A duas semanas da decisão sobre candidatura, Dino se diz otimista e lutando pela unidade do grupo

 

Flávio Dino ainda aposta num entendimento de Carlos Brandão e Weverton Rocha sobre sucessão nos Leões

“Continuo otimista quanto à unidade, e lutando por ela”. Foi a resposta direta dada pelo governador Flávio Dino (PSB) ao ser indagado a respeito das articulações para a escolha do candidato da aliança partidária governista à sua sucessão. Com a resposta, o governador disse nas entrelinhas que mantém a agenda de conversas visando a reunião do dia 31, quando, tudo indica, o grupo partidário baterá o martelo a favor do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) – que foi sugerido pelo chefe do Executivo na reunião de 29 de Novembro do ano passado – ou do senador Weverton Rocha (PDT). Nos bastidores, os dois pré-candidatos estão liderando intensas articulações, enquanto seus aliados, principalmente na blogosfera, travam uma “guerra” de informação e contrainformação, que aqui e ali sai dos limites e entra no jogo bruto da pancadaria verbal. Diretamente envolvido na luta contra a Covid-19, especialmente nos preparativos para a vacinação de crianças, depois de ele próprio haver superado a virose, o governador Flávio Dino vai dedicar-se intensamente às articulações políticas na última semana de Janeiro.

O cenário do momento é mais ou menos o mesmo que encerrou o ano na corrida sucessória.

De um lado, pelo seu comportamento correto, discreto e ativo como vice-governador eleito e reeleito, que conhece a fundo o Governo em curso, e por haver se mantido leal ao grupo governista, Carlos Brandão conta hoje com o maior contingente de deputados federais, a maioria dos deputados estaduais e um número já expressivo de prefeitos, dando a impressão de que fortalece sua posição a cada dia.  Faz sua pré-campanha cumprindo uma intensa maratona de reuniões e conversas com parlamentares, prefeitos, líderes comunitários e sindicais, além de empresários e líderes religiosos. Conta com o apoio do PSDB, PSB, PCdoB, Cidadania, PV, PROS, e inclui na sua conta o PT e o MDB, que ainda não se definiram. Já é o segundo nome nas pesquisas.

Do outro lado, Weverton Rocha vem mantendo sua agenda de senador ativo, com uma forte linha de atuação parlamentar, nas atividades legislativas propriamente ditas e na destinação de emendas parlamentares, também liderando a bancada do PDT no Senado e dividindo seu tempo de trabalho em Brasília com atividades de presidente estadual do partido e de pré-candidato a governador. Conta com o apoio pessoal da senadora Eliziane Gama (Cidadania), cinco deputados federais assumidos e um número impreciso de deputados estaduais, além de pelo menos 70 prefeitos, segundo aliados seus. No campo partidário, tem o apoio do PDT, DEM, PSL, PP e Republicanos, esperando contar ainda com PT e MDB, que ainda não se decidiram. Faz sua pré-campanha com grandes eventos em cidades estratégicas, e lidera as pesquisas.

Todas as avaliações isentas, feitas por políticos que conhecem o caminho das pedras eleitorais do Maranhão, indicam que o vice-governador Carlos Brandão está fortalecendo o seu projeto com maior consistência e velocidade, o que pode ser explicado pelo fato de que daqui a dois meses e meio assumirá o comando do Estado e então, como governador, passará a brigar pela reeleição. Isso não significa dizer que o senador Weverton Rocha esteja enfraquecido. Ao contrário, mantém de pé o seu projeto de candidatura, dando todas as indicações que seguirá em frente, ainda que não venha a ser o escolhido, o que significará, na prática, o rompimento do grupo.

Quando afirma estar otimista e lutando pela unidade do grupo que lidera em torno de um candidato – Carlos Brandão ou Weverton Rocha, não existe terceira via -, o governador Flávio Dino sinaliza que a possibilidade de “racha” existe, mas sua aposta maior é na existência de uma margem enorme de espaço para a construção de um acordo entre o vice-governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Conversa entre Roberto Rocha e Josimar de Maranhãozinho sobre PL não evoluiu

Roberto Rocha e Josimar de Maranhãozinho: sem acordo

Todos os sinais emitidos na seara oposicionista indicam que não estão evoluindo as conversas entre o senador Roberto Rocha (ainda filiado ao PSDB) e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho para ingressar ao PL, seguindo a opção partidária do presidente Jair Bolsonaro, de quem é aliado de proa. Não há qualquer dificuldade no relacionamento dos dois, que são amigos e estão abertos ao diálogo. O problema é que o senador Roberto Rocha gostaria de ingressar no PL assumindo o controle de parte da agremiação, como o diretório de São Luís, por exemplo. Com o respaldo do presidente nacional, Valdemar da Costa Neto, que não esconde seu entusiasmo com a condução do braço maranhense do partido, Josimar de Maranhãozinho não aceita fazer qualquer concessão que implique dividir o controle do PL ou abrir mão do seu projeto de candidatura ao Governo do Estado. Não existe crise nem foco de tensão nessa relação, mas sim, o pragmatismo radical de Josimar de Maranhãozinho, que não aceita dividir com ninguém o controle do PL.

É provável que o senador Roberto Rocha esteja trabalhando um plano B.

 

PDT abre mão de brigar pelo comando da Câmara, como fez na disputa para a Prefeitura

Raimundo Penha e Dr. Gutemberg: acordo sem ganho para o PDT

A desistência do vereador Raimundo Penha (PDT) de disputar a presidência da Câmara Municipal de São Luís, declarando apoio à candidatura do vereador Dr. Gutemberg (PSC), chama a atenção para alguns aspectos que tornam intrigante a estratégia do PDT na Capital.

Na eleição para a Prefeitura de São Luís, o PDT abriu mão de brigar para valer pela sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr., então filiado ao partido, preferindo lançar um candidato sem chance, Neto Evangelista (DEM), e a se aliar ao candidato Eduardo Braide (Podemos) no segundo turno, contra o candidato Duarte Jr., na época filiado ao Republicanos e apoiado pelo PCdoB e pelo governador Flávio Dino. O resultado foi que o PDT saiu das urnas destroçado: sem o comando da maior, mais importante e mais influente Prefeitura do Maranhão, e com uma bancada encolhida na Câmara Municipal.

A situação de agora na Câmara Municipal parece um desdobramento natural da eleição de prefeito: um dos quadros mais importantes do PDT de São Luís, o vereador Raimundo Penha (6.999 votos) sai da briga pelo comando da Casa, hoje presidida por um vereador do PDT, Osmar Filho, para apoiar a candidatura do vereador do PSC, Dr. Gutemberg (3.480 votos). E como se não bastasse, dando as costas para o candidato do PCdoB, vereador Paulo Victor (6.035 votos).

Como se vê, trata-se de uma estratégia difícil de ser compreendida no jogo político.

São Luís, 17 de Janeiro de 2022.

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