Na corrida ao Palácio dos Leões no âmbito da aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PSB), há vários casos em que detentor de mandato – parlamentar ou de prefeito – filiado a um partido que tem pré-candidato a governador, resolve apoiar o pré-candidato de outra agremiação. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), por exemplo, está alinhado ao pré-candidato do PDT, senador Weverton Rocha, quando o PCdoB declarou formalmente o seu alinhamento ao vice-governador Carlos Brandão (PSDB), o mesmo acontecendo com o prefeito de Caxias, Fábio Gentil, que apoia a pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão, enquanto o seu partido, o Republicanos, declarou alinhamento ao projeto de candidatura do pedetista Weverton Rocha. Vários outros exemplos estão acontecendo nessa linha, mas nenhum caso é mais constrangedor do que aquele que envolve a senadora Eliziane Gama, que apoia o pedetista Weverton Rocha, enquanto o seu partido, o Cidadania, contra a vontade dela, está posicionado com o vice-governador Carlos Brandão.
O caso da senadora chama a atenção pelo fato de que nada fundamenta a sua posição. Comandado por seu irmão, Eliel Gama, o braço maranhense do Cidadania, pelo qual ela se elegeu em 2018, contrariou frontalmente a sua orientação e declarou formalmente apoio à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão. A senadora tentou mudar essa posição, pressionou o comando e as lideranças do partido e chegou mesmo a ameaçar com um pedido de intervenção no diretório estadual, mas o presidente Eliel Gama firmou posição e não se deixou dobrar pela força política da irmã. Intensas rodadas de conversa, diretas e por interlocutores, não foram suficientes para reverter a posição do Cidadania em relação ao vice-governador nem a da senadora em relação a Weverton Rocha.
O golpe fatal no descredenciamento da senadora Eliziane Gama como a voz decisiva do Cidadania no Maranhão foi dado no sábado (15). Naquele dia, ninguém menos que o presidente nacional do Cidadania, o deputado federal Roberto Freire, encontrou-se com Carlos Brandão e declarou, em alto e bom tom, que o partido está alinhado à candidatura dele à sucessão do governador Flávio Dino. A posição anunciada pelo presidente do Cidadania foi um golpe duro no prestígio político e partidário da senadora Eliziane Gama. Ao tentar confrontar o partido, ela expôs sua fragilidade dentro da agremiação, quando do lado de fora todos acreditavam que a senadora tinha a última palavra sobre os passos do partido. Não tinha.
A tomada de posição do presidente nacional do Cidadania em favor da pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão colocou a senadora Eliziane Gama na incômoda e politicamente perigosa situação de isolamento dentro do seu partido. Essa posição lhe deixa numa situação política desconfortável, principalmente no que diz respeito ao governador Flávio Dino, cuja atuação foi decisiva para que ela chegasse ao Senado da República. Qualquer avaliação da disputa senatorial de 2018 dirá que, sem o apoio do governador Flávio Dino, Eliziane Gama enfrentaria muitas dificuldades para se eleger ao Senado. Ao se posicionar agora contra o nome sugerido pelo governador, a senadora contraria a regra básica da lealdade nas relações políticas e partidárias. Além disso, pode estar criando enormes obstáculos ao seu futuro político, já que muito do que for decidido nas urnas nas eleições deste ano estará diretamente relacionado com o pleito de 2026.
Quando se posicionou, num gesto pessoal e não-partidário, pela pré-candidatura do senador Weverton Rocha, a senadora Eliziane Gama certamente o fez movida pela convicção de que o Cidadania a seguiria sem discussão, cometendo o erro político primário da precipitação ao colocar o carro à frente dos bois. Se tivesse conversado primeiro, poderia até ter levado o Cidadania para a base de apoio da candidatura do senador Weverton Rocha. Não se discute que o apoio de Eliziane Gama é valioso para o candidato pedetista, mas seria muito mais produtivo se ela estivesse também representando o Cidadania.
PONTO & CONTRAPONTO
Ana Paula Lobato assume a Prefeitura de Pinheiro
Décimo quarto maior e mais importante município do Maranhão, Pinheiro, consagrado como o epicentro econômico, político e cultural da Baixada Ocidental, tem novo prefeito desde ontem à tarde, com a posse da vice-prefeita Ana Paula Lobato (PDT), por causa do afastamento do titular do cargo, Luciano Genésio (PP), acusado de corrupção. A posse foi dada pela Câmara Municipal, cumprindo ordem judicial, em sessão comandada pelo presidente da Casa, Elizeu de Tantan (PP), que passa a ser o substituto eventual. Entre os presentes, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado OIthelino Neto (PCdoB), marido de Ana Paula Lobato, que é enfermeira por formação e política por vocação.
Foi uma solenidade sem pompa, mas com forte simbolismo político. Primeiro, a mudança ocorreu porque o prefeito Luciano Genésio foi afastado sob suspeita de haver comandado uma quadrilha que pode ter desviado nada menos que R$ 36 milhões de recursos da educação e da saúde, podendo, se condenado, passar 34 anos na cadeia. Segundo, com o afastamento, as regras institucionais foram cumpridas com a posse da vice-prefeita pela Câmara Municipal, que a convocou cumprindo mandado judicial. E terceiro, porque Ana Paula Lobato, que é neta do ex-prefeito Pedro Lobato, entra para a História como a primeira mulher a comandar a Princesa da Baixada.
Empossada, a prefeita interina de Pinheiro se disse preparada para encarar os desafios que a aguardam, e deixou claro que para isso conta com o apoio da Câmara Municipal. Ela afirmou que dará continuidade às ações já em curso, e que fará o que puder para dar mais força à administração do município. E fez o apelo político comum a gestor experiente: “Conto com o apoio do nosso parlamento municipal para enfrentar e superar os desafios que virão”.
A resposta veio logo em seguida no discurso do vereador-presidente Elizeu de Tantan, que passa a ser também o “vice-prefeito”: “O Poder Legislativo sempre foi e sempre será aliado do Poder Executivo. Vamos seguir dando as mãos por Pinheiro. Prefeita Ana Paula, pode contar com o apoio dos vereadores no trabalho em prol dos pinheirenses”.
O presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto, quer já tinha um relacionamento estreito com Pinheiro, saudou a posse na esposa e se disse ainda mais comprometido com o município a partir de agora: “Da mesma forma como Pinheiro já contava com minha ajuda, por meio da destinação de emendas, continuarei ajudando, utilizando nosso mandato para trazer mais benefícios ao município”.
Por outro lado, advogados contratados pelo PP tentam reverter a decisão que afastou o prefeito Luciano Genésio, mas conhecedores da situação dizem que ele dificilmente conseguirá voltar ao cargo em pouco tempo.
Definidas as forças para a disputa pelo comando da Câmara de São Luís
A algumas semanas da eleição, que ocorrerá em Abril, a corrida para o comando da Câmara Municipal de São Luís ganhou intensidade nas últimas hora, tendo como largada propriamente dita a desistência do vereador Raimundo Penha (PDT), quer abriu mão da candidatura em favor da candidatura do vereador Dr. Gutemberg (PSC), apoiado pelo prefeito Eduardo Braide (Podemos). O gesto de Raimundo penha fez com que as forças envolvidas na disputa pelo controle da Câmara de São Luís agissem rapidamente e iniciassem a semana com suas tropas definidas. O vereador Paulo Victor, candidato do PCdoB, anunciou estar sendo apoiado por 17 vereadores, enquanto o vereador Dr. Gutemberg posou ontem ao lado do prefeito Eduardo Braide, patrono da sua candidatura, rodeado por 14 vereadores. Se a eleição fosse ontem, Paulo Victor seria eleito com 17 dos 31 votos. Mas quem conhece a Câmara Municipal de São Luís sabe que o jogo está apenas começando.
São Luís, 18 de Janeiro de 2022.