Arquivos mensais: abril 2024

Rejeição de homenagem ao MST mostrou Alema caminhando para a radicalização política

Polarização: Júlio Mendonça propôs a homenagem
destacando a importância do MST; Yglésio Moyses
rejeitou classificando o MST de “terrorista”

O que parecia improvável, mesmo considerando a heterogeneidade política e partidária dos atuais deputados estaduais, ganhou forma ontem na Assembleia Legislativa: a polarização esquerda-direita veio à tona no plenário do parlamento estadual. E aconteceu com a rejeição de um requerimento (133-24), de autoria do deputado Júlio Mendonça (PCdoB), propondo a realização de uma sessão solene, para meados deste mês, em homenagem aos 40 anos do Movimento dos Sem Terra (MST), dos 60 anos da Confederação Trabalhadores na Agricultura (Contag) e dos 52 anos da Federação dos Trabalhadores Rurais do Maranhão (Fetaema).

Dos 25 deputados que votaram, 14 rejeitaram a proposta, oito se manifestaram a favor e três se abstiveram. E como não poderia deixar de ser, o pomo da discórdia foi o MST, que na versão dos parlamentares de centro e de esquerda é um movimento às vezes controverso, mas que tem razão de existir num país desigual, mas que na visão dos deputados de direita é um movimento “criminoso” e “terrorista”. Foi essa a posição externada pelo presidente da sessão, deputado Rodrigo Lago (PCdoB).

A decisão plenária da Assembleia Legislativa sobre uma proposta, que não teria maior repercussão política, ganhou a estatura de um marco. Os deputados – vários deles do PSB, partido com viés de esquerda moderada – que votaram contra, fizeram questão de declarar que votariam se a homenagem fosse dedicada à Fetaema e à Contag. O líder do Governo, deputado Neto Evangelista (União Brasil) se revelou por inteiro nesse defendendo o expurgo não só do MST, mas também da Contag, só manifestando simpatia pela Fetaema. Houve uma tentativa de excluir o MST do requerimento, mas o autor, que é ligado ao mundo rural, não aceitou.

Os que votaram contra satanizaram o MST, dando a esse movimento social rótulos diversos: “invasor”, “provocador” e “causador de problemas”. O deputado tocantino Ricardo Seidel (PSD), bolsonarista assumido, se referiu ao MST como “inimigo do agro”, enquanto o deputado Yglésio Moises (PSB), que migrou do centro-esquerda para a direita bolsonarista, foi mais longe e classificou os sem-terra como “grupo terrorista”. Os defensores do requerimento rebateram os ataques dizendo, grosso modo, que a direita quer ter o domínio de latifúndios e tenta satanizar o MST. Para esses parlamentares, o Movimento dos Sem Terra pode guardar algumas contradições no modo de atuar, mas é, sem dúvida, o mais importante movimento social na luta pela terra no Brasil, onde a realidade agrária ainda pode ser identificada como os que têm muita terra, os que tem alguma terra e milhões que querem ter, mas não têm nenhuma terra.

O que chamou a atenção nessa votação foi que, mesmo não se tratando de uma matéria proposta pelo Governo, a maioria dos deputados do PSB, um partido de esquerda que está no poder no Maranhão, ao qual pertencem o governador Carlos Brandão e a presidente da Casa, deputada Iracema Vale, e que tradicionalmente apoia a luta pela reforma agrária, ter votado contra a homenagem por conta do MST. E esse posicionamento se tornou evidente depois que o líder do Governo, deputado Neto Evangelista (União Brasil), declarou seu voto contra a homenagem ao MST e à Contag, só admitindo apoio à Fetaema, tendo boa parte da bancada do PSB seguido essa posição. Em resumo, a maioria da Assembleia Legislativa, que apoia um Governo de esquerda no viés partidário, se mantém conservadora no que diz respeito à questão fundiária, a ponto de demonizar o MST.

A rejeição do requerimento do deputado Júlio Mendonça alargou o precedente aberto com a rejeição, no mês passado, de concessão de título de Cidadania à ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, sob o argumento, tecnicamente correto, de que ela nunca teve qualquer vínculo com o Maranhão. Para os apoiadores da homenagem ao MST, o voto contrário foi pura retaliação à rejeição da homenagem à ex-primeira-dama. Vista por esse ângulo, a decisão de ontem gera o risco de a Assembleia Legislativa se tornar uma Casa politicamente radicalizada e potencialmente explosiva.

É hora da presidente Iracema Vale, das lideranças e do próprio governador Carlos Brandão entrarem em campo para evitar a radicalização legislativamente improdutiva e politicamente danosa.

PONTO & CONTRAPONTO

Assembleia aprova projeto de Iracema propondo política de saúde funcional

Iracema Vale: por uma política funcional

Só depende da sanção do governador Carlos Brandão (PSB) ao PL 048/2024, aprovado ontem pela Assembleia Legislativa, para que o Maranhão possa implantar uma Política Estadual de Saúde Funcional, desenvolvida com base na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF).

Apresentada ao parlamento pela presidente Iracema Vale (PSB), a proposição objetiva a geração e gestão de informações sobre funcionalidade para o planejamento, monitoramento, controle e avaliação da situação de saúde funcional dos indivíduos. 

Na sua justificativa, a presidente Iracema Vale explica que a Política Estadual de Saúde Funcional observará os seguintes princípios: transversalidade, que se refere a interligação entre políticas e programas do setor de saúde; visibilidade, que diz respeito ao conhecimento do estado de funcionalidade dos maranhenses por meio da CIF; e sustentabilidade, que concerne à proteção e potencialização da funcionalidade humana.

O projeto aprovado ontem considera estado de funcionalidade a descrição proveniente da avaliação do estado anatômico e fisiológico das atividades e da participação social da pessoa. A determinação do estado de funcionalidade será efetuada após avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar. Finalmente, PL determina que nenhuma pessoa poderá ser objeto de discriminação ou de exclusão social diante da identificação de sua situação de saúde pela CIF.

Chico Carvalho assume PSDB com o compromisso de apoiar Duarte Jr.

Sebastiao Madeira entregou o
PSDB de São Luís para Chico Carvalho

Quando o presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor, deixou o PSDB para ingressar no PSB, o presidente do ninho dos tucanos no Maranhão, Sebastião Madeira, decidiu entregar o partido a uma raposa com anos e anos de vivência nos bastidores e que sabe como poucos comandar um partido: o vereador Chico Carvalho.

Para começar, com pelo menos oito mandatos consecutivos, incluindo dois de presidente da Casa, e mais uma vivência no comando de vários partidos, Chico Carvalho se notabilizou por um aspecto da sua atuação política: ele arrumou e deu força a pelo menos seis partidos. Todos lhe foram tomados em jogos de conveniência.

Tudo indica que com o PSDB será diferente, a começar pelo fato de que o presidente Sebastião Madeira quer o partido cada vez mais forte em São Luís e, à sua maneira discreta, mas eficiente, Chico Carvalho sabe cuidar de uma agremiação.

Nesse contexto, ao assumir o comando do PSDB na Capital, Chico Carvalho assumiu dois compromissos. O primeiro é fortalecer o partido, elegendo uma bancada de vereadores. E o segundo é colocar o ninho dos tucanos ludovicenses na linha de frente do apoio ao candidato do PSB, deputado federal Duarte Jr..

São Luís, 04 de Abril de 2024.

Duarte Jr. ganha o apoio do PL, que vai investir também na eleição de vereadores na Capital

Duarte Jr. terá o apoio do PL, representado
em São Luís pelo vereador Aldir Jr.

Está resolvido e amarrado: o braço ludovicense do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e comandado no Maranhão pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, e que na Capital é liderado pelo vereador Aldir Jr., vai apoiar a candidatura do deputado federal Duarte Jr. à Prefeitura de São Luís. Havia há tempos uma inclinação nesse sentido, mas uma série de “porens”, algumas divergências e uma ou outra restrição localizada retardaram o acerto da parceria eleitoral agora devidamente resolvida. É basicamente o mesmo grupo que apoiou o mesmo candidato em 2020, só que agora com as marcas políticas e ideológicas impostas pelo tosco cenário construído no país pelo extremismo de direita entranhado no partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e que não é seguido à risca pelos líderes do PL no Maranhão, a começar pelo próprio Josimar de Maranhãozinho, que não se dá bem com o radicalismo.

Não foi uma construção fácil. Quando o apoio do PL foi colocado à mesa da coligação governista, houve reações diversas, entre elas manifestações contrárias. A vinculação do partido ao bolsonarismo ensejou discussões, mas a ala politicamente mais pragmática, baseada na lógica segundo a qual “cada eleição é um caso”, levou a melhor, deixando alguns “puristas” sem argumento. O próprio deputado federal Duarte Jr. (PSB), um dos críticos mais ácidos do ex-presidente e do entorno dele, defendeu a aliança com o PL, a começar pelo fato de que sempre manteve uma boa relação com Josimar de Maranhãozinho, apesar da distância política e ideológica que os separa.

Além do próprio Duarte Jr., duas vozes foram decisivas para a costura do acordo. A primeira foi a do governador Carlos Brandão, que tem como principal valor político a conversa, independentemente de quem seja o interlocutor. No caso do PL, o governador tem defendido a aliança em torno da candidatura de Duarte Jr., reeditando o que aconteceu em 2020, quando o partido de Josimar de Maranhãozinho apoiou a candidatura do então candidato do Republicanos. O governador Carlos Brandão é o coordenador geral da campanha de Duarte Jr., atendendo a pedido do comando nacional do partido e do próprio candidato. Esse trabalho já reuniu, além do PSB, o apoio da Federação (PT/PCdoB/PV), PP, MDB, União Brasil, Cidadania, Solidariedade, PSDB. Patriotas e Podemos.

Segundo informações colhidas nos bastidores, outro defensor e avalista do apoio do PL a Duarte Jr. foi o jornalista Ricardo Capelli, que foi secretário de Comunicação de Flávio Dino e Número Dois do Ministério da Justiça no primeiro ano do atual Governo. Ricardo Capelli, que hoje preside a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), tem participado ativamente da construção da candidatura de Duarte Jr., se fazendo presente em todas as reuniões decisivas para consolidar o projeto de levar o parlamentar à Prefeitura de São Luís, em sintonia com o governador Carlos Brandão.

Qualquer avaliação sobre a aliança do PL e do PSB na corrida à Prefeitura de São Luís certamente concluirá que é um ganho real. O PL decidiu não lançar candidato próprio, mas tem um projeto arrojado de eleger uma forte bancada na Câmara Municipal da Capital – atualmente o partido tem apenas dois dos 31 vereadores: Aldir Jr., que é o braço de Josimar der Maranhãozinho na Capital, e Daniel Oliveira, atual líder do prefeito Eduardo Braide na Câmara de São Luís. A ideia de Aldir Jr., corroborada por Josimar de Maranhãozinho, é aproveitar o embalo da aliança para eleger uma bancada forte. Isso explica pelo menos parte dos acordos que estão sendo feito para reforçar a candidatura do deputado federal Duarte Jr. como o principal adversário do prefeito Eduardo Braide.

Há quem diga que a candidatura de Duarte Jr. vai turbinar de vez.

 PONTO & CONTRAPONTO

Othelino Neto mantém discurso de oposição e Brandão não se incomoda

Othelino Neto faz oposição, mas
Carlos Brandão não está incomodado

Não há mais dúvida de que o deputado Othelino Filho (PCdoB) não mais integra a base do Governo do Estado. E a avaliação de observadores é a de que a senadora Ana Paula Lobato (PSB) também se manterá distanciada do Palácio dos Leões. Essa situação se consolida a cada dia na Assembleia Legislativa, onde o parlamentar vem se posicionando contrariamente às orientações do governador em embates com o líder governista Neto Evangelista (UB).

Ontem, o deputado Othelino Neto foi à tribuna cobrar explicações para um caso ocorrido em Araioses, onde uma mulher, aparentemente descontrolada, interferiu numa blitz em que a Polícia Militar inspecionava motocicletas. Ali, uma mulher tumultuou a blitz usando o argumento de que telefonara para São Luís e que alguém graúdo na PM a autorizou a liberar as motos. Após isso, a mulher passou a festejar o seu prestígio.

O parlamentar do PCdoB discursou cobrando explicações e uma investigação para apurar a conduta da mulher e a da PM.

O líder do Governo, Neto Evangelista, foi à tribuna e minimizou o episódio, alegando que a tal mulher estaria embriagada ou com algum desequilíbrio emocional. E enfatizou que a liberação de motos se deu com base na legislação e não por interferência indevida da mulher.

O assunto dominou a sessão legislativa por mais de uma hora, tempo em que Othelino Neto reagiu à fala do líder governista e concedeu apartes a vários deputados. No seu discurso o deputado disse que está afastado “no momento” do Palácio dos Leões.

O ex-presidente da Casa não faz uma oposição sistemática e agressiva ao Governo do Estado, mas não deixa dúvida de que está andando na contramão do Palácio dos Leões.

De acordo com um parlamentar que tem transitado no Palácio dos Leões, o governador Carlos Brandão não tem demonstrado preocupação com a guinada oposicionista do deputado Othelino Neto e, por via de consequência, da senadora Ana Paula Lobato.

– Isso não é ruim. Não podemos ser unanimidade, que não é uma coisa boa – teria dito o governador Carlos Brandão numa roda de conversa.

Tribunal de Justiça vive processo de transição

Froz Sobrinho monta equipe e
Paulo Velten prepara Casa para entregar

Faltam exatamente 19 dias para a posse do novo comando do Tribunal de Justiça, que será presidido pelo desembargador Froes Sobrinho, tendo como 1º vice o desembargador Raimundo Bogeia e como 2º vice o desembargador José Jorge Figueiredo. O desembargador José Luiz Oliveira vai comandar a Corregedoria Geral da Justiça. O futuro presidente está trabalhando na surdina na montagem da sua equipe.

Em meio ao clima de transição, o atual presidente, desembargador Paulo Velten trabalha duro para consolidar as mudanças que marcaram sua gestão e para preparar a Casa que entregará ao seu sucessor.

Em Tempo: É provável que nesses próximos dias o Colégio de Desembargadores examine a lista sêxtupla enviada pelo Ministério Público para a escolha do desembargador pelo Quinto Constitucional. Ao mesmo tempo, é improvável que a OAB encaminhe nova lista para a vaga dos advogados no Quinto Constitucional. Há quem diga que a lista da OAB só será encaminhada após a posse no novo comando do Poder Judiciário.

São Luís, 03 de Abril de 2024.

Ministro integra aliança, mas há municípios em que entra em rota de colisão com os Leões

Juscelino Filho e Carlos Brandão: rotas
de colisão, mas sem confronto

O ministro Juscelino Filho (Comunicações), que é deputado federal pelo União Brasil e divide o prestígio do partido no Maranhão com o deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que o preside, está enfrentando uma série de situações incomuns, que ora o coloca como aliado do governador Carlos Brandão (PSB) e ora como adversário. Dois exemplos: a posição do ministro em Vitorino Freire, sua terra natal e principal base eleitoral, onde ele e sua irmã, Luanna Rezende (UB), prefeita já reeleita, travam uma guerra contra o tio, o ex-deputado Stênio Rezende, que quer ser candidato a prefeito; e em relação à disputa para a Prefeitura de São Luís, ele propõe que o deputado Neto Evangelista (UB) seja candidato contra o deputado federal Duarte Jr. (PSB), apoiado pelo Palácio dos Leões e pelo Palácio do Planalto. Nos dois casos, o ministro está em rota de colisão com o governador Carlos Brandão, que prefere não o ver como adversário.

No que diz respeito a Vitorino Freire, o ministro Juscelino Filho está unido à sua irmã, a prefeita Luanna Rezende, para evitar que o seu tio, o ex-deputado estadual Stênio Rezende (PSB), que passou anos com a ficha suja e já pode disputar votos, chegue ao comando do município. Os dois irmãos já inclusive lançaram o seu candidato, Ademar Magalhães, conhecido como “Fogoió”, um político com prestígio no município e homem de confiança do ministro e da prefeita. Com o apoio da esposa, a deputada estadual Andreia Rezende (PSB), Stênio Rezende tentou convencer os sobrinhos a lhes dar apoio, mas os dois rejeitaram. Houve uma declaração de guerra, tendo o ministro das Comunicações trocado desaforos com seu irmão nas redes sociais e na chamada grande imprensa.

No mês passado, o governador Carlos Brandão passou por Vitorino Freire numa maratona de inauguração de obras, foi recebido por Stênio Rezende e sua mulher Andreia Rezende (PSB), mas o ministro e a prefeita não apareceram, configurando a existência de dois grupos numa mesma família em Vitorino Freire.

Em relação à corrida para a Prefeitura de São Luís, agindo na contramão do presidente do União Brasil no estado, o ministro Juscelino Filho decidiu entrar no circuito e defender a candidatura do deputado Neto Evangelista à sucessão do prefeito Eduardo Braide (PSD). E o fez dias depois de o governador Carlos Brandão nomear o parlamentar para o influente cargo de líder do Governo na Assembleia Legislativa. Diante da provocação, o próprio Neto Evangelista admitiu estar “no páreo”, mas depois de uma rodada de conversa nos bastidores ele decidiu silenciar sobre o assunto, pelo menos por enquanto. O projeto de candidatura de Neto Evangelista, que ainda deu uma e outra declaração, parece ter tomado o rumo do arquivo.

De longe, o experiente governador Carlos Brandão observa os movimentos do ministro das Comunicações, e parece decidido não dar maior importância às investidas dele. Institucionalmente, o governador recebe o ministro com frequência, em audiências e em eventos em que o Governo Federal tem participação. Recentemente, o ministro Juscelino Filho pegou carona no lançamento programa “Pé de Meia”, com o ministro visitante, Camilo Santana, da Educação, e o ministro do Esporte, André Fufuca, que comanda o PP no Maranhão e vive também algumas situações complicadas.

Da sua parte, o governador Carlos Brandão conduz esse jogo com o maior cuidado possível, uma vez que é impossível manter harmonia numa disputa que envolve 217 municípios, onde se digladiarão no mínimo 600 candidatos a prefeito e a vice-prefeito, incluindo os prefeitos que tentam a reeleição. Nessa linha de ação, o Palácio dos Leões minimiza as tensões onde aliados entram em confronto, porque não existe outra maneira de encarar uma situação tão complexa.

O importante, para todos eles, nesse caso, é que após as eleições as alianças sejam confirmadas, evitando-se confrontos.

PONTO & CONTRAPONTO

Ao se aliar com o Republicanos, Fred Campos pode perder o apoio do PT em Paço do Lumiar

Fred Campos recebeu apoio de Aluísio
Mendes e perdeu o de Felipe Camarão

O que parecia um enredo previsível e fadado a produzir uma mudança de comando na Prefeitura de Paço do Lumiar, o apoio da base governista à candidatura do ex-vereador e empresário Fred Campos (PSB) pode acabar se transformando num foco de crise. Tudo por conta da entrada em cena do Republicanos, partido comandado pelo deputado federal Aluísio Mendes, na política luminense.

Quando se negou a apoiar a candidatura de Fred Campos, que se filiou ao PSB, a prefeita Paula Azevedo (PCdoB) ensaiou uma relação com o Republicanos, chegando inclusive a visitar a sede do partido acompanhada do nome da sua preferência para sucedê-la, o vereador Jorge Marú, que se encontra sem partido.

A reação negativa dos partidos da base, principalmente PT, PCdoB e PV, que formam a Federação Brasil Esperança, e o próprio PSB, entre outros, à aproximação de Paula Azevedo com Aluísio Mendes e seu partido levou a prefeita a pisar no freio. Esses partidos não querem aproximação com o Republicanos sob o comando de Aluísio Mendes, argumentando que essa agremiação hoje representa parte da direita radical, identificada com o bolsonarismo.

Com o afastamento de Paula Azevedo, o deputado Aluísio Mendes agiu rápido e garimpando espaço, levou o Republicanos para a órbita de Fred Campos, que recebeu com expressão de satisfação. Só não contava com a reviravolta imposta pelo vice-governador Felipe Camarão, que tomou a seguinte decisão: retirou o PT da base de apoio de Fred Campos, o que representou um duro golpe para o projeto do candidato do PSB.

Ou seja, por conta de um apoio que não lhe será eleitoralmente rentável, o candidato Fred Campos perde outro que pode lhe ser decisivo.

Números da pesquisa DataM sugerem que eleitorado de Barreirinhas quer mudança

Vinícius Vale avança deixando
Léo Costa e Amílcar Rocha para trás

Se pesquisa do DataM estiver correta – e não há motivo para não estar -, o eleitorado de Barreirinhas parece decidido a apostar na renovação, preferindo eleger o engenheiro Vinícius Vale (MDB), representante da novíssima geração, deixando para trás políticos que, bem ou mal, já fizeram sua parte do comando do Portal dos Lençóis.

De acordo com o levantamento, se a eleição para a prefeitura de Barreirinhas fosse agora, Vinícius Vale seria eleito com 37,9% dos votos, seguido pelo ex-prefeito Léo Costa (PDT) com 26%, o prefeito Amilcar Rocha (PCdoB) com 11,6%, Joab Marreiros com 3,6%, e Thiago Rodrigues e Totonho Corrêa, cada um com 0,8%. Brancos e nulos somariam 6,9% e os que não souberam ou não quiseram responder somaram 12,4%.

Barreirinhas não é um dos maiores municípios do Maranhão, mas há anos vem ganhando importância devido a sua condição de Portal dos Lençóis Maranhenses, já transformado no maior polo turístico depois de São Luís. E a julgar pela popularidade pífia revelada pelo percentual de intenções de votos, o prefeito Amílcar Rocha não vem atuando em sintonia com a população. É o caso também do economista Léo Costa que, ao que tudo indica, já não é visto como um agente de transformação como o foi nos dois mandados ali exercidos.

É claro que a disputa ainda se encontra na fase de pré-campanha, mas de acordo as informações trazidas à baila pelas duas pesquisas ali realizadas, o eleitorado de Barreirinhas está sinalizando uma mudança de rumo.

Comandado pelo correto e experiente jornalista José Machado, o Instituto DataM ouviu 507 eleitores de Barreirinhas no período de 23 a 25 de março, tem margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos, margem de segurança de 95% e está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo nº 08902/2024.

São Luís, 02 de Abril de 2024.

Candidatos definidos, acertos e desacertos e prefeitos fortes e fracos em grandes municípios

Josivaldo JP e Rildo Amaral brigam
pela liderança em Imperatriz

Faltando exatas 25 semanas (187 dias) para as eleições por meio das quais serão eleitos prefeitos e vereadores e as articulações para a definição de candidaturas entram numa fase de frenesi, embora esse cenário já esteja praticamente definido na maioria dos grandes municípios, a começar por São Luís. Grosso modo, Imperatriz, São José de Ribamar, Timon, Caxias, Codó, Bacabal e Barreirinhas, que representam cerca de 1,1 milhão de maranhenses e são os municípios de importância decisiva no mapa político do Maranhão, já estão com os seus quadros de candidatos praticamente definidos, restando apenas resíduos sem peso para alterar o cenário já desenhado. Em boa parte deles, prefeitos estão buscando a reeleição, enquanto em outros, os chefes de Executivo tentam eleger sucessores confiáveis, tendo ainda os que, de tão mal avaliados, não tiveram coragem de pedir votos.

A situação em Imperatriz é curiosa. Ali, sem a presença do prefeito Assis Ramos (Republicanos) na cena, por falta de apoio popular, quatro candidatos estão de fato no páreo: o deputado estadual Rildo Amaral (PP), apoiado pelo ministro André Fufuca (Esporte) e pelo Palácio dos Leões, disputa a liderança com o deputado federal Josivaldo JP (PSD), que é apoiado pelas correntes bolsonaristas, tendo ambos o ex-deputado Marco Aurélio (PCdoB) e a suplente de deputada federal Mariana Carvalho (Republicanos) brigando pelo espaço que sobra. Políticos experimentados acreditam que a disputa para valer está entre os dois que já lideram a corrida, e calculam que esse jogo seria definido com antecedência se Rildo Amaral e Marco Aurélio chegassem a um acordo que os unisse. Essa situação torna a corrida eleitoral em Imperatriz com grande poder de produzir situações imprevistas.

Em São José de Ribamar a disputa pela Prefeitura caminha para uma polarização entre o prefeito Júlio Matos (Podemos), que sabe o caminho das pedras ribamarenses e está jogando a força do cargo e o seu prestígio pessoal em busca da reeleição. Depois de muitas idas e vindas, a oposição vai lançar Dudu Diniz (PSB), apoiado pela presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale (PSB), com o apoio do Palácio dos Leões, e com o aval dos ex-prefeitos Luís Fernando Silva, Gil Cutrim e o deputado Glaubert Cutrim (PDT). O terceiro nome lançado, Guilherme Mulato (Novo), parece não ter qualquer chance de entrar nessa disputa.

Timon tem o quadro da disputa já definido: a prefeita Dinair Veloso (PDT) vai pleitear a renovação do mandato enfrentando nas urnas o deputado estadual Rafael Brito (ex-Leitoa), do PSB, que tem a ex-prefeita Socorro Waquim (PP) como vice, num grande lance de articulação apoiado pelo Palácio dos Leões. Outros nomes se movimentam, mas aparentemente sem a menor condição de reunir cacife para tentar desconstruir a polarização da prefeita Dinair Veloso com Rafael Brito.

O cenário da disputa em Caxias está definido no campo governista, com a candidatura de Neto Gentil consolidada com o apoio da aliança formada pelos Grupos Gentil – liderado pelo prefeito Fábio Gentil, e Coutinho – hoje tendo à frente a ex-deputada Cleide Coutinho. Todos os indícios sugerem que a oposição ali vai lançar o suplente de deputado federal Paulo Marinho Jr. (PL), o que deve tornar a disputa intensa na Princesa do Sertão. Outros nomes podem aparecer, mas nenhum com chance de ameaçar essa polarização.

Em Codó, onde havia vários candidatos, o cenário mudou radicalmente para uma polarização de desfecho imprevisível. Isso porque o prefeito Zé Francisco (PSD), que lidera a corrida, segundo a últimas pesquisas, num cenário com quatro candidatos, agora viu a disputa ser polarizada com a conversão ao PT do empresário Chiquinho da FC e a desistência do ex-prefeito Zito Rolim (PDT). Outros nomes estariam ensaiando entrar na briga, mas tudo indica que a polarização Zé Francisco/Chiquinho FC vai vingar, depois que o último se converteu ao petismo e passou a contar com os partidos de esquerda. Uma reviravolta inesperada e espetacular.

A sucessão em dois municípios importantes mostra o sucesso e o fracasso de prefeitos. No caso de Bacabal, o prefeito Edvan Brandão (PSB), caminha para fechar seu segundo mandato passando o bastão para um prefeito eleito aliado, o deputado estadual Roberto Costa (MDB), que na última pesquisa apareceu com mais se 50 pontos percentuais de vantagem sobre os dois adversários Marco Miranda e Expedito, somados. Um dos políticos mais importantes da sua geração, o deputado Roberto Costa perdeu a eleição em 2020 para o ex-prefeito Zé Vieira (PR), mas transformou a derrota em aprendizado e é hoje um político de estatura respeitável.

Na outra ponta da linha está o prefeito de Barreirinhas, Amílcar Rocha (PCdoB), que tenta a reeleição, mas se encontra numa situação extremamente complicada, à medida que, segundo pesquisa recente, ele está em terceiro lugar, atrás do jovem engenheiro Vinícius Vale (MDB), que lidera, e do experiente ex-prefeito Léo Costa (PDT), a ponto de já correr uma proposta de que um ou outro deixe o páreo e dê apoio ao outro. Uma situação complicada.

Ainda há muitos municípios que não definiram todos os candidatos, e a situação de cada um desses serve de referência para os casos permanecem enroscados.

PONTO & CONTRAPONTO

Dino afirma em voto que militar tem de ser subordinado ao poder civil

Flávio Dino defende o poder civil

Repercutiu fortemente ontem o voto do ministro Flávio Dino, divulgado no sábado, no julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, de ação  que trata sobre os limites constitucionais da atuação das Forças Armadas e sua hierarquia em relação aos Poderes. 

O ministro foi enfático em apontar o poder civil como o poder supremo no Brasil e que o poder militar é um poder subalterno. Ele mostrou que essa hierarquia está explicitada no artigo 145 da Constituição Federal.

No julgamento, Flávio Dino concorda com o posicionamento do relator, ministro Luiz Fux, para quem a Constituição não possibilita uma “intervenção militar constitucional” nem “encoraja” uma “ruptura democrática”. E faz apenas uma ressalva: determina que o resultado do julgamento seja encaminhado para o Ministério da Defesa.

No seu voto, o ministro apontou a ditadura militar, que durou 20 anos no Brasil, foi “um período hediondo”. Durante os 20 anos de ditadura as liberdades civis foram suprimidas, enquanto o poder ditatorial dos militares matou, perseguiu, exilou e torturou brasileiros.

Com o voto do ministro Flávio Dino já são três com o mesmo entendimento. A análise da ação pelo plenário virtual começou sexta-feira, tendo votado antes dele os ministros Luiz Fux e Luiz Roberto Barroso.

Bastidores começam a especular sobre vices de Braide e Duarte Jr.

Eduardo Braide e Duarte Jr. nada
disseram ainda sobre vice

 No final de semana prolongado muitas conversas foram travadas nos bastidores sobre o tema eleição em São Luís. Um deles foi a escolha de vices. E como não poderia deixar de ser, os vices do prefeito Eduardo Braide (PSD), candidato à reeleição, e o do deputado federal Duarte Jr. (PSB), foram os mais especulados.

Em relação ao prefeito Eduardo Braide, a especulação dominante foi a de que ele estaria mesmo decidido a manter a chapa tendo como vice a professora Esmênia Miranda (PSD). Ela exercendo fielmente o papel de vice-prefeita, principalmente por se manter uma aliada fiel do prefeito, a quem costuma representar em eventos importantes. Há também que ache que o prefeito poderá mudar o seu companheiro de chapa, o que parece improvável.

Já em relação a Duarte Jr., as especulações sobre escolha de vice são intensas e variadas. A mais corrente diz que o vice do candidato do PSB sairá dos quadros do PT, mas ninguém se arrisca a citar nomes. Já se especulou sobre o interesse do PCdoB, mas isso teria mudado. O MDB estaria articulando para indicar o seu representante na chapa. E, finalmente, há quem diga que o vice de Duarte Jr. será indicado diretamente pelo governador Carlos Brandão (PSB).

Detalhe importante: todos concordam que a escolha não será feita agora.

São Luís, 01 de abril de 2024.