Arquivos mensais: dezembro 2023

Brandão assume o PSB e pode garantir o futuro do partido na era pós-Dino no Maranhão

Foto 1: Carlos Brandão comanda a reunião com líderes dos 13 partidos da sua base de
apoio Foto 2: à esquerda: Iracema Vale, Eliziane Gama, Francimar Melo, Bira do Pindaré,
Orleans Brandão, Pedro Lucas Fernandes, Amanda Gentil, Paulo Victor e Júnior Marreca;
à direita André Fufuca, Márcio Jerry, Sebastião Madeira, Eliel Gama,
Adriano Sarney e Roberto Costa

O anúncio de que o governador Carlos Brandão vai assumir o comando do PSB, com a desfiliação de Flávio Dino para assumir a cadeira no Supremo Tribunal Federal, significa que o projeto de migração para o MDB entrou para o arquivo morto do partido, e pode também ser o caminho para a sobrevivência da legenda socialista. Embora seja um político bem situado no centro, sua permanência no PSB é uma posição estratégica, destinada principalmente a manter os laços com o Planalto Central e a estreit relação com o vice-presidente Geraldo Alckmin, de quem é próximo desde quando pertenceu aos quadros do PSDB, legenda pela qual cumpriu dois mandatos de deputado federal e se elegeu vice-governador em 2014, na chapa liderada por Flávio Dino (PCdoB). Seu ingresso no PSB, em 2022, foi fruto de um acordo com o governador Flávio Dino, para firmar posição consistente na aliança formada em torno da candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT) na corrida de 2022.

Tudo funcionou como previsto. O PSB saiu das urnas como a maior potência partidária do Maranhão nesse momento, tendo reelegido o governador Carlos Brandão em turno único, elegido Flávio Dino senador com votação recorde, o deputado federal Duarte Jr. e 11 deputados estaduais, formando uma bancada liderada pela deputada Iracema Vale, que surpreendeu meio mundo como o candidato mais votado para a Assembleia Legislativa, rompendo, pela primeira vez na história eleitoral maranhense, a barreira dos 100 mil votos. Tomou com força inquestionável o lugar que antes fora do MDB e depois do PCdoB, que passaram a ser legendas secundárias.

Ocorre que, por um desses erros que costumam fragilizar as estruturas partidárias, o PSB manteve na presidência o senador eleito Flávio Dino, que sem tempo para essa tarefa, delegou a gestão partidária ao ex-deputado federal Bira do Pindaré, fragilizado com a não reeleição, quando a lógica seria entregar o comando ao governador Carlos Brandão, como manda a tradição. Esse formato não funcionou e criou ranhuras nas relações internas. Não fazia sentido algum o governador do Estado e a presidente da Assembleia Legislativa permaneceram deslocados do comando do PSB. Diante da situação criada e do incômodo evidente, foi feito um arranjo pelo qual o governador Carlos Brandão e a deputada-presidente Iracema Vale passaram a ocupar cargos com poder de mando na Executiva partidária.

O arranjo produziu um ar de normalidade na cúpula e nas fileiras do PSB, mas rascunhou também uma situação em que, aqui e ali, gerou manifestações indicadoras de que o PSB maranhense não é tão sólido como se imagina. A deputada Iracema Vale, que comanda a Assembleia Legislativa e é aliada de primeira linha do governador Carlos Brandão, não tem escondido sua simpatia pelo MDB, emitindo sinais fortes de que pretende converter-se ao emedebismo. O sinal mais cristalino dessa inclinação aconteceu na convenção do MDB, há duas semanas, quando a presidente, ao adentrar no auditório, ouviu da plateia apelos para que se filiasse ao partido. Em resposta, Iracema Vale indicou a pista: “Vamos esperar a janela partidária”. Além disso, a presidente do Legislativo já manifestou simpatia pelo MDB em várias ocasiões, reforçando a inclinação por uma migração partidária.

A chegada do governador Carlos Brandão à presidência do PSB, além de obedecer à lógica da vida partidária, significa também, e principalmente, a possibilidade concreta de o partido ganhar um novo impulso, afastando, pelo menos por enquanto, a ameaça de sofrer um emagrecimento perigoso, como sofreram o MDB após o período de poder de Roseana Sarney, e o PCdoB depois que Flávio Dino migrou para o PSB. Essa mexida no maior partido do Maranhão terá forte repercussão no resultado das eleições municipais, de onde sairão as bases para as eleições gerais de 2026. Isso porque, como demonstrou nas eleições municipais recentes, ainda como vice-governador, o governador Carlos Brandão joga bem no campo partidário e conhece o caminho das pedras na corrida pelo voto.

E a realidade é clara: sem Flávio Dino na cena política, o PSB só terá futuro se tiver o governador Carlos Brandão no comando.

PONTO & CONTRAPONTO

Reunião com Brandão mostrou líderes partidários em situações distintas

Amanda Gentil, Roberto Costa, Pedro Lucas
Fernandes, André Fufuca, Adriano Sarney
e Eliel Gomes: posições partidárias diferentes

A reunião do governador Carlos Brandão com representantes dos 13 partidos que formam a base de sustentação do seu Governo revelou algumas mudanças importantes no cenário partidário do Maranhão.

A primeira delas foi a presença da deputada federal Amanda Gentil, representando o Republicanos, hoje comandado no Maranhão pelo deputado federal Aluísio Mendes. Junto com o pai, o influente prefeito de Caxias Fábio Gentil, a jovem deputada federal tem um peso importante na legenda no Maranhão.

O deputado estadual Roberto Costa mantém espaço respeitável como vice-presidente estadual do MDB, representando com autoridade política o presidente da legenda, Marcus Brandão, em reuniões com esse peso.

O deputado federal Pedro Lucas Fernandes assumiu de maneira efetiva o comando do União Brasil no Maranhão, encerrando de vez o período de comando do deputado federal licenciado Juscelino Filho, hoje ministro das Comunicações.

Num outro viés, o ministro do Esporte, André Fufuca, continua dando as cartas dentro do PP maranhense. Ele está afastado temporariamente da presidência estadual, mas a sua influência nas malhas da agremiação é tamanha que nada é decidido sem que ele seja consultado. Daí sua presença na reunião com o governador.

O ex-deputado federal Bira do Pindaré, que é secretário de Desenvolvimento Agrário, participou da reunião como quem está se despedindo do comando do PSB, que agora será exercício pelo governador Carlos Brandão, como manda a lógica que move a política partidária.

Adriano Sarney e Eliel Gama representam partidos que praticamente não existem. O primeiro fala em nome do PV, um partido que só existe porque está ligado ao PT e ao PCdoB numa federação. E o segundo representa o Cidadania, que nasceu PCB, virou PPS, ganhou nova identidade, mas está em vias de extinção.

Juscelino Filho desbanca Stênio Rezende na luta pelo poder em Vitorino Freire

Juscelino Filho e Stênio Rezende:
racha em Vitorino Freire

Ganha forte repercussão a reação do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, à guerra que se trava no feudo da família, Vitorino Freire, por causa da escolha do candidato à sucessão da irmã dele, Luanna Rezende (União Brasil), na Prefeitura municipal.

Na esteira dos escândalos que vêm abalando a família e a estrutura política do ministro, que é deputado federal, o jornal Folha de S. Paulo publicou declarações do ex-deputado estadual Stênio Rezende, marido da deputada estadual Andreia Rezende (UB), criticando o sobrinho por haver, junto com a irmã, a prefeita Luanna, escolhido Ademar Magalhães, o “Fogoió”, secretário de Obras de Vitorino Freire, para ser o candidato do grupo à sucessão municipal.

Stênio Rezende, que teve interrompida sua trajetória de deputado estadual por problemas cabeludos com a Justiça, pretendia ser o candidato. E diante da decisão do ministro e da prefeita, que de fato dão as cartas na família, fez críticas, acusando o titular das Comunicações de ser ditador por havê-lo excluído da disputa.

O ministro Juscelino Rezende reagiu apontando o tio como incoerente por haver dado “declarações infelizes” ao jornal paulista, lamentando que o tio não enxergue que “os tempos são outros”, insinuando que nesse novo mundo não existe lugar para Stênio Rezende.

O fato é que, se a situação nas relações na família Rezende chegou a esse nível, a situação dos seus integrantes no feudo de Vitorino Freire encontra-se num nível de deterioração elevado, podendo ser irreversível. Isso pode indicar que Juscelino Filho e a irmã Luanna Rezende podem estar desenhando um novo caminho isolando a banda representada por Stênio Rezende.

São Luís, 19 de Dezembro de 2023.

Reformado, Castelinho volta a ser um templo da cultura esportiva do Maranhão

Foto 1: Carlos e Larissa Brandão entre Rubens Jr., Iracema Vale, André Fufuca,
Gustavo Laranjeiras, Felipe Camarão, Eliziane Gama e Paulo Victor.
Foto 2: O Castelinho totalmente reformado

Um símbolo dos esportes no Maranhão ganhou nova vida na tarde deste domingo. Depois de quatro anos fechado, vitimado que fora pelo desabamento do seu teto, causado por uma forte ventania, em 2019, o Ginásio “Georgiana Pflueger”, mais conhecido como “Castelinho”, voltou a ser um templo dos esportes com bola – futsal, vôlei, basquete e handebol no Maranhão. Comandado pelo governador Carlos Brandão (PSB) com a presença do ministro do Esporte André Fufuca, o ato de reinauguração ganhou a dimensão de uma grande festa, com a participação de nomes consagrados do vôlei nacional, como Nalber e Giba, por exemplo, e da superatleta do basquete maranhense Iziane. Mais ainda, ali esteve como convidada especial a ex-primeira-dama do Estado e ex-prefeita de São Luís Gardênia Gonçalves, que foi homenageada como incentivadora da construção do Complexo Esportivo “Canhoteiro”, formado pelo estádio “Castelão”.

Construído há mais de quatro décadas, o Castelinho foi o espaço por onde passaram gerações de atletas das quatro categorias. A falta de investimento em manutenção ao longo desse período causou desgastes irreparáveis na sua estrutura, a começar pelo teto, que foi arrancado e levado ao chão por uma tempestade em 2019, que o inutilizou completamente. O incidente natural tirou o Castelinho da cena esportiva do Maranhão, já que sua restauração não seria possível com arranjos e consertos destinados a mantê-lo funcionando. O fechamento foi uma imposição do estado em que ficou. A reforma foi iniciada lentamente, mas ganhou ritmo de um ano para cá, já no Governo Carlos Brandão, tendo sido investidos R$ 36 milhões ao longo dos quatro anos.

O Complexo Esportivo “Canhoteiro”, formado pelo Castelão e pelo Castelinho, foi inaugurado no dia 5 de fevereiro de 1982, para se tornar a maior praça esportiva da região. Ao mesmo tempo em que foi festejado pela comunidade esportiva maranhense e por parte da população, à medida que geraram a expectativa de que os desportos ganhariam mais vigor, o complexo atraiu também muitas críticas. Uma delas pelo custo da obra, considerada excessiva para a realidade social e econômica do Maranhão. O ginásio “Georgiana Pflueger” teve seu piso trocado pelo chamado “piso flutuante”, que melhora o desempenho dos atletas, e as arquibancadas foram substituídas por uma estrutura moderna, com 1.400 assentos de qualidade, bem como um placar de cubo central wireless, de padrão internacional. O entorno do ginásio foi reurbanizado, para facilitar o acesso, tendo a parte externa conta com uma nova urbanização, incluindo acessibilidade, novo sistema de iluminação em tecnologia LED, paisagismo e um espaço demarcado para estacionamento.

A receptividade, porém, foi maior do que as críticas, o que entronizou de vez o então governador João Castelo, que entrou para a História como responsável pela existência do Complexo, que no que diz respeito ao Castelinho, atraiu para o estado competições importantes, que trouxeram ao Maranhão as seleções brasileiras de vôlei, basquete, handebol e futsal. E visitantes consagrados como a seleção cubana de vôlei, campeã olímpica, por exemplo. Ontem, a festa de reinauguração do Castelinho foi marcada por um jogo histórico entre a seleção maranhense máster de vôlei e a seleção máster nacional, que trouxe ao Maranhão reunindo os supercraques da seleção olímpica.

Entusiasta dos esportes, o governador Carlos Brandão, tendo ao lado o ministro André Fufuca e o vice-governador Felipe Camarão – cujo pai, Phil Camarão, foi um dos craques do handebol nos anos 70. Carlos Brandão declarou: “Esse é um presente antecipado de Natal para a sociedade maranhense e para o esporte do Maranhão”. O governador presidiu também a inauguração do Memorial “Georgiana Pflueger”, na presença do vice-presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Gustavo Laranjeiras, além de toda classe esportiva maranhense e grandes atletas nacionais da categoria, e também com a presença da presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale e do presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSDB).

A reforma do Ginásio “Georgiana Pflueger” foi um investimento saudável, independentemente da situação financeira do Estado. Isso porque ele passa funcionar como um templo para a comunidade esportiva e a sociedade maranhense como um povo.   

PONTO & CONTRAPONTO

Iracema Vale agita bastidores e chama André Fufuca de “nosso senador”

Iracema Vale junto com Rubens Jr., André Fufuca,
Aparício Bandeira e Carlos e Larissa Brandão:
agito político nos bastidores

Uma declaração da presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Iracema Vale (PSB), deu forte conotação política aos bastidores da reinauguração do Castelinho. Ela chamou o ministro do Esporte André Fufuca de “nosso senador”.

Independentemente de ter sido a revelação de um projeto de candidatura ou se foi apenas um gesto de cortesia da influente chefe do Poder Legislativo ao ministro do Esporte, o fato é que a manifestação repercutiu imediatamente.

A repercussão foi maior porque no ato estavam o governador Carlos Brandão, cujo destino político será disputar uma das duas vagas de senador a serem abertas em 2026, e também a senadora Eliziane Gama (PSD), que é candidata à reeleição.

Se apontou o ministro André Fufuca como uma escolha sua para a uma das vagas para a Câmara Alta, a presidente Iracema Vale já tem sua chapa definida, uma vez que o seu outro voto será para governador Caros Brandão, de quem é aliada incondicional.

São fatos como esse, quase imperceptíveis e aparentemente sem muita relevância, que vão moldando o cenário das disputas agendadas para 2026.

Ana Paula se manterá sob discrição até se tornar titular no Senado

Ana Paula Lobato se manterá discreta até
assumir a titularidade do mandato

A senadora Ana Paula Lobato (PSB) já decidiu que não vai soltar rojões quando se tornar ocupante efetiva da vaga a ser aberta pelo senador Flávio Dino. Sua titularização só se dará em fevereiro do ano que vem, depois do Carnaval, conforme acerto do novo ministro com o presidente da Corte, ministro Luiz Roberto Barroso.

Até lá, mesmo ciente de que a vaga já é sua, uma vez que não existe a menor possibilidade de o titular Flávio Dino desistir de ser ministro do Supremo Tribunal Federal. De acordo com uma fonte que a conhece bem, para ela, esperar tranquila e discretamente a hora de assumir em definitivo é uma prioridade nesse momento.

São Luís, 18 de Dezembro de 2023.

Reviravolta de Weverton em relação a Dino foi estratégica e tem objetivo claro

Weverton Rocha: mudança com objetivo claro
de ocupar o espaço aberto por Flávio Dino

A política costuma dar voltas, umas mais longas, outras mais curtas, algumas previsíveis e outras inesperadas, mas todas elas desenham situações que surpreendem. A indicação e aprovação do senador licenciado e atual ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal funcionou como campo fértil para essas situações. A iniciativa do senador Sérgio Moro (UB-PR) de, durante a sabatina, sair da sua cadeira e se dirigir à mesa da CCJ para cumprimentar efusivamente o ministro Flávio Dino, tentando desmanchar, com um gesto de “urbanidade”, uma rivalidade política e doutrinária de décadas, constituiu um exemplo acabado de reviravolta. Mas, além da ascensão extraordinária do senador Flávio Dino (PSB), nada do que aconteceu nas duas últimas semanas no complicado campo das relações políticas chamou mais a atenção de observadores maranhenses do que a reviravolta do senador Weverton Rocha (PDT), que, como num passe de mágica, aposentou a fantasia de inimigo político para voltar a ser amigão do peito do ministro da Justiça e Segurança Pública, agora ministro da Suprema Corte.

Perplexos, observadores da cena política maranhense assistiram à mudança de postura do senador em relação ao ministro, de quem se tornou uma espécie de “sombra” de uns dias para cá. A surpresa maior foi quando o senador pedetista anunciou, ele próprio, que havia sido escolhido pelo presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (UB-AP), de quem é amigo muito próximo, para ser o relator da indicação do senador Flávio Dino na Comissão. A primeira reação na imprensa foi a de que a escolha foi armada por Flávio Dino, mas logo circularam informações de que o candidato a ministro do Supremo não influenciou na decisão. Ao contrário, teria externado inicialmente certa preocupação, mas diante do clima favorável, preferiu “deixar rolar para ver no que dá”. Numa atitude pouco adequada a um relator, Weverton Rocha anunciou sua posição favorável à indicação mesmo antes de elaborar o relatório – o que, de resto, faria qualquer senador isento diante do currículo e do peso do ministro na política nacional.

À medida que o tempo foi passando, a lembrança cuidou de trazer de volta o Weverton Rocha que no dia 29 de abril do ano passado, declarou em Caxias: “O nosso grupo já tomou a decisão política: não vamos votar no Flávio Dino”. Isso porque Flávio Dino (PSB), então candidato a senador, não rompeu com o vice-governador Carlos Brandão (PSB) para apoiar a candidatura do pedetista ao Governo do Estado. Até onde se sabe, Flávio Dino em nenhum momento anterior prometeu apoiar Weverton Rocha, já que era nítido e público o seu compromisso com o então vice-governador Carlos Brandão. Por conta do seu rompimento com Flávio Dino, Weverton Rocha atraiu para si a pecha de “traidor”, despencou nas pesquisas e acabou humilhado em terceiro lugar, perdendo para o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSC).

Ao longo deste ano, Weverton Rocha se manteve como opositor do governador Carlos Brandão (PSB), fazendo de conta que permanecia afastado de Flávio Dino. Só que a ascensão de Flávio Dino ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o seu desempenho na guerra contra o golpismo e os crescentes rumores de que ele iria para o Supremo mudaram o curso do senador Weverton Rocha. Como “quem nada quer”, se reaproximou do ministro, assumindo a condição de “cabo eleitoral” e fazendo de tudo para assumir um papel que ele próprio criou para si: ter participação ativa no processo que levaria o líder maranhense ao Supremo, deixando parecer que sem ele Flávio Dino teria mais dificuldades para ser aprovado.

Tão surpreendente quanto o começo foi o fim desse enredo paralelo. Na noite de quarta-feira, na rampa de acesso à Mesa do Senado, Flávio Dino acabara de passar para agradecer a atenção do presidente Rodrigo Pacheco (UC-MG), após o anúncio do resultado da votação que consagrou a indicação do presidente Lula da Silva (PT). Ali, o senador pedetista surgiu e declarou: “Quero agradecer a todos os senadores que aprovaram o nosso relatório”, chamando para si o mérito da aprovação de Flávio Dino para o Supremo.

A tradução desse incrível movimento é um recado direto do senador dizendo que está no páreo para assumir o legado político de Flávio Dino. Conseguirá? Difícil responder agora, porque há muitas, mas muitas mesmo, controvérsias.

PONTO & CONTRAPONTO

Voto contra de senador desmentiu declaração de líder do MDB de que Dino teria os 11 votos do partido

Baleia Rossi com Orleans e Marcus Brandão: autoridade
colocada em xeque por senador capixaba

Nos bastidores mais fechados continua repercutindo a posição do MDB na votação que levou o senador Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal. O voto do senador capixaba Alessandro Vieira (MDB), aberto e contrário a Flávio Dino, foi um disparo certeiro na autoridade do presidente nacional do partido, deputado federal Baleia Rossi (SP), que ao participar em São Luís, no dia 1º de dezembro, da convenção estadual do MDB, garantiu que os 11 votos do partido no Senado seriam para o ministro da Justiça e Segurança Pública.

Como o voto é secreto, e só alguns senadores o declararam, uns a favor, outros contra, a curiosidade se voltou para o MDB, principalmente pelo fato de que seu líder nacional e seus líderes locais deram, com certeza absoluta, a garantia de que a bancada emedebista no Senado votaria em bloco a favor do senador maranhense. Isso tudo num clima de paz e amor entre o presidente Lula e o MDB.

O voto do senador capixaba levou várias fontes de informação e especular que que dos 11 votos o MDB só teria dado oito a Flávio Dino, colocando em xeque a palavra do presidente Baleia Rossi.

Edivaldo Jr. mergulhou, mas ainda não está fora da disputa para a Prefeitura de São Luís

Edivaldo Jr. submergiu

O ex-prefeito Edivaldo Jr. (sem partido) mergulhou depois que percebeu que não teria a menor chance de ser candidato a voltar à Prefeitura de São Luís como candidato do PV. Antes disso, algumas sondagens que ele fez junto a partidos visando a possiblidade de filiação não foram bem-sucedidas.

Uma fonte com trânsito na família Holanda disse à Coluna que o ex-prefeito Edivaldo Jr. ainda não bateu martelo e permanece como pré-candidato a prefeito, mesmo sabendo que suas chances estão encolhendo a cada pesquisa.

Nesse contexto, não será surpresa se o ex-prefeito, numa hipótese remota, entre na disputa com o candidato a vice do prefeito Eduardo Braide (PSD) ou do deputado federal Duarte Jr.. Ou, numa hipótese mais remota ainda, participe do processo lançando sua esposa, Camila Holanda, como candidata a vice de uma dessas chapas.

E não está descartada também a possibilidade de Edivaldo Jr. venha a se candidatar a vereador, fazendo base para disputar a Câmaras Federal em 2026.

São Luís, 15 de Dezembro de 2023.

 Dino deixa a política vencendo opositores no Senado e ganhando vaga no Supremo por mérito

Foto 1: Flávio Dino durante a sabatina. Foto 2: Na mesa com Paulo Gonet. Foto 3: Flávio Dino em conversa descontraída com Sérgio Moro. Foto 4: Abraçado por Eliziane Gama entre amigos e apoiadores, entre eles o vice-governador Felipe Camarão e os deputados federais Rubens Jr. (PT) e Márcio Jerry (PCdoB)

O Maranhão voltou a ter assento no Supremo Tribunal Federal com a aprovação, ontem, do senador Flávio Dino (PSB), indicado pelo presidente Lula da Silva (PT), para a vaga aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. Ao mesmo tempo, o Maranhão perdeu a força política da sua maior liderança na atualidade, uma vez que para ocupar a cadeira na Suprema Corte, ele é obrigado a renunciar ao mandato senatorial, que lhe foi dado por 2,2 milhões de eleitores, proporcionalmente a maior votação para o Senado da República em todo o País nas eleições de 2022. Flávio Dino recebeu 17 votos contra 10 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e foi cravado no plenário com 47 votos contra 31. Foram os resultados possíveis num ambiente marcado pela radicalização política, uma vez que, como estava desdenhado, a votação, tanto na CCJ quanto no plenário, foi política, como havia declarado a oposição liderada por bolsonaristas. Isso porque todos os senadores, inclusive os que declararam voto contra, rasgaram elogios a ele, aos seus conhecimentos e à sua fidelidade aos seus princípios.

Flávio Dino se despediu da vida política colocando mais uma vez a oposição no bolso, à medida em que molhou a pólvora de todas as bombas que seus adversários lançaram contra ele ao longo da sabatina conjunta. Calmo, sereno e professoral, muito diferente do político combativo e demolidor que esteve na Casa como ministro da Justiça e Segurança Pública, ele manteve sua essência como magistrado isento, com respostas cortantes para todas as ciladas que tentaram armar com o objetivo de pega-lo no contrapé. Ao longo de 10 horas, o senador maranhense foi a grande estrela da sabatina na qual o indicado para a PGR, Paulo Gonet, foi figura secundária.

Flávio Dino não deixou nenhuma pergunta objetiva sem resposta. As pegadinhas que tentaram, foram mandadas para o espaço sem resposta, causando vivo desapontamento nos senadores de oposição que leram discursos e questionamentos escritos provavelmente por terceiros. O senador Magno Malta (PL-ES), que fala muito, mas é carente de inteligência, mais uma vez foi trucidado no embate com o ministro da Justiça. O desequilibrado senador Marcos Duval (PL-ES) foi colocado na lona depois de um discurso confuso, típico de quem parece estar com a sanidade comprometida. O colega dele Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi impiedosamente desarmado, estarrecendo o Brasil ao revelar que seu pai, o então presidente Jair Bolsonaro (PL), lhe perguntou se topava ser indicado para o Supremo na vaga que viria a ser ocupada por André Mendonça. O líder do PL, Carlos Portinho (RJ), ficou desconcertado com as respostas às suas invertidas. E para completar a opereta enredada pela oposição, o senador Sérgio Moro (UB-PR), sempre de cara amarrada, abriu-se em sorrisos, forçando uma civilidade que não tem, para minimizar a ineficácia da sua tentativa de desestabilizar um Flávio Dino mais tarimbado do que nunca.

Praticamente todos os senadores de oposição investiram sem sucesso na tentativa de mostrar que não há como separar o político do magistrado, argumentando que no Supremo Flávio Dino atuará como ativista. No contraponto, o senador maranhense lembrou que a afirmação não tem fundamento, uma vez que ele foi um magistrado isento e tecnicamente correto durante 12 anos como juiz federal. Na condição de único brasileiro da atualidade que atuou no Judiciário como juiz federal, no Executivo como governador eleito e reeleito do Maranhão, e no Legislativo como deputado federal e senador, ele mostrou que teve comportamento adequado no exercício dos três Poderes. “Sou um só, que conseguiu aprender como se comportar em cada uma dessas atividades”, disse ele, assegurando que voltará a ser integralmente o magistrado ao chegar à mais alta Corte de Justiça do País.

A votação de 17 votos contra 10 que recebeu na CCJ e a dos 47 contra 31 no plenário do Senado, que alguns apressados estão avaliando como baixa de prestígio, podem ser tranquilamente avaliadas como uma vitória maiúscula do indicado que como ministro da Justiça desmontou o 8 de Janeiro, enfrentou o crime organizado, se transformou no terror das milícias e tira o sono do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nenhum indicado ao Supremo passou pelo crivo do Senado nas condições políticas com que passou Flávio Dino. Ter obtido seis votos a mais do mínimo necessário para garantir a aprovação quando os líderes oposicionistas cantavam 35 votos contrários, “de saída”, foi uma vitória robusta.

Em Tempo: Flávio Dino chega ao Supremo Tribunal Federal no espaço do último maranhense que teve assento na Corte, o ministro Carlos Madeira, que foi empossado em 1985 e aposentado em 1990, exatamente o período de José Sarney na presidência da República.     

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão acompanhou a sabatina no Senado

Carlos Brandão registra sua presença
na CCJ durante a sabatina de Flávio Dino

A sabatina de Flávio Dino foi acompanhada pelo governador Carlos Brandão (PSB) e pelo vice-governador Felipe Camarão (PT), além de deputados federais, desembargadores, juízes e, claro, familiares.

O governador Carlos Brandão se colocou como apoiador do seu antecessor desde o momento em que o presidente Lula da Silva anunciou sua escolha. De lá para cá, o governador esteve várias vezes com o ministro da Justiça, com quem trocou impressões sobre o que poderia acontecer no Senado. Carlos Brandão sempre manifestou otimismo e incentivou o amigo e aliado político.

Ao longo da sabatina, o governador postou nas suas redes sociais: “Estamos acompanhando a sabatina do ministro da Justiça, Flávio Dino, amigo e aliado de muitos anos. É inquestionável a reputação ilibada e o notável saber jurídico, que são critérios para ser ministro do STF. Sucesso”.

Um dos mais próximos aliados do ministro Flávio Dino, o vice-governador Felipe Camarão também se movimentou em apoio ao sabatinado e foi um dos primeiros a cumprimentá-lo ao ser anunciado o resultado na CCJ.

Os senadores Weverton Rocha (PDT), que foi o relator do processo de indicação, Eliziane Gama (PSD), que atuou já como vice-líder do Governo no Congresso Nacional, e Ana Paula Lobato (PSB), que conversou com senadores, foram os apoiadores mais presentes do ministro da Justiça. O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) também atuou no suporte ao ministro.

Dino já sabe quantos processos vai receber quando assumir na Corte

Flávio Dino só será empossado no Supremo Tribunal Federal em fevereiro de 2024, em data ainda a ser definida.

A ideia inicial era a de que ele assumiria a cadeira ainda neste ano, numa data qualquer antes do dia 20 de dezembro, quando começa o recesso do Poder Judiciário. Nesse período de tempo, o novo ministro do Supremo ainda atuará alguns dias como ministro da Justiça e Segurança Pública.

O futuro ministro foi informado de que nada menos que 344 processos deixados pela ministra Rosa Weber estão à sua espera.

Entre os processos que Flávio Dino receberá estão apurações sobre a atuação do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia e sobre a legalidade dos indultos natalinos assinados durante a gestão do ex-presidente.

São Luís, 14 de Dezembro de 2023.

Nota de apoio da bancada mostra o legado de Dino como articulador de alianças políticas

Flávio Dino recebe apoio da esquerda,
centro e direita na bancada maranhense

A nota divulgada ontem pelos integrantes da bancada maranhense no Congresso Nacional – 18 deputados federais e três senadores – em apoio ao senador licenciado e atual ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino (PSB), avalizando a indicação dele para o Supremo Tribunal Federal, além de ser uma manifestação política coerente em relação ao contexto da situação em nível nacional, é também a expressão exata da visão política do futuro ministro da mais alta Corte de Justiça do País. Os 21 congressistas maranhenses representam nada menos que os 13 partidos da aliança que Flávio Dino construiu em 2014 e manteve, com vários ajustes, até abril de 2022, quando passou o comando para o governador Carlos Brandão (PSB), que que com habilidade vem mantendo intacta essa base de apoio político e parlamentar.

Nos últimos tempos houve mudanças, fusões e extinções partidárias, mas a aliança montada por Flávio Dino e consolidada por Carlos Brandão se mantém firme e está expressada na bancada maranhense pelos deputados federais: Amanda Gentil (PP), Detinha (PL), Roseana Sarney (MDB), Benjamim (União), Cleber Verde (MDB), Duarte Jr (PSB), Fábio Macedo (Podemos), Josimar de Maranhãozinho (PL), Júnior Lourenço (PL), André Fufuca (PP), Juscelino Filho (União), Márcio Honaiser (PDT), Márcio Jerry (PCdoB), Marreca Filho (Patriota), Pastor Gil (PL), Pedro Lucas Fernandes (União) e Rubens Júnior (PT), e pelos senadores  Weverton Rocha (PDT), Ana Paula Lobato (PSB) e Senadora Eliziane Gama (PSD).

E foram exatamente esses congressistas que assinaram a seguinte nota:

“Os integrantes da bancada federal do Maranhão no Congresso Nacional pelo presente manifestam apoio à indicação do Ministro Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal. Flávio Dino seguramente preenche os requisitos necessários para integrar o STF. Na área jurídica se destacou como advogado, professor universitário, juiz federal por 12 anos, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil, Secretário Geral do Conselho Nacional de Justiça, Deputado Federal (Comissão de Constituição e Justiça), e agora ministro da Justiça e Segurança Pública. Acresceu a essa vasta atuação como jurista a de gestor público, tendo sido presidente da Embratur e por duas vezes governador do Maranhão. Destaque-se ainda tratar-se de um maranhense, integrante de nossa bancada, que honrosamente ocupou relevantes papéis nos três poderes da República. Seguramente Flávio Dino terá no Supremo Tribunal Federal o papel que lhe cabe de guardião da Constituição e das leis de nosso país, com absoluto compromisso com a democracia.

Brasília, em 11 de dezembro de 2023”.

Como é sabido, a bancada maranhense é uma expressão curiosa do espectro partidário nacional, que vai da esquerda moderada, como o PCdoB, PSB, PT e PDT, passa pelo centro, com MDB, PP, União Brasil, PSD, PRD e Podemos, e chega à direita formada pelo PL, que no Maranhão, sob o comando forte do deputado Josimar de Maranhãozinho, está longe do radicalismo bolsonarista. As três correntes partidárias convivem sem problemas na Assembleia Legislativa, onde seus deputados convivem produtivamente com seus contrários ideológicos e apoiam integralmente o Governo do PSB.

Nos seus dois mandatos de governador, Flávio Dino acomodou esses grupos na base de apoio do seu Governo, inclusive entregando-lhes responsabilidades executivas, como secretarias, por exemplo. Por ter sido o grande adversário do seu projeto de poder, exatamente por representar o sarneysismo, o MDB se manteve inicialmente distante, mas logo a ala jovem do partido começou a questionar o isolamento, desencadeando um processo que acabou levando o partido a se aproximar do senador pelas mãos do governador Carlos Brandão. A presença da deputada federal Roseana Sarney, que foi sua adversária e inicialmente resistiu à inclusão do MDB na aliança, entre os que assinaram a nota representa o grande desfecho do movimento de aproximação.

Se for aprovado hoje pelo Senado – e todas os sinais indicam que o será -, Flávio Dino deixará a seara da política do Maranhão com a marca do grande construtor de alianças, com a capacidade de

unir esquerda, centro e direita em torno de um projeto de poder.

PONTO & CONTRAPONTO

Dois senadores e dois ministros maranhenses atuaram forte nos bastidores por Flávio Dino

Weverton Rocha, Eliziane Gama, André Fufuca
e Juscelino Filho apoiaram Flávio Dino

O senador Weverton Rocha (PDT), a senadora Eliziane Gama (PSD) e os ministros André Fufuca (Esporte) e Juscelino Filho (Comunicações), participaram intensamente da mobilização em favor do ministro Flávio Dino nos bastidores do Senado.

O senador Weverton Rocha, que rompera com o então governador Flávio Dino em 2022 e fez campanha aberta contra sua eleição para o Senado, tendo apoiado o senador bolsonarista Roberto Rocha (PTB), mudou radicalmente, passando a apoiar abertamente o escolhido do presidente Lula da Silva (PT). Ganhou a relatoria da indicação e fez um voto rasgando elogios ao ministro da Justiça, de quem se reaproximou de maneira tão efusiva que chamou a atenção de muitos. Tem realmente trabalhado no apoio a Flávio Dino.

A senadora Eliziane Gama também entrou de cabeça no movimento de apoio ao ministro da Justiça e seu colega senador licenciado. Ela trabalhou intensamente para quebrar a resistência a Flávio Dino em parte da bancada evangélica, e foi uma das articuladoras na tarefa de mobilizar os 15 senadores do PSD em favor do ministro da Justiça. Na segunda-feira, Eliziane Gama reuniu a bancada feminina no Senado em busca de apoio. Na sexta-feira passada, Eliziane Gama foi indicada pelo presidente Lula da Silva vice-líder do Governo no Congresso Nacional, cargo que reforçou sua posição como articuladora na Câmara Alta.

O ministro André Fufuca, que é deputado federal licenciado, mas ocupa espaço de liderança no seu partido, entrou no circuito com o objetivo de incentivar que a bancada do seu partido, o PP, que tem seis senadores, vote fechada a favor de Flávio Dino. Conversas informais indicaram que a bancada do PP teria fechado questão.

Por sua vez, o ministro de Comunicações Juscelino Filho, que é deputado federal licenciado, foi escalado para ajudar na mobilização dos nove senadores do seu partido, o União Brasil, no apoio ao ministro da Justiça. Mesmo com seu poder de fogo reduzido por conta do bombardeio de que vem sendo alvo por conta de supostos malfeitos com dinheiro de emendas parlamentares, o ministro Juscelino Filho atuou nos bastidores em conversas com senadores do seu partido.

Se não foram decisivos – o jogo é bem mais amplo -, os quatro deram um bom suporte ao provável ministro maranhense na Suprema Corte.     

Apenas dois deputados federais não assinaram a nota de apoio ao ministro da Justiça

Josivaldo JP e Alan Garcez não
assinaram a nota pró-Flávio Dino

Apenas dois membros da representação do Maranhão na Câmara Federal não assinaram a nota de apoio à indicação do ministro Flávio Dino: os deputados Josivaldo JP (PSD) e Alan Garcez (PL) – suplente que ocupa a vaga do deputado André Fufuca – ambos integrantes da banda bolsonarista da direita radical.

Com militância na Região Tocantina, Josivaldo JP sempre foi arredio às correntes políticas maranhenses, preferindo correr por conta própria. E foi na onda bolsonarista que se tornou suplente de deputado federal em 2018, ganhando a titularidade em 2020, com a eleição do deputado federal Eduardo Braide para a Prefeitura de São Luís. Em 2022, surfando na mesma onda, se reelegeu. Na Câmara, sua atuação sempre foi declaradamente bolsonarista. Daí não surpreender sua ausência entre os assinantes da nota de apoio a Flávio Dino.

A ausência do suplente de deputado federal, Alan Garcez, no exercício do mandato na vaga de André Fufuca (PP), na relação de apoiadores é natural. Estranho seria se ele, de repente, assinasse a nota. Adversário cruento de Flávio Dino desde 2018, quando fez campanha para Jair Bolsonaro em São Luís atacando, às vezes agressivamente, o então governador candidato à reeleição, passou quatro anos perdido nas malhas do Governo Bolsonaro, tendo sido cogitado para o Ministério da Saúde, mas não recebeu um cargo adequado. Chegou a suplente de deputado federal em 2022 e assumiu a vaga de André Fufuca com discurso de extrema direita. Não faria sentido declarar apoio ministro.

São Luís, 13 de Dezembro de 2023.

Câmara derruba vetos a projetos de lei e mantém “cabo de guerra” com o prefeito Eduardo Braide

Eduardo Braide e Câmara Municipal mantêm esticada a corda do “cabo de guerra”

A derrubada, ontem, de mais seis vetos do prefeito Eduardo Braide (PSD) a projetos de lei aprovados pela Câmara Municipal mostrou que continua esticada a corda do “cabo de guerra” disputado pelo chefe do Executivo da São Luís e larga maioria dos membros do parlamento ludovicense. Esse ambiente ficou evidenciado principalmente no fato de que entre 17 e 19 vereadores votaram para derrubar os vetos, enquanto que entre quatro e sete se posicionaram pela confirmação de decisões do gestor da Capital. E isso significa dizer que o prefeito Eduardo Braide continua sem uma base mínima de apoio no Legislativo municipal, tendo de partir para a negociação voto a voto sempre que precisa aprovar matéria de importância social e econômica e de interesse direto do seu Governo. E tudo num contexto em que tem como adversário declarado ninguém menos que o presidente do parlamento municipal, vereador Paulo Victor (PSDB).

Chama a atenção o fato de não haver qualquer movimento do Palácio de la Ravardière na direção do Palácio Pedro Neiva de Santana indicando interesse do chefe do Poder Executivo municipal em construir uma aliança que lhe garanta um grupo de vereadores com fidelidade à orientação do governante. O líder do Governo na Câmara Municipal, vereador Daniel Oliveira (PL), tem sido dedicado nos seus esforços como articulador, mas parece atuar dentro de certos limites fixados por orientação palaciana. Essa limitação sugere que o prefeito Eduardo Braide não faz maiores concessões, preferindo a negociação política ou o embate direto. Esse foi um dos motivos que levaram, por exemplo, o vereador Raimundo Penha (PDT) a renunciar à liderança do Governo e desfazer de vez a relação que a bancada do PDT mantinha com o Governo municipal.

Tudo isso acontece num ambiente onde a maioria dos vereadores acaba de aprovar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de investigar denúncias sobre supostas irregularidades em contratos com empresas. Também nesse caso, a posição do prefeito Eduardo Braide surpreendeu, a começar pelo fato de que ele próprio, o líder Daniel Oliveira, e o porta-voz da Prefeitura, Igor Almeida não fizeram qualquer comentário sobre a criação da CPI. Mais intrigante ainda: nenhum deles comentou o que foi dito pelo presidente da Casa, vereador Paulo Victor, durante a sessão. Ele disse que o prefeito “é covarde” e que existe uma “quadrilha” atuando na Prefeitura. E prometeu apresentar as provas do que disse.

O mais surpreendente dessa relação de “faz de conta que não existe” do prefeito Eduardo Braide no que respeita aos seus adversários na Câmara Municipal de São Luís é que esse ambiente se mantém inalterado a menos de dez meses das eleições. Eduardo Braide sabe que terá duas dezenas de vozes contra ele na corrida às urnas, mas parece saber também que dispõe de munição para rebater a pancadaria.

Em Tempo: Os vereadores derrubaram os vetos aos seguintes projetos de lei: PL n° 0010/2022, de Andrey Monteiro (Republicanos), destinando 5% do total de moradias de programas habitacionais da Prefeitura de São Luís a mulheres vítimas de violência doméstica; PL n° 0090/2023, de Concita Pinto (PC do B), propondo a instalação de portas eletrônicas giratórias para acesso às salas de aula das escolas municiais e privadas, como medida contra a violência; PL n° 0227/2022, de autoria de Rosana da Saúde (Republicanos), para publicar valores destinados a cada escola, número de alunos,  assiduidade dos professores, com número de aulas ministradas; PL n° 0106/2022, de Antônio Garcez (Agir) tornando pública a arrecadação do IPTU por áreas de São Luís; PL n° 0048/2023, de Rosana da Saúde (Republicanos), que autorizaria pais e responsáveis a visitarem as escolas antes de matricularem seus filhos; e o PL n° 0165/2022, de Octávio Soeiro (Podemos), que institui o Projeto Cultural “Ponto de Cultura Fixo: Brilha Maranhão”.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane é vice-líder no Congresso Nacional; Roseana já foi líder: circunstâncias diferentes

Eliziane Gama vice-líder; Roseana Sarney
foi líder: circunstâncias diferentes

Ao assumir a vice-liderança ao Governo no Congresso Nacional, convidada pelo líder Randolfe Rodrigues (AP), por indicação do presidente Lula da Silva (PT), a senadora Eliziane Gama (PSD) entra para a crônica política como a segunda senadora maranhense a participar dessa colegiado de importância decisiva para a melhor convivência possível do Executivo federal com as duas Casas do Congresso Nacional.

Por um capricho da História, a então senadora Roseana Sarney (MDB), primeira mulher maranhense ao chegar à Câmara Alta, assumiu a liderança do Governo no Congresso Nacional a convite do mesmo presidente Lula da Silva, então iniciando o segundo mandato, depois de uma reeleição retumbante.

Mesmo levando em conta a diferença de um degrau entre liderança e vice-liderança, as circunstâncias da chagada de cada uma delas ao respectivo posto são bem diferentes.

Eliziane Gama chega à vice-liderança do Governo no Congresso Nacional na esteira de uma atuação impecável no Senado, onde chegou em 2019 depois de uma atuação igualmente impecável na Câmara Federal. A sua atuação política durante a campanha de Lula da Silva em 2022 foi importante para quebrar a resistência de segmentos da comunidade evangélica que não se deixaram seduzir pela pregação de extrema-direita. Depois, ao mesmo tempo em que mergulhou nas atividades legislativas, ganhou estatura como parlamentar ao articular a Bancada Feminina e participar ativamente da CPI da Covid, para em seguida ganhar projeção nacional como a implacável e equilibrada relatora da CPMI que investigou os ataques golpistas de 8 de janeiro. Sua indicação fortalece mais ainda a sua posição na base de apoio do Governo Lula e reforça o seu projeto de reeleição em 2026.

Eleita senadora em 2002, na poeira do Caso Lunus, um escândalo devastador que a tirou da corrida presidencial, na qual estava bem posicionada, a então senadora Roseana Sarney (MDB) foi convidada pelo então presidente Lula da Silva (PT) para ser líder do seu Governo no Congresso Nacional. O convite ocorreu em 2007, na poeira, não de outro escândalo, mas de um retumbante fracasso eleitoral: a sua derrota para Jackson Lago (PDT) na disputa para o Governo do Maranhão. Fragilizada com a derrota – a primeira da sua carreira marcada por vitórias robustas, Roseana Sarney assumiu a liderança do Governo no Congresso orientada pelos conselhos do então senador José Sarney, mas inicialmente enfrentando a má vontade de alguns palacianos, a começar pela então todo-poderosa chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, que quatro anos depois seria eleita sucessora de Lula da Silva, e numa dobradinha em que, de volta ao Governo em 2009, se reelegeu em 2010 em primeiro turno.

As duas têm méritos indiscutíveis, com a diferença de que Eliziane Gama construiu sozinha a sua rica e respeitável história política, enquanto Roseana Sarney só precisou decidir o que queria ser

Queiram ou não seus adversários, Flávio Dino chegará ao Supremo com estatura intacta

Flávio Dino: vai dar a lógica

A um dia da sabatina por meio da qual a Comissão de Constituição e Justiça do Senado da República confirmará ou não a indicação do senador licenciado e atual ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino, feita pelo presidente Lula da Silva (PT) para o Supremo Tribunal Federal, especuladores da chamada Grande Imprensa mergulharam num frenesi incontido. Na falta de fatos robustos, eles buscam indícios e sussurros que possam converter em dificuldades para o ministro, enquanto o nhenhenhém dos próprios adversários declarados do ministro da Justiça vem diminuindo.

O Brasil está cansado de saber que a base governista tem maioria na CCJ, e não importa o grau de tensão em que se dê a sabatina, Flávio Dino sairá de lá aprovado. E mais: a sabatina mostrará, com toda clareza, que os votos contrários serão de natureza puramente política, já que não há como atacar técnica e eticamente o ex-juiz federal, ex-secretário geral do Conselho Nacional de Justiça, ex-presidente da Ajufe, ex-presidente da Embratur, ex-deputado federal, ex-governador eleito e reeleito, senador licenciado e atual ministro da Justiça. Logo, por mais que alguns queiram melar a indicação, a expectativa é a de que Flávio Dino saia da sabatina como entrou: intacto.  

Em relação às especulações quanto à votação da indicação no plenário da Câmara Alta, o Brasil inteiro já sabe há semanas que Flávio Dino não contará com pelo menos 20 senadores de oposição, a maioria da extrema-direita, que vem se manifestando em declarações isoladas e em atos com discurso golpista, como o realizado domingo em São Paulo. E ninguém minimamente informado tem dúvida de que o senador maranhense já tem garantidos os 41 votos necessários para a aprovação. Todas as contas feitas até aqui têm indicado que ele pode chegar aos 50 votos, o que, se confirmado, será um resultado excepcional para a indicação mais politizada de toda a História do Supremo. E é exatamente por isso que, seja com 41 votos, seja com 50 votos ou seja com 60 votos, Flávio Dino desembarcará na mais alta Corte de Justiça do país com a mesma estatura de homem público íntegro.

Não é torcida. São os fatos vistos como eles são.

São Luís, 12 de Dezembro de 2023.

Dino em contagem regressiva para o desafio de consolidar prestígio, vencer opositores e chegar ao Supremo

Flávio Dino em diferentes momentos de
uma entrevista em 2022

O ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino começa a semana em clima de contagem regressiva para a sabatina e a votação por meio das quais o Senado da República, do qual é membro licenciado (PSB), definirá o seu futuro, aprovando ou não a sua indicação, feita pelo presidente Lula da Silva (PT), para o Supremo Tribunal Federal. Até aqui, todas as projeções apontam que, apesar da forte e intensa pressão que vem sendo feita pela bancada da direita conservadora contra sua indicação, ele terá maioria de votos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde será sabatinado; as mesmas projeções também sugerem que ele terá no plenário mais do que os 41 votos necessários para se tornar membro da mais alta Corte de Justiça do País. Se for aprovado, Flávio Dino terá de renunciar ao seu mandato senatorial e deixar o comando do Ministério da Justiça. Se não, o mais provável é que ele deixe o Ministério da Justiça e reassuma sua cadeira de senador pelo Maranhão.

Indicado pelo presidente Lula há duas semanas, Flávio Dino iniciou uma verdadeira maratona de contatos em busca de votos, enfrentando a repercussão da declaração de senadores adversários de que a oposição teria 35 dos 81 votos fechados contra sua indicação. E mais do que isso: os senadores oposicionistas, em especial os da extrema-direita conservadora, estariam preparando ciladas para tentar fragiliza-lo na sabatina e forçar a barra para tirar-lhe votos no plenário. Flávio Dino encontrou tempo para visitar senadores em busca de votos, tendo conversado com 51 deles até sexta-feira, afirmando não ter havido um só caso em que o colega visitado tenha lhe dito que não lhe dará o voto.

Após viver vários dias encarando diariamente um turbilhão de notícias desencontradas, o ministro da Justiça encerrou a semana num ambiente bem mais leve, certo de que será aprovado com margem razoável ou até expressiva de votos. Seus adversários, em especial os senadores mais ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continuam pressionando a bancada oposicionista a se posicionar contra a indicação. A pressão já foi mais forte, nas últimas 48 horas, as vozes mais ativas amenizaram o tom, tendo alguns senadores da direita radical admitido que não há como evitar a aprovação do ministro da Justiça para o Supremo, inclusive pelo fato de ele ser um senador da República. Permanece, no entanto, a expectativa de que a sabatina será tensa.

Um dos políticos mais preparados e combativos da sua geração e da atualidade, Flávio Dino é o púnico que tem no currículo a experiência de atuação nos três Poderes – foi juiz federal por 12 anos, professor de Direito Constitucional, secretário geral do Conselho Nacional de Justiça, deputado federal por um mandato, presidente da Embratur, governador do Maranhão por dois mandatos, senador da República licenciado e ministro da Justiça e Segurança Pública. Essa bagagem, o seu notório saber jurídico e a sua atuação reta como homem de Estado, mostrada na reação à tentativa de golpe materializada no dia 8 de Janeiro, o credenciaram para a escolha do presidente Lula da Silva.

Flávio Dino tem plena consciência de que as tentativas de entravar a sua caminhada são de natureza puramente política, já que não há como questionar a sua competência técnica, nem a sua experiência executiva, nem a sua retidão ética. Os adversários ideológicos veem nele uma pedra na botina do neofascismo à brasileira, caso da tropa de choque da direita radical agrupada em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro, e alguns aliados o querem longe do poder, temendo que ele cresça no cenário político, caso de alguns grupos do próprio PT, que não o querem credenciado para futuras disputas.

A aprovação da sua indicação pelo Senado tirará de cena e aposentará o preparado, experiente e combativo militante político, que voltará a ser o magistrado profissional que foi durante 12 anos. A não aprovação mandará para o Senado da República o político preparado, experiente e combativo militante, que certamente saberá ajustar a sua bússola para medir o enorme horizonte que terá à sua frente.

PONTO & CONTRAPONTO

Duarte Jr. mostra amadurecimento ao anunciar que irá atrás dos votos da esquerda e da direita

Duarte Jr. mostra a razão se
impondo sobre a emoção

O deputado federal Duarte Jr. (PSB) vem dando seguidas demonstrações de que saiu do patamar do jovem político imprevisível para o militante com fortes traços de amadurecimento.

Sua declaração afirmando que não está interessado em saber se o eleitor é de esquerda ou de direita, e que o que interessa é o compromisso com São Luís, mostrou um pré-candidato a prefeito movido pela razão e não pela emoção pura e simples.

Essa nova postura é o resultado de uma vivência política intensa no dia a dia do Congresso Nacional e nos bastidores do Poder em Brasília, onde as posições ideológicas existem, mas são mais utilizadas para exibição para o grande público do que nas mesas de negociação.

Quando diz que vai atrás dos votos da esquerda e da direita em São Luís, justificando a iniciativa com o argumento de que o que está em jogo é a cidade e os problemas enfrentados pela maioria dos mais de 1 milhão de habitantes que ela abriga, ele está mandando um recado de que está mesmo determinado a chegar ao Palácio de la Ravardière.

O movimento do pré-candidato do PSB rascunha as linhas de uma campanha dura.

Pesquisa refez cenário e colocou a disputa em Imperatriz na estaca zero

Josivaldo JP, Rildo Amaral e Marco
Aurélio: no jogo em Imperatriz

A pesquisa DataIlha sobre a corrida para a Prefeitura de Imperatriz produziu três efeitos visíveis.

O primeiro: ao aparecer na liderança apertada, o deputado federal Josivaldo JP (PSD), que vinha jogando no clima do “vai que cola”, passou a acreditar que tem chances reais de vencer a eleição se o quadro de candidatos permanecer o mesmo. Ao mesmo tempo, foi alertado de que será alvo de bombardeio pesado de agora em diante.

O segundo: o deputado Rildo Amaral (PP), que liderava com folga viu sua base fraquejar e descobriu que sua eleição, se vier a acontecer, será fruto de um processo político bem articulado. Se vacilar, corre o risco de ficar para trás.

O terceiro: o ex-deputado estadual Marco Aurélio (PSB), que deixou seu nome no ar como quem não quer nada, viu seu nome ganhar volume e chegar no pelotão da frente.

Conclusão óbvia: ao contrário do que se imaginava há algumas semanas, a disputa pela Prefeitura da segunda e mais importante cidade do Maranhão está praticamente zerado, com os três em condições de chegar lá.

São Luís, 10 de Dezembro de 2023.

Marcus Brandão mostra que não é “cristão novo” em política e aposta no crescimento do MDB

Marcus Brandão na entrevista à TV Mirante

Uma combinação de otimismo com entusiasmo. É assim que vem se movimentando o novo presidente do MDB no Maranhão, o advogado e empresário Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão (PSB), que assumiu formalmente o comando do partido em convenção-gigante realizada na semana passada, avisando na sua fala que vai turbinar o crescimento da legenda já a partir das eleições municipais de 2024. Ele expressou esse estado de ânimo em entrevista concedida, quinta-feira, à TV Mirante, ao longo da qual deixou claro que vai fazer o que estiver ao seu alcance para devolver ao MDB o poder de fogo de outros tempos, quando o partido foi hegemônico no Maranhão. “Uma coisa é certa: o partido vai crescer muito, é uma meta minha aumentar este partido”, declarou o novo chefe emedebista, com a ênfase de quem sabe o que diz.

Ao contrário do que pensam alguns, Marcus Brandão não é cristão novo na seara político-partidária. Com o know-how de quem coordenou nada menos que 16 campanhas eleitorais nas últimas três décadas, incluindo a que resultou na reeleição do governador Carlos Brandão para o Governo do Estado, ele exibiu a convicção de que conseguirá recolocar o MDB entre os maiores partidos do Maranhão. Um desafio e tanto, quando é lembrada a trajetória de altos e baixos da agremiação no tabuleiro político maranhense, principalmente a partir da filiação de José Sarney, em 1984, para em seguida se tornar presidente da República. A grande guinada no MDB maranhense se deu no início dos anos 90, quando o seu principal líder, o deputado federal Cid Carvalho, atropelado pela CPI dos Anões do Orçamento, passou o comando ao então ao ex-governador João Alberto, no início dos anos 90.

De lá para cá o MDB se tornou o maior partido do Maranhão até 2914, quando findou o último Governo de Roseana Sarney, e junto com ele a Era Sarneysista na política estadual. Durante os Governos Flávio Dino, o MDB perdeu a hegemonia, primeiro para o PCdoB, e agora para o PSB, não tendo senador e representado apenas por um deputado federal – Roseana Sarney apenas dois deputados estaduais – Roberto Costa e Arruda, alguns prefeitos e uma penca modesta de vereadores espalhados Maranhão a fora. Mas conservou uma megaestrutura, com diretórios espalhados em praticamente todos os municípios e uma ala jovem aguerrida, liderada pelo deputado Roberto Costa. Isso significa dizer que, ao mesmo tempo em que recebeu da deputada federal Roseana Sarney um MDB politicamente enfraquecido, Marcus Brandão assumiu o controle de uma máquina organizada e pronta para decolar.

Sob o novo comando, o MDB se alinhou inteiramente à grande aliança partidária (13 partidos) alinhavada e mantida sem maiores problemas pelo governador Carlos Brandão. Nesse ambiente estável, a expectativa dominante é a de que parte das forças que estão espalhadas por vários partidos, a começar pelo PSB, deve migrar para os quadros emedebistas. Será, provavelmente, o caso da deputada Iracema Vale (PSB), presidente da Assembleia Legislativa migre para o MDB, o que deverá acontecer na janela partidária a ser aberta em março de 2026. No discurso que fez na convenção, Iracema Vale, ao ser provocada pela massa presente sobre migração, respondeu que vai esperar a abertura da janela de 2026. Sobre isso, Marcus Brandão sugeriu que esse assunto só será tratado depois das eleições municipais.

Na quinta-feira, Marcus Brandão dedicou parte da sua manhã a à concessão de entrevistas aos veículos do Sistema Mirante, respondeu a todas as questões, numa desenvoltura surpreendente para o seu comportamento reservado, de político que sempre atuou mais nos bastidores. Ali, reafirmou o apoio do MDB ao governador Carlos Brandão, elogiou o desempenho do chefe do Executivo maranhense em meio à crise financeira que atingiu fortemente o estado, e agradeceu o apoio que o Governo do presidente Lula da Silva (PT) vem dando ao Governo estadual.

Desde que Marcus Brandão assumiu o comando, o MDB se tornou o partido mais procurado por políticos de peso variado em busca de filiação. Um começo indicador de que o partido pode voltar a ser a potência partidária de antes.

PONTO & CONTRAPONTO

MDB vai definir em janeiro posição sobre eleição em São Luís

Cléber Verde defende apoio do MDB ao
projeto de reeleição de Eduardo Braide

Na entrevista à TV Mirante, Marcus Brandão revelou que vai convocar, em janeiro, o presidente do MDB na Capital, deputado federal Cléber Verde, para uma grande reunião para definir a posição do partido na disputa pela Prefeitura de São Luís.

Ele não soltou nenhuma pista sobre qual será a posição do partido na corrida ao Palácio de la Ravardière. No entanto, a julgar pelas conversas que circulam dentro do próprio partido, duas situações já estariam definidas

A primeira: o MDB não deve lançar candidato próprio à Prefeitura de São Luís. A segunda: é cada vez menor a possibilidade de o partido vir a apoiar o projeto de reeleição do prefeito Eduardo Braide, como defende o chefe ludovicense do partido Cléber Verde.

Todas essas situações serão avaliadas, como a também uma aliança com o União Brasil em torno da eventual candidatura do deputado Neto Evangelista (UB). Ou, finalmente, uma aliança com o PSB em torno da candidatura do deputado federal Duarte Jr. (PSB).

O jogo está zerado e nada está descartado.  

CPI para investigar contratos de Prefeitura de São Luís pode ser instalada só em janeiro

Paulo Victor vai decidir sobre instalação de CPI

Por conta do calendário legislativo deste ano, que deve ser encerrado antes do Natal, a CPI criada pela Câmara Municipal para investigar denúncias de supostas irregularidades na Prefeitura de São Luís dificilmente será instalada ainda em 2023. Segundo um experiente vereador ouvido pela Coluna, a turbulência recente causada pela denúncia de achaque feita pelo presidente Paulo Victor (PSDB) contra o promotor de Justiça Zanony Filho pode causar o adiamento da instalação para fevereiro de 2024.

Vale lembrar que a CPI foi proposta pelo vereador Beto Castro (PMN) e tem como objeto central a investigação de contratos os quais estariam contaminados por irregularidades. Quando a CPI foi aprovada, há três semanas, o presidente Paulo Victor fez um duro discurso contra a gestão do prefeito Eduardo Braide (PSD), na qual, segundo afirmou, haveria problemas de irregularidades em contratos.

A CPI só será instalada depois que as bancadas indicarem seus representantes para integrá-la.

São Luís, 09 de Dezembro de 2023.

DataIlha aponta empate técnico entre Josivaldo JP e Rildo Amaral na disputa em Imperatriz

Josivaldo JP na frente de Rildo Amaral,
Marco Aurélio e Mariana Carvalho em Imperatriz

Se os números da pesquisa DataIlha, divulgados ontem, sobre a corrida para a Prefeitura de Imperatriz estiverem corretos – e não há motivos para não estarem -, revelando empate técnico entre o deputado federal Josivaldo JP (PSD), que aparece com 22,7% de intenções de voto, e o deputado estadual Rildo Amaral (PP) com 20,9%, com o ex-deputado Marco Aurélio (PSB) com 17,7% e  Mariana Carvalho (Republicanos) com 9,0%, a Princesa do Tocantins, o segundo maior e mais importante município do Maranhão, tende a alimentar uma surpreendente inclinação para tomar decisões fora da curva. E é exatamente por conta dessa tendência que a disputa na “segunda capital” vem sendo acompanhada com atenção pelo “núcleo de ferro” do Governo, onde atua chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, ex-prefeito e conhecedor profundo dos caprichos do eleitor tocantino.

Até pouco tempo, Rildo Amaral surfava na liderança, com Marco Aurélio bem atrás, segundo pesquisas anteriores. A situação mudou, com Josivaldo JP deixando Marco Aurélio cinco pontos atrás, e colocando um 1,8% à frente de Rildo Amaral. Se levada em conta a margem de erro de 3,7%, os dois líderes estão empatados, mas com o detalhe de que o terceiro colocado não está fora da briga, o que indica uma situação de absoluta indefinição a 10 meses da eleição.

Imperatriz vive uma situação ímpar. À frente de um desastre administrativo de sete anos e com 78% de reprovação (segundo o DataIlha), o prefeito Assis Ramos (UB) não deve se envolver na eleição, já que a avaliação da sua gestão não o autoriza a lançar um candidato à sua sucessão, obrigando-o a deixar o caminho livre para quem interessar possa. Nesse ambiente, Rildo Amaral bateu o martelo da sua candidatura logo que as urnas de 2022 confirmaram a sua reeleição para a Assembleia Legislativa. O mesmo aconteceu com Josivaldo JP, quando teve confirmada a sua reeleição, na qual poucos acreditavam. Marco Aurélio saiu das urnas derrotado, mas decidiu pagar para ver e rompeu uma aliança que firmara com Rildo Amaral, que o apoiara em 2020.

Até alguns dias atrás, a liderança de Rildo Amaral era ampla, calcada na sua condição de professor, detentor de vários mandatos de vereador e com bom desempenho na Assembleia Legislativa, com discurso muito focado nos problemas de Imperatriz, causando impressão de que sua caminhada para a vitória parecia irreversível. Só que – e a Coluna registrou – Josivaldo JP, um jovem e inquieto comerciante de feira que se lançou para deputado federal em 2018, pelo antigo PMN, saiu do pleito na primeira suplência e foi beneficiado pela avassaladora votação do candidato Eduardo Braide, de quem ganhou o mandato no final de 2020, quando o colega de partido foi eleito prefeito de São Luís.

Nos dois anos que ganhou na Câmara Federal, Josivaldo JP apreendeu o caminho das pedras e encontrou o filão do Orçamento Secreto, usando o resultado da mineração para renovar seu mandato, deixando para trás ninguém menos que o então deputado federal Edilázio Jr., o todo poderoso chefe do seu partido (PSD) no Maranhão. Há cerca de dois meses, a Coluna anotou que Josivaldo JP estava ganhando a forma de uma perigosa ameaça para Rildo Amaral, ganhando volume e agora lidera, ainda que precariamente, a corrida ao comando da antiga Vila do Frei.

Ainda é muito cedo para se cantar pedra num tabuleiro tão movimentado como está o de Imperatriz, com Marco Aurélio e Mariana Carvalho bem posicionados, de acordo com o que foi revelado pelos números levantados pelo DataIlha. É com base nessa tendência que as forças de comando entrarão em campo, no mais tardar depois do Reinado de Momo.

Em Tempo: A pesquisa DataIlha ouviu 700 eleitores entre os dias 30/11 e 02/12, tem margem de erro 3,7% para mais ou para menos, e intervalo de confiança é 95%.

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão avisa que pode ficar neutro na corrida às Prefeituras

Carlos Brandão: neutralidade

“Existe a possibilidade de que eu não participe da eleição. Na maioria dos municípios eu tenho grupos políticos ao meu lado. Então, será que vale a pena? Dos 42 deputados estaduais, 42 me apoiam. Então, para que eu vou entrar numa briga dessas? Prefiro fazer parcerias com aqueles que ganharem”.

Com a frase, dita no contexto de uma entrevista ao jornal O Globo, o governador Carlos Brandão (PSB) sinalizou com clareza o caminho que deve seguir na corrida às prefeituras no ano que vem: a neutralidade onde for possível.

Imperatriz é um exemplo: dificilmente o governador apoiará a candidatura de Josivaldo JP, que não tem alinhamento com o Governo, mas também não é visto como um inimigo. E não tem como não adotar a neutralidade se Rildo Amaral, seu aliado e apoiador na Assembleia Legislativa, e Marco Aurélio, que está sem mandato, mas é aliado de proa e pertence ao seu partido, o PSB, não chegarem a um acordo e mantiverem suas candidaturas.

Nos seus cálculos, a esmagadora maioria dos 217 municípios será palco de disputa entre dois aliados. O seu envolvimento numa dessas refregas eleitorais certamente lhe dará um aliado vitorioso, gerando, na contrapartida, o que pode vir a ser um ex-aliado inconformado.

A neutralidade lhe dará a condição de trabalhar com os vencedores sem romper laços com quem perder.

MP reage com parcialidade e corporativismo à denúncia de Paulo Victor contra Zanony Filho

Paulo Victor e Zanony Filho:
ataque e proteção

 Alguns observadores avaliaram que a nota do Ministério Público sobre a denúncia do presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSDB) contra o promotor Zanony Filho foi parcial e corporativa.

Sem a assinatura do procurador geral de Justiça nem do corregedor geral do Ministério Público, “assinada” pelo Ministério Público como instituição, o que é questionável do ponto de vista da transparência, a nota centra fogo no presidente da Câmara Municipal de São Luís, citado três vezes com nome e sobrenome e outras quatro vezes identificado pelo cargo que exerce. Já em relação ao membro do Ministério Público acusado pelo presidente da Câmara, a nota não o identifica pelo nome. Nas sete vezes em que é citado, é tratado ora como Promotor de Justiça, ora como promotor simplesmente e ora como membro do Ministério Público. Ou seja, na nota ele é só um cargo, sem identidade.

Ao longo da nota, o Ministério Público – e isso quer dizer todos os promotores de Justiça e todos os procuradores de Justiça – interpreta as declarações do vereador-presidente Paulo Victor contra o promotor Zanony Filho quase como a confissão de um crime, mas, curiosamente, não o aponta o promotor como o causador e beneficiário do suposto desvio. Causa perplexidade em qualquer leitor o claro propósito da nota de criminalizar as declarações do presidente da Câmara e quase vitimar o promotor de Justiça acusado.

Não há nenhuma dúvida de que no seu discurso o vereador-presidente Paulo Victor denunciou admitindo que cedeu a uma chantagem do promotor Zanony Filho, que em seguida, diante de mais exigências, reagiu e rompeu o “acordo”, e que obteve a informação de que está sendo investigado pelo Gaeco, furando a carapaça do segredo de Justiça, consciente de que isso pesa sobre o exercício da presidência da Câmara. Mas também parece não haver dúvida de que, a julgar pelo que disse o vereador-presidente, o promotor acusado está de corpo inteiro com chantagista no episódio.

Sem esquecer a importância superior da instituição ministerial, o trabalho intenso e incansável das Promotorias em defesa da lei e em especial a atuação do Gaeco na luta contra o crime organizado, não há como não enxergar que o Ministério Público navegou na parcialidade e no corporativismo na nota sobre a denúncia do presidente da Câmara Municipal de São Luís contra o promotor Zanony Filho.

São Luís, 08 de Dezembro de 2023.