Arquivos mensais: março 2016

Flávio Dino saiu em defesa de Dilma e Lula; líderes do Grupo Sarney preferiram manter silêncio sobre a crise

 

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Flávio Dino disse o que sobre o caso; José Sarney e Roseana preferiram manter silêncio sobre coerção a Lula na Lava Jato

A polêmica condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor na 24ª etapa da Operação Lava Jato e o teor devastador da suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-líder do Governo e ex-PT), incriminando o Lula e a presidente Dilma Rousseff, se abalaram o país inteiro, tiveram uma repercussão mais forte diferenciada meio político do Maranhão. Os fatos alcançaram, de maneira impactante, os dois maiores grupos políticos do estado – o liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e o comandado pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) com o suporte do ex-presidente José Sarney. E, por alguns aspectos que envolvem ousadia e cautela extremas, definiram com clareza o grau de comprometimento de cada um dos dois segmentos com as posições assumidas nos movimentos tensos e imprevisíveis que movem a hoje complicada vida política do país. E como não há dúvida que os desdobramentos virão, os posicionamentos de agora certamente serão levados em conta nos acertos futuros. Flávio Dino e a ex-governadora Roseana Sarney e outros líderes do seu grupo assumiram posições diferentes no caso.

Nesse cenário de tensões, incertezas e apostas no escuro, o governador Flávio Dino saiu na frente e assumiu a posição firme e ousada, numa demonstração de coragem política. No caso da condução coercitiva do ex-presidente Lula, Dino invocou a autoridade de ex-juiz federal e criticou duramente a medida, para ele errada e desnecessária, do colega Sérgio Moro, sugerida pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, e autorizada pelo ministro-relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STJ), Teori Zavaski. Além de criticar a medida, Dino foi a Brasília, onde também manifestou apoio firme e determinado à presidente Dilma, nos campos político e administrativo. Mais do que isso, o governador do Maranhão disparou duro ataque à tentativa de tentativa da oposição de ressuscitar o processo de impeachment a chefe da Nação Dilma, que estava sendo empurrado rapidamente para o arquivo morto. Para ele, a proposta de impeachment é “golpe”, porque não tem “nenhuma base legal”.

Ao assumir e reafirmar essas posições de maneira tão enfática, quando a esmagadora maioria dos segmentos políticos que têm ligações com o Governo do PT preferiu assistir calada para depois se posicionar, o governador Flávio Dino reagiu no ato, e assim deu mais um passo para se firmar como o grande líder do Maranhão no momento e, mais do que isso, consolidar o espaço que aos poucos vai construindo no cenário político nacional. E seu posicionamento chama atenção por dois motivos. Um deles é que, ao criticar a condução coercitiva de Lula, ele não fez exatamente uma defesa velada do ex-presidente, mas censurou uma medida de um colega magistrado pedida pela Procuradoria Geral da República – que tem seu irmão, Nicolau Dino, como subprocurador geral – e pelo STF, correndo o risco de entrar em confronto com os dois níveis da Justiça Federal. E depois, nada em política – salvo a coerência ou um ataque de estrelismo – recomenda que um governador de Estado entre numa crise dessa dimensão em defesa do lado que está sob fogo cruzado.  Todas as evidências indicam que o governador do Maranhão está movido pela coerência, ainda que com uma pitada de pragmatismo. E mais, com a certeza de que não será retaliado por ser um cidadão e um governante limpo.

Os líderes do Grupo Sarney reagiram com o silêncio. A ex-governadora Roseana Sarney não se manifestou nem em relação à suposta delação premiada de Delcídio do Amaral, que atingiu igualmente a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula; também não disse uma palavra sobre a polêmica condução coercitiva do ex-presidente. A posição de Roseana surpreendeu, a começar pelo fato de que ela, quando senadora, foi líder do Governo Lula no Congresso Nacional. Em relação à presidente Dilma, o silêncio também é espantoso, pois não há como esconder “a força” que o Governo Dilma dedicou ao Governo Roseana. A indiferença da ex-governadora em relação aos dois fatos poderia ser explicada com o fato de que ela está recém saída de uma  cirurgia no rosto. Mas tudo indica que o que a fez se manter em silêncio foi o fato de ela ainda ter um pé na lista de suspeitos da Operação Lava Jato, juntamente como senador Edison Lobão, embora nada tenha aparecido de concreto contra ela.

Nesse contexto, é difícil entender o silêncio do ex-presidente José Sarney em relação ao que sofreu um dos seus colegas ex-mandatários da República. Muito apegado a formalismos e defensor assumido do peso simbólico de um ex-presidente. E no caso de Lula, esse simbolismo é reforçado pelas relações pessoal e política, que os dois começaram a travar há mais de uma década – Sarney foi um dos principais líderes do PMDB a defender a aliança do PMDB com o PT. Ninguém até ontem conseguiu explicar o silêncio do ex-presidente José Sarney. A Coluna ouviu ontem duas fontes bem situadas no Grupo Sarney e nenhuma delas ofereceu uma explicação convincente para a posição de Sarney diante da crise. Os que esperavam uma manifestação na sua crônica domingueira na capa de O Estado, em que costuma mandar recados, nesta semana ele preferiu celebrar o 30º aniversário do Plano Cruzado, como se nada estivesse acontecendo no país. Vale anotar que, sintomaticamente, Sarney e Roseana não participaram da recepção ao vice-presidente Michel Temer, quinta-feira, na residência do senador João Alberto, outro líder do PMDB e do grupo que também não comentou o que aconteceu com o ex-presidente Lula.

Nesse xadrez complexo, no qual ainda não é possível prever qualquer desfecho, o governador Flávio Dino se movimentou com coragem e audácia políticas. Já os líderes do Grupo Sarney preferiram acautelar-se no silêncio. E nesse tabuleiro, o que de pose prever é que se a presidente Dilma se segurar, terá sempre no governador Flávio Dino um dos seus apoiadores. Já o Grupo Sarney só tem uma mexida a seu favor: se o impeachment vingar e o vice-presidente Michel Temer – que também se mantém em silêncio – assumir a presidência da República.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Rompimento do PSB com Governo Dilma pode resolver a crise do partido no Maranhão
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Luciano Leitoa, José Reinaldo, Roberto Rocha e Bira do Pindaré devem resolver a crise in terna no PSB

A decisão do PSB de romper oficial e definitivamente com o Governo da presidente Dilma Rousseff, anunciada na tarde de sexta-feira pelo comando do partido, deve causar um estrago enorme no braço maranhense do partido, que agora terá de resolver suas brigas internas e tomar um rumo claro e sem rodeios no tabuleiro da política estadual. Para começar, a decisão obrigará o senador Roberto Rocha a assumir com clareza uma posição de oposição ao Governo Dilma. Da mesma maneira, fará com que o deputado federal José Reinaldo Tavares assuma de vez a sua posição de oposição ao Governo Federal. E, por fim, deve levar o deputado licenciado Bira do Pindaré a romper com o partido e buscar uma legenda que lhe dê a vaga de candidato a prefeito de São Luís. Distanciado da aliança PT/PMDB desde que o ex-governador pernambucano Eduardo Campos deixou a equipe ministerial da presidente Dilma para se candidatar à Presidência da República. A trágica morte do candidato presidencial em acidente aéreo afastou ainda mais o PSB do Governo Dilma. No Maranhão, os dois principais líderes, o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, e o senador Roberto Rocha, que não se suportam desde as eleições de 2010, devem medir forças dentro do partido, podendo, a partir de agora, serem enquadrados pelo presidente da agremiação, Luciano Leitoa, prefeito de Timon, que já não mais tolera os tremores provocados pelos dois dentro do partido. É certo que os embates internos continuarão – para resolver como irá o PSB na disputa para a Prefeitura de São Luís -, não sabendo, por outro lado, se o PSB maranhense assumirá mesmo a posição de oposição ao Governo Dilma. Será uma articulação difícil para presidente Luciano Leitoa

 

Especial: Sillas Marques Serra, uma legenda de Caxias, chega aos 90 anos
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Sillas Marques com o filho Sillas Jr.

Caxias é reconhecida como um berço de homens com vocação para fazer história. Mas seus braços acolhedores também recebem e transformam filhos adotivos, sobretudo a ela se dedicam. Entre os filhos adotivos que cresceram com a cidade e que contribuíram na construção da história do município destacou-se um filho de São Luís que para lá se mudou nos idos de 1954 e viveu ali uma trajetória rica e exemplar de líder da Igreja Presbiteriana, professor, dirigente universitário e, finalmente, juiz de paz. Trata-se de Sillas Marques Serra, teólogo e bacharel em Filosofia e História nascido em São Luís no dia 4 de Março de 1926 e que chegou nesta sexta-feira aos 90 anos de pé, lúcido, ativo e alvejado pelo respeito dos familiares, dos amigos, dos liderados e da sociedade caxiense como um todo, compreendendo aí os seus mais diversos extratos.

O Sillas Marques Serra religioso foi sempre uma das grandes referências do mundo evangélico caxiense e maranhense por sua dedicação missionária e pela correção com que sempre pregou os postulados da sua Igreja. Os dias de culto no templo por ele erguido na Rua de São Benedito eram certeza de sermões vigorosos, pronunciados em discurso rico e inteligente. Suas palavras sempre foram manifestações de um pastor de fato, com plena noção da sua missão e perfeita consciência do seu papel de líder. Tanto que sua liderança Igreja Presbiteriana de Caxias durou décadas e só foi encerrada formalmente quando a idade determinou a renovação.

O Sillas Marques Serra professor de História foi outro exemplo de correção e eficiência ao longo da sua atuação de anos e anos, nos quadros do Estado no Colégio Bandeirantes, e na escola privada, no célebre Colégio Caxiense. A atuação do professor Sillas Marques Serra no setor educacional ganhou uma dimensão bem maior, histórica mesmo, quando, juntamente com o cônego Aderson Guimarães, um dos grandes lideres do catolicismo em Caxias, e intelectuais como o professor Antonio Medeiros, fundaram, na segunda metade dos anos 60, a Faculdade de Caxias, um braço da então Federação das Escolas Superiores do Maranhão (FESM) no Morro do Alecrim, criando assim um marco de ensino universitário no Maranhão. Sillas Marques foi o terceiro diretor geral da instituição, e nela permaneceu prestando serviços como administrador e professor até aposentar-se.

O Sillas Marques Serra cidadão caxiense por adoção, ativista e intelectual trabalhou muito pela vida da cidade. Foi durante muitos anos um ativista político, de atuação moderada, mas constante. Fundou e presidiram várias vezes o Rotary Clube, organização social por meio da qual realizou obras de assistência social. Foi um dos primeiros integrantes da Academia Caxiense de Letras. Finalmente, já com idade avançada, aceitou o cargo de Juiz de Paz, transformando-se num dos maiores “casamenteiros” da história recente de Caxias. Há alguns anos, após aposentar-se da direção da Igreja Presbiteriana e das atividades educacionais, Sillas Marques Serra atendeu a um imperativo de família e mudou-se para a vizinha Teresina, onde sua esposa, Anecy Calland Marques Serra, lecionava na Universidade Federal do Piauí. No entanto, durante vários anos, deslocou-se diariamente para Caxias, para cumprir suas tarefas de Juiz de Paz, só retornando à Capital do Piauí no final da tarde. A maratona só foi interrompida quando o peso dos mais de 80 anos falou mais alto.

Foi esse homem que emplacou sexta-feira 32.850 dias de vida plena, produtiva e honesta, cercado do carinho da esposa e companheira Anecy e dos filhos Silvane, Sillas Júnior, Franklin, Nimeth, Anecy, Lucy e Ruilane, genros, noras e netos e amigos mais próximos, que lhe desejaram mais tempo para alcançar, com justiça, uma virada de século. Que assim seja!

 

São Luís, 05 de Março de 2016.

Revelações atribuídas a Delcídio e coerção a Lula na Lava Jato deixam Flávio Dino e Grupo Sarney em clima de expectativa

 

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Dino e João Alberto preocupados com pressão sobre Lula

O terremoto político causado pelo vazamento do suposto depoimento do senador Delcídio do Amaral, ex-líder do PT, publicado pela revista IstoÉ, fazendo graves acusações ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma Rousseff, agravado nesta sexta-feira pela 24ª etapa da Operação Lava Jato, tendo o ex-chefe da Nação, seus familiares e amigos próximos, estão repercutindo fortemente no Maranhão. Primeiro no Palácio dos Leões, onde o governador Flávio Dino (PCdoB), aliado de proa da presidente Dilma Rousseff, acompanha cada movimento com atenção cada vez maior. E, segundo, na cúpula do Grupo Sarney, mais fortemente no comando do PMDB, a começar pelo fato de que o presidente regional da agremiação, senador João Alberto, é o presidente do Conselho de Ética do Senado, onde Delcídio do Amaral será julgado em pouco tempo; e também pelo fato de que o senador e ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, como a ex-governadora Roseana Sarney, ambos pemedebistas, estão sendo investigados.

No Palácio dos Leões, o governador Flávio Dino acompanha os fatos com atenção redobrada, e as razões para isso são várias e muito fortes. A primeira é que, como aliado da presidente Dilma Rousseff, a quem tem defendido, por acreditar que o processo de impeachment “é um golpe da oposição”. Uma fonte bem situada do governo disse à Coluna que o governador acompanha os acontecimentos “com preocupação”. O suposto depoimento do senador Delcídio do Amaral arrasta o ex-presidente e a presidente para o centro da do triturador, dando gás à oposição para returbinar o processo de impeachment. As mensagens do governador no twitter nesta manhã de sexta-feira revelam sua preocupação.

Numa das suas mensagens na rede social, o governador lembra que tem declarado apoio à Operação Lava Jato  e outras. “Contudo, abusos devem ser evitados”. Em outro posto, o governador, que foi juiz federal, afirma que “medidas coercitivas devem obedecer a princípio da proporcionalidade (necessidade). Não me parece o caso da condução coercitiva do ex-presidente Lula”. E completa o argumento num terceiro  post no twitter: “Se o Ministério Pública já diz possuir tantas provas, basta oferecer a denúncia  para que haja o direito de defesa e julgamento”. Ou seja, o governador continua enxergando excessos na no contexto da Operação Lava Jato. E não parece disposto a aceitar que a publicação da revista IstoÉ venha a prejudicar o Governo. Isso porque Flávio Dino sabe que a derrocada do Governo da presidente Dilma Rousseff e a eventual ascensão do vice-presidente Michel Temer serão desastrosos. Sabe que a queda de Dilma o deixará em situação política frágil, já que o substituto será o vice Michel Temer, o que na prática significa a volta do Grupo Sarney ao poder no Maranhão, o que, se acontecer, será desastroso para o Governo estadual.

No Grupo Sarney, em especial no PMDB, o clima é de forte expectativa e muita preocupação. O ex-presidente José Sarney trabalha com dois vieses, já que é aliado do ex-presidente Lula e da presidente Dilma; mas é também um dos caciques do PMDB, o que o coloca em posição confortável no meio da crise, já que a queda de Dilma Rousseff significará o fortalecimento do seu grupo no Maranhão embora a experiência recomende muita cautela nesse momento. Já o senador João Alberto se prepara para tempos complicados no comando do Conselho de Ética, que julgará o senador Delcídio do Amaral em meio à fase mais aguda da crise política. João Alberto tem manifestado preocupação com o clima no Senado e no Congresso Nacional, especialmente no Senado. O senador maranhense será grande responsável pelo processo contra o ex-petista, que já está denunciado no órgão do Senado. Há também no Grupo Sarney e no PMDB do Maranhão forte expectativa e, é visível, uma leve torcida para que o impeachment. E vale repetir a explicação: a queda da presidente Dilma será a ascensão do vice-presidente Michel Temer. Há também forte preocupação com os desdobramentos da Operação Lava Jato em relação ao senador Edison Lobão.

 

Michel Temer ignorou o “terremoto” que atingia Brasília quando fazia palestra na OAB em São Luís

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Temer com João Alberto, Roberto Costa e João Marcelo; com Fábio Câmara, e ouvindo Andrea Murad em São Luís

A bomba dispara pela revista IstoÉ, que começou a circular ontem, vazando o suposto depoimento do senador Delcídio do Amaral (ex-PT/MT), denunciando o igualmente suposto envolvimento do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff em também supostos esquemas para minar o andamento da Operação Lava Jato, para evitar que as investigações os alcançasse, repercutiu fortemente no PMDB do Maranhão, mas, curiosamente, o caso não foi tratado elo vice-presidente Michel Temer sua visita-relâmpago a São Luís na manhã de quinta-feira, para um evento do PMDB. O vice-presidente da República não tocou no assunto com jornalistas nem com o presidente do PMDB maranhense, senador João Alberto, que por acaso preside o Conselho de Ética do Senado da República, onde as bombásticas as revelações vão desaguar, cedo ou tarde.

Michel Temer aterrissou em São Luís pouco depois das 9 horas, seguiu para a sede da OAB, de onde saiu às 11 horas, seguindo para a residência do senador João Alberto, onde conversou com líderes pemedebistas, após o que, por volta do meio-dia, retornou ao aeroporto do Tirirical, de onde seguiu para Teresina. Acompanhado ex-ministros e ex-deputados federais e Eliseu Padilha, respectivos presidente e vice-presidente da Fundação Ulisses Guimarães, o cultural e mobilizador do partido, o vice-presidente preferiu fazer de conta de que nada havia de anormal no ar, enquanto os gabinetes e os salões dos três Poderes já começavam a pegar fogo em Brasília. Isso porque, no momento em que o vice-presidente se c fraternizava com líderes pemedebistas na residência do senador João Alberto, no Calhau, a presidente Dilma Rousseff lia a bombástica reportagem de IstoÉ na companhia do agora Advogado Geral da União (AGU), o ex-ministro da Justiça Cardoso.

Quem acompanhava a movimentação de Michel Temer em São Luís já sabendo do incêndio político ficou impressionado com o ar de indiferença do vice-presidente e dos ex-ministros em relação ao conteúdo da revista IstoÉ. Pareceu que estava alimentando uma estratégia, para não misturar as coisas. Sob suspeita de viver tramando contra a presidente da República, com o objetivo de assumir o comando da Nação caso ela seja catapultada do cargo, o vice-presidente certamente quis se manter distante da mega-confusão. Isso porque se o depoimento atribuído ao senador Delcídio do Amaral tiver algum fundo de verdade, as informações deverão virar nitroglicerina pura e impulsionar o processo de impeachment, que os líderes governistas consideravam a caminho do arquivo morto da Câmara Federal. Pode ser também que, numa hipótese muito remota, ao desembarcar em São Luís o vice-presidente ainda não soubesse do terremoto que acontecia em Brasília. Seria, de fato, surpreendente, pois o assunto já estava na rua desde quarta-feira, quando o comentaria da Rede Bandeirantes, Ricardo Boechat, revelou, em primeira mão, que IstoÉ anteciparia em dois dias a sua circulação por causa do suposto depoimento de Delcídio do Amaral. Impossível que o vice-presidente da república não tivesse conhecimento do assunto.

Na OAB, onde falou para líderes jovens do PMDB, comandados pelo deputado estadual Roberto Costa e pelo deputado federal João Marcelo, e por um grande número de advogados mobilizados pelo presidente regional da Ordem, Thiago Dias, o vice-presidente Michel temer, que é jurista de certo renome, falou da situação institucional do país, abordou a realidade política e partidária e defendeu a mobilização da Nação para assegurar a estabilidade das instituições democráticas, de modo a que as crises econômica e política enfraqueçam as bases da democracia brasileira. Ali foi efusivamente saudado e cumprimentado, principalmente por pemedebistas, a quem recomendou “união”.

Na residência do senador João Alberto, o clima foi mais descontraído ainda. Líderes pemedebistas, como o deputado federal João Marcelo, os deputados estaduais Roberto Costa e Andrea Murad e o vereador, que preside o PMDB em São Luís Fábio Câmara, todos manifestando disposição de fortalecer o partido no Maranhão, principalmente para as eleições municipais de outubro. O vice-presidente reafirmou o seu discurso de líder partidário e pediu a união do PMDB do Maranhão em torno de um grande projeto de devolver ao Brasil a normalidade política e a prosperidade econômica.

O vice-presidente Michel temer seguiu para Teresina deixando alguns pemedebistas mais atentos intrigados com o seu silêncio em relação à bombástica edição da revista IstoÉ.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Vice-presidente esteve em São Luís durante três horas e não fez contato com o governador do Estado

O vice-presidente da República, Michel Temer, na condição de presidente nacional do PMDB, passou três horas ontem em São Luís e, até onde a Coluna pôde apurar, não fez um contato sequer com o governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB). Se conversou com o chefe do Executivo estadual antes de chegar ao Maranhão, ou o fez em outro momento anteriormente, para explicar-lhe que sua agenda seria exclusivamente partidária e rápida – a permanência dele na Capital maranhense durou três horas -, tudo bem. Mas se o vice-presidente da República esteve em São Luís e foi embora sem fazer qualquer contato com o governador do Estado, as relações institucionais entre o Palácio do Buriti e o Palácio dos Leões estão gravemente desgastadas e precisam ser restauradas imediatamente. Nada a ver com a relação pessoal entre Michel Temer e Flávio Dino. Os dois são de partidos diferentes, que não se cruzam, e podem não ter afinidades ou não simpatizarem um com o outro. Mas mesmo assim, um é vice-presidente da República, que representa a Federação, e o outro governa um estado federado. Nada justifica, portanto, que o vice-presidente da República venha a São Luís e não tenha um contato com o governador do Estado, mesmo que um simples telefonema para cumprimentos. A Coluna não encontrou qualquer evidência de que houve um contato. Se houve, o comentário perde sentido, claro. Mas se não houve, fica registrada a lamentável gafe do vice-presidente da República.

 

São Luís, 04 de Março de 2016.

Flávio Dino entrega desafio da Educação ao Felipe Camarão, consciente de que seu governo não pode fracassar nessa área.

 

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Flávio Dino apostou alto em Felipe Camarão e Antonio Nunes

Causou forte impacto no governo e fora dele a surpreendente minirreforma feita pelo governador Flávio Dino (PCdoB) na sua equipe, anunciada por ele próprio no final da tarde de terça-feira na sua conta no twitter. O advogado e administrador Felipe Camarão deixou o comando da nova e influente Secretaria de Estado de Governo e assumiu a gigantesca, problemática, mas essencial Secretaria de Estado da Educação. E para seu lugar na nova pasta foi nomeado o advogado Antônio Nunes, que vinha comandando o Detran/MA, que agora está sob a direção da advogada Larissa Abdalla. O dado a anotar da iniciativa é o fim da ciranda surpreendente, excepcional mesmo, vivida nesses 14 meses por Felipe Camarão, ao longo dos quais foi secretário de Administração e Previdência, de Cultura, de Governo e agora desembarcou na pasta da Educação, quatro segmentos importantes da estrutura do governo, que, no entanto, nada, ou quase nada, têm a ver entre si. Mas a julgar pela segurança que o governador vem exibindo ao realizar cada ajuste na equipe, Felipe Camarão tem alcançado bom desempenho por onde passou.

É opinião, se não unânime, largamente majoritária, que o deslocamento do advogado Antônio Nunes do Detran/Ma para a nova Secretaria de Estado de Governo foi um tiro certeiro do chefe do Governo. Ele revelou-se bom gestor no comando do Detran/Ma – órgão que muitos consideram um território sempre malvisto pela sociedade -, atacando fortemente os bolsões de ineficiência e de desvios no órgão, atuando com determinação e sendo reconhecido como um gestor duro e implacável, que conhece as regras do jogo e não costuma fazer concessões. São muitas as vozes que afirmam que sua passagem pelo Detran/Ma foi “revolucionária”. É com esse cacife que comandará a Secretaria de Governo, uma pasta decisiva para na coordenação das grandes ações da atual gestão, de modo a assegurar-lhes celeridade e eficácia. Nos bastidores do Governo ninguém duvida que Nunes vai jogar pesado para cumprir a tarefa que lhe foi entregue pelo governador.

O deslocamento de Felipe Camarão para a pasta da Educação é uma aposta alta do chefe do Executivo, pois dá, agora, a oportunidade de mostrar do bem sucedido “curinga” o seu grau de competência. Nas pastas por onde passou, Camarão mostrou sua capacidade gerencial e seus conhecimentos de administração pública e revelou-se um organizador indiscutivelmente qualificado e competente. Tanto que sob seu comando as duas primeiras pastas por onde passou ganharam nova dinâmica, enquanto a de Governo foi por ele devidamente instalada. Esse histórico indica que Antônio Nunes recebeu uma pasta novinha em folha, com objetivos bem definidos, e com uma vantagem: a possibilidade de ele mesmo impor ali a sua marca e a sua dinâmica.

A pasta da Educação é outra história. É um desafio muito maior do que todos os que o jovem administrador público já enfrentou juntos. Além do seu caráter essencial para o desenvolvimento e a evolução da sociedade em todos os sentidos, a educação é uma área desafiadora em vários aspectos. Dois deles: o seu gigantismo e a baixa qualidade do rendimento alcançado por meio da sua estrutura paquidérmica, lenta e ineficiente. Essa situação mantém o Maranhão na fronteira entre o limbo e os avanços da educação em alguns estados onde o processo está muito mais avançado. Os problemas a serem resolvidos fazem qualquer gestor tremer. Isso sem contar com o arrojo de implantar a escola de tempo integral, que é a menina dos olhos do governador nessa área. Felipe Camarão sabe não basta apenas fazer essa máquina gigantesca funcionar, porque, bem ou mal, ela já funciona. O desafio é fazê-la funcionar de modo que o estudante da escola pública maranhense conclua o segundo grau sabendo ler e escrever corretamente, dominar o essencial da matemática – as quatro operações, fração, equações de 1º e 2º graus, raiz quadrada, etc. –, deter as informações básicas de biologia, química e física, absorver e assimilar informações de história que o ajudem a compreender o que é, como surgiu e evoluiu e como funciona hoje a sociedade, entre outras bases da formação técnica e política.

Não se duvida de que o governador Flávio Dino sabia o que estava fazendo quando decidiu entregar a política educacional do seu governo ao advogado Felipe Camarão, nem que o secretário tinha consciência plena do tamanho do desafio com que foi presenteado quando aceitou o convite. Isso porque é provável que o governador Flávio Dino pode estar encerrando a “fase de testes” com o jovem, entregando-lhe o Sistema Estadual de Educação em caráter definitivo. A começar pelo fato de que a necessidade de bons resultados é tamanha que não cabe improviso nem impetuosidade juvenil.

O governador tem hoje o domínio pleno da realidade que seu governo tenta melhorar, principalmente em áreas essenciais como Educação, Saúde e Segurança Pública, por exemplo, e sabe que não tem o direito de cometer erros. Felipe Camarão, por sua vez, parece já ter maturidade suficiente para saber que fracasso na Educação significará fracasso de um governo que não pode fracassar.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Temer chega hoje para dar injeção de ânimo no PMDB
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Temer vai dar uma injeção de ânimo no PMDB maranhense

O PMDB vai embalar mais fortemente hoje a sua maratona com o objetivo de fortalecer suas bases e abrir canais com a sociedade civil com vistas a se fortalecer para as eleições municipais de outubro. Usando o seu prestígio, o braço estadual da agremiação recepciona o vice-presidente da República e presidente nacional do partido Michel Temer, que chega ao Maranhão para falar à juventude do partido e para representantes da sociedade civil organizada. A vinda de Michel Temer ao Maranhão é, antes de tudo, uma demonstração forte de prestígio dos líderes do partido no estado. O PMDB maranhense está iniciando um lento, mas efetivo, processo de renovação. Comandado pelo senador João Alberto, o partido já identificado por líderes jovens como os deputados estaduais Roberto Costa, Andrea Murad e Nina Melo, o deputado federal João Marcelo e o vereador Fábio Câmara – aos quais se somam muitos outros jovens militantes dispostos, como André Campos – se articula para, se possível, retomar o seu protagonismo no estado. Contando com bons quadros, o PMDB pretende fazer a diferença na corrida eleitoral às prefeituras, já cuidando de definir candidatáveis a prefeito em São Luís (Fábio Câmara e Andrea Murad) e em Bacabal (Roberto Costa), o PMDB recebe o presidente Michel Temer para ouvir dele as orientações maiores e as expectativas que cominam o partido no cenário nacional. Michel Temer alará, primeiro, a jovens pemedebistas. Depois, manifestará suas impressões a representantes da sociedade civil organizada – estudantes, líderes empresariais, intelectuais, artistas, profissionais liberais e mais quem interessar possa. O grande evento pemedebista acontecerá na sede da OAB, a partir das 9 horas.

 

Pleno do Judiciário tem novo desembargador substituto
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José Jorge substituirá Jaime Araújo

O Pleno do Tribunal de Justiça tem novo membro: José Jorge Figueiredo dos Anjos, juiz de 4ª entrância, que foi eleito – por merecimento – desembargador substituto, para preencher a vaga aberta com a disponibilidade do desembargador Jaime Ferreira de Araújo. Figueiredo dos Anjos substitui o juiz Luiz Gonzaga Almeida Filho, que então ocupava interinamente a cadeira pertencente ao desembargador afastado em decorrência de processo administrativo. Outros três juízes de 4ª entrância – Lucas Ribeiro Neto, Manoel Aureliano Ferreira Neto e Maria Francisca Galiza – participaram formalmente da concorrência. O juiz Luiz Gonzaga ingressou com recurso para participar da eleição, mas o mesmo foi negado pela Corte, sendo mantido o parecer da Corregedoria Geral da Justiça, que indeferiu a inscrição devido à ausência de justificativa em relação à produtividade no 1º Grau. Por maioria, o Pleno decidiu, na mesma sessão, que, a partir da publicação da decisão, todos os processos ficarão a cargo do desembargador substituto José Jorge Figueiredo dos Anjos. No Plantão Judiciário do 2º Grau, no qual estava o então desembargador Luiz Gonzaga, assume a vice-presidente do TJMA, Maria das Graças Duarte Mendes.

 

São Luís, 02 de Março de 2016.

DEM renasce no Maranhão e coloca o deputado federal Juscelino Filho no primeiro plano da política maranhense

 

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Juscelino Filho assumiu a presidência do DEM, que tem agora bancada com Stênio Rezende, Antonio pereira e Cabo Campos

O plenarinho da Assembleia Legislativa foi palco, segunda-feira, de um ato político que certamente vai entrar para a história dos partidos no Maranhão. Ali, numa reviravolta espetacular, o braço do Democratas (DEM) no estado, que vinha praticamente sem músculos, estancou o processo de emagrecimento e ganhou nova vida, terminando o dia, se não com a robustez de antes,  com força suficiente para seguir em frente, em condições até de ganhar mais reforços antes do fechamento da “janela partidária” no dia 2 de abril. A mudança no DEM foi completa: ganhou um novo deputado federal e presidente, Juscelino Resende, que desembarcou do PRP, e dois novos deputados estaduais: Stênio Resende, que deixou o PRTB, e o Cabo Campos, que saiu do PP, mantendo também o deputado Antônio Pereira, o que reforça sua bancada federal e delineia um bom espaço na Assembleia Legislativa. Assim, o partido que já foi a superpoderosa Arena durante a ditadura e, conforme a situação foi mudando, foi rebatizado de Frente Liberal, PFL, PDS, para finalmente, na plenitude do processo democrático, reinventar-se como e Democratas, o conhecido DEM, apontado por muitos como o símbolo maior da direita liberal no Brasil.

O jovem deputado federal Juscelino Rezende, que alguns críticos apontavam como um político sem muito futuro, surpreendeu a todos com essa jogada partidária de mestre, assessorado pelo tio, o deputado Stênio Rezende, uma das raposas mais hábeis do parlamento estadual, tanto que é hoje o decano da Assembleia Legislativa, cumprindo o sexto mandato. Com a tacada, Juscelino Rezende ganhou um espaço de mais visibilidade em Brasília, definindo claramente uma posição de oposição cerrada ao governo do PT, como também abriu caminho para que o DEM iniciasse um amplo processo de reestruturação no Maranhão, com dois objetivos: sair da indigência e ocupar um espaço bem definido no cenário político no qual as cartas são dadas pela aliança comandada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), e criar as condições para participar das eleições municipais de outubro com o maior número possível de candidatos a prefeito, a vice e a vereador.

O DEM estava definhando no Maranhão. Presidido até final do ano passado pelo engenheiro Ricardo Guterres, e tendo como controlador de fato o ex-deputado federal Clóvis Fecury, o partido estava sendo usado mais como uma espécie de reserva de domínio do que como uma agremiação integrada à vida partidária do estado. Disposto a dar passos políticos largos, de preferência no comando de um partido, o deputado Juscelino Rezende enxergou no DEM o caminho para realizar seu projeto político.  Bateu na porta do comando nacional do partido, relatou a situação da secção no Maranhão e pleiteou o seu comando no estado. A direção do DEM, por sua vez, enxergou no jovem deputado a possibilidade de uma longa sobrevida do partido no Maranhão, e não pensou duas vezes: tirou a legenda do controle dos Fecury e a entregou a Juscelino Resende. Diante da garantia de que teria o controle do DEM no Maranhão, Rezende, com o apoio efetivo do tio, deputado Stênio, realizou uma ampla articulação, que culminou com o evento na Assembleia Legislativa, onde assinou ficha e assumiu a presidência.

Assim, o DEM, que há duas semanas perdera o deputado César Pires, exatamente por causa da movimentação dos Rezende, ficando apenas com o deputado Antônio Pereira, voltou a se encher de gás antes de dar o último suspiro. E o fez numa festa política à qual compareceram 25 deputados estaduais dos mais diferentes partidos, entre eles o presidente da Assembleia Legislativa, Humberto Coutinho (PDT), e os líderes da Casa, com o líder do Blocão, deputado Levy Pontes (PHS), que foi convidado para se filiar, e Roberto Costa, que liderou o PMDB. Além de parlamentares, o prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PDT), surpreendeu os presente ao participar do ato acompanhado de vários auxiliares e aliados políticos.

Ao assumir o comando do DEM no Maranhão, o deputado federal Juscelino Filho saiu da planície para ocupar espaço no primeiro plano do cenário político maranhense. Ganha força também o deputado Stênio Rezende, que depois de uma longa peregrinação por diversos partidos, ganha um pouco certo, e com a vantagem de ser um dos manda-chuva da agremiação returbinada. E apoiado por Stênio Rezende, Antônio Pereira e Cabo Campos, Juscelino Rezende Filho assumiu também o desafio de contribuir, com seu trabalho político, para que o partido, que de voz da ditadura evoluiu para se tornar a voz da direita liberal e esclarecida, ganhe sobreviva e continue sendo um dos pilares da democracia.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Jr. acerta mais uma ao apoiar o novo DEM
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Edivaldo Jr.: procurando ampliar sua base de apoio partidário

Há cerca de três semanas, a Coluna registrou que o prefeito de São Luís,  Edivaldo Jr. se credenciou como forte candidato a renovar o mandato por vários motivos, sendo um dos mais importantes a capacidade de tomar decisões de tomar as decisões políticas certas, como a de deixar o PTC e ingressar no PDT, por exemplo. Essa conduta política se repetiu segunda-feira, quando ele participou, no plenarinho da Assembleia Legislativa, juntamente com o presidente Humberto Coutinho, do ato de renascimento do DEM no Maranhão. Com a presença – que, diga-se, foi saudada com festa -, Edivaldo Jr. se credenciou a ter o DEM na aliança que está montando para embalar sua candidatura a mais um mandato no Palácio de la Ravardière. Em tempos de preparação para um processo eleitoral difícil, o pragmatismo inteligente é fundamental. Cortejar o DEM pode representar nada menos que dois minutos de TV no horário eleitoral gratuito, que, no dizer de um político experimentado, representa “muito mais que ouro em pó”, além de algumas vozes de peso reverberando a seu favor. Com sua participação no evento, o prefeito Edivaldo Jr. dificilmente deixará de ter o DEM como parceiro em outubro, o que reforça muito mais o seu cacife nas urnas.

 

Convidado para entrar no DEM, Rigo Teles preferiu ficar no PV
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Rigo Teles preferiu ficar no PV, mas apoiou a filiação do parlamento parceiro Stênio Rezende

Faltou pouco para que o deputado Rigo Teles dissesse adeus ao PV para ingressar no DEM. Parceiro do colega Stênio Rezende na ciranda parlamentar, o deputado de Barra do Corda foi convidado insistentemente para reforçar o DEM no plenário da Assembleia Legislativa, mas ele resistiu tentação e decidiu manter-se nas fileiras do PV. No exwercício9 do quinto mandato, o deputado Rigo Teles vive uma situação delicada. Um dos quatro membros da bancada do PV, ele sofre um processo de isolamento no partido. Isso porque, enquanto o os deputados Adriano Sarney e Edilázio Jr. fazem oposição cerrada e implacável ao Governo Flávio Dino, ele e o deputado Hemetério Weba tentam manter uma relação institucional produtiva com o Palácio dos Leões. Frequentador quase diário da tribuna, Rigo Teles elogia as ações do Governo, destaca a postura do governador e emite todos os sinais de que  não pretende entrar em rota de colisão com o governador e seu grupo. Aprovado por uns e criticado por outros, Rigo Teles mantém sua rotina de ocupar a tribuna quase que diariamente, via de regra para falar de problemas de Barra do Corda, com duras críticas ao prefeito Eric Costa (PSC), a quem faz uma oposição dura, mas equilibrada, movido sobretudo pela longa experiência política e parlamentar. Há quem critique duramente essa postura política, mas Rigo Teles sabe que esse é o único caminho para sobreviver na guerra entre as forças que agora comandam o Governo e o que restou do Grupo Sarney.

 

 

São Luís, 01 de Março de 2016.

Edilázio Jr. e Adriano Sarney atacam ação política de Flávio Dino e satanizam candidatura de Dutra em Paço do Lumiar

 

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Edilázio Jr. e Adriano Sarney atacaram fortemente Flávio Dino, Domingos Dutra e Josemar Sobreiro, ontem, na AL

A suspeita de que a corrida sucessória em Paço do Lumiar será uma das mais duras das eleições municipais deste ano ganhou densidade na semana passada, com a realização de dois eventos políticos de peso – um do PDT para reforçar o projeto de reeleição do prefeito Josemar Sobreiro (PSDB), com a presença do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho, e do ex-ministro do Trabalho e presidente nacional do partido, Carlos Lupi; outro, organizado pelo PCdoB em apoio à candidatura do ex-deputado Domingos Dutra, com a participação do governador Flávio Dino (PCdoB). O sintoma de que o confronto será mesmo pesado foi evidenciado ontem, na Assembleia Legislativa, onde o deputado Edilázio Jr, (PV), que representa uma terceira corrente na corrida à Prefeitura lumiense, disparou artilharia verbal pesada contra o prefeito Josemar Sobreiro e seus apoiadores pedetistas e contra o governador Flávio Dino, avaliando como “fracassado” o evento de apoio a Domingos Dutra, a quem apelidou o tempo todo de “fute” – o diabo, na cultura popular -, apelido maldoso usado por Dutra para identificar o ex-presidente José Sarney (PMDB). O deputado Adriano Sarney (PV) reforçou o discurso do colega de partido, e atacou duramente o ex-deputado Domingos Dutra, afirmando que, em vez de “fute”, “ele é o diabo mesmo”.

O discurso de Edilázio Jr. teve dois tons. No primeiro, relacionado com a declaração de apoio do PDT ao prefeito tucano Josemar Sobreiro, feita em evento realizado quinta-feira, o deputado do PV recorreu à ironia, ao informar que a reunião do PDT foi realizada em São José de Ribamar, quando deveria ter sido realizada em Paço do Lumiar. Manifestou-se surpreso que o ato tenha contado com a participação efetiva do presidente nacional do PDT e do presidente da Assembleia Legislativa, e foi mais duro quando se referiu ao prefeito, a quem apontou como “um dos três prefeitos” mais mal avaliados do Maranhão. Edilázio Jr. não revelou a fonte da informação que embasou sua avaliação do prefeito de Paço do Lumiar.

Em relação ao ato político no qual o PCdoB, com a presença do governador Flávio Dino, manifestou apoio ao projeto de do ex-deputado Domingos Dutra de chegar à Prefeitura de Paço do Lumiar, o deputado Edilázio Jr. foi mais duro. Interpretou a candidatura de Dutra como uma estratégia do governador para disseminar “o medo”. E justificou sua afirmação assinalando, primeiro, que o chefe do Executivo estadual “é um falastrão”, que usa o poder “para intimidar e disseminar o medo”. Edilázio Jr. insistiu na acusação afirmando que “ele usa a intimidação e a ameaça” até para se afastar aos que o ajudaram na campanha. “Ele deu as costas para aliados que estão insatisfeitos, que estão decepcionados”, disparou o parlamentar verde acrescentando que o governador “tem hoje a imagem de perseguidor”, afirmando que “do lado dele só se ouve queixas”.

Edilázio Jr. virou sua metralha verbal para Domingos Dutra apontando-o como um político que só cria problemas e nunca apresenta soluções. Indagou qual a obra que ele levou para o Maiobão e para paço do Lumiar como deputado federal. “Nenhuma”, afirmou. E completou prevendo que Dutra e Dino serão derrotados naquele município: “A taca vai cantar no ´fute`”, prognosticou.

Em aparte a Edilázio Jr., o deputado Adriano Sarney reforçou a metralha verbal do colega e atacou fortemente o ex-deputado Domingos Dutra e o governador Flávio Dino. Usando uma linguagem que não costuma usar, o neto do ex-presidente José Sarney ratificou as acusações afirmando que os aliados do governador “estão insatisfeito, porque estão debaixo de taca”. E quando se referiu ao ex-deputado Domingos Dutra, disse que não o chamaria de “fute”, como ele chama seu avô. “´Fute` é o diabo. E o diabo agora quer ser prefeito de Paço do Lumiar. Mas não vai ser porque o governo vai perder em Pasço do Lumiar”, declarou o líder do PV na Assembleia Legislativa.

O que chamou atenção no ataque dos deputados verdes ao envolvimento direto do governador Flávio Dino e seus aliados na corrida para a Prefeitura de Paço do Lumiar foi o fato de eles não revelarem como o PV, e o Grupo Sarney em geral, participarão da disputa naquele município. No cenário da corrida eleitoral, o vereador Caetano apresenta-se como pré-candidato do PV, mas nem Edilázio Jr. nem Adriano Sarney disseram uma palavra sobre o assunto.

O ataque não ficou incólume. O líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSC) contestou todos os pontos do ataque. Garantiu que o encontro do PCdoB em Paço do Lumiar para turbinar a candidatura de Domingos Dutra “foi um sucesso”. Segundo ele, “as fotos mostram que foi um sucesso”. E contestou a afirmação de que os aliados do governador Flávio Dino estariam insatisfeitos. “Esse governo não discrimina ninguém e dá tratamento igual para todos”. E referindo-se ao movimento partidário no sentido das eleições, declarou, enfático, que o governador vai participar da campanha, “mas a máquina não será usada”.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Líder do Governo rebateu timidamente ataque dos oposicionistas

rogério 2Ao rebater os ataques dos oposicionistas Edilázio JR. e Adriano Sarney, o líder governista Rogério Cafeteira fez uma revelação que, ficou claro, não pretendia fazer: o governador Flávio Dino vai se licenciar do governo para participar da campanha dos candidatos aliados na corrida às prefeituras. A revelação, que não pode ser interpretada como um ato falho do líder, sinaliza que, mesmo afirmando e reafirmando que não envolverá o governo na disputa, o governador Flavio Dino parece determinado a sair das urnas de outubro politicamente bem mais forte do que agora. Dino vai jogar todo o peso do seu prestígio político para em candidatos aliados em regiões estratégicas – São Luís, Paço do Lumiar, Imperatriz, Caxias, Timon, Santa Inês, Balsas, entre outros municípios de grande peso na vida do estado. Isso significa dizer também que ele vai jogar pesado para derrotar adversários e, assim, reduzir ao máximo os focos de oposição. O projeto eleitoral do governador nas eleições municipais é ambicioso, e ele precisa sair fortalecido e cacifado para dar as cartas em 2018. Daí não ser nenhuma surpresa se ele, de fato, vier a se afastar temporariamente do Governo para se transformar no mais importante cabo eleitoral do Maranhão, com poder de fogo para embalar um grande número de candidaturas. E a julgar por sua participação no ato do PCdoB em Paço do Lumiar, o ex-deputado é uma das prioridades do governador na disputa municipal.

 

André Fufuca tenta dar importância à coordenação da bancada federal

André FufucaEleito coordenador da bancadas do Maranhão na Câmara Federal, o deputado André Fufuca (PEN) tenta dar ao posto uma importância e um peso político que o torne um instrumento eficiente de pressão em relação ao Governo Federal. Não será fácil, porque a bancada é politicamente muito dividida, o que dificulta imensamente qualquer iniciativa de mobilizar os 18 deputados em torno de um objetivo comum. É sabido que os interesses que movem os deputados federais maranhenses, principalmente em ano de eleições municipais, são muito conflitantes. É quase impossível harmonizar essa cadeia de conflitos, mesmo sendo indiscutível que a pressão de um bloco é bem mais forte do que a de grupos menores ou de um só parlamentar. Instrumento informal de ação parlamentar, a coordenação da bancada não se consolidou até aqui pelos bons resultados; ao contrário, nenhuma grande ação foi realizada no Maranhão por obra e graça de ação coordenada da bancada. Durante pelo menos três mandatos, o experiente e bem relacionado deputado federal Sarney Filho (PV) foi o coordenador, tendo passado o bastão para o igualmente experiente e preparado deputado federal Pedro Fernandes (PTB). Agora, quase nenhum deputado manifestou interesse no cargo, e diante do desinteresse, André Fufuca ofereceu-se para o “sacrifício”. Depois que o jovem deputado do PEN se candidatou, alguns colegas dele tentaram convencer o deputado José Reinaldo Tavares (PSB) a se candidatar, mas ele recusou o convite. André Fufuca tem pela frente a tarefa de mostrar que a coordenação é de fato útil, destravando a duplicação da BR-135, por exemplo.

 

São Luís, 01 de Março de 2016.