Arquivos mensais: março 2018
Corrida à Câmara Federal tem “pesos pesados” em formação e fortes candidatos à reeleição
Enquanto a disputa pelo Governo do Estado permanece morna, com claros indicativos de que o governador Flávio Dino (PCdoB) caminha com segurança para a reeleição, a briga pelas duas cadeiras do Senado ganha a cada dia movimentos imprecisos, a corrida aos 18 assentos da Câmara Federal começa a ser desenhada com traços mais nítidos, sendo possível identificar candidatos que já ocupam posições destacadas e são vistos por observadores experientes como os “caras” dessa esfera da guerra pelo voto. Nelas estão aspirantes a primeiro mandato e parlamentares que estão na estrada em busca da renovação dos seus mandatos. A caça ao voto fica mais intensa com a saída dessa esfera dos deputados federais “peso pesados” como Eliziane Gama (PPS), Sarney Filho (PV), Weverton Rocha (PDT) e José Reinaldo Tavares (sem partido), que decidiram brigar pelas duas cadeiras do Senado, liberando assim quase 400 mil votos, parte dos quais será disputada por iniciantes “pesos pesados” como o ex-secretário Márcio Jerry (PCdoB), e por “pesos pesados” que buscam a reeleição, como Rubens Jr. (PCdoB), Hildo Rocha (PMDB), João Marcelo (MDB) e André Fufuca (PP).
O confuso cenário político brasileiro sugere que o Congresso Nacional tende a ganhar cada vez mais força, e que nesse contexto a Câmara Federal, que representa efetivamente o cidadão – ao contrário do Senado, que é a representação dos Estados -, caminha para ampliar o seu poder de fogo político e institucional. Isso está claro no esforço que os partidos estão concentrando para investir na eleição de deputados federais. Os caciques da polpitica brasileira sabem que agora, mais do que nunca, quem tiver maior número de deputados federais falará mais alto e dará as cartas. Assim, o time de frente dos mais de três centenas candidatos à Câmara Federal pedirá votos sabendo que, se eleito, terá peso no Planalto Central.
Não há qualquer dúvida que o candidato mais falado dessa esfera da disputa eleitoral é o jornalista Márcio Jerry, presidente estadual do PCdoB, ex-secretário de Articulação Política e Comunicação e o mais influente membro do staf político e administrativo do governador Flávio Dino. Sua ação política intensa diuturna o tornou conhecido em todo o Maranhão, havendo que preveja que ele terá votos em tidas as regiões. Outro nome de peso, que já exerceu quatro mandatos na Câmara Federal e que tenta retornar agora é o ex-, prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB). Nesse time aparece também o deputado estadual Eduardo Braide (PMN), que seriam candidatos a ocupar os espaços deixados por Eliziane Gama, Sarney Filho e Weverton Rocha. Nos bastidores da corrida eleitoral, o deputado estadual Bira do Pindaré (PSB), o vereador Pedro Lucas Fernandes (PTB) deve substituir ao pai, Pedro Fernandes. A briga nesse patamar se intensifica com o balsense Márcio Honaiser (PDT). E o caldo poderá entornar se nomes como Andrea Murad (MDB) e Edilázio Jr. confirmarem entrada na briga por mandatos federais.
Os “pesos pesados” com reeleição prevista são Rubens Jr. (PCdoB), que vem exercendo seu primeiro mandato federal com eficiência política, sendo considerado o destaque do seu partido. Hildo Rocha (MDB) tem marcado seu mandato propositivo e com forte atuação política, o mesmo acontecendo com o jovem o emedebista João Marcelo, apontado como um dos que devem renovar o mandato. Entre os novos, dois nomes se destacam: Juscelino Filho (DEM) e André Fufuca (PP), que tem surpreendido o meio político pela habilidade com que ocuparam amplos espaços na Câmara Federal, da qual o segundo é o atua 1º vice-presidente. E nesse contexto destaca-se ainda Cléber Verde (PRB), agora reforçado com o reforço do PRB no Maranhão, assim como Aluízio Mendes (Podemos), considerado atuante. Esse time comporta também os deputados Julião Amin (PDT e licenciado) e Deoclídes Macedo (PDT).
Nas avaliações informais e nas previsões de políticos tarimbados, os deputados federais Victor Mendes (PSD), Luana Costa (PSB), Alberto Filho (MDB), Júnior Marreca (PEN) e Zé Carlos (PT). Todos têm chance de reeleição, mas sabem que, além dos “pesos pesados”, enfrentarão candidatos que costumam surpreender, como ex-deputado tocantino Davi Alves Filho (PR).
Esse, porém, é o cenário inicial, que poderá sofrer fortes e amplas alterações durante a campanha eleitoral.
PONTO & CONTRAPONTO
Madeira aposta alto que José Reinaldo será candidato ao Senado pelo PSDB
É forte a expectativa dentro do PSDB em relação ao ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, que poderá ingressar no partido e ser lançado candidato ao Senado. Um dos que apostam nessa possibilidade é o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, para quem esse é o caminho que deve ser seguido pelo ex-governador. “Não existe um ambiente partidário melhor para o José Reinaldo do que o PSDB”, avalia Madeira, que acredita piamente que o ex-governador será o candidato dos tucanos, “até porque não tem nada melhor para ele”. O ponto crítico a ser superado é a relação azeda com o senador Roberto Rocha, presidente do partido e candidato a governador. José Reinaldo tem dito a interlocutores que está examinando “outras opções”, mas aliados seus observam que depois que ele rompeu com o governador Flávio Dino o seu leque de opções partidárias foi reduzido drasticamente, só lhe restando o PSDB como um caminho sem maiores problemas. “Eu espero sinceramente que o José Reinaldo venha com a gente. Será bom para ele e para nós também, pois afinal ele é uma grande liderança na política do Maranhão e tem condições de ganhar uma das cadeiras de senador”, avalia Madeira, que espera o desfecho para o início da próxima semana.
João Alberto acha que a corrida eleitoral só avançará depois de resolvida a situação de Lula
A corrida ao Palácio dos Leões só será deflagrada para valer quando a dramática e imprevisível do ex-presidente Lula da Silva for resolvida e o PT definir seu rumo na disputa pelo Palácio do Planalto. Antes disso, a situação permanecerá confusa e indefinida. Essa é a avaliação do senador João Alberto (MDB), uma das raposas mais experientes da política estadual e profundo conhecedor dos humores da política nacional, João Alberto acha que, mesmo tendo seus candidatos definidos, as correntes políticas estaduais vão aguardar os candidatos a presidente da República sejam efetivamente definidos. Antes disso, as candidaturas a Governos estaduais se moverão em “marcha-lenta”. No caso do Maranhão, ele vê definidas as candidaturas do governador Flávio Dino, da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e do senador Roberto Rocha. Perguntado se a candidatura de Roseana Sarney é mesmo para valer, o senador responde, enfático: “Roseana é candidatíssima!”
São Luís, 29 de Março de 2018.
José Reinaldo está a um passo de se filiar ao PSDB e disputar o Senado em dobradinha com Roberto Rocha
A menos que aconteça um fato absolutamente fora das previsões, o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, atualmente sem partido, deverá disputar uma cadeira no Senado pelo PSDB, numa dobradinha com o senador Roberto Rocha, candidato ao Governo do Estado. Depois de todos os movimentos que fez no surpreendente roteiro que o afastou do governador Flávio Dino (PCdoB), o ex-governador caminha para o desfecho mais improvável para muitos, mas que foi previsto por outros. Não há ainda martelo batido para a conversão do ex-governador aos ideais do tucanato nacional, mas o seu ingresso no PSDB é mais que provável e configura o desfecho mais lógico dessa dramática e imprevista caminhada em busca de um partido que lhe dê a vaga de candidato a senador, que para ele virou uma questão de honra e de sobrevivência política.
Para começo de conversa, a abertura de janela no arraial dos tucanos não é recente. No início do ano passado, quando ainda parecia consolidado no PSB, o ex-governador do Maranhão foi a São Paulo e ali tomou o café da manhã com seu o governador Geraldo Alckmin. A imagem do encontro causou certo mal-estar no Palácio dos Leões, que foi apanhado de surpresa pelo movimento imprevisto do mais importante dos seus aliados. A visita ao presidenciável do PSDB foi a deixa para que o governador Flávio Dino deflagrasse o que já havia desenhado: um processo no qual os interessados nas vagas de candidato ao Senado na sua chapa se viabilizassem politicamente, ou seja, fosse indicado pelo seu partido com o apoio de outras agremiações da aliança governista.
Atento e disciplinado, o deputado federal Weverton Rocha mobilizou o seu partido, o PDT em torno do seu nome e obteve o aval de praticamente todas as agremiações governistas, e o apoio de prefeitos, deputados e vereadores de todas as regiões do estado. José Reinado avaliou que a mobilização de prefeitos feita pelo prefeito de Tuntum e presidente da Famem, Cleomar Cunha, seria suficiente para ganhar a vaga. Não foi, a começar pelo fato de que ele não resolveu o mais importante item de uma candidatura: não obteve o aval do seu próprio partido, o PSB. A partir daí começou sua via crucis partidária, que tinha no PSDB a última e remota possibilidade. O caminho, porém, parecia traçado desde o suculento café da manhã que tomou com governador Geraldo Alckmin, hoje candidato do PSDB a presidente da República, no Palácio dos Bandeirantes.
A julgar pelo que dizem os chefes tucanos, o caminho está aberto para o ex-governador José Reinaldo Tavares. Suas diferenças com o presidente candidato do PSDB a governador, senador Roberto Rocha, que chegaram a ser apontadas como inimizade irreconciliável, parecem claramente superáveis. A maioria do partido – como o grupo do ex-governador João Castelo, hoje comandado pela ex-prefeita Gardênia Castelo – parece perfeitamente de acordo com o desembarque do ex-governador na agremiação tucana. E se, como pretende, conseguir também convencer o deputado Alexandre Almeida a virar tucano com a garantia de que será o outro candidato a senador na chapa do partido, o ex-governador finalmente terá as condições técnicas e políticas de entrar efetivamente na briga por uma cadeira no Senado: um partido sólido, com bom tempo de campanha, um candidato a governador, um presidenciável com amplas chances de chegar ao Palácio do Planalto.
Corre nos bastidores o rumor de que José Reinaldo poderá também ingressar no PSD, já numa aliança informal com o Grupo Sarney, para disputar o senado numa chapa liderada pelo deputado estadual Eduardo Braide (PMN) como candidato a governador. Pode ser, seus próprios aliados dizem que o projeto não tem futuro. O fechamento da janela partidária, no dia 7 de Abril, dirá o caminho escolhido pelo ex-governador.
Em Tempo: Na edição do dia 8 de Março, a Coluna levantou a possibilidade de o ex-governador José Reinaldo Tavares vir a filiar-se ao PSDB e se lançar candidato ao senado em dobradinha com o senador Roberto Rocha. Muitos duvidaram, considerando impossível. Os fatos indicam que a conversão do ex-governador ao tucanato não só é possível, como muito provável.
PONTO & CONTRAPONTO
Flávio Dino X Sérgio Moro: debate saudável e alerta contra ditadura disfarçada
Não surpreendeu a reação do governador Flávio Dino a declarações feitas pelo juiz e titular da Lava Jato Sérgio Moro, na entrevista que concedeu ao programa Canal Livre, da TV Cultura, e principalmente à maneira direta com que ele tentou influenciar a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, no voto que dará, semana que vem, para resolver de vez a controvérsia em relação à prisão ou não a condenados em segunda instância. O voto da ministra definirá o futuro do ex-presidente Lula da Salva (PT), condenado por Moro e defendido por Dino. Gostem ou não seus adversários, assim como Sérgio Moro a prerrogativa judiciária de julgar, o governador Flávio Dino tem o sagrado direito constitucional de manifestar livremente o seu pensamento. E sua condição de ex-juiz federal e de ex-deputado federal, relator do projeto da Lei da Ficha Limpa lhe dá autoridade para formular juízo sobre o que diz e decide um magistrado quanto acerca temas tão controversos quanto a prisão de condenados por tribunal colegiado de segundo grau. Flávio Dino declarou-se estarrecido com algumas declarações de Sérgio Moro, causando aí um debate conceitual. O governador nunca atacou o titular da Lava Jato com palavras agressivas nem se dirigiu ao cidadão. Manifestou-se com civilidade dirigindo-se ao magistrado, que é um servidor público, sujeito, portanto, a críticas – tanto que suas sentenças podem ser, e via de regra são, contestadas. Flávio Dino e Sérgio Moro entraram juntos na magistratura num concurso em que o primeiro encabeçou a lista dos aprovados. São ideologicamente contrários e discordam frontalmente no plano doutrinário. E as diferenças se evidenciaram quando Sérgio Moro começou a atropelas certas regras processuais – vazar deliberadamente a gravação do telefonema da presidente Dilma ao ex-presidente Lula da Silva -, entre outras decisões que estarreceram metade da magistratura, advogados, juristas e até ministros do Supremo. Flávio Dino foi um dos primeiros a criticá-lo. Enfim, são expressões de uma geração que nasceu e se formou no pós-ditadura, mas, no caso de Flávio Dino, trazendo valores humanistas aprimorados na resistência aos tempos de chumbo. Certo ou equivocado no plano jurídico, o governador do Maranhão participa legitimamente de um debate extremamente saudável, que contribui para a consolidação da democracia e alerta os leigos e desavisados para movimentos e decisões sutis, como alguns de Sérgio Moro, que, na avaliação de muitos,podem resultar numa ditadura disfarçada.
Roberto Costa e Felipe Camarão mostram que oposição e situação podem agir pelo bem comum
Não há cenário político dinâmico e produtivo sem o embate entre situação e oposição. E quando se dá sem agressões nem xingamentos, esse confronto de princípios e ideias, que via de regra ganha forma de denúncias e acusações, ganha legitimidade quando os contrários se juntam pelo bem comum. Um exemplo dessa boa ação política foi iniciada nas primeiras semanas do ano e teve desfecho ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa, onde o deputado Roberto Costa (MDB), fez um discurso elogiando uma ação do Governo do Estado por meio do secretário de Educação, Felipe Camarão. Outro exemplo se deu em Bacabal, também por intermédio de Roberto Costa.
Aconteceu o seguinte: a Escola Giorceli Costa, na Madre Deus, seria desativada porque a Fiema, dona do prédio que abriga cerca de 500 crianças, cobrou a devolução. Nesse caso, os seus alunos seriam deslocados para o Colégio Sousândrade. O deputado Roberto Costa foi ao secretário Felipe Camarão, relatou-lhe o drama e propôs que eles fossem juntos reunir-se com a comunidade para discutir o problema e encontrar soluções. O secretário atendeu prontamente a solicitação do deputado oposicionista.
Na reunião, realizada na semana passada, ficou claro que o problema era bem mais grave. E depois de longa discussão, o secretário Felipe Camarão anunciou sua decisão: não desativaria o Colégio Giorceli Costa para devolver o prédio à Fiema. Ao contrário, reformaria a unidade escolar sem desativá-la. Foi mais longe ao decidir que o Colégio Sousândrade, que atende às comunidades Madre Deus, Lira, Codozinho e Goiabal, e está funcionando em situação precária, passará por uma ampla reforma pedido da comunidade da Madre Deus. E mais: a reforma do Colégio Giorceli Costa já foi concluída e a do Colégio Sousândrade já foi licitada e as obras serão iniciadas no máximo em um mês. Assim, a reunião que tinha por objetivo resolver o problema de uma escola, resultou na solução maior de restauração de duas unidades escolares de importância fundamental para a região da Madre Deus.
Roberto Costa também destacou o atendimento do secretário Felipe Camarão ao seu pedido para reativar um Caic em Bacabal, localizado na avenida Frei Solano, numa área onde não há escola de ensino médio daquela cidade. De acordo com o que foi decidido, a Secretaria de Educação não apenas vai reformar o Caic de Bacabal, como também vai transformá-la numa escola de tempo integral.
– Quero registrar aqui a maneira correta e eficiente como fomos atendidos pelo secretário Felipe Camarão. Eu como filho da Madre deus, fico muito feliz pela iniciativa do secretário Felipe Camarão, que em nenhum momento se escondeu da comunidade, se escondeu do Conselho Escolar. Em todos os momentos que procurei o Felipe Camarão, tanto para resolver o problema do CAIC de Bacabal, como do Colégio Giorceli Costa e do Sousândrade, ele foi extremamente solícito e sempre se colocou à disposição para solucionar todos esses problemas. Inclusive reconhecendo a necessidade de reforma dessas escolas. Então, eu não poderia, de forma nenhuma, principalmente neste momento em que houve algumas críticas em relação ao Colégio Sousândrade, não poderia fugir também da minha responsabilidade e dizer que todas as decisões tomadas em relação a essas escolas foram discutidas com a comunidade, com a minha participação, e com o secretário Felipe Camarão, que em todos os momentos tomou a posição da comunidade – discursou o oposicionista Roberto Costa.
São Luís, 28 de Março de 2018.
Porta-vozes da extrema-direita, Maura Jorge e Coronel Monteiro medem força para representar Bolsonaro no Maranhão
Poucas vezes a crônica política registrou um movimento tão surpreendente como o da ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, pré-candidata do Podemos ao Governo do Estado, na semana passada. Às vésperas do lançamento do senador paranaense Álvaro Dias como candidato do Podemos a presidente da República, ela se reuniu em Brasília com ninguém menos que o deputado federal fluminense Jair Bolsonaro (PSC), também pré-candidato a presidente. Na sexta-feira, quando a candidatura de Álvaro Dias foi lançada, Maura Jorge não compareceu, preferindo participar de um evento da União da Direita Maranhense, lançado recentemente com o apoio do coronel reformado José Ribamar Monteiro, que há tempos vem se apresentando com o chefe do braço bolsonarista no Maranhão. Independente de onde seus porta-vozes podem chegar, o fato é que a extrema direita começa a mostrar sua cara no cenário político do Maranhão, sendo parte dela, no caso a ex-prefeita de Lago da Pedra, identificada com o Grupo Sarney.
A julgar pelo que corre nos bastidores, a ex-prefeita – que foi também deputada estadual e integrante de proa de governos de Roseana Sarney (MDB) -, está avaliando na verdade três caminhos. O primeiro é migrar para o PSC, se enquadrar como braço de Jair Bolsonaro no Maranhão e, nessa condição, disputar o Governo do Estado defendendo as controversas bandeiras do coronel, que representa a extrema direita. O segundo é permanecer no Podemos e se candidatar mesmo ao Governo, abrindo assim espaço para a candidatura do senador Álvaro Dias no Maranhão. E o terceiro é se lançar à Câmara Federal pelo Podemos.
Ao relaxar o lançamento da candidatura de Álvaro Dias – que no ano passado veio ao Maranhão e incensou o projeto eleitoral da ex-prefeita de Lago da Pedra -, Maura Jorge fez um movimento seletivo. Avaliou que entre Álvaro Dias e Jair Bolsonaro será mais cômodo e produtivo para ela aliar-se ao coronel, independente de ele representar o que há de mais perigoso para a estabilidade e consolidação do processo democrático no Brasil. Para ela, que agora se apresenta como a encarnação da direita do Maranhão, musa que é agora da União da Direita Maranhense (UDM), movimento que defende a candidatura do coronel da reserva José Ribamar Monteiro, que se apresenta como o chefe maior do bolsonarismo no Maranhão, se lançando candidato a governador com o seu aval.
Mas nem tudo são flores nesse ainda confuso e impreciso micromundo da extrema-direita no Maranhão. Tão logo tomou conhecimento de que Maura Jorge reuniu-se com Jair Bolsonaro – com direito a foto e tudo mais -, o Coronel Monteiro, como é conhecido, reagiu irritado, chamando a ex-prefeita de “oportunista”. Além disso, acusou o Grupo Sarney de estar usando Maura Jorge para funcionar como um canal de interlocução com Jair Bolsonaro, o que é negado por ela. Nesse clima, Coronel Monteiro vem mandando recados quase diários de que é ele o chefe do bolsonarismo no Maranhão e que, nessa condição, é o candidato ao Governo do Estado que falará em nome do presidenciável, não admitindo, em qualquer hipótese, pelo menos por enquanto, que outro pretendente tome seu lugar.
É verdade que o encontro de Maura Jorge com Jair Bolsonaro causou frisson na extrema-direita maranhense, e não há dúvida de que entre ela e o Coronel Monteiro, o presidenciável pareceu inclinado a tê-la como aliada no Maranhão. Mas um acordo entre os dois só será viável se ela deixar o Podemos e ingressar no PSC, porque se permanecer no partido, será duramente instada a se alinhar à campanha de Álvaro Dias, um político de centro que joga duro contra seus adversários. A ex-prefeita de Lago da Pedra tem ate o dia 7 de abril para resolver essa parada, sabendo que se permanecer no Podemos terá de vender o peixe de Álvaro Dias Maranhão a fora. Se resolver bandear-se de vez para Jair Bolsonaro, terá de deixar o Podemos e se converter ao PSC.
PONTO & CONTRAPONTO
Destaque
Com a entrega do 10º Ecoponto, o prefeito Edivaldo Jr. avança na limpeza urbana e no tratamento dos resíduos sólidos
Cinco anos depois de haver assumido o desafio de dar a São Luís um serviço eficiente de limpeza urbana, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) inaugurou o Ecoponto Anil, o 10º equipamento de coleta seletiva implantado pela Prefeitura de São Luís em sua gestão. E anunciou a construção de mais 10 unidades e dois galpões de triagem para as cooperativas de reciclagem, reafirmando São Luís como polo destacado nacional no cumprimento da Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Mas antes de explicar melhor o que está acontecendo, vale lembrar de onde a Capital está vindo nesta área. Em abril de 2002, o então prefeito Jackson Lago (PDT), já consagrado como um dos seus grandes prefeitos, decidiu disputar o Governo do Estado e entregou o comando de São Luís ao seu vice, Tadeu Palácio (PDT). Saiu, porém, deixando um enorme problema: a Capital estava tomada pelo lixo, uma calamidade pública causada por uma série de fatores, entre eles a falência completa da Coliseu, a estatal que limpava a cidade. Aconselhado pelo próprio antecessor, o prefeito Tadeu Palácio decretou estado de emergência, terceirizou a limpeza urbana, e contratou, sem licitação, a empresa paraibana Lipater, que já operava em Imperatriz. Independentemente da improvisação e das graves falhas legais na contratação, Tadeu Palácio operou uma mudança radical na coleta do lixo urbano. Quando, seis anos depois, passou Governo municipal ao prefeito João Castelo (PSDB), em Janeiro de 2009, a cidade permanecia sob o mesmo estado de emergência e com o sistema em crise, situação que continuou na nova gestão. Quando assumiu, em janeiro de 2013, o prefeito Edivaldo Jr. (PTC) encontrou o sistema à beira do colapso, com as empresas ameaçando romper contratos por falta de pagamento e com o Aterro da Ribeira a totalmente defasado. Nos dois primeiros anos, se desdobrou para manter o serviço funcionando, e nos dois últimos anos do primeiro mandato, começou a reverter o quadro dramático que encontrara. Foram meses difíceis, quase dramáticos, mas São Luís saiu deles com uma nova política de limpeza pública e armazenamento e tratamento das milhares de toneladas de resíduos sólidos que produz a cada ano.
Com a inauguração do Ecoponto Anil, a gestão Edivaldo Jr. amplia para mais de 90 o número de bairros atendidos pela política de implantação desses equipamentos de coleta seletiva. Os investimentos vão desde a eliminação dos pontos de descarte irregular de lixo até as políticas de educação ambiental da população.
Além da implantação dos Ecopontos, um dos marcos da gestão do pedetista foi a desativação do Aterro da Ribeira, ocorrida em 2015, que por mais de 20 anos operou recebendo todos os resíduos domésticos coletados na capital. Atualmente a destinação do lixo orgânico de São Luís é a Central de Tratamento de Titara, devidamente licenciada, localizada em Rosário. Com esses avanços, a Capital é hoje apontada como exemplo pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
– São Luís seguirá avançando a passos largos, tornando-se uma cidade mais bonita, limpa e consciente – garantiu o prefeito.
Waldir Maranhão pressionada por senatória, mas quer mesmo é se reeleger deputado federal
São fortes os rumores de que o deputado federal Waldir Maranhão (Avante), pode migrar para o PT e ser indicado pelo partido para a segunda vaga de senador na chapa a ser liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Seria uma espécie de “acerto de contas” pelas decisões, ao mesmo tempo bombásticas e inócuas, tomadas pelo então presidente interino da Câmara Federal em meio à guerra política travada no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Se vier a patrocinar essa manobra, o PT pode atropelar a deputada federal Eliziane Gama (PPS), que desponta nas pesquisas como nome forte para o Senado e comprometendo o projeto senatorial do deputado federal Weverton Rocha (PDT). Interlocutores de Waldir Maranhão dizem que ele está como “um pote cheio de mágoas” e determinado a levar à frente seu projeto de disputar o Senado, se possível pelo PT. Há, porém, que interprete essa postura “magoada” do parlamentar como uma estratégia cuidadosamente urdida para tornar viável o difícil projeto de renovar o mandato na Câmara Federal, seja pelo PT, seja pelo Avante. O fim da janela partidária, no dia 7 de Abril, revelará as intenções do ex-presidente interino da Câmara Federal.
São Luís, 26 de Março de 2018.
Grupo Sarney teme que candidatura de Michel Temer à reeleição seja “camisa de força” para Roseana e Sarney Filho
A declaração do presidente Michel Temer (MDB) avisando que poderá, sim, ser candidato à reeleição causou uma tensa agitação nos bastidores na cúpula do Grupo Sarney, especialmente na ex-governadora Roseana Sarney (MDB), que se movimenta para tentar voltar ao Palácio dos Leões, e no deputado federal Sarney Filho (PV), ministro do Meio Ambiente, candidato já definido a uma vaga no Senado. O aviso do presidente da República, que foi ontem trocar impressões sobre o assunto com o ex-presidente José Sarney (MDB), pode colocar a candidatura dos dois numa espécie de “camisa de força”, à medida que é visível que nem um nem outro querem o chefe da Nação disputando votos, preferindo mil vezes que ele permaneça no comando da máquina federal apenas como suporte político para os candidatos emedebistas, democratas e tucanos. Dentro do Grupo Sarney é clara a preferência pelo projeto do deputado federal fluminense Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara Federal, de chegar ao Palácio do Planalto, tendo como segunda opção o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, numa aliança MDB-PSDB-DEM. E a julgar pelo pragmatismo político extremo do ex-presidente, não surpreenderá se o Grupo Sarney vier a dar uma flertada de esguelha com Jair Bolsonaro.
O problema de Roseana Sarney é que, além de deter hoje um poder de “vida ou morte” sobre qualquer candidatura estadual do MDB, como a dela própria, o presidente Michel Temer tem correspondido o apoio que vem recebendo do ex-presidente José Sarney (MDB) fazendo-lhe todas as concessões. Vem mantendo e ampliando os espaços que sarneysistas de confiança ocupam na máquina federal, a começar por estruturas-chave do setor elétrico, um domínio antigo, consolidado e só agora ameaçado pela decisão do chefe da Nação de vender a Eletrobrás, o mais importante dos espaços onde a influência do ex-mandatário é visível e indiscutível. Esse enorme pacote de conveniências políticas faz com que Roseana Sarney nem sinalize com a possibilidade de vir a apoiar outro candidato que não seja o presidente Michel Temer, se ele de fato vier a entrar na corrida, ou o candidato que ele vier a apoiar. Sabe que se resolver contrariar o Palácio do Planalto agora vai pagar um preço muito alto.
A situação do deputado federal Sarney Filho (PV), candidato ao Senado, é mais limitada ainda. Sua condição ministro do Meio Ambiente é o fator limitador da sua movimentação partidária. Foi um dos primeiros ministros nomeados quando Michel Temer assumiu após liderar, com o apoio ativo do parlamentar e seus familiares, o movimento que derrubou a presidente Dilma Rousseff (PT). Qualquer que seja o cenário da corrida presidencial, Sarney Filho terá, por dever ético, de se posicionar sob a orientação do presidente, ainda que Michel Temer venha a lançar o banqueiro Henrique Meirelles, o poderoso ministro da Fazenda, como o seu candidato.
As eleições deste ano são tão importantes e decisivas para o Grupo Sarney que, mesmo imobilizados pelo compromisso com o presidente Michel Temer, todos os cenários são levados em conta na avaliação da cúpula. E o que mais seduz os chefes maiores do Grupo, a começar pela ex-governadora Roseana Sarney, é a candidatura ainda em gestação do deputado fluminense Rodrigo Maia. Para essa corrente, o presidente Michel Temer e o PMDB deveriam se convencer de que presidente da Câmara é a chance de passar ao Brasil a ideia de renovação e, no caso maranhense, o argumento que o Grupo Sarney teria para tentar adotar o discurso de que está sintonizado com os novos tempos. Mesmo tendo como candidata Roseana Sarney, que já governou por quase 14 anos e deve liderar uma chapa em que um candidato a senador tem 10 mandatos consecutivos de deputado federal e o outro vai tentar o quarto mandato senatorial aos 81 anos. Além do mais, o eventual apoio ao candidato do DEM será informal, já que o partido, hoje sob o comando do deputado federal Juscelino Filho, faz parte da aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino.
A aliança menos provável, mas ainda assim possível, do Grupo Sarney com um projeto presidencial será com o PSDB. Para começar, o candidato do partido a presidente é Geraldo Alckmin, que nunca demonstrou qualquer traço de simpatia pelos pelo ex-presidente José Sarney e seus comandados. O elo do ex-presidente José Sarney com o PSDB era o senador mineiro Aécio Neves, que está sob colapso político e moral e não tem a menor condição de fazer qualquer interlocução. Além do mais do mais, os tucanos têm um candidato a governador, o senador Roberto Rocha, que – dizem interlocutores seus –, mesmo tendo se tornado adversário do governador Flávio Dino, não está inclinado a fazer papel de escada para a ex-governadora Roseana Sarney, a quem enfrentará com o mesmo vigor.
No mais, sobra a possibilidade – remota, mas crível -, de, num cenário ainda não desenhado, o Grupo Sarney vier, por vias tortuosas que a politica admite, estabelecer uma relação com Jair Bolsonaro e a extrema-direita. A visita entusiasmada que a ex-prefeita Maura Jorge (Podemos) feita ao coronel-deputado na semana passada, em Brasília, dias antes de o candidato do seu partido, senador Álvaro Dias (Podemos), ser lançado oficialmente, é um sintoma que o Grupo Sarney está antenado e disposto a jogar o jogo possível para sobreviver.
PONTO & CONTRAPONTO
Rumor sugere que Felipe Camarão pode vir a ser o vice de Flávio Dino
Na semana que passou, pelo menos três notícias diferenciadas deram conta de que o governador Flávio Dino estaria considerando a possibilidade de vir a convocar o secretário de Estado de Educação, Felipe Camarão, recém filiado ao DEM, para ser o seu candidato a vice-governador. Pode ter sido um factóide armado por democratas entusiasmados, mas também pode ter sido o vazamento de conversas que eventualmente podem ter acontecido nesta direção. Entre assessores mais próximos do governador Flávio Dino, o vice-governador Carlos Brandão continua como certo para continuar despachando no Palácio Henrique de la Rocque e morando na confortável residência oficial do Turu. Mas em política, principalmente às vésperas da largada da corrida eleitoral, um rumor desse porte deve ser anotado. E se vier a ser confirmado, certamente será resultado de uma negociação correta do governador com seu atual substituto eventual.
Ana Paula Lobato tem atuado para tornar mais dinâmicas as ações do Gedema
Um nome começa a se destacar no agora agitado universo que forma a Assembleia Legislativa: Lobato, mulher do presidente da instituição, deputado Othelino Neto (PCdoB), e nessa condição, presidente do Grupo de Esposa de Deputados do Maranhão (Gedema), o braço social do Poder Legislativo. Jovem, bonita e de aparência segura, a presidente do Gedema começa a demonstrar que tem a exata dimensão do seu papel à frente da organização, sem demonstrar afetação nem avançar com gestos ou palavra nos limites das suas responsabilidades. Mais do que isso, há quem garanta que em menos de três meses de gestão, o Gedema começa a experimentar novos ares, que de alguma maneira refletem as concepções da sua nova presidente. A condução do Gedema reflete com clareza a visão do comando da Assembleia Legislativa. Apesar de o nome sugerir tratar-se de uma organização sem maiores finalidades, o Gedema é hoje um braço forte dos integrantes da Assembleia Legislativa, que reúne uma respeitada escola (Sol Nascente), uma creche diferente (Pimentinha), serviços assistenciais em saúde e bem-estar físico e programas de convivência e eventos sociais destinados servidores da Casa e seus familiares. Desde que assumiu o posto, Ana Paula Lobato vem imprimindo o seu estilo e suas concepções, numa movimentação que pode ser perfeitamente definida como renovação. E dentro de um conceito que valoriza boas ações das gestões recentes, mas com a determinação de deixar ali a sua própria marca.
São Luís, 25 de Março de 2018.
A Coluna será atualizada neste Domingo, 25/03/2018
Flávio Dino acompanha o Caso Lula com interesse jurídico e foco político
O governador Flávio Dino (PCdoB) acompanhou ontem com atenção redobrada o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, dos recursos da defesa do ex-presidente Lula da Silva (PT) para que os dois pedidos de habeas corpus ali protocolados sejam julgados antes que o TRF da 4ª Região determinasse sua prisão após julgar, na próxima segunda-feira (26), os recursos que ali tramitam pedindo a revogação da pena de mais de 12 anos de reclusão à qual ele foi condenado sob a acusação de ter recebido o tal triplex de Guarujá como propina. O ex-juiz federal Flávio Dino se deteve sobre as controvérsias jurídicas que envolvem o caso, enquanto o político Flávio Dino focou sua expectativa nas decisões que a Corte tomou decidindo julgar os pedidos e suspendendo qualquer ordem de prisão contra o ex-presidente antes que o martelo sobre os habeas corpus seja batido.
É óbvio o interesse do governador no aspecto jurídico do Caso Lula, a começar pelo fato de que ele tem sido voz crítica contundente e frequente em relação ao tema. Mas sua atenção maior, no momento, está relacionada com o desfecho político desse processo. Isso porque a Nação vive os preparativos de largada de uma corrida presidencial de extrema importância para o seu futuro imediato. E a questão é saber se o ex-presidente poderá ou não candidato a presidente. Há uma clara tendência no sentido de que ele não será candidato, mas as pesquisas de opinião continuam apontando-o como fator decisivo na disputa pela Presidência da República. E isso significa dizer que sua posição em relação ao ex-presidente terá peso na avaliação do eleitorado.
O governador Flávio Dino tem uma posição confortável em relação à corrida presidencial. Ele construiu um cacife que não guarda qualquer dependência com candidatos a presidente. Seu partido, o PCdoB, já tem pré-candidato – a deputada gaúcha Manuela D`Àvila – e ele pode perfeitamente contabilizar como aliado o candidato pedetista Ciro Gomes, podendo até optar por uma aliança informal com o candidato do PSOL, Guilherme Boulos. Mas a verdade indiscutível é que na contabilidade da sua relação com o PT, o saldo lhe é ampla e visivelmente favorável, sendo o partido claramente “devedor”. O histórico recente mostra esse quadro com clareza solar.
O processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a dura via crucis trilhada agora pelo ex-presidente Lula mostraram que a aliança do PT com o PMDB e o Grupo Sarney no Maranhão esgotou no limite das conveniências, enquanto a relação com Flávio Dino e o PCdoB, além das conveniências, é fortalecida pela proximidade programática e pelo viés ideológico. A identidade indiscutível possibilitaria a construção de uma parceria de total coerência na campanha com Lula da Silva correndo na direção do Palácio do Planalto e o governador Flávio Dino pela sua reeleição.
Nesse contexto, o caminho natural seria uma aliança Dino-Lula para as eleições, com peso de favoritos e, provavelmente, um desfecho indicado pelas pesquisas feitas até aqui. Com a experiência que acumulou como magistrado e político, expressada nas suas manifestações, o governador Flávio Dino foi avisado de que o ex-presidente acabaria fora da disputa. E diante dessa verdade antecipada, cuidou de intensificar as ações do seu Governo e de afinar cada vez mais a sua relação com o eleitorado maranhense, num processo tranquilo, cuidadoso e transparente, apesar das imensas dificuldades financeiras que enfrenta para fazer investimentos, manter a folha de pessoal rigorosamente em dia e bancar o funcionamento eficiente da máquina pública. Não cometeu o equívoco de “esperar Godot”.
Flávio Dino sabe que vai para a guerra eleitoral sem a presença física de Lula da Silva na sua campanha. Mas sabe também que fez por onde trilhar seu caminho com seus próprios pés, e com a certeza de que, mesmo atrás das grades, o ex-presidente soprará bons fluidos políticos na sua direção. E isso deve acontecer mesmo com alguns braços do PT tentando repetir o enlace com o Grupo Sarney, no jogo bruto da luta pelo poder.
PONTO & CONTRAPONTO
Um batalhão de policiais se prepara para brigar por vagas na Assembleia Legislativa
Provavelmente embalados pelo sucesso do Cabo Campos nas eleições de 2014, quando ganhou, com a menor votação, uma cadeira na Assembleia Legislativa, pelo menos 15 policiais militares, da ativa e da reserva, estão se movimentando para se candidatar ao parlamento estatual e outubro. A corrida de membros da Polícia Militar, que envolve representantes de todas as patentes – de praça a coronel -, ficou mais visível nesta semana, quando o comandante da corporação, coronel Frederico Pereira, anunciou sua desincompatibilização para ser candidato a deputado estadual. Essas eleições atrairão o maior número de candidatos militares, devendo atrair também alguns integrantes da Polícia Civil, como agentes, comissários e delegados. Além do deputado Cabo Campos (DEM), a Assembleia Legislativa nos policiais nos seus quadros: o deputado César Pires (PEN), que é oficial da PM, Levi Pontes (PCdoB), que é oficial-médico da PM, e Júnior Verde, que é agente da Polícia Civil. De todos, somente Capo Campos chegou ao parlamento estadual como representante da categoria, na esteira de um movimento que resultou na greve da PM em 2012, do qual ele foi um dos mais destacados líderes. Só que, passados os primeiros momentos do mandato, durante os quais ocupava a tribuna para defender a PM de qualquer cobrança, censura ou crítica e martelava na defesa de direitos, pretensões e até sonhos de policiais militares, o deputado Cabo Campos experimentou as contradições de uma postura político quando ele se enquadrou como membro da base do Governo, posição que foi duramente criticado oor seguidores e adversários dentro da corporação. Cabo Campos não negou suas origens corporativas, mas logo entendeu que não iria muito longe se mantivesse uma ação monotemática e resolveu exercer seu mandato de maneira mais aberta. Vem pagando preço alto, que será majorado durante a campanha com o “batalhão” de candidatos polícia querendo sua vaga.
João Alberto está decidido a não participar das eleições como candidato
O senador João Alberto (MDB) praticamente bateu martelo confirmando sua decisão de não participar das eleições de outubro. Ele tem dito a interlocutores que não tem mais ânimo para encarar a rotina parlamentar de Brasília nem para continuar na ponte-aérea São Luís-Brasília-São Luís. Seu foco agora é mobilizar o MDB para a guerra eleitoral. Só admite pensar na possibilidade de entrar na corrida como candidato em circunstância muito especial. Pessoalmente, vai dedicar parte dos seus esforços políticos no apoio ao projeto de reeleição do deputado federal João Marcelo e do deputado estadual Roberto Costa, dois nomes destacados da corrente que lidera no Grupo Sarney. Além disso, avisa que não vai descansar enquanto não colocar ponto final na guerra judicial que mantém indefinido o resultado da eleição para a Prefeitura de Bacabal, independente de qual venha ser o desfecho.
São Luís, 23 de Março de 2018.
Juscelino Filho é confirmado no comando do DEM; decisão da cúpula inviabiliza projeto de José Reinaldo
A Executiva nacional do Democratas (DEM) bateu martelo, ontem, e confirmou que o braço do partido no Maranhão continuará sob o comando do deputado federal Juscelino Filho, concordando também que o partido permaneça na aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), e a decisão também funcionou como o tiro de misericórdia na pretensão do ex-governador e deputado federal José Reinado Tavares (sem partido) de vir a assumir o controle da agremiação e por ela se candidatar a senador. Com a batida de martelo, a direção partidária consolida o processo de ressureição do partido no Maranhão e fortalece a liderança do presidente Juscelino Filho, um parlamentar de primeiro mandato que vem surpreendendo o meio político com lances ousados e certeiros, entre eles o de tirar o DEM da gaveta e recolocá-lo na mesa das grandes decisões políticas. Ao mesmo tempo, a direção partidária fechou as portas do partido para o ex-governador José Reinaldo Tavares, eliminando qualquer possibilidade de ele ganhar a vaga de candidato do partido ao Senado.
A palavra final do comando do DEM sobre a situação do partido no Maranhão é o desfecho de dois movimentos. Um foi feito pelo deputado federal Juscelino Filho, em parceria com seu tio, o tarimbado deputado estadual Stênio Rezende, que resgataram um partido que se encontrava praticamente esquecido na gaveta do seu ex-presidente, ???? Guterres, um técnico com pretensões políticas e estreitamente ligado ao ex-deputado federal Clóvis Fecury, que detinha, de fato, o controle sobre a legenda. O outro movimento partiu do deputado federal José Reinaldo, que desgastado no PSB e em rota de colisão com o governador Flávio Dino, cometeu uma sucessão de equívocos, tentando por último assumir o controle do DEM para garantir sua candidatura ao Senado. Fez um jogo equivocado e perdeu, tendo agora duas semanas para decidir o seu futuro partidário.
Em busca de um partido forte – e provavelmente orientado por seu tio e seu pai, o ex-deputado estadual Juscelino Rezende, ambos políticos forjados numa guerra de décadas travada com o bandeira pelo controle de Vitorino Freire -, Juscelino Filho garimpou o até então esquecido DEM, enfraquecido e sem maiores perspectivas. Ciente do poder de fogo da agremiação – expressivo tempo de rádio e TV, influência no Governo Michel Temer e Fundo Partidário gordo – o jovem parlamentar atropelou vários pretendentes, que acordaram tardiamente, e ganhou o comando do partido no Maranhão. Certo de que corria o risco de perder o controle da legenda para o ex-governador José Reinaldo, devido ao seu peso político e aos antecedentes como pefelista de proa em outros tempos, turbinou o partido com uma onda de filiações – Juscelino Filho firmou uma aliança com o governador Flávio e turbinou o partido com filiações que o tornaram o agremiação forte no cenário estadual: os deputados Rogério Cafeteira, Cabo Campos, Stênio Rezende e Neto Evangelista, já contando com o deputado o prefeito Luis Fernando Silva (São José de Ribamar), e o secretário Felipe Camarão (Educação). O partido conta também com o experiente deputado Antônio Pereira. Sem esse ousado movimento político protagonizado pelo jovem deputado Juscelino Rezende, o DEM provavelmente ainda estaria esquecido numa gaveta.
A compensação pelo movimento ousado de Juscelino Filho e pela queda-de-braço com influente ex-governador José Reinaldo veio ontem, quando a Executiva nacional bateu martelo e o confirmou como chefe indiscutível do partido no Maranhão.
O ex-governador José Reinaldo apostou que teria o controle do DEM planejando que o partido poderia ser uma das plataformas para uma eventual candidatura do deputado estadual Eduardo Braide (PMN) ao Governo do Estado. A vantagem é que jogou aberto e limpo, medindo forças sem passar rasteira, perdendo o jogo por conta de lances equivocados, mas com dignidade. Agora, tem duas semanas para virar esse jogo e conseguir uma agremiação que lhe permita candidatar-se a senador ou tentar renovar o mandato de deputado federal. Uma das suas pouquíssimas opções será uma que diz rejeitar: ingressar no PSDB, candidatar-se ao Senado fazendo uma dobradinha com o senador Roberto Rocha.
Só dispõe de duas semanas para resolver.
PONTO & CONTRAPONTO
Carlos Brandão é quase exceção num contexto em que vice é mais conspirador do que leal
Num estado onde a regra é o Número 2 passar quatro anos conspirando contra o titular, ter um vice como Carlos Brandão (PRB) é um achado. O governador Flávio Dino considera-se um felizardo por ter um vice leal e que, ao contrário do que tem mostrado a História política recente do Maranhão, atua de maneira constante e disciplinada para dar suporte ao chefe, a ponto de ter sido transformado numa espécie de embaixador confiável e eficiente, que nos últimos três anos cumpriu à risca missões as mais diversas, principalmente nos campos econômico e institucional, dentro e fora do País. E por isso caminha para continuar no posto, com o direito de, na hipótese muito provável de o governador se reeleger, coroar sua carreira de vice tornando-se titular por alguns meses em 2022. A lealdade tem sido a marca do político Carlos Brandão, e isso ficou claro quando ele comandou a Casa Civil no Governo de José Reinaldo Tavares, por muitos considerado o seu tutor político.
Mas, num viés bem diferente do que rege a relação de Carlos Brandão com Flávio Dino, os vices das últimas quatro décadas foram fontes de problemas para o titular. O governador João Castelo (1979-1982) perdeu seu vice, o general Arthur Carvalho, em pouco tempo, governando com presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ivar Saldanha, que o substituiu. O governador Luis Rocha (1983-1987) governou quatro anos como se não tivesse vice, uma vez que João Rodolfo passou quatro anos confinados numa pequena sala em prédio na Praça João Lisboa, sendo tratado rigorosamente como um inimigo, tanto que não assumiu uma única vez. O governador Epitácio Cafeteira (1987-1990) governador medindo forças com o vice João Alberto, que queria ser útil, mas o titular fez de tudo para afastá-lo, e no final fez de tudo para impedir de João Alberto assumisse, mas ele levou a melhor. O governador Edison Lobão (1991-1994) governou sem problemas, já que o vice Ribamar Fiquene era seu amigo e partidário e não lhe criou nenhum problema. Roseana Sarney teve uma relação tensa, mas sem maiores problemas com seu vice José Reinaldo Tavares no primeiro mandato (1995-1999), e depois governou tranquila com João Alberto (2009-2011) e depois com apoio total do vice Washington Oliveira (2011-2014). O governador Jackson Lago (2007-2009) não teve problemas com seu vice, o pastor Luis Porto.
Othelino Neto adota a negociação para garantir que projetos classistas sejam aprovados sem pendências
Negociar o que for possível, para que projetos de interesse dos servidores públicos sejam votados sem conter itens que os inviabilizem no aspecto financeiro. Essa tem sido a linha de ação colocada em prática pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB). Nesse diapasão, ele tem conseguido, pela via da negociação, evitar que projetos sejam levados ao plenário com pendências insolúveis. Ontem, por exemplo, ele recebeu em audiência no início da tarde, o secretário de Segurança Pública do Estado, Jefferson Portela, delegados e outros representantes da Polícia Civil para discutir o projeto de Lei Nº 365/2017, de autoria do Poder Executivo, que altera a organização administrativa da instituição policial civil, numa série em que foram ouvidos também representantes de entidades de classe.
Nas reuniões, o presidente conduz as discussões, que são travadas por representantes classistas e líderes de bancada, de modo a que os entendimentos sejam os mais amplos possível. No caso do projeto discutido ontem, as conclusões acertadas garantiram que a matéria será votada na sessão de hoje.
“Foi mais uma reunião de trabalho. Como é um projeto de lei relativamente polêmico, nós tivemos mais uma reunião de trabalho com a Secretaria de Segurança. Aprofundamos alguns temas e isso faz parte das nossas atribuições: ouvimos os representantes de classe e, amanhã, no plenário, os deputados vão apreciar e vai prevalecer a maioria dos deputados, como assim deve ser no regime democrático de direito”, disse Othelino Neto.
Argumentos
“Vim acompanhado dos delegados da Polícia Civil para demonstrar ao grupo de deputados os nossos argumentos e interpretações sobre o projeto 365/2017, que tramita na Assembleia e trata da reorganização da Polícia Civil”, disse o secretário Jefferson Portela, acrescentando que a matéria contempla quatro aspectos que, na sua opinião, são fundamentais para a Polícia Civil.
São Luís, 21 de Março de 2018.
José Reinaldo descarta PSDB e Roberto Rocha e aposta tudo no improvável: o controle do DEM e a candidatura de Braide
Na falta de qualquer novidade, de algum movimento improvável, que chame a atenção, no que diz respeito à disputa pelo Palácio dos Leões, a corrida eleitoral continua sendo pautada pelos movimentos do ex-governador e deputado federal José Reinado Tavares, que peregrina em busca de um partido pelo qual possa viabilizar o seu projeto de disputar uma cadeira no Senado. Os movimentos do parlamentar têm surpreendido pela sua capacidade de romper relações e queimar pontes, mas mesmo assim manter-se como uma das principais referências do cenário político do Maranhão atual. Rompido com o governador Flávio Dino (PCdoB) e com o senador Roberto Rocha (PSDB) e agora empenhado em ser um dos construtores da candidatura do deputado Eduardo Braide (PMN), o ex-governador começa a viver a fase crítica desse processo intenso e complicado, tendo o dia 7 de abril – quando termina a janela para troca de partido – como data fatal para sua definição partidária, que terá repercussão no seu projeto senatorial.
Há algumas semanas, diante do rompimento dele com o governador e baseada em algumas conversas, a Coluna levantou a possibilidade, ainda que remota, de José Reinaldo vir a ingressar no PSDB e compor uma chapa com o senador Roberto Rocha, candidato tucano ao Governo do Estado, e ele, José Reinaldo, como postulante a uma cadeira no Senado. O argumento: aliado a Roberto Rocha, teria ele um partido sólido, o PSDB, um candidato a presidente para reforçar sua campanha, Geraldo Alckmin – com chances concretas de eleição -, e disporia de estrutura mínima para embalar sua candidatura, já que discurso não lhe falta.
Ontem, em entrevista à Rádio Difusora, ele descartou categoricamente essa possibilidade e afirmou que seu candidato a governador é o deputado Eduardo Braide (PMN). Ao apostar no deputado Eduardo Braide, que é um dos destaques da nova geração e tem grande potencial para o futuro, vai ter de correr atrás de um partido, não terá um candidato a presidente ao qual possa atrelar sua candidatura, e não contará com uma estrutura mínima necessária para colocar a sua campanha em movimento. Ou seja, aposta num projeto de viabilidade improvável neste momento em que os caminhos já estão em sua maioria traçados.
Nesse contexto de surpresas impactantes, chama atenção o fato de o ex-governador ainda acreditar que pode vir a assumir o controle do DEM no Maranhão, o que, segundo rumores, no próximo dia 27, com as bênçãos do presidente nacional da agremiação, o prefeito de Salvador (BA) ACM Jr. Só que agora, provavelmente farejando essa possibilidade, o presidente estadual do DEM, deputado federal Juscelino Filho, com ajuda discreta do Palácio dos Leões, cuidou de consolidar o seu controle sobre o partido dando uma nova cara ao DEM no Maranhão, turbinando os quadros do partido com políticos fortemente ligados ao governador Flávio Dino: os deputados estaduais Stênio Rezende, Cabo Campos e Neto Evangelista (licenciado), além do respeitado e influente prefeito de São José de Ribamar, Luís Fernando Silva, e do secretário de Educação, Felipe Camarão.
O fato é que, segundo algumas vozes experientes e abalizadas, a partir de agora o ex-governador enfrentará muitas dificuldades para viabilizar o seu projeto de chegar ao Senado, mesmo que o deputado Eduardo Braide consiga contrariar a lógica e entre de cabeça na corrida ao Palácio dos Leões.
Em Tempo: Uma movimentação de bastidor por pouco não conseguiu restaurar os laços do ex-governador José Reinaldo Tavares com o governador Flávio Dino – que, diga-se, não quis o rompimento. No dia 9 de março, uma sexta-feira, o prefeito de Tuntum e presidente da Famem, Cleomar Tema, o deputado Fábio Macedo (PDT) e o jornalista Lourival Bogéa, bateram à porta do apartamento de José Reinaldo, em São Marcos, com o objetivo de fazê-lo reatar as relações com o governador Flávio Dino. Depois de uma conversa tensa, mas produtiva, ficou acertado que os dois se encontrariam no sábado (10) para conversar e, possivelmente, selar a paz. Só que na manhã de sábado, o mundo político foi surpreendido pela bombástica entrevista de José Reinaldo publicada na coluna Roda Viva, do jornalista Benedito Buzar, na edição de fim de semana de O Estado do Maranhão. Mesmo concedidas dias antes, as declarações do ex-governador tornaram inviável o último esforço de paz entre os dois.
PONTO & CONTRAPONTO
HTO vira marca de quando saúde pública é tratada com decisão política
Em meio à intensa movimentação política, cacife político mostrando resultados positivos de projetos que, mesmo sob intenso bombardeio das vozes oposicionistas do Grupo Sarney, foram levados à frente e se tornaram referências. Um deles é o Hospital de Traumatologia e Ortopedia, que depois de cinco meses de funcionamento, comemorou, com bolo e tudo, a marca de 1.033 cirurgias. O número equivale a nada menos que 6,8 cirurgias por dia, uma marca absolutamente vitoriosa, principalmente se levadas em conta as circunstâncias em que a antiga clínica foi transformada em hospital bem equipado e aberto ao atendimento de quem de fato precisa. A comemoração das mil cirurgias realizada nos primeiros 150 dias de funcionamento pleno do HTO pode ser considerada um marco na situação atual do Sistema Estadual de Saúde. Os demais números alcançados pelo HTO impressionam: 744 pequenos procedimentos (troca de curativos, pontos, pequenas cirurgias), 6.508 consultas, além de 4.411 exames (raios-X, tomografia, eletrocardiograma e ultrassonografia). “Antes, só havia 30 cirurgias ortopédicas por mês em São Luís. Hoje são 300 por mês e logo serão 400. Hoje comemoramos as primeiras 1.000 cirurgias do nosso Hospital de Traumatologia e Ortopedia do Maranhão”, comemorou o governador Flávio Dino, com justificado entusiasmo. Resultado de um decisivo esforço político do governador Flávio Dino e de um obstinado esforço administrativo do secretário Carlos Lula, hospital estourou um gargalo histórico e elevou a saúde pública do Maranhão a um patamar superior na área de traumatologia e ortopedia.
Edison Lobão aposta que se recupera a tempo de correr pelo voto
O acidente que levou o senador Edison Lobão (MDB) a se afastar temporariamente da corrida pela reeleição instalou um forte clima de expectativa nos bastidores do Grupo Sarney. Exames médicos dirão nas próximas horas a gravidade do caso e a perspectiva da retomada do senador à sua rotina de movimentação política. Nas rodas de conversa, as impressões vão de o caso é de baixa gravidade, devendo o senador retomar rapidamente a sua corrida às urnas, até impressões de que o caso é grave e que ele poderá até passar a bola para o suplente Lobão Filho (MDB). Fontes melhor informadas sobre o estado de saúde do senador Edison Lobão encontra-se numa espécie de meio-termo: o acidente – uma queda que lhe fraturou a bacia – não foi uma tragédia, mas também não foi uma coisa simples, que se resolva com o estalar de dedo de um especialista. O senador deve passar por procedimentos delicados e deverá ter uma recuperação cuidadosa antes de voltar à movimentação intensa e agitada da campanha eleitoral. Aos 81 anos e com larga experiência em corridas às urnas, o senador Edison Lobão sabe que o acidente limitou o seu poder de fogo na luta pelo voto, e por isso decidiu compensar a sua ausência com a presença constante e efetiva do suplente Lobão Filho, por meio do qual mandará suas mensagens ao eleitorado. Mas está movido pela certeza de que logo, logo estará de pé fazendo corpo-a-corpo com o eleitorado. Afinal, sabe que essa será uma guerra diferente, na qual enfrentará, além de políticos bem sucedidos como o deputado federal Sarney Filho (PV) e José Reinaldo Tavares, aguerridos candidatos da nova geração, como os bem sucedidos deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS).
São Luís, 21 de Março de 2018.
Braide reafirma candidatura apostando em “via alternativa”, mas sabendo que pode dar paraíso ou purgatório
Um aspirante ao Governo do Estado não pode ser candidato de si mesmo, e não irá muito longe se não for conhecido em todo o Estado, principalmente se não dispuser de um suporte partidário que lhe assegure tempo no rádio e na TV. Essas foram algumas das condições que o deputado Eduardo Braide (PMN) relacionou que, na opinião dele, um candidato a governador precisa dispor para ter condições mínimas de entrar na corrida sucessória. Ele admitiu, em entrevista ao jornalista Paulo de Tarso Jr. e publicada na edição de Domingo (18) de O Imparcial, não contar ainda com nenhuma dessas condições: não é candidato de um movimento político partidário, não é conhecido em grande parte do território estadual, e até aqui não conta com uma aliança partidária que lhe assegure algum tempo no rádio e na TV durante a campanha. Mas, independentemente dessas deficiências, Eduardo Braide afirma estar “decidido a ser governador” e que está trabalhando para conseguir as condições que lhe faltam, movido pela crença segundo a qual há no povo maranhense “um sentimento de construção de uma via alternativa”.
O deputado Eduardo Braide é um político nato e uma raposa em formação. Advogado, tem como lastro um período na presidência da Caema no de Governo José Reinaldo Tavares, outro com o secretário de Orçamento Participativo na gestão do prefeito João Castelo na Prefeitura de São Luís, e finalmente dois mandatos de deputado estadual, passando de falcão governista a gavião oposicionista. Demonstrou tirocínio quando percebeu a fragilidade dos adversários do prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e jogou certo para tirá-los do caminho. Faltou-lhe fôlego quando teve de encarar um prefeito que resolveu enfrentá-lo de igual para igual e apoiado por uma máquina partidária forte e pelo aval do governador do Estado. Não ganhou a Prefeitura, mas saiu da disputa politicamente cacifado. Incensado por adversários ferozes do governador Flávio Dino, que não acreditam no futuro da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), tenta sair do curso natural, que seria um mandato estratégico de deputado federal, a partir do qual definiria sua rota por mandatos majoritários, como prefeito e governador.
Na entrevista, Eduardo Braide justifica seu projeto imediato revelando que na corrida municipal teve acesso a pesquisas que indicaram a inclinação de parte do eleitorado por uma suposta terceira via para o Governo do Estado. Tais pesquisas, segundo ele, o apontavam sempre como terceiro colocado na preferência do eleitorado. E é com essas informações que ele se diz decidido a entrar numa disputa em que, em vez de Edivaldo Jr., que não é afeito a confrontos abertos, enfrentará o governador Flávio Dino, um político forjado nas assembleias estudantis e hoje com estatura até para disputar a Presidência da República, segundo têm registrado analistas de quilate elevado da imprensa nacional. E também a ex-governadora Roseana Sarney, que tem como suporte quase 14 anos de Governo. E ainda o senador Roberto Rocha, que mesmo imerso em conflitos, é hábil no jogo discursivo.
Até agora, as posições partidárias caminham para a montagem de alianças, estando a maioria das principais agremiações (PCdoB, PDT, PT, DEM, PSB, PTB, PRB, PP, PPS, PROS, entre outras) já se alinhando ao projeto de reeleição do governador Flávio Dino, e outras caminham (PMDB, PV, Podemos, Avante, PSD, PTN, entre outros) para fechar com Roseana Sarney, podendo alguns nanicos se aliar ao PSDB em torno da candidatura de Roberto Rocha. É verdade que ainda não existe coligação formal e que os acertos serão ajustados até maio, mas é verdade também que negociações e acertos já estão em curso e que – pelo menos até aqui – nenhuma deles envolve o PMN de Eduardo Braide. Isso não significa que ele não venha reunir pequenos partidos ainda soltos e liderar uma gente que lhe dê algum tempo na TV.
Como revela a entrevista, Eduardo Braide é um político ousado, mas sua ousadia é sempre baseada em cálculos, e esses certamente não estão desenhando o cenário dos seus sonhos. Ele sabe também que um passo errado nesse momento pode prejudicar sua carreira promissora. Sabe ainda, e principalmente, que sua candidatura é, nesse contexto, um lance de altíssimo risco político, que pode levá-lo ao paraíso ou ao purgatório.
PONTO & CONTRAPONTO
Flávio Dino premia Rodrigo Lago ao deslocá-lo da Transparência para a Casa Civil
Não surpreendeu a decisão do governador Flávio Dino (PCdoB) de deslocar o advogado Rodrigo Lago, atual secretário de Transparência e Controle, para assumir a importante pasta da Casa Civil com a desincompatibilização do também advogado e ex-deputado Marcelo Tavares (PSB), que mais uma vez disputará uma cadeira na Assembleia Legislativa. Rodrigo Lago será uma espécie de chefe informal do “núcleo duro” que assessora o governador Flávio Dino. O papel do novo chefe da Casa Civil ganhará mais espaço e força com a saída do secretário de Comunicação Social e Articulação Política, jornalista Márcio Jerry, até aqui o mais próximo e influente membro da equipe do atual Governo.
Descendente de uma família que respira política – é filho do ex-deputado Aderson Lago -, Rodrigo Lago faz parte da elite de advogados da sua geração na qual o governador Flávio Dino foi buscar bons quadros para exercer postos-chave no seu Governo, a exemplo de Carlos Lula, que vem colocando nos eixos e dando eficiência ao complexo e desafiador Sistema Estadual de Saúde, e Antônio Nunes, que coordena as ações da máquina estadual no comando da Secretaria de Governo.
O remanejamento de Rodrigo Lago para a Casa Civil confirma o que já era visível por dois ângulos. O primeiro foi a sua consolidação da sua posição no chamado “núcleo duro” de assessores mais próximos do governador. O segundo é também uma demonstração de reconhecimento do chefe do Executivo ao amplo e bem sucedido trabalho de tornar ao atual Governo do Maranhão o mais transparente entre os governos estaduais de todo o País, conforme estudo de especialistas canadenses, realizado na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e apresentado semana passada durante um encontro nacional de Ouvidorias.
Além de Marcelo Tavares e Márcio Jerry, que será candidato à Câmara Federal, deixarão o Governo os secretários Adelmo Soares (Agricultura Familiar), deputado Neto Evangelista (de Desenvolvimento Social), Simplício Araújo (Indústria e Comércio), e Duarte Júnior, presidente Procon/Viva.
Em Tempo: Rodrigo Lago será o terceiro membro da sua família a ocupar a Casa Civil do Governo do Estado desde a reabertura democrática. O primeiro foi o diplomata e empresário – que implantou a Coca-Cola no Maranhão – Eduardo Lago, que foi o chefe da Casa Civil no primeiro ano do Governo de Epitácio Cafeteira (PMDB), de Janeiro de 1987 a Abril de 1990. E o segundo foi o então deputado estadual Aderson Lago (PDT), seu pai, que foi chefe da Casa Civil do Governo Jackson Lago (PDT), de Janeiro de 2007 a Maio de 2009.
Uso de cores partidárias em prédios públicos em São João Batista gera punição a prefeito
O prefeito de São João Batista, João Dominici (PSDB) está com bens indisponíveis até o valor de R$ 141 mil. Motivo: o prefeito mandou pintar os principais prédios públicos da cidade de amarelo e azul, as cores do partido dos tucanos, ignorando solenemente recomendação do Ministério Público no sentido de que não usasse tais cores na pintura das estruturas. De acordo com a Ação Civil Pública protocolada pela Promotoria de Justiça da Comarca, ao pintar os prédios com as cores do partido a que pertence, João Dominici “feriu o princípio da impessoalidade na administração pública”. O argumento foi acatado e o prefeito, punido. E não foi por falta de aviso. Em janeiro de 2017, iniciando o mandato, o prefeito mandou fazer a pintura. Foi alertado pela Promotoria de que estava ferindo tais princípios. Só que o prefeito esnobou o alerta e a recomendação. Em seguida, o MP requisitou a documentação relativa aos procedimentos licitatórios para a contratação da pintura. De novo o prefeito João Dominici deu de ombros e não respondeu. E por último, o MP recomendou que o prefeito pagasse do próprio bolso o trabalho para desfazer a pintura tucana. João Dominici não deu a mínima. Foi então acionado na Justiça, que acatou a proposta do MP e determinou o bloqueio de no mínimo R$ 141 mil em bens de João Dominici para bancar o trabalho de cobrir com outras cores as marcas tucanas em São João Batista. Pelo menos enquanto João Dominici for prefeito. Ele avisou que vai brigar contra a punição, que considera injusta.
Em Tempo: O que chama atenção nessa encrenca, que parece sem importância, é o fato de João Dominici ser um político com um respeitável lastro de experiência: engenheiro civil, foi por muitos braço direito de José Reinado Tavares no DNOCS, bem como secretário de Infraestrutura do seu Governo. Naquele período enfrentado graves acusações de desvio, que deram origem a uma CPI na Assembleia Legislativa, na qual travou um ácido pugilato verbal com o deputado Max Barros.
São Luís, 19 de Março de 2018.