Orleans Brandão à sua sucessão, além da migração para o MDB de grande parte, se não a maioria, dos seus aliados hoje no PSB. As três decisões foram recebidas com entusiasmo pelo líder emedebista, que declarou a candidatura de Orleans Brandão será uma das prioridades do MDB no plano nacional.

Ano dia seguinte, quarta-feira (13/08), em meio à repercussão da investida política no MDB, o governador Carlos Brandão, acompanhado da presidente Iracema Vale e ciceroneado pelo senador Weverton Rocha (PDT), bateu às portas da Suprema Corte, onde, em audiência com o presidente, ministro Luís Roberto Barroso, reclamou das decisões do ministro Flávio Dino – relator da ADI sobre o processo relativo à nomeação de conselheiros, cujas regras haviam sido contestadas pelo deputado Othelino Neto por meio do seu partido, o Solidariedade. A reclamação foi formalizada mais tarde num agravo interno em que o Governo reclama do trâmite da ação e das decisões do ministro-relator, que na avaliação do governador mantém o processo parado quando todas as pendências foram resolvidas, insinuando motivação política por parte do magistrado.

De volta a São Luís, na noite de quarta-feira (13/08), o governador Carlos Brandão reuniu num jantar seus aliados ainda filiados ao PSB, e no discurso, ele confirmou o rompimento consumado com o ministro Flávio Dino e seus aliados políticos, fazendo um relato conciso da sua visão sobre como tudo aconteceu. Ele também reafirmou a decisão de permanecer no cargo até o final do mandato e garantir que o seu grupo eleja o sucessor, no caso Orleans Brandão.

Na sexta-feira, Carlos Brandão se afastou momentaneamente da agenda política para participar de duas cerimônias históricas, uma em São Luís e outra em Barreirinhas. Na Capital, recebeu da Unesco o certificado do Bumba Meu Boi como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade, liderando, acompanhado de visitantes e aliados, uma procissão de “batalhões”, entre a Casa das Minas e a Capela de São Pedro. E em Barreirinhas, recebido pelo prefeito Vinícius Vale (MDB), seu aliado, no Parque dos Lençóis, junto com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) e André Fufuca (Esporte), dos senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD) e da deputada-presidente Iracema Vale, recebeu o certificado que formaliza o título de Patrimônio Natural da Humanidade ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. O entusiasmo mostrado nãos eventos se justifica pelo fato de que a atuação do governador foi decisiva para a concessão dos dois títulos.

Numa espécie de contrapeso, o governador Carlos Brandão enfrentou na mesma sexta-feira dois incômodos: a informação de que a Polícia Federal confirmou abertura de inquérito para investigar a denúncia de compra de vagas no TCE, e a ordem do ministro Alexandre de Moraes, para ele demitir o procurador geral do Estado, Valdênio Caminha, em outro caso, este envolvendo assessores do ministro Flávio Dino – a decisão foi cumprida. Mas nada alterou o seu ânimo, nem minimizou o peso político da sua movimentação no Maranhão e em Brasília ao longo da semana.

PONTO & CONTRAPONTO

Com movimentos arrojados, Weverton opera para juntar dinistas e brandonistas por sua reeleição

Weverton Rocha: arrojo

Numa sequência de movimentos políticos na qual foi eleito com o apoio de Flávio Dino (PCdoB) em 2014, rompeu com o grupo ao disputar o Governo do Estado com o governador Carlos Brandão (PSB) em 2022 – com quem permaneceu rompido durante mais de dois anos -, se reaproximou do então senador e ministro da Justiça Flávio Dino (PSB), e agora retoma a ligação política com Carlos Brandão, o senador Weverton Rocha (PDT) entra no curto circuito entre Carlos Brandão e o agora ministro do STF Flávio Dino, atuando como poder moderador, com a clara pretensão de ser uma espécie de cupido empenhado em reconciliar o governador e o ministro.

Na semana que passou, o senador Weverton Rocha, que é candidato à reeleição e se movimenta em busca de apoio, deu várias declarações nesse sentido, usando o apoio ao presidente Lula da Silva (PT) como fator de união entre esses grupos no Maranhão.  “Dos dois lados sempre vai ter gente estimulando para essa união não acontecer por interesses muitas das vezes próprios”, declarou.

E acrescentou, exibindo a performance de um conciliador, invocou o bom sendo, como se nada tivesse a ver com a crise que separou dinistas de brandonistas: “Os que têm juízo têm que lutar é por essa união e temos até abril para construir esse entendimento”.

O senador Weverton Rocha já ganhou o apoio de brandonistas liderados pela presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, conseguiu o aval do governador Carlos Brandão, depois que este decidiu não disputar o Senado. E agora, usando o momento mais agudo do racha da base governista, tenta pescar o apoio do grupo brandonista.

Aliados do ministro Flávio Dino ainda não se manifestaram sobre apoia-lo, mas é fato que não há manifestações de restrições, o que indica uma possibilidade de ele vir a ser apoiado pelos dois grupos.

Bacabal: Roberto Costa prioriza educação e faz mudanças amplas na política educacional

Roberto Costa reinaugura creche
cujo teto havia desabado

Todas as informações que chegam do Médio Mearim dão conta de que a educação de Bacabal, o maior e mais importante município da região e que está entre os dez maiores do estado, está vivendo uma espécie de mudanças profundas na gestão do prefeito Roberto Costa (MDB), que é também presidente da Federação dos Municípios do Maranhão.

Nas duas últimas semanas, três eventos comandados pelo prefeito emedebista indicaram o arrojo da política educacional. O mais recente aconteceu no dia 12, no povoado Luziana, onde o prefeito Roberto Costa reinaugurou a unidade escolar “Raimundo Nonato de Sousa”, que atende a 400 estudantes de seis povoados da região e funciona nos três turnos. A unidade escolar conta com seis salas de aula climatizadas, mobília nova, secretaria, sala dos professores, diretoria e sala de robótica, e ganhou uma área externa murada, um ambiente muito diferente do anterior.

O segundo evento foi a reabertura da Creche Mãe Firmina, no bairro Alto Bandeirantes, inteiramente reformada, depois que o telhado desabou no dia 18 de abril, Sexta-feira Santa. Pouco depois prefeito esteve no local, avaliou os danos e recomendou aos pais que mantivessem seus filhos em casa, assegurando que eles receberiam a merenda escolar nas suas residências. Entre aliviado e indignado, o prefeito determinou a completa reforma da creche, que agora está funcionado com segurança.

E para completar essa impressão, antes disso, no dia 06, o prefeito Roberto Costa autorizou a ida de quatro jovens estudantes do nível médio para a Coréia do Sul, mais propriamente para a cidade de Deagu, integrando a delegação brasileira na RoboWorld 2025, uma das maiores competições de robóticas do planeta.

Desde que assumiu, Roberto Costa deflagrou um conjunto de ações para melhorar o sistema educacional de Bacabal – que hoje é uma cidade universitária –, começando por medidas de valorização dos professores e dando mais suporte aos estudantes da rede de ensino básico, como o reforço na merenda escolar e o fornecimento do fardamento escolar.

São Luís, 17 de Agosto de 2025.

Em Tempo: A Coluna de ontem (16/08) publicou inicialmente o texto “cru”, sem revisão final, o que resultou em algumas imprecisões, que foram devidamente corrigidas. O editor pede desculpas.

Especial: Bumba Meu Boi e Lençóis Maranhenses se tornam, de fato, patrimônio imaterial e natural da civilização humana

Acima: Carlos Brandão e Marlova Jovchelovitchi
exibem um boi-símbolo da cultura maranhense;
nas demais imagens a procissão que saiu da
Casa das Minas e alcançou a Capela de São Pedro

A cultura popular e a natureza do Maranhão estão em festa. O Bumba Meu Boi foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e os Lençóis Maranhenses receberam do mesmo braço cultural da ONU o título de Patrimônio Natural da Humanidade. Esses status universais da base cultural popular e de uma faixa excepcional do rico mosaico natural maranhense, associados ao reconhecimento, também pela Unesco, de São Luís como Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, são atestados incontestáveis de que a Ilha de São Luís, seu entorno regional e sua gente etnicamente misturada produziram coisas diferentes, e indiscutivelmente superiores, de tudo o que é de cultura de base desse imenso Brasil miscigenado.    

Os dois diplomas entregues ontem pela Unesco ao governador Carlos Brandão, que na sexta-feira jogou para o alto as marchas e contramarchas políticas, para ser, integral e entusiasticamente, o anfitrião dos atos em que o mais forte braço da cultura popular e a faixa mais diferenciada da natureza, tornaram o Maranhão um pedaço excepcional do planeta. O primeiro, o Bumba Meu Boi, que expressa a religiosidade e as características mais evidentes do caldeirão cultural produzido pelas três raças que deram origem ao que hoje é o maranhense integral. O segundo, os Lençóis, que estão revelando ao mundo uma faixa de terra esculpida pelos ventos num processo contínuo de encantamento. |Ambos formam o tripé superior com a inclusão do maior acervo arquitetônico colonial português da América Latina, construído ao longo de quatrocentos anos.

Marginalizado até o início dos anos 60, quando os seus “batalhões” ainda animavam terreiros ludovicenses como manifestações marginais, acompanhadas pelos olhares atentos da polícia, o Bumba Meu Boi se agigantou como expressão popular nos anos 70 e 80, avalizado pelos esforços dos seus brincantes e cantadores, como os geniais poetas-compositores Humberto de Maracanã, Coxinho, João Chiador, entre outros gigantes da poesia popular, que formaram as gerações que os estão sucedendo. Eles tiveram o incentivo de militantes da cultura maranhense, como Domingos Vieira Filho, Valdelino Cécio, Arlete Nogueira Machado, Joila Morais, Terezinha Jansen, Zé Pereira Godão, entre outros militantes da cultura de base, que ao longo das décadas de 70, 80 e 90 driblaram a ditatura e as forças conservadoras e ajudaram a colocar batalhões linha de frente, nos seus diferentes sotaques, como “Maracanã”, “Maioba”, “Madre Deus”, “Pindoba” “Ribamar”, “Laurentino” “Rosário”, “Axixá”, “Morros”, no epicentro da cultura maranhense.

Aos poucos incorporados pelo poder público como tesouros da cultura popular e fonte de atração turística, esses batalhões acabaram consagrados, não só como manifestações culturais, mas como símbolos maiores de um povo culturalmente rico. A força das suas danças e das suas toadas embala os maranhenses e hoje encanta brasileiros que visitam esse pedaço isolado do País nas festas juninas, que ganham volume a cada ano. E como tudo o que é genuíno, sofre ataques diversionistas, como as corruptelas que distorcem a raiz cultural usando lindas mulheres, que afrontam os cazumbás com seus bailados sensuais, diferentes, mas sem a alma cultural das índias da Maioba e do Maracanã, por exemplo. É como se fossem a versão “sertaneja universitária” do Bumba Meu Boi. Mas os “batalhões pesados” preservam suas raízes como um tesouro, e mostram isso a cada período junino nos arrais de São Luís e do Maranhão, especialmente em 29 de junho, no grande encontro do João Paulo, no qual externam sua força e a sua resistência com o movimento cultural de base.

O título de Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade contempla, na mesma medida, os “batalhões” genuínos dos sotaques de matraca/pandeirões, zabumba, orquestra e costa de mão, que se mantêm com uma surpreendente e inesgotável alegre mistura de força, humildade e um indômito orgulho. Está certo o governador Carlos Brandão quando, ao lado de Marlova Jovchelovitch Noleto, representante da Unesco no Brasil, declarou: “Eu sou um entusiasta da cultura, um entusiasta do turismo. No nosso governo, o turismo no estado subiu 44%, segundo dados do IBGE. O nosso Centro Histórico, que é Patrimônio Histórico e Cultural. Nosso projeto é fortalecer e valorizar cada vez mais o bumba boi”.

Acompanhado da representante da Unesco, o governador liderou uma procissão de “batalhões” que saiu da consagrada Casa das Minas e terminou na capela de São Pedro, o santuário do Bumba Meu Boi do Maranhão.

Lençóis: a joia natural do Maranhão pertence agora ao mundo inteiro

Carlos Brandão anuncia em Barreirinhas o título dos Lençóis, ao lado da representante da Unesco, dos ministros Marina Silva e
André Fufuca, da presidente Iracema Vale e outros convidados

A entrega do Certificado de Patrimônio Natural da Humanidade ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhense se deu numa grande manifestação no Parque das Dunas, em Barreirinhas – portal de entrada para o parque -, pela representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, ao governador Carlos Brandão, na presença dos ministros do Meio Ambiente, Marina Silva, e do Esporte, André Fufuca, da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (ainda no PSB), dos senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), do deputado federal Duarte Jr. (ainda no PSB), do prefeito de Barreirinha, Vinícius Vale (MDB), de secretários de estado, entre outros convidados.

O diploma contempla como patrimônio da civilização os 155 mil hectares de dunas, rios, lagoas e manguezais que formam a maravilha ecológica o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e que se tornou o oitavo parque a contar com essa chancela no Brasil, ganhando força como destino turístico, sendo um motor econômico, também criando as condições para a sua própria preservação.

Para receber o certificado de patrimônio do mundo, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foi analisado sob diversos aspectos, entre eles a beleza natural, suas características geomorfológicas, a sua integridade, a legitimidade dos limites e proteção da área, além da situação do plano de manejo, que inclui a situação dos moradores nativos, ações de conservação e atuação dos prestadores de serviços turísticos. No ato, o governador Carlos Brandão anunciou que conseguiu junto ao Governo federal recursos no valor de R$ 100 milhões. Esses recursos serão aplicados em projetos de abastecimento de água e serviços de esgoto em áreas urbanas alcançadas pelo parque, a começar por Barreirinhas, que é o centro de recepção e irradiação da base turística dos Lençóis Maranhenses, que recebe cada vez mais visitantes anualmente.

E não poderia ser diferente, porque os Lençóis Maranhenses são um fenômeno natural único em todo o planeta.

E o governador Carlos Brandão deixou claro que vai usar todos os recursos ao seu alcance para preservar esse tesouro natural: “Já estamos recuperando o aeroporto, colocando iluminação e dando todas as condições para que a gente possa receber voos diretos, o que vai fortalecer hotéis, restaurantes, bares, porque isso é mais emprego e mais renda. A partir de hoje, esse patrimônio não é mais só nosso, mas do mundo e cabe a nós cuidarmos desse grande patrimônio natural e para isso todos nós devemos fazer a nossa parte”.

Vale lembrar que o governador Carlos Brandão participou pessoalmente de todas as etapas do processo que resultou no reconhecimento da região com o patrimônio mundial. Participou, em julho do ano passado, em Nova Deli, Índia, da reunião em que o Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco concedeu o título. Em julho deste ano, durante reunião em Paris, na França, o mandatário maranhense formalizou o pedido para que a entrega do certificado fosse realizada em solo brasileiro.

O estado do Maranhão agora é detentor de três títulos de Patrimônio da Humanidade – São Luís, Bumba Meu Boi e Lençóis Maranhenses. Na avaliação da represente do braço cultural da ONU, “é importante valorizar esse título de Patrimônio Natural dos Lençóis, porque quando a Unesco declara esse valor excepcional, aumenta o cuidado, aumenta a proteção, o número de turistas e a cadeia da economia. É um esforço de muitas mãos humanas e temos o dever de cuidar, proteger e salvaguardar”.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, elogiou o compromisso do governador Carlos Brandão em conquistar a certificação para os Parque Nacional dos Lençóis e destacou o cuidado do Governo Federal em promover a preservação associada a investimentos.

– O Ministério do Meio Ambiente sabe a importância das belezas naturais e trabalha para que sejam preservadas e ao mesmo tempo promovam emprego, renda e bem-estar. Vamos fazer aqui outros investimentos, para que possamos ter o turismo de observação e de imersão. Que a gente se sinta responsável por preservar e usar com sabedoria esse lindo e maravilhoso presente – destacou a ministra.

Em resumo: a preservação do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses se dá porque ele é o resultado de um raro fenômeno geológico e foi formado ao longo de milhares de anos através da ação da natureza. Suas paisagens são deslumbrantes, com imensidão de areia que faz o lugar assemelhar-se a um deserto, mas as águas pluviais formam lagoas que se espalham em praticamente toda a área do parque formando uma paisagem inigualável, como se fossem vários oásis. Daí o fascínio que exerce sobre turistas do mundo inteiro.

São Luís, 16 de Agosto de 2025.

Brandão confirma rompimento e afirma que não havia acordo para apoiar Camarão

Carlos Brandão fala no jantar com aliados

O rompimento do governador Carlos Brandão (saindo do PSB) com o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, e o grupo a ele ligado, agora é fato consumado. Esse desfecho foi selado e carimbado durante um jantar, na noite de quarta-feira, em que o governador reuniu aliados – deputados, prefeitos e vereadores do PSB – para lhes comunicar o esgotamento de todas as possibilidades de reconciliação. Agora, é cada um para seu lado, com as duas forças indo para o embate nas eleições do ano que vem, sendo que o governador Carlos Brandão e seu grupo apoiarão a candidatura de Orleans Brandão (MDB) ao Governo, enquanto o grupo dinista tentará emplacar no Palácio dos Leões o vice-governador Felipe Camarão (PT). A guerra está declarada, e pelo que falou o chefe do Executivo aos presentes, trata-se de uma situação irreversível.

No seu discurso, feito no embalo do seu retorno de Brasília, onde traçou de vez o seu rumo político, o governador Carlos Brandão fez um relato resumido do processo de rompimento. Disse que, ao assumir o Governo, atendeu a todas as demandas do então senador Flávio Dino e seu grupo, e que a partir de então passou a ser pressionado, o que desgastou a relação. A convivência com o grupo dinista teria sido minada mais fortemente com a cobrança, “como uma imposição”, para que ele declarasse apoio à candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT). E confirmou informação publicada semanas atrás pela Coluna: “Nunca houve compromisso para a gente apoiar a candidatura de ninguém”.

O governador Carlos Brandão disse também que tentou inúmeras vezes dialogar com o então senador e ministro da Justiça Flávio Dino, mas não obteve a correspondência devida, o que tornou impossível a continuidade da relação. O quadro se agravou com as ações do Solidariedade na Suprema Corte, em especial a que questionou as regras para a escolha de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), todas relatadas pelo ministro Flávio Dino. De acordo com as suas declarações, foram “as pressões e ameaças judiciais”, associadas às diferenças políticas, que o levaram a definir o seu rumo político, escolhendo o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), como candidato à sua sucessão.

– Na política, a gente dialoga, a gente abre, a gente avança, mas imposição… A palavra mais certa é essa: rendição. E o que eles queriam era rendição – declarou, em tom de revelação.

Nas conversas informais durante o jantar, o governador confirmar a impossibilidade de permanecer no PSB, agora presidido no Maranhão pela senadora Ana Paula Lobato, sua adversária. Mas não revelou qual o seu rumo partidário, embora a “bolsa de apostas” apontem o MDB como o seu caminho natural, por ser um partido sólido e de grande envergadura e situado ao centro. Há também uma possibilidade remota de que ele venha a se filiar ao PDT – que, tudo indica, será o pouso da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, que pé o nome mais destacado entre seus aliados.

O governador Carlos Brandão sabe que o rompimento poderá lhe trazer incômodos institucionais e políticos. Mas ele está seguro que tomou a decisão certa para ele e seus aliados, estando, portanto, disposto e enfrentar os eventuais desdobramentos da sua movimentação política. E numa clara demonstração de quem está seguro dos passos que vem dando e disposto a pagar para ver o que vem por aí. Para ele, mais importante do que tudo o que está acontecendo no campo político é o programa de obras do seu Governo espalhado em todo o Maranhão, levado a cabo numa estreita relação com prefeitos e com o suporte de ampla maioria na Assembleia Legislativa.

Na avaliação dos seus aliados, o governador Carlos Brandão está conseguindo levar o seu projeto adiante.

PONTO & CONTRAPONTO

Iracema considera “normal e realista” o questionamento de Brandão a Dino

Iracema Vale: “Nosso ministro
precisa ouvir os dois lados”

“Normal e realista”. Foi como a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (saindo do PSB) definiu a investida do governador Carlos Brandão no Supremo Tribunal Federal, primeiro numa audiência com o presidente da corte, ministro Luís Roberto Barroso, e depois com um agravo interno no qual questiona a imparcialidade do ministro Flávio Dino como relator da ação por meio da qual o Solidariedade questionou os critérios para a escolha de conselheiros do TCE, atingindo o Poder Legislativo estadual.

A presidente Iracema Vale acompanhou o governador Carlos Brandão na audiência e justificou a iniciativa como um dever ético de defender a Assembleia Legislativa como instituição. Para ela, fez todo sentido levar o assunto ao conhecimento do presidente da Corte. Em relação ao ministro Flávio Dino, que vem sendo acusado de “segurar” o desfecho da ação, em relação à qual não existe mais nenhuma pendência, situação avalizada pela AGU e pela PGR.

Iracema Vale disse esperar que o ministro Flávio Dino reavalie sua posição: “O que a gente mais quer é que ele não fique escutando apenas um lado, que ele escute os dois lados sobre o mesmo assunto”.

E foi além lembrando que antes de ser ministro da Suprema Corte, Flávio Dino “foi político, governador e deputado federal, participou de agremiações partidárias, inclusive partido que está dentro da ação. É óbvio que ele mantém relações pessoais com os amigos. E os amigos do nosso ministro somos todos políticos. O que a gente quer é que ele aja como sempre agiu, com correção, com retidão e fazendo justiça com a Assembleia Legislativa do Maranhão”.

Parlamento homenageia personalidades e marcas culturais de Caxias

Adelmo Soares fala na homenagem a Maria Celeste Barbosa,
José Armando Oliveira e Apolônio Alencar; Raimundo Borges
representou a Academia Caxiense de Letras

Personalidades da vida caxiense, bem como fortes traços culturais da Princesa do Sertão foram homenageados ontem pela Assembleia Legislativa. A honorável enfermeira Maria Celeste Barbosa de Sousa, o honrado comerciante José Armando Oliveira e o respeitado empresário Apolônio Alencar foram distinguidos com a Medalha do Mérito Legislativo Manoel Beckman, a mais alta honraria concedida pelo Poder Legislativo maranhense, só concedida a quem presta serviços relevantes à sociedade maranhense. Na mesma sessão solene, a Academia Caxiense de Letras e as Procissões do Fogaréu e do Mastro de São Sebastião foram reconhecidas como Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão.

A justa e oportuna homenagem às três expressões da gente caxiense e de três das suas mais importantes marcas culturais ganhou força de lei por iniciativa do deputado Adelmo Soares (PSB).

A sessão solene foi aberta pela presidente Iracema Vale (ainda no PSB), que se disse honrada em fazê-lo. O deputado Adelmo Soares justificou sua iniciativa como um gesto “de gratidão pela contribuição desses ilustres caxienses ao Maranhão”. Em relação marcas culturais destacadas, disse que a Academia Caxiense de Letras – que no ato foi representada pelo jornalista Raimundo Borges – e as Procissões do Fogaréu e do Mastro de São Sebastião engrandecem e valorizam a cultura de Caxias.

A sessão solene foi prestigiada pelo senador Weverton Rocha (PDT), pela deputada federal Amanda Gentil (PP), pelos deputados estaduais Arnaldo Melo (PP), Daniella Gidão (PSB) e Wellington do Curso (Novo), além da ex-deputada Cleide Coutinho e do ex-prefeito de Caxias Fábio Gentil.

São Luís, 15 de Agosto de 2025.

Brandão vai ao Supremo, reclama de Dino e torna rompimento irreversível

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, ouve o governador Carlos Brandão,
que foi acompanhado do senador Weverton Rocha (PDT), na audiência no STF

O Maranhão político mergulhou nesta quarta-feira numa das crises mais agudas dos últimos tempos, com o rompimento definitivo do governador Carlos Brandão (deixando o PSB) e seus aliados mais próximos com as forças identificadas como dinistas. A eclosão da crise se deu em Brasília, na sede do Supremo Tribunal Federal, corte da qual faz parte o ministro Flávio Dino. Ali, o governador maranhense fez dois duros ataques ao ministro e ex-aliado: reuniu-se em audiência com o presidente da Corte Suprema, ministro Luís Roberto Barroso, a quem fez uma reclamação verbal de suposta imparcialidade do ministro Flávio Dino na ADI movida pelo Solidariedade, então comandado no estado pelo deputado Othelino Neto, adversário do Governo, na qual questiona os critérios para a escolha de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), processo no qual enxerga “perseguição” por parte do ministro Flávio Dino. Horas depois, o reclame foi formalizado num “agravo interno” de 25 laudas protocolado na Corte Suprema, formalizando a reclamação feita pessoalmente na audiência.

No agravo, o governador elenca uma série de pontos e decisões do processo, que no seu entendimento visam protelar a decisão e, mais do que isso, prejudicar a ele, seu Governo, a Assembleia Legislativa, além da corte de contas, que tem duas vagas abertas cujo preenchimento depende da decisão final da Suprema Corte. O ponto que causou a eclosão da crise é a advogada mineira Clara Alcântara. Ela tentou entrar na ação sobre o TCE como amicus curiae, alegando no seu pedido haver suspeita de compra de votos na escolha de conselheiros do TCE. O ministro Flávio Dino rejeitou a entrada dela no processo, mas mandou a Polícia Federal investigar a suspeita de compra de votos, causando reação indignada do governador Carlos Brandão e da presidente Iracema Vale, que viram na decisão um ato de perseguição, apontando a advogada como um instrumento usados por dinistas para dificultar o processo.

A audiência e o “agravo interno” feitos pelo governador Carlos Brandão, que estava acompanhado da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (deixando o PSB), atingiram diretamente o ministro Flávio Dino, que está sendo acusado de imparcialidade. E como não poderia deixar ser, caíram como uma bomba nos meios político. Isso porque ninguém duvida de que o pano de fundo desse conflito institucional é a corrida para o Palácio dos Leões na eleição de 2026, na qual o governador Carlos Brandão tomou rumo próprio decidindo abrir mão de disputar o Senado, permanecer no Governo e lançar o secretário de Assuntos Municipalistas, seu sobrinho e principal auxiliar, Orleans Brandão, como candidato à sua sucessão. Com a equação, Carlos Brandão tirou a possibilidade der o vice-governador Felipe Camarão (PT), de assumir o Governo e concorrer à reeleição.

O rompimento do governador Carlos Brandão com o grupo dinista vinha avançando num processo lento, mas ganhou força e foi acelerado no último mês, a partir de quando o mandatário anunciou sua decisão de permanecer no Governo e lançar Orleans Brandão à sua sucessão. Esse movimento levou o comando nacional do PSB, numa decisão forte, a tomar do partido do governador e entrega-lo à senadora Ana Paula Lobato e ao grupo dinista. Esse ato do PSB associado à decisão do ministro de mandar investigar a suspeita de “compra de votos no TCE”, desencadearam uma reação da seara governista em várias frentes.

Na semana passada, o irmão do governador, Marcus Brandão, presidente estadual do MDB, divulgou um vídeo em que faz uma série de acusações ao grupo dinista e ao ministro Flávio Dino, afirmando que o governador Carlos Brandão está sendo perseguido. Na mesma linha, a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, criticou duramente o ministro Flávio Dino e o grupo que o segue, usando o mesmo argumento da perseguição. No final da semana, num discurso em Penalva, o governador Carlos Brandão elevou o tom contra o que também chamou de perseguição. “Deus está com os bons. Os satanás vão ficar no inferno”, disparou o chefe do Executivo.

A ofensiva do governador Carlos Brandão contra o que chama de perseguidores ganhou amplitude na segunda-feira, em Brasília, onde atacou em duas frentes, uma política e outra institucional. Na política, se reuniu com o presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, ouvindo dele a garantia de apoio à candidatura de Orleans Brandão como uma das prioridades do partido em 2026. E na audiência na Suprema Corte, onde verbalizou e formalizou sua queixa de ele e seu Governo estão sendo perseguidos pelo ministro e o grupo a linha por ele imprimida quando foi governador e senador.

Os movimentos do governador Carlos Brandão tornaram irreversível o rompimento e colocaram as forças políticas do Maranhão em estado de alerta máximo. Isso porque é opinião geral que haverá reação.

PONTO & CONTRAPONTO

Hildo Rocha ataca Dino dizendo que ministro pode estar cometendo abuso

Hildo Rocha: discurso duro contra
Flávio Dino na Câmara Federal

Os movimentos do governador Carlos Brandão ecoaram na Câmara Federal, onde o deputado federal Hildo Rocha (MDB), seu aliado, discursou tecendo críticas ao ministro Flávio Dino, que segundo ele estaria usando o cargo para perseguir o chefe do Executivo. No seu entendimento, o ministro Flávio Dino deveria ter se dado por impedido nas duas ações sobre escolha de conselheiros do PCE.

O parlamentar lembrou a controversa participação da advogada mineira Clara Alcântara, que levantou a suspeita de que vagas no TCE estariam sendo compradas.   

– O ministro Flávio Dino, ao invés de encaminhar para o STJ, essas denúncias, onde é o foro apropriado para o que ele, determina que a Polícia Federal abra um inquérito policial para investigar o governador, que não cometeu nenhum crime federal, não tirou dinheiro federal – disparou

Na linha de defesa do governador Carlos Brandão, o parlamentar emedebista disse o que “o ministro Flávio Dino determinou que o PSB tirasse a direção do partido do governador Carlos Brandão e entregasse para a sua suplente de senadora, que agora é senadora. Ora, aí eu pergunto: há interesse ou não há interesse dele nesse caso? Porque que ele não se dá por impedido? E a grande pergunta é se o ministro Flávio Dino está cometendo desvio de poder ou abuso de poder”.

Hildo Rocha foi mais longe ao avaliar que a crise seria fruto “de inveja do ex-governador Flávio Dino em relação ao governador Carlos Brandão.

E amarrou sua conclusão: “O governador Carlos Brandão já anunciou que vai ficar até o fim do seu mandato. Não quer disputar o Senado. E o ministro Flávio Dino, ex-governador, gostaria que sentasse na cadeira de governador o atual vice-governador Felipe Camarão. Esse é o motivo de todos esses processos, fazendo com que o Flávio Dino comete abuso de poder ou desvio de poder”.

E finalizou: O ministro Flávio Dino, por querer perseguir o governador, que faz um excelente trabalho, até por inveja, porque o governador Carlos Brandão está fazendo muito mais do que ele fez”. E relacionou obras do Governo Brandão.

Márcio Jerry sai em defesa de Flávio Dino e diz que Hildo Rocha está desinformado

Márcio Jerry rebateu o ataque
de Hildo Rocha a Flávio Dino

Ontem, o deputado Márcio Jerry (PCdoB), Márcio Jerry (PCdoB), um dos políticos mais ligados ao ministro Flávio Dino, saiu em defesa do titular do STF, acusando o deputado Hildo Rocha de desinformação. Na tribuna da Casa, e usando um tom ameno, sem agressão. O parlamentar comunista declarou que o deputado Hildo Rocha    “desperdiçou alguns minutos, para tentar fazer aqui umas críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino, ex-governador do nosso estado do Maranhão”

Segundo Márcio Jerry, “as críticas que expressam grade desinformação, pelo menos. E críticas que eu não tenho procuração para fazer a defesa, mas faço por uma questão de Justiça, mas que nem seria necessário, porque no caso do ministro Flávio Dino, a sua biografia é suficiente para defende-lo sempre. Sua atuação como ministro do Supremo atualmente, o respeito que ele tem no Brasil inteiro, dentro Corte e fora dela, é também algo que o defende naturalmente”.

Márcio Jerry prosseguiu: “E eu invoco apenas o respeito que ele tem dentro da Corte e fora dela é também algo que o defende. E eu invoco também o respeito que ele tem dentro do seu próprio partido (MDB), porque eu conheço a deferência que tem o presidente Baleia Rossi pelo ministro Flávio Dino.

Márcio Jerry concluiu: “E eu digo até mais: o ex-presidente Sarney, adversário de Flávio Dino nas lutas políticas do Maranhão, que também não cansa de manifestar respeito por esse grande jurista e grande maranhense”.

São Luís, 14 de Agosto de 2025.

Aval da cúpula nacional consolida candidatura de Orleans Brandão dentro do MDB

Baleia Rossi com Carlos Brandão; Iracema Vale, Marcus Brandão
e Hildo Rocha participaram da reunião em que a candidatura de
Orleans Brandão foi sacramentada pela cúpula nacional do MDB

A pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), ao Governo do Estado, deixou de ser um projeto do governador Carlos Brandão (saindo do PSB) e seu grupo e aliados da base governista, para se tornar um a das prioridades do comando nacional do seu partido. Esse ganho de estatura política e partidária aconteceu ontem, em Brasília, numa reunião do governador Carlos Brandão com o presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), e da qual participaram a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (saindo do PSB, podendo migrar para o PDT), o empresário Marcus Brandão (que preside o MDB maranhense) e do deputado federal Hildo Rocha (MDB). No encontro, Carlos Brandão pediu o aval do comando nacional do MDB ao projeto de candidatura de Orleans Brandão, e ouviu que, mais do que aval, a cúpula nacional emedebista vai incluí-lo na sua lista de prioridades para 2026.

A reação positiva do presidente Baleia Rossi não foi surpresa, uma vez que ele já havia demonstrado interesse no projeto de Orleans Brandão. Ele quer, na verdade, que o governador maranhense assine ficha de filiação no MDB, mas Carlos Brandão não descartou se filiar ao partido de Ulisses Guimarães, mas explicou que ainda tem pendências a resolver com o PSB. O não corre risco dentro do partido aconteceu com a deputada-presidente Iracema Vale, que está em tratativas para ingressar n o PDT, atendendo a convite do senador Weverton Rocha, a quem vai apoiar na corrida ao Senado.

Com o aval da cúpula nacional do MDB, o projeto de candidatura de Orleans Brandão, que agora pode declarar-se candidato do partido ao Governo do Estado, uma vez que sua candidatura não corre risco dentro da agremiação, pois que não existe um concorrente disposto a disputar a indicação na convenção partidária, que será realizada em julho do ano que vem, daqui a 11 meses, portanto. Com o aval do presidente Baleia Rossi, Orleans Brandão pode se apresentar como o nome do MDB na disputa pelo Palácio dos Leões.

Dos quatro nomes que até agora se movimentam para suceder a Carlos Brandão no Governo do Estado, Orleans Brandão é o que tem situação partidária melhor definida, uma vez que tem a chancela do domando estadual e da cúpula nacional do MDB. O vice-governador Felipe Camarão tem o aval da cúpula nacional do PT, mas ainda se movimenta numa zona de dúvidas em relação ao braço maranhense do PT. Líder nas pesquisas, o prefeito Eduardo Braide tem o apoio entusiasmado do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, mas ainda não disse se será ou não candidato e não tem o apoio de dois dos três deputados estaduais da sigla, Mical Damasceno e Eric Costa, que têm se movimentado claramente na direção de Orleans Brandão. E Lahesio Bonfim tem o aval na direção estadual do Novo, mas ainda não recebeu publicamente a bênção da cúpula nacional, que é controlada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema.

A chancela da presidência nacional do partido, se soma à do ex-presidente José Sarney, que é presidente de honra da agremiação, e da ex-governadora e atual deputada federal licenciada Roseana Sarney. Ele já conta com o apoio do ex-governador e ex-senador João Alberto – que presidiu a legenda por quase três décadas -, devendo receber também o aval do ex-governador e ex-senador Edison Lobão. Além disso, Orleans Brandão conta com o suporte e a força política do vice-presidente estadual do MDB, Roberto Costa, prefeito de Bacabal e presidente da Famem – Roberto Costa tem sido um dos mais ativos articuladores desse projeto de candidatura, dentro e fora do partido.

 O aval da cúpula nacional do MDB é o resultado do primeiro movimento do governador Carlos Brandão após decidir permanecer no cargo e definir o secretário de Assuntos Municipalistas como seu candidato ao Governo.

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão diz que não tem pressa para definir seu novo partido

Carlos Brandão: sem pressa
para filiação partidária

“Sem pressa para filiação”. Foi como o governador Carlos Brandão respondeu indagação da Coluna, feita ontem à noite, a respeito do seu futuro partidário. A provocação foi feita horas depois da reunião por meio da qual o mandatário maranhense haver recebido o aval do presidente do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), à pré-candidatura do secretário Orleans Brandão à sua sucessão no Governo do Estado.

Nos bastidores, corre que o governador Carlos Brandão, que está deixando o PSB, recebeu convite de pelo menos quatro partidos – União Brasil, PDT, Podemos e PSDB -, mas a voz corrente é que sua inclinação é pelo MDB. Por várias razões: o MDB do Maranhão é um partido forte, organizado, capilarizado em todo o estado, e que carrega uma vasta experiência em eleições e exercício do poder. Além disso, já é presidido por seu irmão, Marcus brandão e tem nos seus quadros o pré-candidato Orleans Brandão.

Por conta da decisão de permanecer no cargo, abrindo mão de concorrer a uma cadeira no Senado, o governador não tem pressa em se filiar a um partido político. Isso porque o exercício do mandato não exige que o chefe de Poder esteja filiado a um partido político, embora a filiação partidária seja a identidade política de um detentor de mandato, seja ele majoritário ou proporcional.

Reviravolta no PT: decisão de desembargador devolve presidência a Francimar Melo

Francimar Melo: de volta ao
comando do PT maranhense

Uma decisão do desembargador Ricardo Duailibe, do Tribunal de Justiça, causou uma grande reviravolta dentro do braço maranhense do PT, ao validar a reeleição de Francimar Melo para a presidência estadual do partido. A canetada do magistrado não apenas desmanchou a sentença do juiz Márcio Castro Brandão, 3ª Vara Cível de São Luís, mas aprofundou ainda mais a crise que agita as reentrâncias da agremiação, agora envolvendo diretamente o comando nacional, que foi atropelado pela decisão do desembargador Ricardo Duailibe.

O roteiro da crise começou com o resultado do Processo de Eleição Direta (PED), por meio do qual o PT elege seus dirigentes municipais, estaduais e nacionais. Concorreram quatro candidatos a presidente. Buscando a reeleição, Francimar Melo saiu das urnas como o mais votado, seguido de Genilson Alves e Raimundo Monteiro. Os demais candidatos não aceitaram o resultado, argumentando que Francimar Melo, além de não ter recebido votos suficientes para se eleger em um só turno, teve sua candidatura contestada na justiça por inadimplência financeira com o partido.

Os contestadores ganharam na Justiça, com a decisão do juiz Márcio Castro Brandão, 3ª Vara Cível de São Luís, que considerou Francimar Melo inelegível, e na cúpula nacional do partido, que acatou a decisão judicial, concordando com a realização de um segundo turno entre Genilson Alves e Raimundo Monteiro.

A corrente comandada por Francimar Melo, que tem como líder maior o ex-vice-governador e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Washington Oliveira, recorreu da decisão, obtendo do desembargador Ricardo Duailibe a revogação da decisão do juiz Márcio Castro Brandão e, por tabela, atropelando o aval da direção nacional por uma decisão em segundo turno sem Francimar Melo, que volta a ser o presidente reeleito do PT.

E como a imprevisibilidade e as guerras internas são marcas do PT maranhense, é quase impossível prever o que vem por aí.

São Luís, 13 de Agosto de 2025.

Brandão sai do plano da moderação e sobe para o patamar do confronto com seus opositores

Acompanhado do prefeito de Penalva Henrique Guerra (PP),
do deputado estadual Florêncio Neto (PSB) e da deputada
federal Amanda Gentil (PP), Carlos Brandão satanizou
adversários e disse que “Deus está do lado dos bons”

O governador Carlos Brandão (que está saindo do PSB), abandonou sua habitual e conhecida postura de moderação para assumir, domingo, em Penalva, uma atitude dura de ataque ao que chamou de opositores. Em meio a um discurso feito num ato público, o governador, reagiu ao que classificou de perseguição, e disparou: “Deus está do lado dos bons. Os satanás perseguindo vão ficar no inferno”. O surpreendente tom usado pelo mandatário se deu um dia depois que o seu irmão, Marcus Brandão, que preside o braço estadual do MDB, haver divulgado um vídeo no qual disparou uma série de petardos acusatórios na direção do chamado Grupo Dinista, e mais diretamente na do vice-governador Felipe Camarão (PT).

A metralha verbal do governador Carlos Brandão contra a oposição dinista se deu num dos momentos mais tensos da relação dele com o grupo dissidente da base governista, que, numa articulação intensa, o grupo opositor conseguiu retomar o controle do PSB maranhense, que foi tirado do chefe do Executivo pela direção nacional e entregue à senadora Ana Paula Lobato, que voltou ao partido após deixar o PDT. A reação do governador foi também motivada pela decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, de mandar a Polícia Federal investigar uma denúncia sobre suposta compra de votos para escolha de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A decisão retardou o processo, já resolvido, mas dependente da palavra final do ministro sobre os critérios para a escolha, pela Assembleia Legislativa, de conselheiros para a Corte de Contas do Maranhão, que causou também reação dura da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (também de saída do PSB).

Tanto o governador no seu discurso em Penalva quanto o seu irmão no vídeo em que disparou chumbo grosso contra o vice-governador Felipe Camarão e seus aliados, que para eles estariam por trás de uma conspiração para desestabilizar e afastar o governador do cargo. No seu vídeo, o presidente do MDB não deixou qualquer dúvida: “Onde eles chegam só falam em prisão do Marcus, prisão de Carlos Brandão”.

Chama a atenção o fato de a surpreendente subida de tom do governador Carlos Brandão se dar exatamente no momento em que ele exibe no resultado de uma pesquisa na qual o seu Governo aparece como detentor de 62% de aprovação, um percentual que raros governadores conseguiram alcançar. Trata-se de uma posição que mostra a sua envergadura como gestor e a sua estatura no campo minado da política. Além disso, o governador tem feito uma cruzada municipalista cujo resultado é o apoio de mais de depois terços da Assembleia Legislativa, dezenas e dezenas de prefeitos, que devem acompanhado na mudança de partido, que segundo o próprio governador, será definida em breve.

Ao elevar o tom do seu discurso político, embalado pela decisão de permanecer no cargo até o final do mandato, de apoiar a candidaturas do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), e de mudar de partido, o governador Carlos Brandão dá um claro aviso de que está pronto para o confronto, seja contra quem for. E tudo indica que será mesmo contra o grupo dinista, já que na última semana, em meio a esse turbilhão, a pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão ganhou fôlego, reunindo as condições para se reposicionar numa corrida na qual ele não será candidato, mas terá um lado, pelo qual se desdobrará com determinação para levar em frente o seu arrojado projeto de poder.

O governador Carlos Brandão sabe que, mesmo considerando o elevado grau de imprevisibilidade da política, as posições assumidas por ele e seus principais aliados, o irmão Marcus Brandão e a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, os estão entrando num caminho sem volta.

PONTO & CONTRAPONTO

Pesquisa: Braide lidera com folga, Orleans, Bonfim estão empatados e Camarão está atrás

Eduardo Braide lidera seguido de Orleans
Brandão, Lahesio Bonfim e Felipe Camarão

Os números encontrados pelo Instituto Paraná Pesquisas na investigação que mediu a corrida ao Governo do Maranhão, divulgados ontem, mostraram um cenário estável, com a liderança isolada do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), um empate quase absoluto entre Orleans Brandão (MDB), com 20,9%, e Lahesio Bonfim (Novo), com 20,4%, e Felipe Camarão (PT) atrás, com 12,3%. Além disso, 6,9% responderam que não votariam em nenhum deles, e um grupo de 5,9% não soube ou não quis responder.

A chave da corrida ao Palácio dos Leões continua no bolso do colete do prefeito Eduardo Braide, que até aqui tem mantido silêncio sepulcral sobre o assunto, não afirmando nem negando que seja candidato. Essa posição é mantida mesmo com o presidente nacional do seu partido, Gilberto Kassab,

A pergunta mais corrente nos bastidores políticos é a seguinte: se sair candidato, Eduardo Braide manterá o cacife eleitoral mostrado nas pesquisas até aqui? Isso porque, se esse cenário for mantido, irá para um segundo turno perigoso com Orleans Brandão ou com Lahesio Bonfim, não se descartando também uma guinada de Felipe Camarão.  

Em Tempo: A pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 6 de agosto, ouviu 1.545 eleitores em 61 municípios, tem margem de erro de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos, e nível de segurança de 95%.

Se Brandão migrar para o MDB, Roseana Sarney poderá mesmo ser candidata ao Senado

Roseana Sarney pode disputar Senado

Se o governador Carlos Brandão e seu grupo confirmarem a tendência de migrar para o MDB, partido controlado pelo seu irmão, Marcus Brandão, e ao qual é filiado o seu pré-candidato a governador Orleans Brandão, é grande a possibilidade de a deputada federal emedebista Roseana Sarney sair candidata ao Senado.

Como vem dizendo e repetindo a Coluna há algum tempo, amigos e aliados da parlamentar, que já foi governadora e também senadora, estaria pensando seriamente no assunto. Ela não gostaria de entrar numa disputa com o ministro do Esporte André Fufuca (PP) nem com a senadora Eliziane Gama (PP), que busca a reeleição.

Mas uma equação estaria se impondo à ex-governadora: se as condições lhe forem favoráveis e o governador Carlos Brandão se converter ao emedebismo, Roseana Sarney dificilmente rejeitará a vaga de candidata ao Senado.

São Luís, 12 de Agosto de 2025.

Camarão ganha o PSB, sai do isolamento e volta ao eixo da corrida aos Leões com o aval da cúpula nacional do PT

Felipe Camarão ganhou fôlego
com o apoio declarado do PSB

Depois de um período razoável de quase isolamento, sem contar com o lastro de um só partido, incluindo o PT, ao qual é filiado, fomentando rumores de que de que estaria, de fato, isolado, sem condições de competitividade na disputa pelo Governo do Estado, o vice-governador Felipe Camarão terminou a última semana numa situação bem diferente. Nos últimos dias, ele ganhou o apoio do PSB, que saiu da área de controle do governador Carlos Brandão, e obteve da direção nacional do PT o compromisso de que no Maranhão a legenda apoiará o seu projeto de chegar ao Palácio dos Leões. Mesmo não se sabendo qual será o tamanho e o peso eleitoral do PSB sem o grupo liderado pelo governador Carlos Brandão, nem como se posicionará o PT em relação à corrida sucessória, à medida que expressivas forças petistas tendem a se manter na base governista e apoiar a pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), o fato é que o vice-governador deu fortes sinais de reação.

“Foi uma semana do Camarão”, avaliou para a Coluna um parlamentar da base governista e que apoia Orleans Brandão. Para ele, o vice-governador saiu de uma zona cinzenta e voltou o leito da pista que leva do Palácio dos Leões, ainda que, segundo as pesquisas mais recentes, lideradas pelo prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que ainda não declarou se será candidato, seguido do secretário Orleans Brandão, o petista apareça ora em terceiro, ora em quarto lugar, medindo força com o pré-candidato do Novo, Lahesio Bonfim. Felipe Camarão permaneceu nesse período sem baixar a guarda e reafirmando ostensivamente o seu projeto de candidatura. Isso ficou evidenciado mesmo em momentos considerados críticos para ele, em que muitas vozes apontaram sua fragilidade e até mesmo a impossibilidade de ele reagir. Isso quando todas as atenções estavam voltadas para a confirmação da pré-candidatura de Orleans Brandão, que ganhou peso gigantesco com a decisão do governador Carlos Brandão de permanecer no cargo até o final do seu mandato, num aviso claro de que vai jogar pesado para concretizar o seu projeto político.

Em meio a esse ambiente totalmente desfavorável, no qual circulou a informação falsa de que iria renunciar à vice-governança para ser deputado federal, saindo da corrida aos Leões, Felipe Camarão iniciou uma ampla e visível contraofensiva. E sua munição mais pesada foi a reviravolta no PSB, agora presidido pela senadora Ana Paula Lobato, que deixou o PDT e vai redirecionar o partido para o grupo que o apoia. Na mesma toada, Felipe Camarão foi à Brasília e de lá retornou comemorando a virada do PSB para apoiá-lo, e declarações pública da cúpula petista nacional apoiando enfaticamente o seu projeto de candidatura, numa indicação de que vai colocar o PT nessa direção, tirando o partido da órbita do governador Carlos Brandão.

Para chegar a esse momento, Felipe Camarão mergulhou na cautela, evitou provocações e reafirmou a todo momento o seu projeto de candidatura, sem abrir confronto com os pré-candidatos já assumidos. Nesse contexto, tem afirmado categoricamente que não renunciará ao cargo de vice-governadora, baseando sua decisão no argumento segundo o qual a condição de vice-governador lhe permite disputar qualquer cargo eletivo, de vereador a presidente da República, sem precisar renunciar. Mesmo diante do que já é tido como fato consumado, ele se movimenta como quem ainda acredita da possibilidade de vir a assumir o Governo e concorrer à reeleição, tendo o governador Carlos Brandão como candidato ao Senado.

No conjunto da sua reação, que incluiu conversas com a senadora Ana Paula Lobato (PSB) e até com a deputada federal Roseana Sarney (MDB), o vice-governador Felipe Camarão revelou estar conversando também com o prefeito Eduardo Braide (PSD), a quem teria oferecido a vaga de vice numa aliança que muitos consideram viável e outros não veem qualquer futuro.

O fato é que o vice-governador saiu da zona de isolamento e retornou ao cenário principal da corrida, no qual Orleans Brandão e Lahesio Bonfim avançaram bem, segundo as pesquisas mais recentes.

PONTO & CONTRAPONTO

Marcus Brandão revela em vídeo motivos que teriam causado o rompimento de governador com dinistas

Marcus Brandão relaciona causas do rompimento

Causou forte impacto no meio político o vídeo em que o empresário Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão e presidente estadual do MDB faz uma série de revelações e reclamações em tom de denúncia contra o chamado Grupo Dinista, a começar pelo vice-governador Felipe Camarão (PT). Ele começou afirmando que “nós procuramos, de todas as maneiras, que não houvesse esse rompimento”. E debitou na conta do vice o fato de ele não haver evitado “essa coisa pessoal contra o Brandão, essa revolta, esse instinto de perseguição. Mas infelizmente ele não teve voz ativa para controlar esse grupo”.

Marcus Brandão afirma que “no decorrer dessas ameaças, onde chegam só falam em prisão do Marcus, prisão do Carlos Brandão, uma família que durante toda a vida nunca teve um problema jurídico”.

Na sua fala, o irmão do e conselheiro político do governador – sem cargo no Governo, vale anotar -, contou que depois do Carnaval foi procurado por um “ansioso” deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil) informando que o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) lhe teria dito que a “paciência com Brandão chegou ao fim”, e que se o governador não anunciasse “o nosso candidato, nós vamos afastá-lo por 90 dias, depois a gerente consegue outro ministro para afastar por mais 90 dias”. Ele teria reagido indagando ao parlamentar como seria possível isso contra um governador “sem nada de concreto”, que tem quase 65% de aprovação do seu Governo e quase 100% das promessas de campanha cumpridas?” O deputado Pedro Lucas teria lhe dito que o achava muito tranquilo e que o parlamentar teria dito: “Eu tenho medo”.

Marcus Brandão revelou que inicialmente, Carlos Brandão tinha o projeto de ser senador, e que Orleans Brandão queria ser deputado federal. E que, “mesmo sob coação”, tentaram “ver se a gente consegue unir, porque nunca foi nosso propósito a separação”. E continuou: “Mas, olhamos que ficou muito claro. O Othelino, o grupo não controla”, citando também uma advogada mineira que seria envolvida com 11 mil clientes do INSS”. E reforçou: “Então, as maldades deles não diminuíram, aumentaram. Então, chegou ao ponto que eu vi claramente que todos eles estavam combinados”.

Marcus Brandão relatou também que foi procurado por Felipe Camarão, “apavorado”, o procurou para falar da ação da deputada Mical Damasceno (PSD), que teria sido ofendida pelo vice-governador em conversa com um blogueiro, o que ele nega. “Ele fez tudo com as próprias mãos e agora está querendo parar o inquérito”.

O presidente do MDB citou também o caso envolvendo um procurador que assessora o ministro Flávio Dino, que de posse de uma senha, em um só dia acessou 130 vezes o computador do estado e foi denunciado pelo procurador geral do Estado Valdênio Caminha, que reagiu e denunciou o caso à Justiça.

Com o depoimento, Marcus Brandão surpreendeu o mundo político, à medida que ele justificou a posição e as decisões do governador Carlos Brandão em relação vice-governador Felipe Camarão e ao Grupo Dinista, que na sua interpretação, foi o causador dessa crise sem volta.

Mudança no PSB afeta seis vereadores de São Luís, que devem seguir o rumo que Paulo Victor tomar

Paulo Victor lidera PSB
na Câmara de São Luís

A mudança de comando no PSB teve impacto forte na Câmara Municipal, onde o partido tem uma bancada de seis vereadores – um quinto da composição da Casa -, que tem no presidente Paulo Victor a sua principal referência.

Para começar, esse grupo integra a base aliada do governador Carlos Brandão e já havia declarado apoio à pré-candidatura do secretário estadual de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB).

Agora que, sob o comando da senadora Ana Paula Lobato, que integra a corrente dinista da política estadual, o PSB vai apoiar o projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT), o que coloca os seis vereadores ludovicenses da legenda socialista numa situação de desconforto.

Até onde é possível antever, o presidente Paulo Victor tem sintonia fina com o governador Carlos Brandão e dificilmente dará meia-volta em relação à pré-candidatura de Orleans Brandão. O caminho natural é o de que os vereadores Concita Pinto, Marcelo Poeta, Marlon Botão. Nato Jr. e Otávio sigam o caminho que o presidente do parlamento ludovicense vier a tomar.

Poderá haver uma ou outra dissidência no grupo, com um ou outro deixando o grupo e continuando no partido para apoiar a candidatura do vice-governador Felipe Camarão. Mas a julgar pela liderança do presidente Paulo Victor, a tendência é que pelo menos quatro vereadores o siga.

Com a experiência que já acumulou e com a habilidade que tem demonstrado desde que chegou à Câmara Municipal, o presidente Paulo Victor tende a trabalhar para manter o grupo na base de apoio de Orleans Brandão, conservando a aliança com o governador Carlos Brandão.

São Luís, 10 de Agosto de 2025.

Sem se abalar com a crise do PSB, Brandão diz que só decidirá futuro partidário “mais na frente”

Indiferente à crise no PSB, o governador Carlos Brandão mostrou força
no PT ao receber no Palácio dos Leões líderes de duas correntes do
partido para apresentar o programa “Educação de Verdade”, por meio
do qual vai investir para melhorar a alimentação de mais de 220 mil
estudantes da rede estadual de ensino. Na primeira foto, Carlos
Brandão está entre o subchefe da Casa Civil, Júnior Viana, o deputado
federal Ruben Jr., o secretário de Economia Solidaria Luiz Henrique
Lula, o secretário Washington Oliveira, a diretora da Rede Iema Cricielle
Muniz, o ex-presidente do PT Francimar Melo e o secretário de
Articulação Política Rubens Pereira; na segunda foto, além dos
secretários palacianos, Carlos Brandão está ladeado por Genilson
Alves, candidato a presidente do PT, o suplente de deputado
Zé Inácio, o diretor do Incra Zé Carlos Araújo,
e o presidente interino do PT Augusto Lobato.

“Só vou decidir mais na frente”. Foi essa a resposta direta e objetiva do governador Carlos Brandão à indagação feita pela Coluna a respeito do seu futuro partidário no dia seguinte à decisão da cúpula nacional do PSB de entregar o comando estadual do partido à senadora Ana Paula Lobato. Acostumado a refregas políticas e partidárias, o governador trabalhou para manter o controle da legenda socialista, mas os chefes nacionais do partido decidiram entregar a legenda ao Grupo Dinista, adversários do seu Governo. Líder de um grande grupo formado por oito deputados estaduais – entre eles a Iracema Vale, presidente do Poder Legislativo – quase duas dezenas de prefeitos e um grande número de vereadores – incluindo a grande bancada na Câmara Municipal de São Luís, comandada pelo presidente da Casa, vereador Paulo Victor -, o governador Carlos Brandão não se abalou com a perda do controle do PSB, e agora estuda, sem precipitação, qual o seu destino partidário. Todas as avaliações levam à mesa do governador Carlos Brandão três caminhos possíveis: MDB, PDT e União Brasil.

Todas as equações montadas sobre o futuro partidário do governador Carlos Brandão indicam que o seu pouso mais provável será o MDB. Por razões óbvias. O partido é comandado pelo empresário Marcus Brandão, seu irmão, e tem como filiado o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão, seu sobrinho e pré-candidato ao Governo do Estado com o seu aval. O MDB tem hoje um deputado federal (Roseana Sarney), dois deputados estaduais – Ricardo Arruda e Keké Teixeira -, mais de uma dezena de prefeitos – entre eles Roberto Costa, de Bacabal e presidente da Famem -, além de um grande número de vereadores em todo o estado. É um dos partidos mais organizados do maranhão, reunindo na sua cúpula o ex-presidente José Sarney e os ex-governadores e ex-senadores João Alberto e Edison Lobão. É, de longe, o partido com que o governador mais se identifica no conjunto de que lhe abriram as portas.

A segunda opção do governador Carlos Brandão é o PDT, comandado no Maranhão pelo senador Weverton Rocha, que já o candidato à reeleição declaradamente apoiado pelo mandatário maranhense, e que deve receber em seus quadros a deputada-presidente Iracema Vale. Em conversas reservadas, o chefe do Executivo estadual tem admitido a possibilidade de ingressar no PDT, mas à medida que a legenda é fortemente personalizada como espaço de domínio quase absoluto do senador Weverton Rocha, o que certamente dificultaria a criação de um ambiente em que ele, Carlos Brandão, pudesse ter poder de decisão. Isso não impede que ele venha a optar pela legenda brizolista, depois de analisar o contexto partidário com mais atenção.

A terceira opção do governador do Estado seria o União Brasil, hoje controlado no Maranhão pelos deputados federais Pedro Lucas Fernandes, que lidera a bancada na Câmara Federal, e Juscelino Filho, ex-ministro. Só que, se por um lado Pedro Lucas Fernandes integra a base de apoio do governador Carlos Brandão e apoia a pré-candidatura do secretário Orleans brandão ao Governo do Estado, o deputado Juscelino Filho, que lidera o outro braço estadual do partido, se movimenta como opositor ao Governo estadual. Mesmo apoiado da direção nacional, a posição do deputado federal e ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho dificulta qualquer entendimento com o União Brasil.

Quando afirma que só decidirá o seu destino partidário “mais na frente”, o governador Carlos Brandão avisa que não tem pressa para escolher um partido. Por três motivos: são várias as opções que estão sendo colocadas sobre a sua mesa, ele precisa de uma legenda que abrigue grande parte dos seus aliados, e porque não será candidato a nada, o que não o obriga a ter uma filiação partidária dentro do prazo legal de um ano para poder disputar a eleição de 2026. Mesmo se levando em conta o fato de que sua filiação partidária terá grande influência na mobilização dos integrantes da aliança partidária que comanda.

PONTO & CONTRAPONTO

PT: Francimar está fora; comando será disputado por Genilson e Monteiro

Francimar está fora e Genilson Alves e
Raimundo Monteiro disputarão presidência

O comando nacional do PT decidiu colocar p braço maranhense do partido na linha ao acatar decisão judicial que anulou a posse de Francimar Melo como presidente reeleito do partido e determinou a realização de um segundo turno entre os dois candidatos mais votados, Genilson Alves e Raimundo Monteiro. Com a decisão, Augusto Lobato, um dos vice-presidentes, assumirá a presidência da agremiação até a eleição e posse do novo presidente.

O acatamento da decisão judicial pelo comando nacional do PT, o braço maranhense deve sofrer uma guinada radical, principalmente no que respeita à posição do partido em relação à corrida ao Governo do Estado. Não é segredo que a o PT maranhense está dividido entre apoiar o vice-governador Felipe Camarão, membro do partido, pré-candidato ao palácio dos Leões, ou o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), mantendo aliança com o governador Carlos Brandão – que está deixando o PSB.

O presidente afastado pela Justiça, Francimar Melo, que recorreu da decisão, caminhava para alinhar o PT ao projeto de candidatura de Orleans Brandão, com o aval do ex-vice-governador e atual secretário do Governo do maranhão em Brasília Washington Oliveira, e a diretora geral da Rede Iema, Cricielle Muniz, incentivados por vários quadros petistas que ocupam cargos relevantes no Governo do Estado e se preparam para disputar mandatos em 2026.

Com a nova eleição, o partido será comandado Genilson Alves, que fecha com o grupo mais alinhado ao Palácio dos Leões, ou pelo experiente Raimundo Monteiro, do chamado “PT raiz” e que representa correntes mais tradicionais do partido no Maranhão.   

Francimar Melo deixou o cargo atirando chumbo grosso contra as correntes que acionaram a Justiça para derrubá-lo. Ele classificou de “golpe” a invalidação da sua eleição.

Fred Campos deve deixar o PSB e seguir o rumo partidário de Brandão

Mariana Brandão, Orleans Brandão e Fred Campos: juntos no MDB?

O prefeito de Paço do Lumiar, Fred Campos, entrou numa situação partidária complicada com a mudança no comando do partido pelo qual se elegeu, o PSB. Um dos fortes aliados do governador Carlos Brandão, que foi decisivo na sua eleição, Fred Campos é também apoiador linha de frente da pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), que deve perder o apoio do PSB.

Não há dúvida de que o prefeito de Paço do Lumiar dificilmente permanecerá na agremiação socialista com o novo comando do partido. O mais provável é que ele migre para a legenda à qual o governador Carlos Brandão vier a se filiar, com grande possibilidade de ser o MDB.

Se a escolha for pelo MDB e Fred Campos migrar para esse partido, como é presumível, o comando político e administrativo de Paço do Lumiar se tornará totalmente emedebista. Isso porque a vice-prefeita, a dentista Mariana Brandão, se elegeu pelo MDB, partido presidido por seu pai, o empresário Marcos Brandão, e ao qual o seu irmão, Orleans Brandão, pré-candidato ao Governo, é filiado.

São Luís, 09 de Agosto de 2025.

Governistas atacam mudança no PSB e defendem Brandão; dinistas apoiam troca e atacam Brandão

Othelino Neto e Carlos Lula festejaram a mudança no PSB; Iracema Vale,
Antônio Pereira, Andrea Rezende, Florêncio Neto, Davi Brandão
e Adelmo Soares, que são do partido, criticaram a cúpula, com o
apoio de Ana do Gás (PCdoB); e Ricardo Arruda
colocou o MDB à disposição dos atingidos

“O que não me mata, me fortalece”, declarou ontem a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, no embate travado no plenário do Casa entre deputados do PSB alinhados ao governador Carlos Brandão e os que integram o mesmo partido pertencentes ao chamado Grupo Dinista, por causa da reviravolta no comando do braço da agremiação no Maranhão. Os brandonistas externaram indignação e criticaram duramente a decisão da cúpula nacional de destituir o governador Carlos Brandão da presidência do partido e entrega-la à senadora Ana Paula Lobato, enquanto os dinistas acusaram o mandatário maranhense de promover discriminação dentro da legenda. E apesar da aspereza das estocadas nas duas direções, o confronto foi mantido em alto nível, sem qualquer declaração condenável, digno, portanto, de um parlamento.

Em mais de uma hora de “bate, levou”, os aliados do governador Carlos Brandão atacaram com ênfase a direção nacional do PSB, defenderam a gestão partidária e a ação política do governador, mas deixaram a senadora Ana Paula Lobato fora da linha de tiro. Os governistas externaram enfaticamente a sua inconformação, mostraram o seu desconforto, mas nenhum anunciou o seu desligamento do partido. A sinalização mais forte nessa direção foi a da presidente Iracema Vale, que não anunciou a saída, mas declarou já ter recebido convites, preferindo, no momento, que o grupo se mantenha unido para estudar o caminho a ser tomado. A tendência é no sentido de que nem todos migrem para o mesmo partido

Foi um embate prolongado, com pronunciamentos marcados por um bate-rebate às vezes áspero, com acusações de ambas as partes, com os governistas centrando fogo na decisão da cúpula nacional e os oposicionistas defendendo a mudança e atacando fortemente o Governo e o governador. Na refrega verbal entraram deputados de outros partidos, que se posicionaram em apoio ao governador Carlos Brandão. E a maior grita dos deputados do PSB ligados ao governador Carlos Brandão foi a de não terem sido consultados pela direção nacional sobre a mudança. Consideraram-se traídos e reclamaram que o governador não foi tratado corretamente.

Tudo começou com o deputado Ricardo Arruda, do MDB e que em princípio nada tinha a ver com a crise até então restrita ao PSB. Ele criticou a decisão da cúpula nacional pela mudança, avaliando que o governador lidera uma gestão competente e produtiva e comanda um grupo político amplo e unido, que reúne mais da metade da Assembleia Legislativa, dezenas de prefeitos e centenas de vereadores. O deputado Othelino Neto rebateu a fala do emedebista e defendeu a mudança disparando duros ataques ao governador. Em seguida o deputado Carlos Lula – que será vice-presidente da nova direção do PSB -, que atacou duramente o governador e seu Governo, afirmando que ele teria praticado discriminação dentro do partido como oposição.

A reação foi ampla, deputada Andrea Rezende se declarou triste pela mudança feita sem consultar os deputados estaduais. O deputado Antônio Pereira reagiu incomodado com o fato de não ter sido consultado, mas defendeu que o grupo de parlamentares governistas pare para refletir, para tomar uma decisão pensada, mantendo o seu alinhamento ao governador Carlos Brandão. Na mesma toada se manifestaram os deputados Florêncio Nato, Davi Brandão e Adelmo Soares, todos do PSB e seguidores do governador Carlos Brandão. Além de Ricardo Arruda, parlamentares de outros partidos, como Ana do Gás (PCdoB), Cláudio Cunha (PL), Batista Segundo (PL), Helena Duailibe (PP), e Catulé Jr, (PP) entraram no debate em defesa do governador Carlos Brandão, não só elogiando a sua gestão, mas também a sua ação política, baseada principalmente na sua relação com prefeito.

O que chamou a atenção mesmo foi a confirmação do apoio dos deputados ao governador Carlos Brandão, deixando no ar a impressão de que poderão seguir o rumo partidário que ele vier a tomar. O deputado Ricardo Arruda declarou que o MDB “está aberto e ficará feliz se vier a receber nossos amigos do PSB”  

PONTO & CONTRAPONTO

Iracema se diz motivada, prega calma entre aliados e diz que são muitos convites de outros partidos

Iracema Vale quer manter o grupo
unido em torno de Carlos Brandão

O ponto alto do debate foi a atitude da presidente Iracema Vale, que deixou momentaneamente a presidência e foi para o plenário para entrar efetivamente no debate. Ela manifestou claramente o seu incômodo com a mudança, justificando com o fato de os deputados alinhados ao governador não terem sido consultados.

E mais: revelou que numa conversa com o deputado federal Duarte Jr., o presidente nacional do PSB, João Campos teria revelado que a motivação que o levou a promover a mudança na direção maranhense do partido “estava muita além das suas forças”, dando a entender que o comando nacional fez a mudança sob pressão.

– Partido político se faz é com políticos, com grupos políticos e com votos – declarou a presidente, avisando que o grupo atingido pela mudança tem cacife para se reacomodar em outras legendas: “Nós temos muitos convites de outros partidos”. E acrescentou: “Nós temos um governador forte, atuante, convidado por várias legendas”.

Ela assinalou que, apesar do mal-estar causado pela mudança, a sua motivação é de otimismo, admitindo até a possibilidade de o grupo permanecer momentaneamente no partido, pode ter futuro incerto no estado: “Nós temos de nos reorganizar num partido que não existe mais”.

E reafirmou que o grupo, a começar por ela própria, permanecerá fiel à orientação política do governador Carlos Brandão. Resumindo seu estado de ânimo com a seguinte declaração: “Como mulher do interior, costumo dizer que o que não me mata, me fortalece”.

Em tempo: na quarta-feira, a presidente Iracema Vale admitiu migrar para o PDT.

Confronto entre dinistas e brandonistas na Alema poupou Felipe Camarão e Orleans Brandão

O que mais chamou a atenção do confronto entre dinistas e brandonista por conta da mudança no controle do PSB no Maranhão foi a completa ausência de referência aos dois maiores interessados na reviravolta: o vice-governador Felipe Camarão (PT) e o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB).

Felipe Camarão e Orleans Brandão poupados no
confronto entre dinistas e brandonistas na Alema

Principal beneficiado com o PSB encontra-se agora sob o comando da senadora Ana Paula, que integra a ala dinista do partido, o vice-governador, que é pré-candidato assumido ao Governo do Estado e está na contramão em relação ao governador Carlos Brandão, foi completam ente ignorado tanto por dinistas quanto por brandonistas durante o embate de quinta-feira no parlamento estadual.

O mesmo aconteceu em relação ao secretário Orleans Brandão, pré-candidato a governador apoiado pelo governador Carlos Brandão e seu grupo. Os dinistas atacaram duramente o governador Carlos Brandão, mas não fizeram qualquer em relação à posição do governador na corrida sucessória. A não referência ao pré-candidato do MDB foi evidente nos discursos dos deputados que o apoiam.

Esse detalhe do embate surpreendeu pelo fato de que não há como negar que o motivo básico da virada no comando do PSB maranhense é exatamente a guerra pelo comando do Estado, na qual o vice-governador Felipe Camarão e o secretário Orleans Brandão são os principais protagonistas.

Os próximos passos dos dois grupos talvez revelem e expliquem o motivo de os dois não terem sido colocados no meio tiroteio verbal.

São Luís, 08 de Agosto de 2025.