A medição de forças entre a esquerda e a direita desenhada com clareza absoluta na corrida para a presidência da República, a primeira representada pela candidatura de Fernando Haddad (PT) e a segunda pela de Jair Bolsonaro (PSL) caminha mesmo para um segundo turno entre as duas forças, conforme pesquisa CNI/MDA, publicada na madrugada deste Domingo, mostrando Jair Bolsonaro com 28,2% das intenções de voto e Fernando Haddad com 25,2%. Essa forte e, tudo indica, irreversível polarização está caracterizada no cenário eleitoral do Maranhão, com a diferença de que nele as posições se invertem: Fernando Haddad tem 44,9% das intenções de voto e Jair Bolsonaro 26,5%, segundo pesquisa do DataIlha. Nesse contexto, as forças que lutam pelo comando do estado estão posicionadas, sendo a esquerda mais moderada e mais democrática representada pela candidatura do governador Flávio Dino (PCdoB) à reeleição, e outra radical – PSTU E PSOL, disputando com as duas correntes da direita, uma mais moderada e mais esclarecida, expressada pela candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), e a outra mais conservadora, extremada, refletida na candidatura da ex-prefeita Maura Jorge (PSL), porta-voz de Jair Bolsonaro no estado. Assim como no campo nacional, o centro (PSDB) está sendo triturado nessa corrida às urnas no Maranhão.
Exatamente como foi previsto, o petista Fernando Haddad já ultrapassou largamente o pslista Jair Bolsonaro na preferência do eleitorado maranhense, saindo de 11% para 44,9% em apenas três semanas, mantendo ainda uma tendência forte de crescimento, que pode chegar a mais de cinco dezenas de pontos percentuais. Fernando Haddad caminha para se alinhar ao governador Flávio Dino, que, com exceção do Ibope, que lhe deu 49% na última pesquisa, tem acima de 50%, conforme as demais pesquisas. Esse alinhamento do presidenciável petista com o governador maranhense é o resultado de uma aliança declarada que une as duas forças no Maranhão, consolidada pelas manifestações do ex-presidente Lula, por meio de carta aberta aos maranhenses, e Fernando Haddad por reiteradas declarações de apoio ao chefe do Executivo maranhense. A julgar pelas fotografias estatísticas do momento, Flávio Dino se move para fechar sua eleição em turno único, enquanto Haddad sairá das urnas maranhenses turbinado para uma disputa de segundo turno.
A explicação para a tendência de vitória de Flávio Dino e Fernando Haddad no Maranhão é óbvia: o governador é bem avaliado e lidera um grande movimento de transição política, enquanto o presidenciável petista encarna integralmente o lulismo que ganhou os corações e as mentes de mais de 80% dos maranhenses desde a sua primeira eleição, em 2002, relação reforçada com os programas sociais implantados nos seus dois Governos. Uma aliança difícil de ser dobrada nas urnas. Ciro Gomes tem 11% das intenções de votos dos maranhenses e segue em frente com o apoio do PDT e simpatia do governador Flávio Dino.
Na outra ponta da corda está o presidenciável Jair Bolsonaro, da direita dura, com as intenções de voto de 1/4 do eleitorado maranhense, tendo como aliada Maura Jorge, que vem variando de dois a cinco pontos percentuais da preferência, brigando, ponto a ponto, com o candidato de centro-direita Roberto Rocha (PSDB), que tem sofrido a mesma variação de percentuais da candidata do PSL. A diferença é que Maura Jorge, com seu prestígio político e eleitoral limitado, não agrega poder de fogo ao presidenciável, ao contrário, tenta avançar no vácuo por ele produzido numa campanha sem estrutura e sem qualquer vibração. Maura Jorge bem que tem se esforçado para dinamizar sua campanha, mas as suas limitações são tantas que ela atua como se não conseguisse sair do lugar. Daí ser muito difícil, quase impossível mesmo, que Jair Bolsonaro consiga avançar e alcançar pelo menos três dezenas de pontos percentuais no eleitorado maranhense, mesmo levando em conta a imprevisibilidade de uma corrida como a que está em curso.
A pesquisa CNI/MDB sobre a corrida presidencial confirma, de fato, a tendência de crescimento do petista Fernando Haddad, com possibilidade de chegar a um empate efetivo com o pslista Jair Bolsonaro, podendo os votos maranhenses contribuir para essa possibilidade. O governador Flávio Dino tem sido importante para essa dinâmica de crescimento de Fernando Haddad no Maranhão, trabalho de certa maneira facilitado pelo fato de seu principal adversário, a ex-governadora Roseana Sarney, ser o único candidato a governador no Maranhão – e provavelmente em todo o País – que não tem candidato a presidente da República, já que não abraçou o candidato do MDB, Henrique Meireles, que só tem 1,1% no estado, amargando, por isso, um isolamento que poderá custar-lhe caro, principalmente depois que foi desautorizada a usar o nome do ex-presidente Lula da Silva na sua propaganda.
Os demais candidatos aparecem sem qualquer chance de virar o jogo com seus aliados presidenciais no Maranhão. Com apenas 3,1% no estado, Geraldo Alckmin trava Roberto Rocha – e vice-versa -; Marina Silva tem 2,2% e não tem candidato a governador para puxá-la. E como os outros presidenciáveis não existem no Maranhão, o grande embate será mesmo entre Fernando Haddad, apoiado por Flávio Dino, e Jair Bolsonaro, com a força de Maura Jorge.
Em Tempo: A pesquisa CNI/MDA foi realizada nos dias 27 e 28 de Setembro, ouviu 2.002 eleitores em 137 municípios de 25 estados e foi registrada no TSE sob o número BR-03303/2018. A pesquisa DataIlha ouviu 2.037 pessoas de 40 municípios do Maranhão entre os dias 24 e 28 de setembro, tem margem de erro de 3,3% e está registrada no TSE sob o nº MA-01456/2018.
PONTO & CONTRAPONTO
Exata/JP aponta Flávio Dino com 63% dos votos vários contra 31% de Roseana Sarney
Enquanto a corrida ao Planalto caminha para um desfecho imprevisível, a corrida ao Palácio dos Leões avança sem surpresas e, tudo leva a crer, consolidando uma tendência nítida e indiscutível, como aponta a mais recente pesquisa do Exata/JP, divulgada neste Domingo pelo Jornal Pequeno. Se a eleição fosse hoje, o governador Flávio Dino (PCdoB) sairia das urnas com 63% dos votos válidos (sem brancos e nulos nem indecisos), ficando a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) com 31%, fechando a disputa no primeiro turno, com Maura Jorge (PSL) com 4%, Roberto Rocha (PSDB) com 2% e Odívio Neto (PSOL) e Ramon Zapata (PSTU) sem pontuação.
O andamento da disputa pelo Governo do Maranhão é o desdobramento de um longo processo de transição política comandado pelo governador Flávio Dino e cujo desdobramento mais evidente é a perda de poder de mando, poder político e poder eleitoral do Grupo Sarney. Flávio Dino lidera a corrida eleitoral desde as pesquisas mais remotas. As mais de duas dezenas de levantamentos feitos apontaram uma tendência segura, com quase nenhuma alteração, sendo a maioria indicando a possibilidade de sua reeleição no primeiro turno.
A candidatura da ex-governadora Roseana Sarney é a confirmação estridente de que ela e seus gurus cometeram o grave erro estratégico de não sinalizar com uma renovação, preferindo fazer exatamente o contrário: lançar também o deputado federal Sarney Filho candidato ao Senado. Atingida pelo desgaste natural de uma trajetória em que passou metade da sua vida política à frente do Governo (14 anos) e afastada do poder, Roseana Sarney não conseguiu até aqui mostrar pelo menos parte do vigor político e eleitoral de outros tempos, batendo cabeça no teto de 30%. As pesquisas estão avisando que ela, uma política bem sucedida, caminha para liderar um desastre, que será a própria derrota e a não eleição do irmão para o Senado, podendo arrastar também o senador Edison Lobão (MDB).
Senado: Weverton e Eliziane lideram embolados com Lobão e Sarney Filho; Zé Reinaldo está no jogo
A disputa pelas duas cadeiras do Senado está mesmo resumida a quatro candidatos, de acordo com a tendência confirmada pela pesquisa Exata/JP. Lideram Weverton Rocha (PDT) com 31% e Eliziane Gama (PPS) com 28%, candidatos da coligação “Todos Pelo Maranhão”, liderada pelo governador Flávio Dino, seguidos de Edison Lobão (MDB) com 26% e Sarney Filho (PV) com 23%, representantes da coligação “O Maranhão quer mais”, encabeçada pela ex-governadora Roseana Sarney (MDB).
Interpretada com rigor estatístico que deve orientar a leitura de uma pesquisa dessa natureza, levando em conta, principalmente, a margem de erro (3,35) e o intervalo de confiança (95%), a conclusão é que os números encontrados por esse levantamento remetem para uma situação de empate técnico “em cadeia” entre os quatro primeiros.
Por essa fotografia, a situação mais confortável é a do pedetista, que pode estar fora da margem de erro, numa situação mais segura. Eliziane Gama está sofrendo forte pressão de Edison Lobão, que pode assim estar à sua frente, já que a diferença entre os dois é de apenas dois pontos percentuais. Em relação à Sarney Filho, Lobão tem três pontos à frente, mas pode ter mais, pela margem de erro. Ou seja, mesmo considerando as vantagens, a situação é de absoluta indefinição.
Mesmo muito distanciados dos líderes, a uma semana do pleito, José Reinaldo (PSDB) com 14% e Alexandre Almeida (PSDB) com 11% não podem ser considerados definitivamente fora do jogo. E a explicação é uma só: a pesquisa encontrou nada menos que 32% de nulos e brancos e 28% indecisos, um exército de eleitores poderá se posicionar, com possibilidade de seguir a tendência – o que é mais provável – ou se dividir e levar o desfecho para o maior grau possível de imprevisibilidade.
Diante desses números, a recomendação mais saudável é a de que os candidatos saiam a campo, sem descanso, até quando a lei permitir.
São Luís, 20 de Setembro de 2018.