Arquivos mensais: março 2016

Crise desembarca na Assembleia Legislativa e deputados se revezam na tribuna para defender Lula e Dilma e criticar juiz Moro

 

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Max Barros, Othelino Neto, Rafael Leitoa, Raimundo Cutrim e Zé Inácio: críticas ao juiz federal Sérgio Moro

A preocupação com a crise política nacional desembarcou de vez na Assembleia Legislativa do Maranhão, que, salvo uma ou outra manifestação isolada, vinha se mantendo distante dos embates no Congresso Nacional e das manifestações de rua, como se o País estivesse surfando na estabilidade. A surpreendente e traumática sequência de fatos ocorridos nesta semana, que culminou ontem com a deflagração efetiva do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), tirou o Legislativo estadual da quase indiferença em relação ao terremoto que vem colocando as instituições republicanas em xeque. Os deputados Rafael Leitoa (PDT), Othelino Neto (PCdoB), Zé Inácio (PT), Raimundo Cutrim (PCdoB) e Max Barros (PMDB) ocuparam a tribuna para avaliar a crise política que mergulhou o Brasil numa tormenta de desfecho absolutamente imprevisível. Os três primeiros assumiram enfaticamente a defesa da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, criticando fortemente as decisões do juiz Sérgio Moro. Sem se posicionar abertamente a favor dos líderes petistas, avaliaram a situação como muito grave. O deputado Max Barros fez um discurso desapaixonado e com os pés no chão, montando uma radiografia equilibrada do quadro nacional.

A romaria dos governistas na tribuna foi iniciada pelo deputado Rafael Leitoa, um militante brizolista forjado no movimento estudantil. Ele criticou duramente a suspensão do sigilo das gravações de conversas de Lula, principalmente a que o ex-presidente conversa com a presidente Dilma Rousseff. “Primeiro quando aquele áudio chegou até mim nem acreditei, pensei até que fosse talvez uma imitação ou coisa desse tipo, porque na verdade um áudio daquele ser vazado da forma que foi, a gente começa a desconfiar de todo esse processo da Operação Lava Jato no que diz respeito ao Presidente Lula”, observou. E explicou que não fazia ali apenas a defesa de Lula ou do PT, mas “fazendo a defesa dos preceitos constitucionais e que regem o estado democrático de direito”. Para o deputado Rafael Leitoa, “o juiz Sérgio Moro extrapolou todos os limites legais e constitucionais. O que nós temos que defender irrestritamente é a nossa Constituição, que custou a vida de milhares de brasileiros para que ela fosse aprovada”, destacou.

Na mesma linha, o deputado Othelino Neto (PCdoB), 1º vice-presidente do Legislativo, que presidia a sessão, fez a seguinte avaliação: “Isso que está acontecendo no Brasil é muito sério e nós não sabemos quais são as implicações, quais serão os resultados depois de todas essas intervenções e de todos esses excessos cometidos não só por políticos da oposição, mas os políticos estão cumprindo aí um papel de oposição, mas em especial pelo juiz Sérgio Moro, que extrapola suas funções de juiz a ponto de rasgar a Constituição Federal do Brasil”. E acrescentou: “Vejo e destaco as palavras do governador Flávio Dino (PCdoB), que poderia estar calado, que tem tido uma posição muito clara, uma posição de quem se preocupa com a história do país, de quem presenciou momentos obscuros da história nacional e que preza pelo Regime Democrático, preza pelo Estado Democrático de Direito. O juiz Sérgio Moro começou a errar quando da condução coercitiva do presidente Lula, e ontem chegou ao limite de expor nacionalmente uma fala do ex-presidente Lula com a Presidenta da República, Dilma Rousseff.

De volta à Assembleia depois de quatro meses de licença, o deputado Raimundo Cutrim (PCdoB), que é delegado da Polícia Federal e secretário de Estado da Segurança Pública e agora aposentado, mas tem autoridade para falar do assunto fez a seguinte avaliação: “Hoje estamos vivendo uma situação gravíssima no país e, principalmente, uma instabilidade jurídica muito grande. Hoje praticamente quem manda no país é o Poder Judiciário, pois o Legislativo e o Executivo praticamente não existem e isto é muito grave para a Democracia”. Cutrim foi mais longe: “O que a gente ouviu ontem, a fala da Presidente Dilma em relação ao ex-presidente Lula, foi um fato grave. O juiz Moro está fazendo um excelente trabalho de investigação, juntamente com o Ministério Público e a Polícia Federal e estamos todos acompanhando e torcendo para que se esclareçam todos esses fatos. Agora o que foi feito ontem foi gravíssimo, divulgar a fala da Presidenta Dilma, e aqui estamos falando da Presidente, da representante do país e estamos criando com isso, ele está criando uma instabilidade política muito grande para o estado do Maranhão e para o Brasil, e internacionalmente. Pois ali é a fala da Presidente da República, que não é a Dilma, é a representante máxima do país. Ali está expondo é o país, a desmoralização nacional e internacional”.

Raimundo Cutrim aproveitou para dizer, em tom de denúncia, que no Maranhão, os promotores de Justiça investigando deputados. E se sabe que para investigar um deputado, para se investigar uma pessoa, que tem prerrogativa de foro, precisa de autorização do Judiciário, do Tribunal de Justiça e não é do juiz, é do colegiado. E aqui hoje continua ainda o Ministério Público, os promotores investigando os deputados. Isso é grave! Que aqui o presidente da Assembleia tem que tomar um posicionamento. Vamos cumprir a lei. Um crime não justifica outro.

Um dos mais preocupados com a crise é o deputado Zé Inácio (PT), defensor  transigente do Governo Dilma e da figura do ex-presidente ontem E hoje o que faz muitos dos deputados se manifestarem, muitas das autoridades deste país se manifestarem é porque chegamos a um limite. A um limite não só de aceitação do absurdo cometido por ato de um juiz que tem que cumprir a Lei, mas porque estamos à beira de sepultar a nossa Constituição Federal, o Estado Democrático de Direito, o reconhecimento às nossas instituições, porque agora entramos no vale tudo. E o “vale tudo” prevalece quando há um total desrespeito às Leis.

Na opinião do deputado petista, “Sérgio Moro decretou a sua própria suspeição, na medida em que ele cometeu aquele ato simplesmente para dar resposta à oposição. Isso é interpretação dele, pura e simples interpretação, sem nenhum respaldo legal ou constitucional. E por isso ele quebrou o sigilo e divulgou para a imprensa noticiar e fazer todo aquele show pirotécnico para incendiar, convulsionar a população do nosso país. E não podemos nos calar perante isso”.

A surpresa ficou por conta do deputado Max Barros (PMDB), que avaliou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem trabalhado no sentido de assegurar a solidez das instituições. “Mas acho que no momento em que vivemos falar que impeachment é golpe, é um equívoco, na minha interpretação é um equívoco muito grande. Por quê? Porque todas as Instituições, todos os países democráticos têm de ter uma cláusula que se o gestor cometer um equívoco, for contra a lei ele possa ser retirado. Deputados podem ser cassados, senadores podem ser cassados, é lógico que o Presidente da República, dentro da Constituição, se cometer irregularidades ele também pode e deve ser afastado”, disse.

Acrescentando, em seguida, estar convencido de que a presidente da República cometeu crime de responsabilidade e prevaricação em vários casos. “Aliada a toda essa questão, nós vemos que a presidente Dilma não tem nenhuma vocação para o diálogo, ao contrário do Presidente Lula, não conversa com os interlocutores, não conversa com  os operários, com os empresários, com a classe política e se vê essa circunstância de que ela hoje, mesmo se quisesse, não teria condições políticas para apresentar um projeto no Brasil. E finalizou assinalando que impeachment é previsto na Constituição  e, no meu entendimento jurídico, ela infringiu as leis da Lei do Impeachment, infringiu a Constituição ao desrespeitar o Orçamento do Brasil. E esse desrespeito do orçamento Brasil teve  implicações graves para a população Brasileira gerando desemprego e a queda do poder econômico do povo Brasileiro. Então, eu acho e não defendo a raiva, o ódio, a questão tem que ser tratada dentro das instituições. Primeiro, formaliza o Impeachment, depois o Congresso que representa o povo brasileiro vai analisar e julgar sobre a presidência do presidente do Supremo. Se todo esse trâmite for feito, acho que esse é o caminho para o Brasil.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Oito deputados maranhenses na Comissão do Impeachment, três titulares e cinco suplentes
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João Marcelo, Júnior \marreca e Weverton Rocha: titulares

Três deputados maranhenses serão compõem a Comissão Especial que analisará o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, cuja composição foi definida e aprovada no início da noite de ontem, um dia considerado histórico. Outros cinco integram a lista dos suplentes.

Os titulares são João Marcelo de Souza (PMDB), Júnior Marreca (PEN) e Weverton Rocha (PDT). Os suplentes são Alberto Filho e Hildo Rocha (PMDB), Pedro Fernandes (PTB), Cléber Verde (PRB) e Aloísio Mendes PTN.

João Marcelo de Souza é linha de frente do Grupo Sarney e integrante destacado da fatia do PMDB. Sociólogo por formação, faz parte da corrente que ainda mantém algum relacionamento com a presidente Dilma. É independente, mas nesse caso votará de acordo com a orientação do pai, o senador João Alberto (PMDB).

Júnior Marreca (PEN) é independente e foi duas vezes prefeito de Itapecuru Mirim e tem boa relação com o Governo. Deve votar contra o impeachment da presidente Dilma.

Weverton Rocha é líder do PDT e um dos deputados mais influentes integrantes da Câmara Federal, posição que solidificou quando assumiu o comando da bancada. É quase 100% certo que votará contra o pedido de impeachment, posição que já vem demonstrando quando classifica o processo de “golpe”.

 

Sérgio Frota decide se fica ou sai no PSB
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Frota mantém projeto de ser candidato a prefeito

O deputado estadual Sérgio Frota deve decidir nos próximos dias se permanece no PSDB e tenta ser candidato a prefeito de São Luís pelo partido dos tucanos – o que para muitos é impossível – ou procura uma agremiação que o acolha e lhe assegure a vaga de candidato ao Palácio de la Ravardière. A conversa mais avançada que mantinha até ontem era com o comandante estadual do PSL, mas o parlamentar tem outras alternativas em estudo, entre elas a de permanecer na agremiação. Frota garante que será candidato a prefeito da capital, porque acredita que pode ter um bom desempenho nas urnas, além de elevar o nível do debate durante a campanha.

 

São Luís, 17 de Março de 2016.

Dino critica decisão de Moro em relação à Dilma e Lula, e dá mostra de que está muito preocupado com a crise

 

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Dino mantém critica a decisões de Moro

“Há limites legais que, quando quebrados, resultam em grandes erros, infelizmente é o que, neste momento, acontece com a Operação Lava Jato. Muito difícil que a legalidade dessa interceptação telefônica seja confirmada quando do exame sereno e técnico das provas daí advindas. Tenho desde o início apontado a importância da Lava Jato. Mas as regras constitucionais e processuais não podem ser quebradas. Lamento muito. Chegamos a uma grave crise institucional. Sem serenidade, difícil sair dela sem a destruição do Estado Democrático de Direito”.

A nota, publicada no twitter, foi a reação do governador Flávio Dino (PCdoB) à decisão do juiz Sérgio Moro, que comanda a Operação Lava Jato, de quebrar o sigilo e, assim, tornar públicas conversas telefônicas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, entre elas uma ocorrida no inicio da tarde de ontem, na qual a presidente informa ao seu antecessor que está lhe encaminhando o ato da nomeação dele para a chefia da Casa Civil. O áudio caiu como uma ogiva de muitos megatons no meio político e causou forte repercussão em todo o País, empurrando a crise política que abala o País ao seu momento mais dramático.  Coincidência ou não, a divulgação da conversa ocorreu no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgava os embargos interpostos pela presidência da Câmara  Federal em relação às regras do impeachment, injetando ânimo forte nos partidários do impedimento da presidente, o que agravou ainda mais o clima de tensão dentro do Congresso Nacional.

O governador manteve, de maneira serena, mas contundente, a mesma posição que manifestara na semana passada, quando criticou a decisão do juiz Sérgio Moro de levar coercitivamente o ex-presidente Lula para depor, há duas semanas. Ontem, Moro voltou a atingir o ex-presidente ao quebrar o sigilo das interceptações telefônicas autorizado pelo próprio magistrado, num ato visto por Dino como ilegal e atentatória ao Estado Democrático de Direito.

Ao reagir com os mesmos argumentos aos fatos que sacudiram o Brasil nas últimas 48 horas, o governador Flávio Dino tem, de fato, exercido um papel importante como líder político. Enquanto a maioria dos governadores prefere manter-se distanciada do grande embate, atuando somente nos bastidores, o chefe do Governo maranhense tem participado diretamente do processo, manifestando posições firmes e, para muitos, ousadas em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff. Escudado na sua cultura jurídica e na experiência de ex-magistrado federal e ex-deputado federal, o governador é um dos que enxergam e denunciam tentativa de “golpe” no pedido de impeachment da presidente da República.  Dino e o PCdoB acham que, além de ilegal, por não ter fundamento, o impeachment poderia acirrar os ânimos da sociedade e, mergulhar o País numa onda de violência. “É o que aconteceria se houvesse essa insanidade do impeachment. É algo tão irresponsável, tão absurdo, que eu não consigo imaginar que isso passe a sério pela cabeça de alguém”, declarou o governador em recente entrevista ao portal de notícia 274.

Nas suas manifestações em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff e na pregação pela abertura de um amplo diálogo para resolver a crise política, o governador do Maranhão tem encontrado espaço para também criticar o Governo federal no que respeita à política econômica. Dino bate forte no ajuste excessivamente draconiano no que se refere ao corte de gastos é ruim para o País, e defende a adoção de medidas mais ousadas para reativar a economia em curto prazo, e outras que garantirão mais receita e melhor distribuição de renda, como a taxação das grandes fortunas. O governador tem sido também um defensor insistente da renegociação da dívida dos estados e municípios, que estão amargando duramente as consequências da falta de recursos.

O problema é que os últimos acontecimentos levaram a crise ao que muitos políticos experientes avaliam como o seu ponto mais grave, o que pode tornar irreversível o processo de impeachment e, consequentemente, o impedimento da presidente Dilma Rousseff. Tanto que na sua nota de agora, diferentemente das anteriores, o governador do Maranhão não insiste na proposta de diálogo para superar a crise, mas faz um apelo pela “serenidade”. Ao trocar a proposta de diálogo pelo apelo à serenidade, o governador Flávio Dino dá uma clara demonstração de que está efetivamente temeroso de que a “insanidade” do impeachment está de fato a caminho e com sérios riscos de mandar a presidente da república para a casa.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Congressistas maranhenses acham que Dilma cairá

A Coluna ouviu ontem à noite quatro congressistas maranhenses sobre o agravamento da crise política e os seus desdobramentos. Todos falaram em “off the record”, e pedindo para manter o sigilo da fonte. Os quatro disseram basicamente a mesma coisa, usando praticamente as mesmas expressões. Em primeiro lugar, todos acham que o agravamento da crise tornou o processo de impeachment irreversível, tendo os quatro deram como certo que a presidente Dilma será defenestrada do Palácio do Planalto e mandada para casa com os direitos políticos suspensos por oito anos. Os mesmos congressistas acreditam no poder político e de sedução do ex-presidente Lula, avaliando que, apesar das condições extremamente adversas, ele poderá recompor minimamente a base hoje esfacelada e dar um novo rumo político ao Governo. Sob o argumento de que a crise é política Enxergam a possiblidade – muito remota – de que sejam adotadas de algumas medidas que possam estancar e até mesmo reverter a crise econômica, acreditando que, apesar das reações de ontem nas ruas, Lula vai comandar a Casa Civil e poderá dar uma guinada radical no Governo e, com isso, frear a crise política. Uma convicção: o problema do País hoje chama-se Dilma. Se ela sair ou for tirada, o Brasil encontrará rapidamente o caminho da estabilidade. Se ela continuar, ninguém.

 

Rigo Teles assume a liderança do PV na Assembleia Legislativa
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Rigo Teles: agora líder do PV

O PV mudou de comando na Assembleia Legislativa. Numa decisão inesperada e que surpreendeu a Casa, o deputado Adriano Sarney, que havia sido escolhido para liderar a bancada, resolveu abrir mão do posto de líder para repassá-lo ao experiente decano da Casa, deputado Rigo Teles. Mesmo tendo sido feita com boa vontade, a mudança não foi um gesto de benevolência do deputado Adriano Sarney. Ela aconteceu por puro pragmatismo. O primeiro porque o deputado Rigo Teles, que está no seu quinto mandato, se deu conta de que não teria muito futuro como regra três no PV e estava em busca de um novo partido. Entregar-lhe a liderança foi o gesto que o comando do partido encontrou para segurá-lo na agremiação, onde já está há dois mandatos. A situação da bancada do PV, formada por quatro deputados – Adriano Sarney, Edilázio Jr. Hemetério Weba e Rigo Teles – é complicada. Os dois primeiros fazem dura oposição ao Governo Flávio Dino. Os outros dois integram informal, mas efetivamente, a base do Governo no Legislativo. Como líder, Adriano Sarney manteria seu discurso contra o Governo. Já Rigo Teles terá uma porta aberta no Palácio dos Leões, que pode ser muito útil aos quatro deputados. “Aceitei ser o líder do PV para manter o diálogo com o Governo, que já tem o meu apoio”, disse o deputado Rigo Teles, do alto da sua experiência de cinco mandatos, conseguidos à base de uma ação política de resultados, que leva em conta primeiro os problemas da região que o apoia, a começar por Barra do Corda.

 

 

Bira do Pindaré fala duro, diz que não abre mão da candidatura a prefeito , critica Eliziane e indica que a briga vai ser renhida no PSB

 

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Bira do Pindaré diz que candidatura é irreversível

A julgar pelo teor e a segurança do pronunciamento que o deputado Bira do Pindaré (PSB) fez ontem ao retomar sua cadeira na Assembleia Legislativa e anunciar, em alto e bom tom, que é candidato irreversível à Prefeitura de São Luís, a corrida para o Palácio de la Ravardière deste ano será uma das mais movimentadas e saudáveis dos últimos tempos. A entrada no páreo parlamentar socialista, ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, deve elevar expressivamente o nível da disputa. Tudo leva a crer que será uma corrida com a participação de candidatos que representam as diversas correntes da mais nova geração da política maranhense, o que infalivelmente resultará no isolamento de medalhões que já não se encaixam nesse novo momento da política estadual. A se confirmar esse cenário de renovação política, a grande disputa será travada entre o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), a deputada Eliziane Gama (Rede), Bira do Pindaré (PSB), Andrea Murad ou Fábio Câmara (PMDB), Sérgio Braga (PSDB), Rose Sales (?), Raimundo Pedrosa (PSOL), um grupo de políticos que muito pode acrescentar à vida de São Luís no grande debate a ser travado ao longo da campanha.

Independente da arenga que movimentam o PSB e põem em risco sua candidatura pelo partido, o deputado Bira do Pindaré demonstrou que é um candidato com visão e preparo para disputar a Prefeitura por qualquer agremiação. Com um lastro político sólido e uma experiência eleitoral consolidada na Capital, Bira do Pindaré fez uma declaração que dá bem a medida da sua disposição para concorrer: “Nasci em Pindaré, mas São Luís é a minha cidade. Foi aqui que cresci, estudei, me formei e fiz a minha militância política. Conheço os seus problemas, porque os vivi na pela durante a minha vida. Ninguém precisa me contar o que precisa ser feito em São Luís. Eu sei o que precisa ser feito”, declarou com segurança surpreendente.

O deputado – que nasceu no PT, mas deixou o partido por não concordar com a aliança com o PMDB – mostrou que é um político focado, que tem noção exata do que diz e dos movimentos políticos que protagoniza. Tanto que deixou o governo no momento em que seu trabalho começa a dar frutos, com a inauguração dos três primeiros IEMAs, entre eles o implantado nas instalações do antigo Colégio Maristas, no centro de São Luís. Poderia continuar secretário durante mais dois anos e se consolidar como bom gestor, mas preferiu tentar viabilizar um projeto que sabe ser muito difícil, que é chegar à Prefeitura de São Luís, num movimento político sinuoso, arriscado, que pode vir a ser bem sucedido, mas que também pode significar um tombo de difícil recuperação. Mais ainda quando o primeiro grande obstáculo garantir a vaga de candidato do PSB, que lhe foi oferecida, mas que hoje lhe estão querendo negá-la.

Chamou a atenção, ontem, o tom com que Bira do Pindaré falou do imbróglio partidário. Ao invés do pré-candidato inseguro, cauteloso, do orador com medo de queimar a língua, o que se viu foi um pré-candidato falando firme, cobrando o que considera um direito e lembrando que não pediu para ser candidato do partido a prefeito de São Luís, mas que foi o partido que o fez seu candidato, e que dessa prerrogativa ele não abre mão. Estranhou, de maneira enfática e desafiadora, que a deputada Eliziane Gama esteja cogitando entrar no PSB e ser candidata do partido  sem ter-lhe dado sequer um telefonema, lembrando que em 2012 foi único a ficar ao lado dela em 2012. E arrematou dizendo que se ela se converter ao socialismo ligth por via transversa, estará praticando um ato de covardia e de desrespeito à sua história. E avisou, reiteradas vezes, que não abre mão de ser o candidato do PSB à Prefeitura de São Luís.

O discurso e o posicionamento político funcionaram com o uma espécie de aviso de que o deputado Bira do Pindaré é um candidato a ser levado em conta. Ainda embalado pela histórica votação que recebeu em São Luís como candidato ao Senado em 2006, quando derrotou o legendário Epitácio Cafeteira (PTB) e o “bom de voto” João Castelo (PSDB) juntos em São Luís, Bira do Pindaré disse que não pode fugir a uma candidatura na Capital. Será, portanto, um candidato a entrar na briga em condições de enfrentar o prefeito Edivaldo Jr., Eliziane Gama, Andrea Murad ou Fábio Câmara, Sérgio Frota e todos os demais de igual para igual.

Em tempo: horas depois de Bira do Pindaré mandar seu recado na Assembleia Legislativa, a TV exibiu vezes uma propaganda do PSB na qual o senador Roberto Rocha falou de um projeto para, segundo ele, revolucionar a economia do Maranhão. O tom da fala do senador do PSB passa a impressão de que se afasta do governador Flávio Dino para trilhar voo próprio, que também não inclui apoiar q candidatura de Pindaré a prefeito.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Mesa da Assembleia: aliados e adversários são recebidos por Flávio Dino no Palácio dos Leões
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O governador Flávio Dino reunido com Humberto Coutinho, deputados e secretários

Liderada pelo presidente Humberto Coutinho (PDT), a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa eleita para o biênio 2017/2018, foi ontem formalmente apresentada ao governador Flávio Dino (PCdoB), em audiência no Palácio dos Leões à qual compareceram também os secretários de Estado da Casa Civil. Marcelo Tavares que já presidiu o Poder Legislativo, e o de Comunicação e Articulação Politica, Márcio Jerry. Compareceram todos os nove deputados membros eleitos para a nova Mesa Diretora, quais sejam: Presidente – Humberto Coutinho (PDT); 1º Vice-Presidente – Othelino Neto (PC do B); 1º Secretário, Ricardo Rios (PEN); 2º Vice-Presidente – Fábio Macedo (PDT); 2º Secretário – Stênio Rezende (DEM); 3º Vice-Presidente – Josimar de Maranhãozinho (PR); 4º Vice-Presidente, Adriano Sarney (PV); 4º Secretário – Nina Melo (PMDB). O presidente Humberto Coutinho justificou a presença da Mesa Diretora recém eleita como uma visita de caráter institucional ao chefe do Poder Executivo, durante a qual ele reafirmou o compromisso de que os dois Poderes trabalhem em harmonia e parceria na defesa dos interesses do Maranhão. “Foi um momento muito importante porque se manifestou e se renovou a vontade recíproca de manter-se o relacionamento harmonioso entre o Poder Executivo e o Legislativo”, acrescentou. O que chamou a atenção na visita foi a presença do deputado Adriano Sarney (PV), o mais duro adversário e crítico do Governo Flávio Dino, e a deputada Nina Melo (PMDB), que faz uma oposição moderada, mas mantém o discurso anti-governista. A audiência, porém, transcorreu em clima de muita descontração e civilidade política.

 

Desvio em Bacabal e água suja em Timon

Dois discursos feitos ontem na Assembleia Legislativa – um pelo deputado Roberto Costa (PMDB) e outro pelo deputado Alexandre Almeida (PSD) – produziram uma ideia interessando de como estão avançando o embate eleitoral em municípios como Bacabal e Timon.

roberto costa 8Em franca caminhada na direção da prefeitura de Bacabal, o pemedebista Roberto Costa fez ontem, na tribuna, uma forte denúncia contra o prefeito José Alberto, que deve ser candidato á reeleição. Roberto Costa relatou ao plenário do Legislativo o genro e a filha do prefeito seriam os verdadeiros proprietários de uma empresa contratada pela Prefeitura para construir calçadas e meio fio em ruas onde máquinas e trabalhadores até agora não chegaram, apesar de a Prefeitura já haver efetuado pagamentos de mais de R$ 1 milhão. ”É um escândalo”, bradou o pemedebista, acrescentando que “o prefeito está beneficiando seus parentes como se a Prefeitura fosse de sua propriedade”. Roberto Costa informou aos deputados que vai levar o caso ao Ministério Público, por estar convencido de que parentes do prefeito estão sendo fortemente beneficiados com dinheiro público.

alexandre almeida 3Já o deputado Alexandre Almeida (PSD), candidato assumido á prefeitura de Timon, subiu à tribuna com duas garrafas de plástico contendo uma agua escura, que segundo ele está sendo consumida pela população timonense. Para lembrar: o abastecimento de água de Timon é hoje feito por uma empresa privada, mediante contrato firmado com a prefeitura por meio de licitação. Há tempos Alexandre Almeida vem batendo na tecla de que o contrato é ilegal e que o serviço prestado pela empresa deixa a desejar. Ontem. Ele levou a denúncia a um grau de confronto, principalmente quando, ao exibir o frasco com a água suja, sugeriu que ela fosse ingerida pelo deputado Rafael Leitoa (PDT), primo e defensor do prefeito Luciano leitoa (PSB).  Foi um momento curioso e que certamente vai entrar para o folclore da política estadual.

 

São Luís, 16 de Março de 2016.

Chefes de Poder do Maranhão dizem que a crise é grave e esperam uma solução rápida e sem traumas para o país.

 

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Flávio Dino, Humberto Coutinho e Cleones Cunha: preocupação com a crise, mas com reações diferentes sobre como resolvê-la

Há divergências sobre se o domingo de protestos país a fora, que levou ao menos quatro milhões de brasileiros às ruas em protestos pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a prisão do ex-presidente Lula e a defenestração do PT do poder foi o “Dia D” para a traumática crise política que inferniza o Brasil. Há quem avalie que o 13 de Março foi um marco a partir do qual o Governo Dilma/PT entrou em contagem regressiva para chegar ao fim com o impeachment da chefe da Nação em no máximo dois meses; há os que avaliam que a agonia do Governo pode ser prolongada por alguns meses e com algum alívio eventual; e há também os que preveem, com alguma convicção, que a presidente, que enfrentou pau-de-arara e sevícias na ditadura, tem garra para suportar o terremoto e sobreviver por muito mais tempo. Mas enquanto não surgem evidências mais nítidas do que vem por aí, a classe política maranhense encontra-se com todas as suas antenas ligadas, especialmente os chefes de Poder, que recebem mais diretamente os impactos da crise. O governador Flávio Dino (PCdoB), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), e o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Cleones Cunha, cada um a seu modo, estão preocupados com a situação atual do país. Eles apostam numa solução rápida que devolva ao Brasil a estabilidade política e a retomada do processo econômico.

Aliado de proa da presidente Dilma, cujo mandato defende com discurso lucido e corajoso, o governador Flávio Dino acompanhou as manifestações com a atenção que tem dedicado à crise política. De acordo com uma fonte com trânsito no Palácio dos Leões, o governador não se surpreendeu com o fato de que grandes, médias e pequenas manifestações foram realizadas em pouco mais de 200 dos mais de cinco mil municípios brasileiros, e de que no Maranhão ocorreram protestos apenas em São Luís, Imperatriz e Balsas. Na observação da mesma fonte, o governador avalia a crise como muito grave, mas acredita que ela pode ser resolvida pela via do diálogo. Flávio Dino tem cobrado da presidente Dilma medidas econômicas mais ousadas, fugindo da crueza do ajuste proposto pela corrente neoliberal que integra o governo.  O governador maranhense classifica de “golpe” o processo de impeachment da presidente em curso no Congresso Nacional e acha que é chegada a hora de a presidente Dilma mobilizar todas as forças e convocar todos os segmentos da política nacional para redesenhar o cenário da crise buscando uma saída sem traumas.

A evolução e as incertezas quanto aos desdobramentos da crise invadiram há tempos os bastidores da Assembleia Legislativa, onde os deputados se mantêm atentos aos acontecimentos. Ali, o presidente Humberto Coutinho observa o cenário nacional com forte preocupação, avaliando que “ninguém sabe o que vai acontecer”, depois que conversou ontem com diversas fontes avançadas da política estadual. Diante do cenário, o presidente do Legislativo se mostra convencido de que haverá mudanças no país. Não consegue ainda mensurar a extensão delas, mas não tem dúvida de que estão a caminho. Humberto Coutinho acha que o ponto mais grave da crise são as consequências do seu viés econômico. A quebra da economia, com a interrupção do processo de crescimento, gera instabilidade, insegurança e insatisfação em todos os segmentos e níveis da sociedade. Tanto que, na sua avaliação, se a crise econômica corta emprego e renda, reduz a receita de impostos, reduzindo as ações dos governos estaduais e asfixiando os municípios. Ao mesmo tempo, assinala que a raiz e a solução da crise econômica é a crise política.  E do alto da sua experiência, o presidente da Assembleia Legislativa vaticina: “Se resolvermos a crise política agora, em poucos meses o país voltará a crescer”.

Numa outra realidade, onde as trombetas da política são apenas ouvidas, o presidente do Poder Judiciário, desembargador Cleones Cunha, acompanha a crise com atenção redobrada, mas sem emitir, como chefe de Poder, juízo de valor sobre o que está acontecendo no país. Admite que como magistrado-dirigente e como cidadão acompanha a situação e entende que o quadro “é delicado”, e acredita que a solução tem de sair de um amplo entendimento político. Um dos mais experientes magistrados do Maranhão, oriundo inclusive de família política de Tuntum, o desembargador-presidente Cleones Cunha mantém intacta a regra segundo a qual magistrado – principalmente no comando do Poder – não deve emitir opinião acerca de crises políticas. “O que posso dizer é que, como chefe de Poder, a crise me preocupa, mas não me cabe apontar culpados nem emitir opiniões contra ou a favor. Com o cidadão, acho que chegou a hora de resolver a situação. Se isso vai ser resolvido com diálogo, com impeachment ou sem impeachment, eu não sei. Só quero que se resolva logo, para que a Nação volte a viver em paz”, declarou o presidente do Tribunal de Justiça.

A crise é, de fato, fator de intranquilidade de todos, e o seu desfecho é aguardado com ansiedade e expectativa mesmo nas esferas onde muitos acreditam que não existe preocupação.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Conversão do empresário e ex-prefeito Ildon Marques ao socialismo é bom negócio para o PSB
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Rocha conseguiu converter Marques ao socialismo ligth

A grande novidade do cenário politico do Maranhão nos últimos dias é a iminente filiação do ex-prefeito de Imperatriz, empresário Ildon Marques. Não é boato, é informação verdadeira, já que ele próprio in formou a uma emissora de rádio tocantina que recebeu e aceitou convite que lhe foi feito pela direção nacional do partido. O convite a Ildon Marques foi, na verdade, uma articulação do senador Roberto Rocha, mostra que o PSB abrandou seu rigor ideológico desde que foi refundado no Brasil pelo legendário líder pernambucano Miguel Arraes, avô do ex-governador Eduardo Campos, que vinha democratizando os postulados da agremiação. Não que Ildon Marques não guarde alguma identificação com o PSB, mas ele até agora não havia deixado transparecer qualquer traço de esquerda no seu perfil político ao longo da sua trajetória empresarial e política. Para começar, Ildon Marques é um dos homens mais ricos da região que abraça o sul do Maranhão, leste do Tocantins e do oeste do Pará. O carro-chefe do seu grupo empresarial é a cadeia de lojas de eletrodomésticos Liliane, à qual se somam supermercados, fazendas e outros empreendimentos, que podem ser encontrados até no Ceará e em Goiás. Marques despontou na política nos anos 80, quando foi candidato a deputado federal e a vice-governador na chapa de João Castelo em 1990. Entrou para o Grupo Sarney filiando-se ao PMDB, e assumiu, em 1995, o comando de Imperatriz como interventor nomeado pela então governadora Roseana Sarney (PMDB), que interveio no município para encerrar o domínio de uma turma da pesada que tinha por trás o então ex-deputado e ex-prefeito Davi Alves Silva. Homem com boa formação, dotado de uma boa base cultural, Ildon Marques revelou que, além de empresário bem sucedido, é também um bom administrador público, haja vista o bom trabalho que realizou na Prefeitura de Imperatriz. O político defende posições de centro, podendo ser identificado como um militante de centro-direita. O bom trabalho que realizou com o interventor lhe deu dois mandatos seguidos como prefeito eleito. Foi suplente de senador – chegou a exercer o mandato por meses – e perdeu para o seu arquirrival Sebastião Madeira (PSDB), em 2008, a terceira eleição que disputou para a Prefeitura da Princesa do Tocantins. Todos os observadores da cena política de Imperatriz o veem como favorito na disputa deste ano, sendo o único com cacife para bater a candidata assumida do PDT, Rosângela Curado, e o provável candidato do PCdoB, deputado Marco Aurélio. Se ele vier a se converter ao socialismo ligth do PSB, o grande ganhador será o partido, porque terá um quadro de peso, eficiente, respeitado e politicamente confiável.

 

Bira do Pindaré volta, Fernando Furtado sai
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Bira reassume e Furtado volta à suplência

Bira do Pindaré reassume hoje sua cadeira na Assembleia Legislativa, depois de, como secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, haver deflagrado o grande projeto dos Iema, um dos xodós do governador Flávio Dino. Volta à lida parlamentar para viabilizar sua candidatura à Prefeitura de São Luís, que só depende do partido. O único obstáculo, que se tem se revelado complicado, é o senador Roberto Rocha, que controla o PSB de São Luís e não quer Bira do Pindaré como candidato, preferindo filiar e lançar a deputada federal Eliziane Gama. O deputado conta o apoio assumido do presidente regional da agremiação, prefeito Luciano Leitoa (Timon) e com o aval do deputado federal e ex-governador José Reinaldo Tavares, que já apoiou a candidatura de Eliziane Gama, mas reviu sua posição quando se convenceu que Bira do Pindaré poderia mesmo ser o0 candidato. O ex-secretário vai travar uma guerra das boas contra o senador, e nos bastidores corre que ele, Bira do Pindaré, tem o aval do comando nacional do partido e do Palácio dos Leões.

Fernando Furtado volta hoje à vida de sindicalista depois de um ano e dois meses como deputado estadual. Velho e convicto batalhador nas lides sindicais, nas quais aprendeu o jogo pesado das disputas, construiu também uma trajetória como militante comunista, se destacando ainda pelo temperamento forte e uma firme capacidade de dizer o que pensa, não importa as consequências. E foram essas últimas características que o celebrizaram nesses meses de parlamento. Bateu forte no seu principal adversário, o deputado Junior Verde (PR), como ele envolvido com o movediço e complicado mundo da pesca, por muitos apontado como um antro de corrupção. Fernando Furtado penso assim também, tanto que denunciou várias vezes o deputado do PR. Outra vez, no afã de bater nos Serra, seus adversários em Pedro do Rosário, fez um discurso em que mostrava índios da região como vítima, chegando ao ato falho de chamar os silvícolas de “frouxos”, que “parecem uns veadinhos”. O destempero verbal caiu nas redes sociais e alcançou ONGs europeias, que num evento lhe deram o título de “racista do ano”, um presente e tanto para os seus adversários. E finalmente, ganhou outra vez os holofotes quando disse também em discurso, que um deputado ligado a um membro do Tribunal de Justiça vendia sentença, causando um escândalo nos bastidores do Poder Judiciário. Foi execrado por quem não leu corretamente os seus destemperos verbais. Mas ganhou o respeito dos que fizeram uma leitura cuidadosa dos fatos e descobriram nele um homem de princípios, que prima pela verdade e que não tem medo de dizer o que pensa. Vai fazer falta no plenário Nagib Haickel.

São Luís, 14 de Março de 2016.

ESPECIAL: José Reinaldo não vê solução para a crise, e como outros líderes, avalia que o governo da presidente Dilma chegou ao fim

 

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José Reinaldo: uma visão real da situação do país

“A situação do país é muito complicada e não pode se prolongar mais, porque o governo da presidente Dilma não tem mais base política para sobreviver”. A avaliação é do deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), ex-governador do Maranhão e um dos mais experientes integrantes da Câmara Federal, o que lhe dá a condição de observador privilegiado do tenso processo político em curso no país. Com a autoridade de quem vive dentro do furacão que ganha volume e força a cada dia no cenário político nacional, José Reinaldo avalia que o governo perdeu o apoio da sua base, incluindo PMDB, e não detém força parlamentar para garantir a aprovação de projetos “salvadores”, como a CPMF, por exemplo. “O governo infelizmente perdeu tudo, não tem mais as condições políticas”, avalia o ex-governador, prevendo que, sem essa base, a presidente Dilma Rousseff não se sustentará no cargo. A avaliação do deputado socialista, que conhece o caminho das pedras de Brasília e compreende como poucos o movimento das correntes políticas que dominam o país, ajuda a entender como a crise está evoluindo, qual é o seu limite e o que pode acontecer nos próximos tempos.

O deputado José Reinaldo Tavares manifestou suas impressões em conversa com a Coluna, durante a qual desenhou o complicado e tenso cenário nacional e avaliou a situação do PSB, que também passa por uma situação de crise. Na sua visão, a crise política, pressionada pelo desastre econômico, chegou ao limite, a começar pelo fato de que o governo perdeu todas as condições políticas para negociar qualquer projeto que, em tese, poderia ajudar a reverter o cenário. “A CPMF, por exemplo, não tem a menor condição de ser aprovada em meio a essa crise. O governo não conta mais com uma base de apoio que possa lhe dar maioria de votos. Hoje, por exemplo, a maioria do PMDB já é oposição”, avalia.

Com base nas conversas que vem tendo com líderes dos mais diversos partidos e até mesmo com figuras proeminentes do governo, o ex-governador está amadurecendo a conclusão de que, se a presidente Dilma Rousseff não renunciar – ela garante que não renuncia -, será destituída do cargo pela via do impeachment, que depois de quase ser mandato para o arquivo morto, voltou a ser a prioridade da Câmara Federal. A situação, na leitura de José Reinaldo, chegou a tal ponto que a Câmara está paralisada, com a maioria das lideranças decidida a não mais votar projetos do ajuste fiscal, o que mina, dia após dia, as últimas forças do Governo. E é quase consenso que tal situação deve ter um desfecho rápido e definitivo, sob pena de as tensões nas ruas aumentarem, o que certamente levará a Nação a uma situação de caos.

Atualmente, nos bastidores da Câmara Federal começa a ganhar força a tese da renúncia da presidente Dilma. “O que os deputados dizem é que se a presidente não renunciar logo, cairá em 45 dias – que é o tempo previsto para o processo de impeachment – ou será derrubada em no máximo quatro meses”, relata José Reinaldo. O que ainda está retardando o aumento da pressão por um desfecho é uma negociação em curso no Senado, que já ganha espaço na Câmara Federal, para fazer uma mudança no sistema de Governo, tirando os atuais poderes imperiais do presidente da República para a implantação do semi-presidencialismo. Esse sistema é uma espécie de parlamentarismo, com a diferença de que no caso o presidente da República tem mais poderes do que no parlamentarismo clássico. “É uma tese que tem campo político para prosperar”, acredita o ex-governador José Reinaldo.

Em resumo, o deputado José Reinaldo demonstra estar convencido de que o Governo da presidente Dilma chegou ao fim. Poderá ter alguma sobrevida, mas isso vai depender, por exemplo, das manifestações pró-impeachment neste domingo, da reação das correntes governistas e do andamento que as articulações políticas terão no Congresso Nacional. “O que vier a acontecer só vai adiar ou até apressar o desfecho”, prevê, acreditando que, resolvida a crise política com a instalação de um governo comandado pelo vice-presidente Michel Temer, a crise econômica será solucionada rapidamente.

– O que eu não vejo é a continuação do atual Governo – conclui o deputado do alto da sua experiência política, lamentando que o País tenha perdido tanto com a crise.

 

PONTO & CONTRAPONTO

bira 3Ex-governador acha que o PSB tem de apoiar Bira do Pindaré

O deputado federal José Reinaldo Tavares também avaliou a posição do seu partido, o PSB, em relação à sucessão na Prefeitura de São Luís. Ele chegou a declarar apoio à deputada federal Eliziane Gama, mas avaliou que a candidatura do deputado Bira do Pindaré é para valer e por isso acha que o partido tem de se mobilizar em torno desse projeto. “Não é justo nem politicamente correto negar o apoio do PSB à candidatura do deputado Bira do Pindaré. Se ele for candidato mesmo – e acho que será- o partido tem de apoiá-lo”, disse, acrescentando que a maior parte das forças do partido já apoia o ainda secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação. Bira do Pindaré tem o apoio do presidente Luciano Leitoa, que é o chefe de fato e de direito do PSB no Maranhão, mas não tem a simpatia do senador Roberto Rocha, que quer puxar o partido para apoiar a candidata da Rede. Deixando claro que não pretende polemizar nem travar embate com quem quer que seja, ele avalia que o senador Roberto Rocha comete um erro de avaliação e de estratégia quando tenta se impor ao comando regional do partido. Lembra que o presidente Luciano Leitos, prefeito de Timon, tem o apoio da direção nacional do PSB e não será atropelado pelas ações do senador Roberto Rocha. José Reinaldo, que já apoiou o projeto eleitoral da deputada federal Eliziane Gama (Rede), deixou claro que, com a candidatura de Bira do Pindaré, sua posição é a de apoiar o candidato do partido. Mais do que isso, não aprova o projeto de Eliziane de se filiar ao PSB, para disputar internamente a vaga de candidato com Bira do Pindaré. “Acho que ela tem de procurar um novo partido, porque a Rede não tem lastro político para sustentar sua candidatura, mas acho que ela não deve escolher o PSB, porque ela não será bem recebida. O partido tem candidato”.

 

Deputado desfaz rumores: não sai do PSB e tem boa relação com Flávio Dino
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Relação “excelente” com Flávio Dino

Ao longo da conversa com a Coluna, o deputado federal José Reinaldo mandou para o espaço dois rumores que vinham circulando com insistência nos bastidores da política maranhense: um informando que ele estaria a um passo de deixar o PSB, e o outro que ele estaria em rota de colisão com o governador Flávio Dino (PCdoB). Com relação ao PSB, o ex-governador admitiu que encarou momentos de desconforto na agremiação, que na sua avaliação mergulhou numa crise de identidade desde a tragédia que matou o ex-governador pernambucano Eduardo Campos, seu presidente e grande líder. “O PSB perdeu muitas lideranças, perdeu muito da sua identidade. Tenho assistido o partido perder força e, sinceramente, cheguei mesmo a pensar em procurar um partido. Mas diante do que está acontecendo com ele no país, e também no Maranhão, resolvi ficar. Pode ser que em outro momento, se a situação se agravar, eu saia do partido, mas agora resolvi continuar”, disse José Reinaldo, dando esse assunto como encerrado, pelo menos por enquanto. No que diz respeito à sua relação com o governador Flávio Dino, o ex-governador foi taxativo, falando inclusive em tom de entusiasmo: “Minha relação com o Flávio Dino é excelente, nos damos muito bem. Pode até ser que eu discorde dele em um ou outro ponto, mas ele é um estadista, tem noção de que a divergência necessária. Ele poderia ter ficado indisposto por causa daquela entrevista em que discordei da sua ação política, mas, ao contrário, ele compreendeu exatamente o que eu disse e nada mudou na nossa relação. Temos conversado, eu o acompanho quando ele vai a Brasília. E ele está me ajudando muito nesse projeto de trazer o ITA para o Maranhão. Está tudo muito bem”.

 

São Luís, 12 de Março de 2016.

Três eventos e uma sentença de Sarney indicam que a crise chegou ao limite e que seu desfecho está próximo

 

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Sarney usa uma palavra para definir a situação de Lula e Dilma, que pode levar Temer ao Palácio do Planalto

 

O Brasil pode iniciar a próxima semana caminhando para mais um momento politicamente decisivo e traumático da sua História. Três eventos – um já ocorreu, um ocorre hoje e o outro está agendado para amanhã – e uma palavra pronunciada pelo ex-presidente José Sarney (PMDB) indicam que o governo da presidente Dilma Rousseff e do PT encontra-se, de fato, caminhando para o precipício e já não parece capaz de encontrar o caminho de volta à estrada margeada, de um lado, pela credibilidade e, do outro, pela estabilidade. São eventos que a princípio parecem distantes um do outro, mas que sob uma observação tenta e cuidadosa, estão fortemente entrelaçados, de modo que não há como dissocia-los um do outro. O mais grave é que tudo indica que essa conjunção de fatos demonstra que as lideranças políticas do país mexeram as peças erradas no xadrez político, preferindo deixar a crise se tornar mais aguda, a ponto de desaguar nas ruas, correndo o risco de não ter como ser contida. O apelo ao diálogo, feito por vozes corajosas e sensatas, como o governador Flávio Dino (PCdoB), não foi levado em conta até, o que torna rigorosamente imprevisivelmente e perigoso o que vem por aí.

O primeiro evento foi o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula, feito na sexta-feira pelo Ministério Público de São Paulo, que afirma ser ele proprietário do famoso tríplex do Guarujá, cometendo, portanto, crime de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Mesmo duramente criticado por muitos juristas, simpáticos e adversários de Lula, o pleito do dos promotores, apresentado numa espetaculosa entrevista coletiva concedida na manhã de quinta-feira, causou um impacto tremendo no que ainda havia de sólido na base de sustentação do governo. A presidente Dilma, em que pese a sua capacidade de absorver pancadas, adquirida nas sessões de tortura que sofreu nos porões da ditadura, sentiu o golpe, a ponto de avisar que, aconteça o que acontecer, não vai renunciar. O cenário, portanto, é de absoluta instabilidade.

O segundo evento é a convenção do PMDB, que ocorre neste sábado em Brasília, para que o partido defina sua posição em relação ao futuro imediato. Por maior que seja a boa vontade de qualquer observador em relação ao governo, o fato flagrante é que, sob o comando do presidente da República, Michel Temer, o partido caminha para romper a aliança com o PT e abandonar o barco governamental da presidente Dilma. Nas ultimas semanas, Michel Temer percorrer todas as regiões do País realizando encontros com líderes do partido e representantes da sociedade civil aos quais passou uma mensagem afirmando ter chegado a hora de pacificar a Nação e de retomar o caminho da estabilidade política e do crescimento econômico. Nos bastidores, porém, ninguém duvida que Temer, um político hábil e experiente, está jogando fortemente, com o aval das principais lideranças pemedebistas e de outros partidos afins, para desestabilizar o governo, causar a renúncia da presidente e, ele próprio, assumir como salvador da pátria. Tanto que uma das propostas que serão avaliadas na convenção de hoje é a de que o PMDB desembarque do governo do PT.

O terceiro evento foi uma palavra, que teria sido pronunciada pelo ex-presidente José Sarney, ao avaliar a situação do governo numa roda de senadores, quinta-feira, em Brasília. Aos que queriam ouvi-lo, o mais experiente e antenado líder político da República teria respondido, em tom de sentença: “Acabou”. A informação foi registrada pela versão virtual do Jornal do Brasil, segundo a reprodução feita pelo sempre bem informado blog do jornalista Gilberto Leda. Sarney só se manifestaria sobre a crise com essa contundência em duas circunstâncias. Uma delas é a que parece ser a que o motivou diante do cenário atual de agravamento das tensões. A outra seria num embate com opositores que exigisse dele declarações fortes para fragilizar o adversário, o que não é o caso. Mesmo que tenha um quinhão de maquiavelismo, motivado pela possibilidade de voltar ao poder se Michel Temer vier a assumir o comando da República, declaração-sentença do ex-presidente pode ser a tradução antecipada do que está a caminho. A sentença do ex-presidente explica o silêncio que ele vem guardando há semanas, registrado pela Coluna nas 48 horas em que aconteceu o vazamento do suposto depoimento-bomba do senador Delcídio do Amaral, a visita de Michel Temer a São Luís e a condução coercitiva de lula a mando do juiz Sérgio Moro.

O último fato ainda vai ocorrer e será decisivo: as manifestações de domingo convocada em todo o país pelos partidos de posição, a começar pelo PSDB. Os organizadores e a imprensa especulam que só na Avenida paulista, que é a aorta de São Paulo, devem se concentrar 1,5 milhão de pessoas para pedir a derrubada do governo da presidente Dilma, seja pelo impeachment, seja pela renúncia, ou seja pela cassação pela Justiça Eleitoral. Multidões estão sendo previstas em todas as capitais. O problema é que o PT e seus aliados, como a CUT, decidiu mobilizar suas forças para confrontar as manifestações adversárias, o que pode acabar em confronto e tragédia. O bom senso prevaleceu em São Paulo, onde o PT, que faria uma manifestação a três quilômetros da Paulista, decidiu suspender a mobilização para evitar o pior. Em São Luís o entendimento é o outro: o PT vai “peitar” a manifestação do PSDB na Litorânea.

Os fatos são esses, e o cenário é o que todos estão enxergando. Resta aguardar pelo que está em movimento.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

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Entre Aguinaldo Ribeiro, Ciro Nogueira e Waldir Maranhão, André Fufuca se filia ao PP
Uma foto que diz muito de uma decisão de mudar de partido

Poucas imagens registrando atos políticos foram tão reveladoras quanto a que documentou o ingresso do deputado federal André Fufuca no PP, na sede nacional do partido, em Brasília. Em primeiro lugar, chama atenção o partido que ele escolheu, já que o PP é uma das agremiações que, segundo o Ministério Público Federal, se beneficiaram criminosamente do assalto feitos aos cofres da Petrobras, com 19 dos seus detentores de mandato com um pé na cadeia. A cena registrada pela imagem é ao mesmo tempo surpreendente e preocupante. O deputado André Fufuca inclinado sobre a mesa assinando, provavelmente, sua ficha de filiação. Ao seu lado, dando-lhe tapinhas nas costas, o notório senador piauiense Ciro Nogueira, que hoje preside a legenda e é um dos mais encalacrados políticos do país, incluído entre os beneficiários diretos do esquema de desvio investigados pela Operação Lava Jato. E para quem não se lembra, quando deputado federal, Ciro Nogueira foi braço direito do folclórico deputado pernambucano Severino Cavalcante, que presidiu a Câmara dos Deputados e foi destituído do cargo e teve mandato cassado por corrupção. Do lado esquerdo está o deputado paraibano Aguinaldo Ribeiro, atual líder do PP na Câmara Federal, ex-ministro das Comunicações e investigado por vários indícios de corrupção. E à direita, exibindo um sorriso enigmático, o deputado maranhense Waldir Maranhão, 1º vice-presidente da Câmara Federal e um dos “homens de ouro” do já não tão poderoso presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ). Vale indagar se o jovem parlamentar, que tem se mostrado ativo o complexo e movediço tabuleiro de Brasília, tem noção exata da escolha que fez. Se tem, tudo bem, a Coluna nada tem mesmo a ver com isso. Se não, lhe seria sugerido que refletisse um pouco mais. Para começar, André Fufuca será liderado por Waldir Maranhão no estado.

 

Juventude do PDT vai se mobilizar na campanha de Edivaldo Jr.
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Weverton mobiliza Juventude do PDT para apoiar Edivaldo Jr.

O ato em que foram comemorados os 35 anos de Juventude Socialista do PDT, realizado quinta-feira no plenário da Assembleia Legislativa, deixou mais evidente o poder de fogo do prefeito Edivaldo Jr. na corrida eleitoral que se aproxima. O evento comandado pelo hoje influente deputado Weverton Rocha, líder da bancada do PDT na Câmara Federal e um dos mais destacados líderes do partido em todo o país, foi uma também uma demonstração da animação do partido em relação à corrida eleitoral. Cristão novo nas fileiras do PDT, ao qual se filiou no final do ano passado, o prefeito de São Luís foi recebido com entusiasmo pelos participantes do encontro, que teve como um dos organizadores o deputado Rafael Leitoa, um dos seus quadros mais atuantes no Maranhão. No seu discurso, o líder Weverton não poupou elogios ao prefeito Edivaldo Jr. e foi incisivo nas diversas vezes que incentivou a todos os pedetistas, a começar pela Juventude Socialista do PDT, a se mobilizarem em torno da candidatura do prefeito à reeleição e disse e repetiu que esse é uma das prioridades do partido em âmbito nacional. O  prefeito de São Luís saiu do Palácio Manoel Beckman convencido de que contará com uma militância forte na sua corrida para permanecer por mais quatro anos no Palácio de la Ravardière.

 

São Luís, 11 de Março de 2016.

 

 

 

 

 

 

 

 

Humberto Coutinho consolida liderança e chapa por ele encabeçada é eleita por unanimidade para comandar Alema no biênio 2017/2018

 

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Humberto Coutinho e seus liderados de Mesa : Othelino Neto , Fábio Macedo, Josemar de Maranhãozinho, Adriano Sarney, Ricardo Stênio Rezende, Zé Inácio e Nina Melo para o biênio 2017/2018, na Alema

Por 38 votos a zero e com 11 meses de antecedência, a Assembleia Legislativa elegeu ontem a Mesa Diretora que vai comandá-la no biênio 2017/2018. O presidente Humberto Coutinho (PDT), que conduziu o longo e exaustivo processo de negociações, foi reeleito, confirmando assim sua posição de líder inconteste do parlamento estadual e, ao mesmo tempo, de mais importante operador da sensível ponte política que liga os Poderes Legislativo e Executivo. Além do presidente, só o vice-presidente, deputado Othelino Neto (PCdoB), foi reeleito, sendo que seis dos sete demais cargos serão ocupados por parlamentares da nova geração: 2º vice-presidente: Fábio Macedo (PDT); 3º vice-presidente: Josimar de Maranhãozinho (PR); 4º vice-presidente: Adriano Sarney (PV); 1º secretário: Ricardo Rios (PEN); 2º secretário: Stênio Rezende (DEM); 3º secretário: Zé Inácio (PV); e 4º secretário: Nina Melo (PMDB). Foi uma eleição tranquila, fruto de um consenso construído à base de muitas horas de conversa, inúmeras reuniões, várias marchas e contramarchas; e, como não poderia deixar de ser, também produziu alguns projetos arquivados, um ensaio – que não vingou – para quebrar o acordão, além de um naco de insatisfação ali e um pote de mágoas acolá – nada que alguns dias e alguns afagos não resolvam.

Além do fato de que o processo foi antecipado em quase um ano, o que nada tem de anormal, já que as regras permitem, o grande diferencial dessa eleição foi a influência que nela teve a liderança do presidente Humberto Coutinho. A posição do deputado pedetista começou a ser construída em outubro de 2014, quando ele retornou à Casa entre os mais votados e sustentado por um lastro de quatro mandatos atrás, que lhe deram gás político suficiente para despontar, desde logo, como o nome certo para a presidência da Casa na atual legislatura. A impressão inicial ganhou consistência, de tal modo que sua primeira eleição só não se deu por consenso porque a deputada Andrea Murad (PMDB), por discordar da composição da Mesa, se lançou candidata a presidente.

Ao longo do primeiro ano de presidência do deputado Humberto Coutinho, a Assembleia Legislativa funcionou a todo vapor para atender às demandas legislativas do Governo comandado por Flávio Dino (PCdoB). Detentor de uma larga experiência, o presidente conduziu as muitas votações, usou seu prestígio político para evitar embargos e dificuldades às matérias que o Palácio dos Leões propôs para dar forma orgânica aos mecanismos legais que o governador Flávio Dino precisou para instrumentalizar o seu Governo. Foram muitos projetos de lei, algumas emendas à Constituição e um caminhão de Medidas Provisórias, que em alguns momentos exigiram esforço concentrado. Algumas dessas proposições tramitaram na Casa enfrentando nítida antipatia nas searas oposicionista e governista, obrigando a intervenção política do presidente no sentido de convencer – sempre na base da conversa – os resistentes a rever suas posições. Ano dos ajustes e de estreia de muitos deputados, o Poder Legislativo fechou 2015 com a pauta praticamente “zerada”, quase sem pendências na relação deputado-Governo, resultado de uma condução política firme e eficiente feita pelo presidente da Casa.

O bem sucedido comando Legislativo de Humberto Coutinho é fruto do que há de mais básico e, ao mesmo tempo, mais essencial na ação política: a conversa. Político nada afeito a grandes discursos nem a gestos exibicionistas, chegando ao ponto de ser excessivamente discreto, Coutinho comandou o primeiro ano da nova Assembleia Legislativa com a política fervilhando nos bastidores. Deu nova vida à conversa de pé de ouvido – “ao feijão com arroz”, como ele próprio define -, praticando a arte do convencimento à maneira das grandes raposas da política maranhense, como José Sarney e Alexandre Costa, para citar apenas dois azes dessa seara tão especial. E cumprindo uma regra que se impôs como um princípio: tratar seus colegas deputados como iguais, independente da sua coloração política e das suas posições em relação ao Governo. Tanto que ontem, no seu discurso de presidente reeleito e nas várias entrevistas que concedeu, repetiu a regra como um mantra, e, mais do que isso, reafirmando que continuará na mesma linha.

O presidente já reeleito da Assembleia Legislativa foi dormir ontem em estado de graça, satisfeito por haver alcançado mais um objetivo. Mas recolheu-se também consciente de que o Maranhão é parte de um país mergulhado em tensões políticas e que caminha aceleradamente para uma situação de impasse se a política não for praticada no sentido de conciliar. Humberto Coutinho avalia o cenário nacional como “gravíssimo”, mas manifesta convicção de que se o país for politicamente pacificado, “a situação da economia será resolvida bem rápido”. No Maranhão, o presidente reeleito da Assembleia Legislativa diz que o Estado encontra-se em boas mãos e que o governador Flávio Dino caminha para transformar o Maranhão, podendo para isso contar com o apoio da maioria que lhe segue no parlamento estadual.

A reeleição do presidente Humberto Coutinho foi festejada discretamente pelo Palácio dos Leões, que o tem na conta de seu mais importante aliado.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Othelino Neto e Ricardo Rios foram os grandes destaques da eleição depois de Humberto Coutinho

Além da confirmação do poder de fogo político presidente Humberto Coutinho, a eleição da futura Mesa Diretora da Assembleia Legislativa destacou dois deputados.

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Othelino Neto reeleição foi objetivo alcançado

O primeiro: Othelino Neto (PCdoB), que se reelegeu 1º vice-presidente. Logo no início das conversas sobre a antecipação da eleição do comando da instituição legislativa, o deputado Othelino Neto não aparecia no tabuleiro cm alguma chance de ser reeleito. Mas ele definiu a reeleição como um objetivo a ser alcançado, certo de que ninguém ou quase ninguém quebraria lanças para ajudá-lo, o que o colocou diante do seguinte quadro: mergulhar a fundo numa campanha pessoal pedindo o voto de cada um dos colegas, pois sabia que se não o fizesse, dificilmente seria reeleito. Antes, ao longo do ano, o deputado comunista atuou como um vice-presidente correto e despretensioso, cumprindo à risca do que é conhecido como “expectativa de direito”, cumprindo as rápidas interinidades com correção exemplar. Foram exatamente sua postura no cargo e a campanha para conquistar os votos que lhe deram base para ganhar o apoio do Palácio dos Leões e o aval do presidente Humberto Coutinho. Sua reeleição, portanto, mais que uma vitória eleitoral no âmbito do parlamento, foi uma conquista muito comemorada.

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Ricardo Rios: salto para o centro

O segundo: Ricardo Rios (PEN), o mais jovem deputado da atual legislatura – tem 28 anos -, que de uma posição ainda discreta como marinheiro de primeira viagem, deu um salto político gigantesco e, contrariando todos  os prognósticos, foi parar na 1ª Secretaria da Mesa Diretora, o segundo cargo mais importante da estrutura orgânica do Poder Legislativo. Tecnicamente, o 1º secretário é o administrador da Casa, tendo sob sua responsabilidade toda a parte de serviços do Poder Legislativo. Filho de políticos cuja base está em Vitória do Mearim, o jovem e até pouco tempo discreto Ricardo Rios chegou ao cargo após uma série de marchas e contramarchas ocorridas ao longo das semanas em que os deputados intensificaram as articulações para a composição da chapa eleita nesta quinta-feira. No coando da 1ª Secretaria da Mesa, Ricardo Rios alcança com antecedência sua maturidade parlamentar, parecendo está apto para assumir e exercer a função. E com uma vantagem: tem ainda 11 meses para amadurecer muito mais na vida parlamentar.

 

Por motivos variados, quatro deputados não participaram da votação para eleger a futura Mesa

Quatro deputados não participaram da eleição de ontem na Assembleia Legislativa: César Pires (sem partido), Graça Paz (PSL), Edson Araújo (PSL) e Souza Neto (PROS). Nos bastidores, o comentário dominante que a ausência de César Pires foi uma forma de ele manifestar sua irritação por não ter recebido mais um mandato na Mesa da Casa. A deputada Graça Paz não compareceu porque exatamente na hora em que a Casa votava na chapa “União e Progresso”, ela se encontrava participando do sepultamento de uma pessoa da sua família – mas fez questão de ligar para o presidente Humberto Coutinho informando sobre sua ausência e declarando apoio total á chapa por ele liderada. O deputado Sousa Neto e seu colega Edson Araújo não justificaram suas ausências.

São Luís, 10 de Março de 2016.

Em entrevista lúcida e corajosa, Flávio Dino critica excessos, apoia investigações, diz que impeachment é insanidade e defende diálogo

 

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Dino: declarações corajosas sobre a crise e seus efeitos

Se a crise não for resolvida pelo diálogo, o Brasil poderá mergulhar de vez numa era de ódio, perseguições e retaliações que pode durar décadas. É o que prevê o governador Flávio Dino (PCdoB), demonstrando que poucos políticos têm, com o ele, uma noção tão ampla da complexidade e da gravidade que envolvem a crise que mantém o país sofre neste momento. Além de compreender com exatidão o momento que vive o país e os fatores que deram causa e que alimentam a crise política, Flávio Dino vai além e sugere, com segurança, o caminho e os argumentos que podem ser usados para se construir uma solução. O governador manifesta forte preocupação com grau de tensão que a Nação está sendo submetida, teme seriamente a radicalização e, por via de consequência, o ódio e a violência coletiva nas ruas. O cenário e a leitura foram feitos pelo governador Flávio Dino numa entrevista ao jornalista Leonardo Attuch portal de notícias 247. Diante de tudo o que já aconteceu, está acontecendo e poderá acontecer, o governador acredita que a solução só virá por meio de uma palavra que reúne magia, pragmatismo e bom senso: diálogo.  Acredita que uma conversa franca e definitiva entre a presidente Dilma, o ex-presidente Lula, o ex-presidente FHC e o senador Aécio Neves.

A todas as situações que lhe foram postas na entrevista, o governador emitiu um juízo preciso, sensato, sem abrir mão das suas convicções, mas também sem livrar da crítica, mas sem satanizar, quem quer que seja. Chama atenção, por exemplo, a crítica dura que ele fez ao seu ex-colega juiz Sérgio Moro – os dois passaram no mesmo concurso, sendo que Flávio Dino foi o 1º lugar – no caso da condução coercitiva do ex-presidente Lula. “Todas as medidas coercitivas ou mesmo as prisões processuais classicamente devem obedecer ao princípio da proporcionalidade. Não se pode fazer o uso imoderado da força. Isso vale tanto para o guarda da esquina como para qualquer juiz. O ex-presidente Lula foi intimado várias vezes. Em todas elas, compareceu ou respondeu por escrito – o que é um direito seu. Portanto, não entendi a adequação e a necessidade da medida adotada pelo juiz Moro”, respondeu.

O governador avalia sem rodeios que a Operação Lava Jato, independente dos eventuais erros e excessos, é uma ação institucional que ganhou uma energia vital incontrolável e que não vai se exaurir tão cedo. Isso quer dizer que nada será resolvido se o caminho escolhido for deter a Operação Lava Jato, pelo simples fato de que ela está em perfeita sintonia com a sociedade, exatamente por combater a corrupção. Diante disso, a solução para os problemas do país, inclusive a crise econômica, está no freio à radicalização e à devolução do país à normalidade política. Dino alerta que a oposição deve se lembrar de que a agenda eleitoral é para 2018 e não agora.

Instado a avaliar o clima que está se formando em relação às manifestações do dia 13 (domingo), convocadas pela oposição e pela situação, o governador Flávio Dino manifestou forte preocupação e traçou o que terá de acontecer logo na segunda-feira independente do que vier a acontecer no domingo: “É um momento gravíssimo e todas as forças comprometidas com a democracia têm duas tarefas urgentes. A primeira é evitar confrontos que descambem em violência no dia 13. A segunda é discutir o que fazer no dia seguinte”.

O governador do Maranhão demonstrou forte preocupação com a possibilidade de as manifestações de domingo degringolarem para a violência. Na avaliação dele, a falta de equilíbrio nas relações políticas de levaram a um acirramento que desaguou nas tensões e no ódio. “É assustador. A tradição brasileira sempre foi a capacidade de resolver conflitos por meio do diálogo e da conciliação. Esse novo traço do brasileiro tem um traço muito preocupante, que é a falta de razoabilidade. O ódio que já havia nas redes sociais transbordou para as ruas e o nome disse é fascismo. Tiraram o gênio do fascismo da garrafa e agora não sabem como colocá-lo de volta”.

Em confronto aberto com os mais destacados líderes da oposição e com juristas renomados como Miguel Reale Jr., Flávio Dino não apenas reafirma-se contrário ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, como também sugere que seus autores usam politicamente a irresponsabilidade, a estupidez e a insanidade: “Essa é a pior de todas as soluções possíveis. (…) É preciso ser dito com clareza: o impeachment não seria um ponto final, mas o marco zero de um longo ciclo de vinganças, retaliações e violência política, que arrastaria a economia para uma depressão ainda maior. É o que aconteceria se houvesse essa insanidade do impeachment. É algo tão irresponsável, tão absurdo, que eu não consigo imaginar que isso passe a sério pela cabeça de alguém”.

Entre várias outras declarações surpreendentes, Flávio Dino afirma que a Operação Lava Jato é importante, porque combate a corrupção. Por outro lado, “a Lava Jato corresponde ao ápice da chamada judicialização da política, um fenômeno que vem desde o mensalão. A Lava Jato também se tornou um ator que ganhou estatura e hoje tumultua o jogo político-institucional”. Nesse contexto, o grande erro está em tentar estabilizar o país estancar a crise econômica pela via da negociação política, que se torna inviável a cada dia. No seu entendimento, a lógica deve ser invertida, tornando a economia o caminho para reencontrar a estabilidade, com medidas arrojadas e ousadas.

Para o governador, o púnico remédio é o diálogo, que deve ser proposto pela presidente Dilma, pois só esse caminho pode evitar que as tensões aumentem e contaminem de vez a coletividade, o que pode levar o país a uma explosão de ódio, perseguições e retaliações que pode durar décadas. E manifesta uma esperança: “Estão brincando com o país, mas ainda acredito que razão irá imperar em algum momento”.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Articulações definem chapa para a eleição da nova Mesa da Assembleia Legislativa, que acontece hoje
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Coutinho: comanda as articulações na Casa

Os bastidores da Assembleia Legislativa viveram ontem um dia de frenética movimentação. Motivo: as articulações para a eleição da nova Mesa Diretora, que assumirá o coimando da Casa no início do ano que vem para o biênio 2017/2018. Foram horas e horas a fio de entra e sai do gabinete principal, onde o presidente Humberto Coutinho (PDT) – que não adversário e deve ser reeleito por unanimidade -, comandava as articulações, acompanhado de perto pelo vice-presidente, deputado Othelino Neto (PCdoB), que também deve ser reeleito. Fora eles dois, todos os demais cargos foram intensamente disputados, a começar pelo de 1º secretário, que depois de alguns dias de conversa deve ficar com o jovem deputado Ricardo Rios. Os demais cargos foram acertados num verdadeiro movimento de maré, com sobe e desce a todo momento. A eleição será realizada nesta quinta-feira, às 11 horas, a partir de quando, salvo alguma mágoa ou inconformação, que é comum no desfecho desses processos de escolha, o parlamento estadual terá comando definido até a posse da nova composição da Casa, em janeiro de 2019.

 

Rigo Teles e Andrea Murad travam duro embate verbal por causa da política de saúde em vigor
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Rigo e Andrea: debate duro sobre saúde em Barra do Corda

O plenário da Assembleia Legislativa voltou a registrar temperatura elevada ontem em mais um embate entre oposição e situação por causa do Sistema Estadual de Saúde. A agora pré-candidata assumida à Prefeitura de São Luís, deputada Andrea Murad, líder do PMDB, resolveu acirrar os ânimos porque o deputado Rigo teles (PV) elogiou da tribuna a inauguração, sábado, pelo governador Flávio Dino, do Centro de Especialidades Médicas de Barra do Corda (CEM). Mostrando entusiasmo com o que classificou como “uma grande ação do Governo” e “uma conquista” do seu município, Rigo Teles assinalou que o CEM é uma unidade de saúde completa, projetada para atender mais de 250 mil pessoas de Barra do Corda e da Região Central com consultas clínicas  em diversas especialidades, assistência multidisciplinar e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. Decidida a não ouvir calada qualquer elogio à política de saúde do atual Governo, por entender que a atual gestão está “destruindo” o que o secretário de Saúde do Governo passado, Ricardo Murad, seu pai, realizou, a líder pemedebista Andrea Murad bateu forte, atacou o governador Flavio Dino, o secretário de Saúde, Marcos Pacheco, e acabou sendo excessivamente dura com o deputado Rigo Teles, que nada dissera contra ela nem em desfavor do ex-secretário Ricardo Murad. Diante da força do ataque, Rigo Teles reagiu. Do alto dos seus cinco mandatos na Casa e da postura sempre equilibrada das suas manifestações em favor do seu município e da sua região, o deputado de Barra do Corda rebateu os ataques, sem no entanto exagerar no tom, embora tenha sido firme em alguns momentos, por entender que a deputada foi injusta nas suas afirmações, uma delas a de que o CEM não está funcionando. Em tom acentuado, mas sem perder o prumo, Rigo Teles disparou: “O Centro de Especialidades Medicas está funcionando. Agora foi o ex-secretário Ricardo Murad que não autorizou a construção do Hospital de 50 leitos em Barra do Corda, pleiteado para atender cerca 250 mil pessoas de todos os municípios da Região Central do Maranhão”. Diante da reação de Rigo Teles, Andrea Murad voltou à tribuna, onde, numa explosão verbal, disparou frases de efeito agressivas contra o governador, chamando-o de “mentiroso” e “incompetente”; o secretário, que para ela é um “despreparado e já devia ter sido exonerado”; e contra o deputado cordense, que para ela não devia apoiar o governo. Encerrou sua tréplica reafirmando, quase gritando, que Ricardo Murad “foi o maior melhor secretário de Saúde da história do Maranhão”. E já fora da tribuna, continuou avisando, em tom elevado, que “ninguém vai falar dele enquanto eu estiver aqui”. O experiente Rigo Teles ouviu os impropérios com a serenidade de sempre. Dando o troco com a revelação de que o governador Flávio Dino garantiu que construirá o hospital de 50 leitos em Barra do Corda e que ele, Rigo Teles, já destinou R$ 1 milhão em emendas para bancar o início da obra. Acabou tendo seu recado amplificado.

 

São Luís, 09 de Março de 2016.

 

 

 

 

Os bastidores da Assembleia Legislativa

 

 

Silêncio de Michel Temer sobre Lula e Dilma tem explicação: PMDB se prepara para se afastar do Governo

 

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Temer: quer PMDB no ministério, mas cm bancada livre para votar como quiser

Fazia todo sentido o silêncio do vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB, em relação ao vazamento do bombástico depoimento em delação premiada do senador mato-grossense Delcídio do Amaral (ex-PT), durante as três horas que passou em São Luís na última quinta-feira falando de crise, pregando união nacional pela estabilidade em encontro com a juventude do PMDB maranhense e em reunião com líderes pemedebistas na residência do senador João Alberto, presidente do PMDB do maranhão e do Conselho de Ética do Senado. Conforme registro da Coluna, o vice-presidente fez de conta que o terremoto político de quinta-feira – que atingiu fortemente a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula (PT) – simplesmente não estava acontecendo. Michel Temer pareceu estar protagonizando um enredo ensaiado de quem está se preparando para uma guinada de 360 no cenário político nacional. Na verdade, Michel Temer colocava em prática uma estratégia em que interpretava o sentimento da maioria dos líderes do PMDB – inclusive os do Maranhão -, entre os quais já é dominante a vontade de desembarcar urgentemente do governo do PT, de preferência herdando o comando da Nação pelo impedimento da presidente da República.

Nas últimas semanas, o vice-presidente da República e cacique maior do PMDB não fez outra coisa além de conspirar para a derrubada do governo petista, com o cuidado de se apresentar como uma voz capaz de pacificar a República conflagrada e dar um novo rumo ao país. E nas últimas 48 horas, assumiu de vez o movimento conspirador ao revelar que na convenção que se aproxima, o PMDB deve aprovar uma “posição de independência” em relação ao governo da presidente Dilma. Os pontos básicos da tal “posição de independência” são os seguintes: o PMDB continua formalmente aliado do governo, mantém seus representantes (são sete) no Ministério, mas deixará seus deputados federais e seus senadores livres para votarem as propostas do Governo “de acordo com as suas consciências”.

O silêncio de Michel Temer em relação à pancadaria sofrida pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma já era, portanto, uma estratégia do PMDB. Tanto que foi mantido também pelos líderes pemedebistas do Maranhão – a ex-governadora Roseana Sarney, o senador João Alberto, o senador Edison Lobão e o ex-presidente José Sarney não se manifestaram sobre o assunto. Os três primeiros poderiam explicar o seu silêncio com vários argumentos – Roseana e Lobão continuam como investigados na Operação Lava Jato e João Alberto preside o Conselho de Ética do Senado -, mas a grande surpresa foi o silêncio do ex-presidente José Sarney, principalmente em relação à condução coercitiva do ex-presidente Lula, ordenada pelo juiz Sérgio Moro, chefe da Operação Lava Jato. Em outra circunstância, Sarney provavelmente reagiria criticando o uso da força e a maneira como o ex-presidente Lula foi tratado. Agora, só um imperativo político – como a possibilidade de queda da presidente Dilma – o faria manter esse silêncio que parece gritar. A postura alcançou deputados estaduais e os deputados federais João Marcelo e Hildo Rocha e contaminou a bancada estadual.

Todas as evidências indicam que o PMDB enxergou o desfecho da crise política que vem colocando as instituições democráticas em processo de fragilização. A visualização deve ter acontecido exatamente quando a revista IstoÉ trouxe a público o teor do suposto depoimento em delação premiada do senador Delcídio do Amaral. E certamente foi ampliada quando na manhã seguinte aconteceu a condução coercitiva do ex-presidente Lula. As manifestações e articulações do fim de semana, com a subida de tom do discurso das forças de oposição, reforçaram o discurso do vice-presidente Michel Temer em favor da estabilidade, levando o chefe maior do PMDB a defender uma posição de independência em relação ao governo. A impressão que dá é a de que as forças de oposição estão fazendo de tudo para tirar o PMDB da seara governista, ou pelo menos neutralizá-lo, deixando a base do governo petista mais fragilizada, colocando seriamente em risco o mandato da presidente Dilma Rousseff.

A postura do presidente pemedebista se confirma agora, quando a crise ganha mais um impulso e o PMDB começa a desenhar de fato a ponte por meio da qual pode chegar de novo ao poder. Se isso vier a acontecer e o vice-presidente se torne presidente, o ex-presidente será, mais uma vez, o mais importante conselheiro da República, voltando a desfrutar de poder de fato e a exercê-lo na sua plenitude.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Paço do Lumiar: Ex-prefeito Gilberto Aroso pode ser preso
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Aroso: a um passo da prisão

O ex-prefeito de Paço do Lumiar, Gilberto Aroso, que se anuncia como candidato a novo mandato, poderá ser preso a qualquer momento. A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJMA), decidiu ontem, manter sentença da juíza da Comarca de Paço do Lumiar, Jaqueline Reis Caracas, pela condenação dele e do ex-presidente da Central de Licitação daquele município, Roberto Campos Gomes.  A pena aplicada para cada um é de seis anos e três meses de reclusão, por crimes contra a Lei de Licitações. O processo teve como relator o desembargador João Santana. A pedido do procurador Eduardo Jorge Nicolau Hiluy, a 1ª Câmara Criminal do TJMA determinou também a prisão de Gilberto Aroso e Roberto Campos Gomes, tendo em vista recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou o início de cumprimento de pena de prisão após a confirmação da sentença em julgamento colegiado. Gilberto Aroso e Roberto Campos foram denunciados pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA) por fraude na montagem de licitações. Para dar aparência de regularidade aos processos licitatórios, era providenciada a inclusão fraudulenta dos avisos de licitação apenas na versão eletrônica do Diário Oficial com datas retroativas. Em seu voto, o desembargador João Santana afirmou que ficou comprovada a materialidade do crime o fato de que o ex-prefeito e seu auxiliar terem contribuído, de forma decisiva, para frustrar a legalidade de processos licitatórios. O desembargado Raimundo Melo – revisor do processo – acompanhou o voto do relator e assinalou que a divulgação do processo de licitação não ocorreu de maneira não ocorreu de maneira ampla, correta e transparente, não constando na versão impressa do Diário Oficial nem na versão disponível na internet, por ocasião da perícia técnica feita pela Polícia Federal. O entendimento do relator do processo foi seguido, também, pelo desembargador José Luiz Almeida, membro do colegiado.

 

Disputa Andrea Murad/Fábio Câmara vai agitar o PMDB
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Andrea Murad e Fábio Câmara: disputa

Repercutiu fortemente no meio político de São Luis o anúncio de que a  deputada estadual Andrea Murad  (PMDB) será candidata à Prefeitura de São Luís. A repercussão maior foi entre os partidários da pré-candidatura do vereador Fábio Câmara, que preside o Diretório do PMDB em São Luís. A Coluna não conseguiu contato com a parlamentar, mas três fontes “graúdas” do PMDB confirmaram que o projeto é para valer e que a ideia é definir quem será o candidato do PMDB antes das convenções. A briga entre Fábio Câmara e Andrea Murad vai acontecer entre abril e maio, de modo a que a convenção seja apenas uma grande festa homologatória do candidato previamente escolhido.

 

São Luís, 08 de Março de 2016.

Andrea Murad ataca Edivaldo Jr. e anuncia candidatura à Prefeitura de São Luís como “propósito”, “missão” e “sonho”

 

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Andrea Murad é candidata à prefeita de São Luís

 

“Na quinta-feira passada, tive a oportunidade de anunciar ao presidente do meu partido, Michel Temer, a minha intenção de ser a próxima prefeita de São Luís”. Com essas palavras, pronunciadas de maneira tranquila e exibindo surpreendente convicção, a líder do PMDB na Assembleia Legislativa, deputada Andrea Murad (PMDB) anunciou, ao que parece em caráter definitivo, sua candidatura à Prefeitura de São Luís. O anúncio foi feito no final da tarde de ontem, na tribuna da Casa, na ressaca de um longo e acirrado confronto de opiniões sobre a polêmica condução coercitiva do ex-presidente Lula e o igualmente discutível estraçalhamento de um “pixuleco”, por militantes petistas, na manhã de sábado, na Praça Maria Aragão. Pelas palavras que usou e o tom que usou, a parlamentar pemedebista passou a nítida impressão de que sua candidatura já está definida e consolidada, restando-lhe apenas fazer a campanha, vencer a eleição e assumir o cargo no dia 1º de Janeiro de 2017.

Muitos interpretarão o anúncio da deputada Andrea Murad como um mero arroubo da jovem parlamentar ou um momento de provocação da filha de Ricardo Murad. Há também quem poderá avaliar o comunicado como um projeto de fortalecimento político de olho das eleições de 2018, como também um ou outro observador verá nele uma provocação na guerra que ela trava dentro do PMDB com o vereador Fábio Câmara – ele também pré-candidato – dentro do PMDB. Mas pelo tom que ela usou e pelo roteiro do discurso que pronunciou – recheado de petardos contra o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), a conclusão mais óbvia é a de que a líder do PMDB na Assembleia Legislativa colocou, de vez, os pés no campo de guerra eleitoral. E que terá como primeira batalha a medição de forças dentro do PMDB, onde o vereador Fábio Câmara já ocupou um espaço considerável.

– Foi um anúncio refletido, ponderado e que atendeu fundamentalmente a urgência de resolver os inúmeros problemas da nossa capital. Hoje, um exemplo claro do desgoverno e da negligência de quem possui a responsabilidade de dirigir os seus destinos. As demandas que aguardam o próximo prefeito de São Luís são gigantescas e exigem uma autêntica revolução, tal é o estado da nossa capital. Uma revolução nas ideias, no método, nas soluções, uma revolução que mobilizem todos que querem acabar com o verdadeiro sequestro de que esta nossa cidade é vitima. Um projeto com pés e cabeças, refletido com soluções já testadas em outros locais do Brasil e do mundo, e que possa juntar a sua volta todo e qualquer ludovicense, independentemente de sua opção política e partidária. Um projeto que não seja mais do mesmo, que não repita os erros que já foram cometidos, que não seja o espelho ou copia de soluções que não deram certo, que não seja uma extensão do que quero, posso e mando do Palácio dos Leões – disse Andrea Murad no seu discurso, definindo bem sua posição.

Para viabilizar o projeto anunciado ontem, a deputada Andrea Murad terá de, primeiro, desbancar o vereador Fábio Câmara e conquistar toda a cúpula do PMDB e os votos do diretório municipal necessários à aprovação da sua candidatura na convenção do partido, em julho. Não será tarefa fácil, já que o clima dentro do PMDB já está tensionado há tempos e Câmara já ganhou o apoio até do vice-presidente Michel Temer, que viu nele condições para se tornar “um candidato formidável”. Mas quem apostar que o projeto de Andrea Murad é “fogo de palha” e sem base política está enganada. Ele tem o aval da maior parte dos líderes maiores do PMDB, como o ex-presidente José Sarney, por exemplo, de parte da bancada federal e, dizem nos bastidores, da ex-governadora Roseana Sarney – dispensável falar sobre o apoio do paizão Ricardo Murad e do restante da família.

Jovem, exuberante, ousada e politicamente ambiciosa, a deputada Andrea Murad vem ao longo destes primeiros 14 meses de mandato, uma imagem de destemor como adversária implacável do Governo Flávio Dino, contra o qual dispara, quase todos os dias, ataques verbais virulentos, ora direcionados ao governador, ora aos secretários e às políticas em curso, principalmente nas áreas de saúde e segurança. Nos primeiros meses, ela pareceu ingênua, com um discurso agressivo, mas sem ordem; agora, já começa a exibir certo domínio sobre o que diz, melhorando continuamente o discurso. Tornou-se a maior referência da oposição no parlamento estadual e agora deve ampliar seu raio de ação política se conseguir a vaga de candidata do PMDB à Prefeitura de São Luís.

Não é possível prever como será a candidata – se de fato vier a sê-la -, mas quem acompanha seu mandato na Assembleia Legislativa pode apostar que ela vai tentar atropelar a deputada federal Eliziane Gama (Rede)  para se tornar a grande adversária do prefeito Edivaldo Jr.. Tanto que justifica a candidatura anunciada como propósito, missão e sonho.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Coerção a Lula e “morte” de “pixuleco” causam bom debate na Assembleia
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Edilázio Jr. e Zé Inácio: bom debate no plenário

A polêmica decisão do juiz Sérgio Moro, condutor da Operação Lava Jato, de determinar a condução coercitiva, por agentes federais, do ex-presidente Lula para prestar depoimento à Polícia Federal, na manhã de sexta-feira (4), e a tempestade política que se seguiu foi o tema dominante de ontem na tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão. O debate envolveu os deputados Edilázio Jr. (PV), José Inácio (PT), Max Barros (PMDB), Adriano Sarney (PV), Roberto Costa (PMDB) e Cabo Campos (DEM). Naquele espaço de manifestação as opiniões mais diversas se confrontaram sobre dois temas: a condução coercitiva e a reação do PT ao trucidar um boneco “pixuleco”, inflado por adversários do PT, e de Lula, na manhã de sábado, na Praça Maria Aragão. Foi uma confrontação saudável de ideias sobre os dois assuntos. Em relação à condução coercitiva de Lula, todos concordaram que a medida foi excessiva e abusiva. Já em relação ao estraçalhamento do “pixuleco” inflado, na manhã de sábado, por adversários de Lula na Praça Maria Aragão, as divergências foram acentuadas. O petista José Inácio, por exemplo, defendeu a ação dos manifestantes petistas que rasgaram, a golpes de objetos perfurantes improvisados, entre eles o secretário de Estado de Esporte, Márcio Jardim, que foi criticado a aplaudido nas redes sociais. Os críticos da ação petista defenderam a integridade do “pixuleco” como um símbolo da liberdade de expressão, avaliando que os partidários de Lula extrapolaram o direito ao contraditório, que acabou numa delegacia de Polícia. O nível e a intensidade do debate deixaram claro que os temas terão vida longa.

 

Boa nova: Governo inaugura o primeiro Iema e aposta numa revolução na educação
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Bira do Pindaré, Aloisio Mercadante e Flávio Dino descerram placa do primeiro Iema

Com aula magna proferida pelo Ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), discurso forte do governador Flávio Dino (PCdoB) e um pronunciamento emocionado do secretário de Ciência e Tecnologia, Bira do Pindaré (PSB), foi inaugurado na manhã de ontem (7), nas antigas e imponentes instalações do Colégio Maristas a primeira das 23 Unidades Plenas do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema), voltado para a formação profissional de jovens.

Um dos projetos mais ousados imaginados pelo governador Flávio Dino e inspirado nos Institutos Federais de Educação Tecnológica, a primeira unidade da nova escola funcionará com cursos de Eventos, Informática, Meio Ambiente e Serviços Jurídicos, cada um com 40 vagas. Além da formação profissional, o Iema conjuga a formação no Ensino Médio com o diferencial de dedicação em tempo integral. Trata-se de um programa educacional inovador, que pode significar o início de uma nova fase, um novo modelo na educação maranhense. “São escolas que juntam duas características muito importantes: são escolas em tempo integral, que possibilitam, simultaneamente, o acesso ao ensino médio e à educação profissional”, pontuou o governador. “Os Iema chegarão a 23 cidades do nosso estado até 2018. Assim, nós teremos, além da rede de institutos federais, uma rede de institutos estaduais com os mesmos padrões de funcionamento, afirmando a nossa crença de que a educação tem que ser uma prioridade real, concreta, e o caminho pelo qual vamos diminuir as desigualdades sociais no nosso estado”, acrescentou.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, manifestou visível simpatia pelo projeto, a começar pelo fato de que o Iema funcionará em tempo integral na qualificação de jovens. “Essa escola é uma semente para o que deve ser a educação do futuro para o ensino médio. Eu tenho certeza que se nós tivermos mais educação integral para o jovem no ensino médio, nós vamos formar um profissional mais completo, um cidadão com mais valores, vivência e reflexão”, ponderou Mercadante. Para ele, o projeto vai fazer história.

O secretário de estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Bira do Pindaré, afirmou que o Iema está preparado, assim como os Institutos Federais, a oferecer curso superior na área de tecnologia – os cursos de tecnólogo. “É uma experiência ímpar. Não é uma unidade de excelência – é uma rede. Esse é o diferencial que apresentamos neste momento”, afirmou.

O Governo do Maranhão inaugura, ainda esta semana, as unidades de Bacabeira, com cursos de Mineração, Administração e Logística, com um total de 198 vagas; e em Pindaré-Mirim, onde serão ofertadas 120 vagas, para os cursos de Recursos Pesqueiros, Agropecuária e Serviços Jurídicos.

Em tempo: o complexo predial onde funcionou o Colégio Maristas foi adquirido pelo governo Roseana Sarney, que não deu segmento de implantar ali uma escola de tempo integral. O governador Flávio Dino foi fundo, implantando naquelas instalações, onde ele estudou, um projeto muito mais amplo e ambicioso, que é o primeiro Iema. Todos ganham com o projeto, que também contribui fortemente para o processo de revitalização do centro de São Luís.

 

São Luís, 07 de Março de 2016.