Arquivos mensais: maio 2015

Pesquisa: Eliziane forte, Edivaldo Jr. enroscado e Roseana com maior rejeição

 

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Eliziane lidera, Edivaldo Jr. está complicado, Castelo está vivo e Roseana tem alta rejeição

 

A corrida ao Palácio de la Ravardière no ano que vem será, sem sombra de dúvida, uma das mais acirradas desde 1985, quando o eleitorado das capitais brasileiras retomaram o direito de escolher os seus prefeitos. Além do perfil dos pré-candidatos – alguns dos quais estão transformando essa corrida eleitoral no mais importante projeto das suas vidas -, o acirramento foi confirmado por uma pesquisa feita pelo instituto Escutec no período de 12 a 15 deste mês e na qual perguntou a 807 eleitores sobre em quem eles votariam se a eleição fosse realizada hoje. Os números encontrados confirmam a previsão de que, mais do que uma corrida eleitoral de rotina, essa será uma guerra pelo poder.

Indagados espontaneamente sobre em quem votariam para prefeito de São Luís se a eleição fosse hoje, 18,1% escolheram a deputada federal Eliziane Gama (PPS), 11,3% apontaram o ex-prefeito João Castelo (PSDB), 9,2% o prefeito Edivaldo Jr. (PTC), 6,3% o ex-prefeito (São José de Ribamar) Luis Fernando Silva (PSDB), 3, 8% a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), 0,7%  o suplente de senador Lobão Filho (PMDB), 0.4% o deputado estadual Neto Evangelista (PSDB), 0,1% a deputada Andrea Murad (PMDB) e 0,1% o ex-prefeito Tadeu Palácio. Essa manifestação espontânea, sem indução, desenha páreo duro entre Eliziane, Edivaldo Jr. e João Castelo.

Mas quando, imediatamente após a manifestação espontânea, a pergunta sobre em quem vai votar é novamente feita, só que agora oferecendo ao eleitor uma lista de pré-candidatos, o cenário mantém a lista de preferências, mas muda expressivamente os percentuais. Num cenário com  Roseana, Eliziane aparece com 33,5%, seguida da ex-governadora com 15%, Edivaldo Jr. com 13,8%, Luis Fernando com 10%, a vereadora Rose Sales com 4.1%, Gastão Vieira (PROS) com 3,1%, enquanto 15% responderam que não votariam em nenhum deles e 5,6% disseram não saber. Esse cenário aponta Eliziane bem situada, e uma briga ferrenha entre Roseana e Edivaldo Jr. para vaga de adversário de Gama no 2º turno.

Já num cenário em que sem Roseana e com Castelo, Eliziane salta 40,4%, João Castelo aparece em segundo com 13,3%, seguido de Edivaldo Jr. com 12,8%, além de Rose Sales com 5,9%, Gastão Vieira com 4,6%, Fábio Câmara com 2,1% e, dados que se repetem: 15,5% responderam que não votariam em nenhum deles e 5,6% não souberam responder.  Esse cenário mostra que, tanto quanto Roseana, Castelo desequilibra a disputa.

Um terceiro cenário, este sem Roseana nem Castelo, Eliziane alcança 42,8% das preferências, seguida de Edivaldo Jr. com 13,3%, Neto Evangelista com 6,4%, Rose com 5,7%, Gastão com 5,5%, Fábio Câmara com 2,1%, enquanto que 18,3% responderam que não querem nenhum deles e 5,5% não souberam responder. Nesse cenário, Eliziane chega ao seu teto, enquanto Edivaldo Jr. se mantém, indicando que no momento sua faixa de preferências está estabilizada em 13%. O dado mais expressivo desse cenário são os 18,3% que não votariam, que, somados aos 5,5% de indecisos, formam um contingente de 23,8% de votos a serem conquistados.

Outro cenário, porém, cria uma enorme dificuldade para Roseana Sarney, Edivaldo Jr. e João Castelo, favorecendo diretamente Eliziane Gama: o da rejeição. Nesse quesito, a ex-todo-poderosa governadora Roseana Sarney leva a pancada maior ao ser rejeitada por 33,5% dos entrevistados, percentual que é o dobro das suas preferências. Logo atrás dela aparece o prefeito Edivaldo Jr. com uma rejeição expressiva: 22,2%, o que, grosso modo, é uma vez e meia o seu percentual de preferências. Com 10%, João Castelo mostra que tem uma rejeição menor do que as preferências, o que lhe dá um potencial de crescimento e mostra que ele não está no limbo. Os demais têm os seguintes percentuais de rejeição: Ricardo Murad (6,2%), Eliziane (3,8%) e Gastão (3,3%).

Numa avaliação geral, estão mesmo no páreo a deputada federal Eliziane Gama, até aqui como líder nas preferências, e o prefeito Edivaldo Jr. numa posição crítica, mas não desesperadora. Vale as seguintes indagações: Roseana Sarney vai entrar na briga, com uma rejeição que é o dobro das suas preferências?  João Castelo será mesmo candidato, com percentual de preferência maior do que o de rejeição?  As respostas poderão indicar o caminho hoje desenhado num embate do prefeito com a deputada do PPS.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

2º turno I

Salvo no cenário em que a ex-governadora Roseana Sarney participa, em todos os demais a deputada federal Eliziane Gama venceria no 1º se a eleição para a Prefeitura de São Luís fossem realizadas hoje. E venceria todos os candidatos quem fosse para o 2º turno.

 

2º turno II

Se a disputa fosse com o prefeito Edivaldo Jr., o resultado seria acachapante: ela teria 57,9% contra 17,2% do prefeito. Nesse cenário, um exército de 20% dos eleitores não votaria nem na deputada nem no prefeito. Se a disputa do 2º turno fosse com Roseana Sarney, a deputada do PPS teria 54,8% contra 24,3% de da ex-governadora. E nesse caso, nada menos que 16,2% dos eleitores não votaria em nenhuma das duas.

 

São Luís, 30 de Maio de 2015.

Vitorioso na UFMA, Natalino agora mira a Prefeitura de São Luís

 

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Natalino Salgado pode ser candidato a prefeito de São Luís  após boa gestão na UFMA

Uma interpretação superficial dirá que a eleição do novo reitor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) nada tem a ver com a eleição, daqui a 18 meses, do novo prefeito de São Luís. Mas um acompanhamento mais ampliado do cenário político rascunhado na Ilha de Upaon Açu identificará sinais bem nítidos de que a relação não é formal, mas é direta. Isso porque, apesar de muitos ainda avaliarem a informação com restrição e até com má vontade, é absolutamente verdadeiro que o reitor Natalino Salgado caminha efetivamente para sair candidato ao Palácio de la Ravardière, num confronto eleitoral que envolverá o prefeito Edivaldo Jr. (PTC), a deputada federal Eliziane Gama (PPS), o ex-deputado federal Gastão Vieira (PROS), o deputado estadual Neto Evangelista (PSDB), relação que pode ser aumentada com o suplente de senador Lobão Filho ou o ex-deputado Ricardo Murad (PMDB), o deputado estadual Edilázio Jr. (PV) e a vereadora Rose Sales (sem partido).

Vários leitores perguntaram por que a Coluna tem dado importância a esse projeto. A resposta é simples: se vier mesmo a entrar na corrida ao voto pelo cargo de prefeito de São Luís, Natalino Salgado será, sem dúvida, o fato novo dessa disputa eleitoral. E entrará calçado numa trajetória bem sucedida como administrador público, que pode ser constatada na revolução que operou no Hospital Universitário e, nos últimos oito anos, como reitor da UFMA, que recebeu mergulhada na timidez e a entregará ao seu sucessor transformada num complexo dinâmico e que praticamente dobrou de tamanho.

O desempenho administrativo na UFMA jamais seria conseguido por um neófito em política, um mau articulador. Para começar, arrancar recursos de Brasília nos últimos tempos não foi tarefa para amadores, principalmente em área como a educação, cujo caixa é historicamente baixo. Convencer e cair nas graças dos burocratas da Esplanada dos Ministérios é resultado, sobretudo, de boa articulação política, associado a um demonstrativo de que os recursos liberados a duras penas são bem aplicados. Natalino Salgado conquistou a tecnocracia brasiliense e o comando do PT, conseguiu muitos recursos e os aplicou bem na estrutura e em outras melhorias, como a ampliação da oferta de cursos e de vagas.

Quem conhece as entranhas da UFMA sabe que a instituição é um permanente palco de embates políticos, onde se defrontam as mais diversas correntes ideológicas, principalmente as de esquerda. Para dar apenas um exemplo: ali, o PSOL, que não fez um vereador no Maranhão em 2012 nem um deputado federal ou deputado estadual nem senador em 2014, controla hoje nada menos que a Apruma, o poderoso e influente braço associativo e sindical de professores e servidores, e teve gás para lançar candidato a reitor, o professor Antônio Gonçalves, que ficou em segundo lugar. E nessa seara transitam com força expressiva o PSTU, as mais diversas correntes do PT, o PCdoB, o PPS, o PCB e também segmentos de centro e de direita, como PMDB, PSDB e PV. Assim, comandar essa máquina gigantesca, sobreviver a dois mandatos no embate permanente com correntes adversárias e ainda eleger o sucessor – a professora Nair Portela – e o vice-reitor – professor Fernando Carvalho – em turno único, faz do reitor Natalino Salgado um candidato a raposa credenciado a entrar na briga pela prefeitura de São Luís.

Sua entrada na corrida eleitoral servirá no mínimo para elevar o nível da campanha, exigindo dos demais candidatos que se preparem de fato para um embate de ideias e não para uma briga de rua. Não é sem razão, portanto, que o reitor da UFMA, cujo mandato termina em novembro, está sendo assediado por partidos como PT, PMDB, PSDB, entre outros.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Roseana e o PMDB I

rose 5A ex-governadora Roseana Sarney (foto)não está nem um pouco satisfeita com a crise que se instalou dentro do PMDB. Enfrentando o furacão da Operação Lava Jato, que tramita na Justiça Federal, e a tormenta do Caso do Precatório, que corre em sigilo na Justiça Estadual, disse, a pelo menos dois interlocutores, que não tem tempo nem disposição para mediar agora um entendimento entre o comando do partido, liderado pelo senador João Alberto, e o ex-deputado Ricardo Murad, que quer assumir o controle do diretório do PMDB de São Luís para sair candidato a prefeito. A bomba, que vinha se inflamando há tempos, estourou nesta semana na Assembleia Legislativa, numa reação dura do deputado Roberto Costa, que comanda o diretório da capital, a declarações da deputada Andrea Murad, intérprete dos sentimentos do pai. A eclosão teria irritado a ex-governadora.

 

Roseana e o PMDB II

O problema do PMDB é simples. Os dirigentes do partido, que o vêm mantendo dentro das regras, não aceitam que o ex-deputado Ricardo Murad, que não tem lá essas afinidades com a história do PMDB, assuma a direção da agremiação em São Luís e se lance candidato a prefeito sem o aval dos seus líderes maiores e intermediários. Sempre que colocada diante do problema em momentos de tensão, Roseana Sarney tenta acalmar os ânimos, sem, no entanto, costurar uma solução definitiva sobre o assunto. Isso porque sabe que não pode atropelar o comando do partido, e ao mesmo tempo não quer contrariar o cunhado.

 

São Luís, 29 de Maio de 2015.

 

 

Edivaldo Jr. e Flávio Dino ganham direito de brigar pela a reeleição

 

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Edivaldo Jr. e Flávio Dino ganharam o direito de brigar pela reeleição

 

O prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PTC) – e todos os seus colegas eleitos em 2012 – e o governador Flávio Dino (PCdoB) foram dormir mais tranquilos na noite de quarta-feira. Motivo: a Câmara Federal decidiu, no bojo da reforma política, que eles poderão concorrer à reeleição, o primeiro em 2016 e o segundo em 2018. E com uma vantagem a mais, o mandato a ser tentado na reeleição poderá ser de cinco anos, o que dá aos aspirantes um gás a mais na preparação para as guerras eleitorais.

A situação do prefeito Edivaldo Jr. é desafiadora. A peleja na qual ele brigará por mais um mandato será acirrada, dado o número de pré-candidatos. Os aspirantes – Eliziane Gama (PPS), Roseana Sarney ou Lobão Filho (PMDB), Gastão Vieira (PROS), Neto Evangelista (PSDB), Edilázio Jr. (PV), entre outros – estão desde agora se munindo de argumentos para fazer uma campanha implacável com o objetivo de ocupar a sala principal do Palácio de la Ravardière.

A julgar pelo que tem sido evidenciado nas últimas semanas, as dificuldades do prefeito Edivaldo Jr. são respeitáveis. Para começar, sua gestão viveu os dois primeiros anos esbarrando em dificuldades, de modo que a máquina pública municipal não deu as respostas que o atento e instável eleitor da Capital esperava. Nesse campo, o prefeito sinaliza um  começo de reação, apresentando alguns resultados que têm sido festejados por seus aliados. Essa melhoria de desempenho, no entanto, ainda não convenceu de todo o eleitorado, que lhe mantém com nota baixa, mas com inclinação para avaliações melhores, conforme mostrou pesquisa recente do Escutec. Isso significa dizer que o prefeito está, de fato, se preparando para o embate do ano que vem.

No campo político, o prefeito Edivaldo Jr. vive um momento que, dependendo de como está sendo encarado, pode ser de afirmação ou de fragilidade. Eleito como um projeto do então candidato a governador Flávio Dino, o prefeito foi um dos aliados mais ativos na vitoriosa campanha de Dino ao Governo do Estado. Ocorre que adversários do prefeito – como a deputada federal Eliziane Gama, por exemplo, pré-candidata assumida -, também apoiaram o candidato Flávio Dino, e por causa disso, o governador já declarou que não se envolverá em disputa entre dois aliados. A posição do governador criou um embaraço para o prefeito e o seu projeto de reeleição. Mas se ele tiver vontade, determinação e personalidade política, a neutralidade de Dino pode ajudá-lo, se esta for aproveitada de maneira madura e ele se mostrar um prefeito politicamente independente da tutela do Palácio dos Leões. Vai depender só dele.

O governador Flávio Dino, por seu turno, está em início da caminhada e tem pela frente desafios gigantescos a serem vencidos. Flávio Dino sabe que essa reforma política poderá mudar não apenas o processo eleitoral e tempo de mandatos, mas também alcançar o coração e a mente do eleitorado, tornando-o mais exigente, principalmente depois das decepções que o afetaram após as eleições de 2014. Ou seja, o governador tem discernimento político suficiente para fazer essa leitura, o que lhe dá condições de nortear as ações do seu governo para uma gestão bem sucedida.

Não há dúvida de que Flávio Dino se elegeu para governar por oito anos, o que implica vencer a guerra eleitoral de 2018. Ele chegou ao poder consciente de que tirou dele um grupo poderoso e influente, mas ao mesmo tempo em declínio e minado pelo desgaste que contamina impérios longevos demais. Isso o obriga a fazer esforços bem maiores, porque a partir de 2018 a briga pelo poder será ferrenha, já que governador e presidente terão mandato de cinco anos, sem reeleição.

Nesse contexto, o prefeito Edivaldo Jr. tem a chance e o tempo necessário para mostrar que não é um fracasso administrativo nem candidato a um fracasso político. E o governador Flávio Dino vive a mesma situação, com a diferença de que está iniciando seu governo, não sofreu ainda desgaste sério e tem todas as condições de se tornar um projeto bem sucedido.

 

PONTOS & CONTRAPONTO

 

Debatendo a reforma

Alguns deputados federais maranhenses estão participando intensamente dos debates da reforma política. Sarney Filho (PV), Victor Mendes (PV), Hildo Rocha (PMDB), Eliziane Gama (PPS), Rubens Jr. (PCdoB), José Reinaldo Tavares (PSB), João Castelo (PSDB) e Aluísio Mendes (PTdoB), Cléber Verde (PRB) e João Marcelo de Souza (PMDB) estão atuando ativamente integrados às suas bancadas. Os demais não têm demonstrado muito interesse pelo que está sendo considerado o grande momento da nova Câmara Federal.

 

Levantando a bandeira

sarney filho 3O deputado Sarney Filho jogou todo o peso da sua experiência parlamentar e matreirice política para chamar para si uma bandeira de interesse dos prefeitos de todo o país: a ampliação do mandato. Na terça-feira, o líder do PV foi à tribuna e surpreendeu seus pares com uma proposta ousada, que já corria nos bastidores, mas que não havia sido defendida abertamente no plenário: a ampliação, por mais dois anos, do mandato dos atuais prefeitos. De lá p ara cá, Sarney Filho não tem perdido os prefeitos de vista e vez por outra cobra da presidência da Câmara a votação da proposta.

 

Proposta indecente

hildo rocha 2O deputado federal Hildo Rocha (foto) se juntou à corrente contrária à adoção do mandato de cinco anos para os atuais deputados federais, como prevê uma das propostas da reforma política. Rocha usou o microfone para criticar duramente a iniciativa, argumentando que não faz sentido aumentar o tempo do mandato parlamentar. “Mandato de cinco anos para os deputados é uma aberração, é uma traição ao povo, além de ser inconstitucional e imoral. Não há como aceitar essa imoralidade”, declarou Rocha, aplaudido por uns e censurado por outros.

 

São Luís, 28 de Maio de 2015.

 

 

 

 

Nem distritão nem distrital: tudo continua como está

 

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Deputados federais preferiram deixar tudo com o está no processo que os elege

 

A esmagadora maioria de deputados estaduais e federais e vereadores festejou aliviada a rejeição, pela Câmara Federal, do distritão, o monstrengo institucional proposto como regra básica para as eleições proporcionais no Brasil, que assim imitaria o Afeganistão. Em compensação, mandou para o espaço a civilizada proposta do voto distrital e um arremedo dele, o voto distrital misto, que se adotados colocariam o sistema eleitoral brasileiro entre os mais avançados do planeta. A maioria preferiu manter o atual sistema que, se não é exatamente uma maravilha, não é também o que há de pior, o que o torna suportável, apesar de tudo.

O distritão, por meio do qual seriam eleitos os mais votados, pura e simplesmente, seria a negação total do conceito de partido político, cuja existência já não é lá essas coisas no nosso sistema. O distritão estenderia tapete vermelho para os endinheirados, os famosos de qualquer naipe, os que têm estrutura partidária forte e meios de convencer o eleitor, como chefes políticos, por exemplo, e junto com eles, artistas, radialistas, pastores evangélicos, padres cantores e milagreiros de todos os matizes. Sepultaria, enfim, o conceito de proporcionalidade, e com ela a garantia de voz às minorias.

Numa completa inversão de valor, o voto distrital introduziria no Brasil uma realidade política nova, completamente reformadora. O eleitor saberia em quem estaria votando, porque o candidato seria um cidadão do seu distrito, ciente dos seus problemas e das suas expectativas. O eleitor teria condições de monitorar a ação do eleito e de cobrá-lo. E o voto distrital misto criaria duas categorias de parlamentar, um representante de distrito e outro representando o eleitorado com o um todo. Os “distritais” seriam mais cobrados e controlados pelo eleitor, enquanto que os outros não teriam a quem dar satisfação, o que seria uma distorção grave.

Seja pelo bom propósito de evitar o monstrengo distritão ou por não querer avançar demais com o voto distrital nem dar um passo largo com o distrital misto, a maioria da Câmara Federal mergulhou na conveniência e preferiu “garantir o que está dando certo”.

O sistema de eleição proporcional hoje em vigor no Brasil foi inventado ainda na ditadura, foi ajustado com a redemocratização, mas a essência da proporcionalidade continua a mesma. Funciona assim: partidos realizam convenções e escolhem candidatos em número igual ao de cadeiras em disputa. Dois ou mais partidos podem se unir em coligações e, nesse caso, podem lançar até uma vez e meia o número de vagas em disputa. A regra define o cociente eleitoral, que é o número de votos válidos dividido pelo número de cadeiras em disputa. Para eleger um deputado federal, o partido ou a coligação precisa conseguir, somados os votos de todos os seus candidatos, o número de votos equivalente ao número de votos válidos dividido por 18, que é o número de cadeiras. A mesma regra vale para deputado estadual e para vereador.

Nesse sistema, alguns se elegem com menos votos do que candidatos de outros partidos ou coligações. E é aí que está a chave da proporcionalidade que democratiza a eleição de uma Câmara Federal, uma Assembleia Legislativa e uma Câmara Municipal.

No caso da eleição para bancada federal, somam-se os votos válidos e divide-se por 18, e o resultado é o cociente eleitoral. Para eleger um deputado, o partido ou a coligação, somados os votos dos seus candidatos, precisa alcançar o cociente eleitoral. Se a soma dos seus votos equivaler a dois, três, quatro, cinco ou mais cocientes eleitorais, ele elegerá os seus cinco candidatos mais votados. Quando nenhum partido ou coligação conseguir o cociente e o número de eleitos não tiver preenchido o número de vagas, passam a valer as sobras, ou seja: o partido ou a coligação que tiver maior número de votos abaixo do cociente elegerá o deputado, e assim por diante.

Nesse sistema, é comum candidatos bem votados não entrarem, enquanto outros, com votações à vezes surpreendentemente baixas entram. Dois exemplos marcaram eleições proporcionais no Maranhão. O primeiro foi em 1986, quando Jackson Lago recebeu 36 mil votos para deputado federal, mas a soma dos seus votos com a dos outros candidatos do seu partido, o PDT, não conseguiu cociente eleitoral, e o futuro governador ficou de fora da Assembleia Nacional Constituinte. O outro foi um candidato a deputado estadual J. J. Pereira, que se elegeu com 1.500, porque a soma de votos dos candidatos do seu partido foi a maior sobra para preencher a última das 42 cadeiras.

Assim, no caso da eleição proporcional, o Brasil preferiu continuar com o que dá certo a avançar muito ou se transformar num Afeganistão.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Nair Portela eleita reitora da UFMA

nair 5A professora Nair Portela venceu a eleição para reitor da UFMA. Informação obtida pela coluna na primeira hora de hoje registrou que a candidata do reitor Natalino Salgado obteve 54% dos votos contra 32% do segundo colocado, o professor Antonio Gonçalves. Com esse resultado, Nair Portela vai para o topo da lista que será levada ao Ministério da Educação e certamente será nomeada com o aval da presidente Dilma Rousseff para um mandato de quatro anos. Nair Portela começou a campanha como favorita. Nos levantamentos feitos durante a campanha ela sempre apareceu com mais de 50%, indicando que seria eleita em turno único – se não tivesse obtido mais da metade dos votos, haverias um segundo turno em que disputaria com o segundo mais votado. O maior vitorioso desse processo foi o reitor Natalino Salgado, que vai passar o cargo para um aliado. O professor Fernando Carvalho, atual pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, foi eleito vice reitor com 56% dos votos.

Financiamento empresarial

Não teve jeito. A Câmara federal aprovou ontem à noite o financiamento privado de campanha eleitoral. Pelo que foi decidido na votação de mais uma etapa da reforma política, as empresas poderão fazer doações financeiras aos partidos políticos, ficando proibidas as doações diretamente a candidatos. Mais do que isso: não ficou estabelecido um limite para o valor desas doações. A decisão foi o resultado; de uma manobra do presidente da Câmara federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que derrotou a proposta do PT, que defendia o financiamento público oura e simplesmente e tinha certeza de que sua proposta seria vitoriosa.

 

Reeleição proibida (mas com ressalvas)

edivaldo jr-horzComo estava previsto, outra decisão da Câmara federal na votação da reforma política foi a aprovação, ontem, do fim da reeleição. Mas como não poderia deixar de ser, a mudança foi será feita de forma mutilada: os prefeitos eleitos em 2012 e os governadores eleitos em 2014 estão fora da proibição e poderão concorrer |á reeleição. Isso significa dizer que o prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PTC) (foto) não vai ganhar mais dois anos de mandato, mas terá ganhou o direito de pedir ao eleitorado que que lhe dê mais um mandato. A decisão também foi festejada pela deputada Eliziane Gama (PPS) (foto), quer assim pode manter seu projeto de disputar o palácio de la Ravardière.

São Luís, 27 de Maio de 2015.

Eclode a crise que pode rachar o PMDB do Maranhão

 

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Andrea Murad atacou em nome de Ricardo Murad e Roberto Costa reagiu duro

Eclodiu ontem, com estridência, a crise anunciada no PMDB do Maranhão. E como vinha sendo rascunhado desde antes das eleições de 2014, o pomo da discórdia chama-se Ricardo Murad. Ele vem se movimentando para dar as cartas dentro do partido, mas tem sido mantido distante do comando partidário pela ação decidida do senador João Alberto, que tem o controle da agremiação no plano estadual, e do deputado estadual Roberto Costa, que comanda o braço de São Luís. No meio da crise, a ex-governadora Roseana Sarney, líder maior do partido, move-se ora a favor de Murad, mais pelos laços de família do que por coerência partidária, ora do lado do comando do PMDB, que é eficiente e sempre foi leal ao grupo.

A crise chegou ao seu ápice ontem, na Assembleia Legislativa, com a reação do deputado Roberto Costa a declarações da deputada Andrea Murad. Ela disse, numa entrevista, que Roberto Costa devia “procurar o seu lugar” e deixar a decisão “para os líderes”. Costa poupou a deputada, mas foi na jugular de Ricardo Murad: “A história dele mostra que a palavra dele não vale uma moeda de real furada”. E foi mais longe: “Ricardo Murad não tem legitimidade política nem eleitoral. Ele é um desagregador. Ele não respeita ninguém”. E acrescentou: “Ele traiu o grupo, traiu aqueles que sempre lhe deram a mão. Por isso sua palavra não vale nada”. E fechou: “Não aceito, não admito e não vou deixar que o senhor Ricardo Murad paute o PMDB. E tem mais: o convite para ele deixar o PMDB está feito”.

A “guerra” interna vem de longe. O ex-deputado Ricardo Murad, depois de ter tentado algumas vezes, sem sucesso, tomar o comando pemedebista, decidiu agora dar as cartas no PMDB de São Luís e, nesse embalo, sair candidato a prefeito da Capital no ano que vem. O comando do PMDB se fechou para ele nos dois planos, escudado no argumento de que o ex-deputado não soma, só desagrega. E justifica sua posição trazendo à tona a trajetória partidária do Murad no PFL, PDT, PSB e agora no PMDB, por onde deixou um rastro de crises, tendo inclusive passado um longo período como inimigo político do Grupo Sarney.

Os sinais da confusão surgiram quando a deputada estadual Andrea Murad, filha e porta-voz política de Ricardo Murad, passou a criticar e da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa, comandada pelo deputado Roberto Costa, posição de oposição radical ao atual governo. À medida que Costa foi reagindo, a parlamentar ampliou a crítica para a esfera partidária, deixando claro que a intenção de Ricardo Murad era fazer com que a bancada pemedebista se submetesse à sua orientação. Além de Roberto Costa, os deputados Nina Melo e Max Barros deixaram claro que não entrariam no jogo do ex-secretário de Saúde.

A reação negativa do comando e da bancada estadual do PMDB às investidas de Ricardo Murad aumentou o clima de discórdia instalado no partido desde antes das eleições, quando membros do grupo o acusaram de usar a poderosa máquina da Secretaria Estadual de Saúde para favorecer as candidaturas de Andrea Murad e Souza Neto (PTN), seu genro. Desde que a Assembleia Legislativa foi instalada, Andrea Murad vem fazendo ataques sistemáticos ao governador Flávio Dino, principalmente na área da saúde, numa estratégia clara do ex-secretário Ricardo Murad de tentar inibir a gana com que o novo governo investiga sua gestão na Secretaria de Saúde com o propósito quase explícito de destruí-lo como homem público.

A crise ganhou mais intensidade depois que a ex-governadora Roseana Sarney retornou dos EUA. De um lado, Murad pressionando para dar as cartas no PMDB, do outro o comando do partido pronto para uma guerra, se necessário. Fiel da balança, a ex-governadora tentou convencer João Alberto e Roberto Costa a cederem espaço para Ricardo Murad no partido. Não conseguiu. Chegou a cogitar assumir a presidência do PMDB, mas logo percebeu que cometeria um erro tremendo. No momento, sabe que só imporá a vontade de Ricardo Murad se quebrar o PMDB, mas sabe também que isso será liquidar o maior, mais organizado e mais bem aparelhado partido político do Maranhão.

 

PONTOS & CONTRAPONTO

 

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Nair Portela, Antonio Gonçalves, Antonio Oliveira e Sofiani Labidi

 

UFMA em momento de decisão I

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) vai hoje às urnas para eleger reitor e vice-reitor. Concorrem ao cargo de reitor Nair Portela, professora de Enfermagem, com mestrado e doutorado e larga experiência na gestão universitária, tanto que atualmente dirige o prestigiado Centro de Saúde da instituição; Antonio Gonçalves, médico e professor com mestrado e doutorado do Centro de Saúde e que atualmente preside a Apruma, braço sindical de professores e servidores; Antonio Oliveira, mestre e doutor em Física, atual vice-reitor da UFMA; e Sofiani Labidi, professor do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia. Apenas dois candidatos disputam a cadeira de vice-reitor: Marise Marçalina, do Departamento de Educação, e Fernando Carvalho, professor de Química e atual Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação.

 

UFMA em momento de decisão II

Visto de maneira estanque e superficial, o processo eleitoral que movimentará hoje a UFMA será mais um cumprimento de ritual sucessório para atender às normas que regem a instituição. Mas observado por um viés mais atento, o processo eleitoral pode seguramente ser interpretado como um marco. Isso porque o que está em jogo não é somente a escolha de um reitor e de um vice-reitor, mas a continuação ou não do modelo de gestão que marcou os oito anos do reitorado do professor Natalino Salgado. Antes dele a UFMA era uma instituição, no seu reitorado, ela se transformou e se agigantou: 96 cursos de graduação, nove campi, 1.650 professores, 25 mil alunos mais dezenas de cursos de pós-graduação, especialização, extensão, entre outros, que agregam mais 25 mil alunos. O que vem agora pode brecar esse movimento e estabilizar a instituição, levar a um retrocesso ou prosseguir ampliando suas estruturas.

 

UFMA em momento de decisão III

A candidata Nair Portela está na corrida defendendo as mudanças que ocorreram e continuam ocorrendo e que ela pretende ampliar, consolidando o modelo pragmático e de resultados do reitor Natalino Salgado, que a apoia, com o aval do PCdoB e do PT. O candidato Antonio Gonçalves é exatamente o contrapeso, representando um modelo de “democratização” da instituição defendido pelo PSOL, do qual é militante, e pelo PSTU, que o tem como candidato em aliança com o seu partido. Antonio Oliveira e Sofiani Labidi são candidatos com projetos próprios sem grandes grupos de apoio. Todas as pesquisas apontam preferência da maioria por Nair Portela.

 

Bomba na Câmara

sarney filho 2Em meio à votação da reforma política, ontem, na Câmara Federal, o deputado Sarney Filho (foto), que lidera a bancada do PV, apresentou uma proposta bombástica: uma proposta de emenda à Constituição aumentando em dois anos o mandato dos atuais prefeitos e vereadores, para, assim, garantir a coincidência dos mandatos a partir das eleições de 2018. Se aprovada a proposta – que ninguém estava querendo apresentar -, todos os projetos de candidatura em andamento vão para o arquivo por mais 700 dias.

 

São Luís, 26 de Maio de 2015.

 

Pesquisa Escutec acende “alerta vermelho” na Prefeitura de São Luís

 

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Edivaldo Jr.: números ruins e sinal de “alerta vermelho”

A pesquisa Escutec divulgada em partes nos últimos dias pelo jornal O Estado do Maranhão deve ter disparado o “alerta vermelho” no gabinete principal do Palácio de la Ravardière. Isso porque números encontrados pela pesquisa revelam uma situação nada confortável para o prefeito Edivaldo Jr. (PTC). E se tornam mais preocupantes para o atual governo municipal se levada em conta a informação de que o chefe do Executivo da Capital se prepara para encarar as urnas em busca da reeleição.

Os percentuais divulgados são, de fato, desestimulantes. Quando perguntados se o governo municipal melhorou nos últimos meses, apenas 17,7 responderam que sim. No contrapeso, no entanto, 40,7% responderam que as coisas continuam como estavam. E para complicar mais ainda o quadro, 40,9% eleitores ouvidos na pesquisa disseram que, na avaliação deles, a situação tende a piorar. O cenário nada estimulante para o prefeito se completa com 1,6% dos ouvidos na pesquisa dizendo que não souberam responder. Resumindo: a julgar pelo que a pesquisa apurou, a esmagadora maioria da população está convicta do que diz.

Em outro quadro, a pesquisa Escutec quis saber sobre as expectativas do cidadão em relação ao governo do prefeito Edivaldo Jr.. Os números não são motivo de festa para o prefeito, mas sinalizam uma situação bem mais otimista. Indagados sobre o que esperam do governo municipal, 24,5% dos entrevistados responderam acreditar que ele vai melhorar. Outros 33,2% responderam que a atual gestão da Prefeitura de São Luís vai continuar como está. E 40,1% previram que a situação vai piorar.

O cenário cinzento encontrado pela pesquisa Escutec certamente não está sendo visto pelo prefeito Edivaldo Jr. com uma tragédia política irreversível. É verdade que os números não são nada animadores, mas essa é uma avaliação do momento e ainda faltam 18 meses para a corrida às urnas. Há, portanto, tempo, para que o prefeito de São Luís com sua equipe acerte o rumo e reverta o quadro que o desfavorece política e eleitoralmente. E essa reversão nada tem de eleitoreira, ao contrário, ela é uma exigência da sociedade, que lhe deu quatro anos de mandato e espera que nesse período ele justifique o voto de confiança que lhe foi dado. Podendo, inclusive, se credenciar para um novo mandato.

O prefeito Edivaldo Jr. foi eleito em condições muito especiais, que lhe proíbem fracassar. Chegou ao Palácio de la Ravardière como um representante da nova geração de políticos maranhenses e derrotando uma raposa com lastro sólido, o então prefeito João Castelo. Encontrou não exatamente uma terra arrasada, mas uma máquina quebrada e exausta em todos os sentidos. Sua tarefa inicial foi arrumar os vagões e colocar a locomotiva nos eixos. Só agora começa, de fato, a colher os frutos da faxina e na arrumação.

Uma das fontes mais importantes de comunicação do prefeito de São Luís é o deputado Edivaldo Holanda (PTC), seu pai. Movido naturalmente pelo parentesco e pela ligação política, o parlamentar, que acumula ricas experiências na gerência da coisa pública, tem afirmado, em discursos quase didáticos na Assembleia Legislativa, que a realidade começa a mudar na Capital. Nos seus pronunciamentos, Edivaldo Holanda verbaliza extensos relatórios do que define como “conquistas”, como fez recentemente em relação ao transporte de massa, informando que o uso da biometria facial identificou centenas de carteiras falsas de isenção de tarifa, recuperando faturamento de R$ 2 milhões.

Com a tarimba que acumulou, o deputado Edivaldo Holanda não alimenta ilusões ingênuas de pintar um cenário irreal. Ao contrário, o pai do prefeito doura a pílula, mas com a racionalidade de quem sabe que apostar na fantasia é um erro político imperdoável. Daí a avaliação de que os números desfavoráveis da pesquisa Escutec são a situação do momento, que pode ser mudada em favor do prefeito se ele sair da condição de vítima de terra arrasada e mostrar que pode tornar São Luís uma cidade melhor.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Violência I

andrea 4A brutalidade quep marcou o assalto a uma festa de aniversário em Panaquatira, que resultou em cinco mortes violentas e mais três pessoas feridas, dominou os debates de ontem na Assembleia Legislativa. Os deputados da oposição usaram todos os argumentos possíveis para culpar o governador Flávio Dino (PCdoB) pelo ocorrido. A deputada Andrea Murad (PMDB) (foto) falou do assunto durante mais de meia hora, com um aparte fulminante do deputado Edilázio Jr. (PV) e um discurso duro do deputado Adriano Sarney (PV), que anunciou que vai submeter ao plenário um requerimento pedindo intervenção federal no Maranhão.

Violência II

O discurso oposicionista foi centrado na promessa do governador Flávio Dino de dobrar o efetivo policial do Maranhão. Na primeira etapa, ele anunciou a convocação de mil aprovados no concurso para a Polícia Militar. Ocorre que até agora só 300 foram efetivamente convocados e estão sendo preparados para ir para as ruas. Essa situação foi admitida pelos deputados governistas, que surpreendentemente ficaram ontem na defensiva por causa da chacina de Panaquatira. Isso no momento em que o PCdoB inicia uma campanha de mídia dizendo que o Maranhão está mudando e que o governador Flávio Dino já “convocou” mil excedentes do concurso da PM.

Violência III

A chacina de Panaquatira repercutiu na Câmara Federal, onde o deputado Hildo Rocha (PMDB) denunciou o ocorrido, criticou a politica de segurança do governo Flávio Dino e declarou que os 18 integrantes da bancada federal estão prontos para fazer uma ação no Ministério da Justiça em busca de recursos para reforçar a policia estadual.

 

São Luís, 25 de Maio de 2015.

 

Sucessão na UFMA tem disputa e “guerra” na esquerda

 

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“Chapas”: Nair Portela e Fernando Carvalho e Marise Marçalina e Antonio Gonçalves,  
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Antonio Oliveira e Sofiani Labidi

 

A semana começa com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) mergulhada por inteiro numa disputa eleitoral cujo desfecho se dará no dia 27, quarta-feira. Mais do que um simples processo sucessório, o que está em jogo nessa corrida às urnas é a manutenção, ou não, do modelo de gestão imprimido pelo reitor Natalino Salgado, baseado na estruturação e na expansão do complexo universitário, e a consolidação da UFMA como campo de ação de partidos que vão do centro à extrema esquerda. Quatro candidatos estão na briga – Nair Portela, Antonio Gonçalves, Antonio Oliveira e Sofiani Labidi -, mas a disputa para valer se dá entre os dois primeiros, ela como favorita em todas as avaliações, e ele como o adversário ranheta que acredita numa virada. Os dois últimos só terão chance numa reviravolta espetacular, o que é improvável.

A UFMA, cujo comando está em disputa, é hoje um complexo universitário gigantesco, que quase dobrou de tamanho nos últimos oito anos. São atualmente nove campi – São Luís, Imperatriz, Grajau, Balsas, Pinheiro, Bacabal, Codó, Chapadinha e São Bernardo -, nos quais funcionam nada menos que 96 cursos regulares de graduação nas áreas de saúde, técnica, humanas e sociais. Abriga em seus quadros l.500 funcionários de carreira ou três centenas de terceirizados, e um exército de 25 mil alunos nos cursos de graduação regulares, e outros 25 mil em cursos de pós-graduação, especialização, extensão, universidade aberta e ensino à distância.

O que está em jogo nesse processo eleitoral é o futuro desse complexo, que no momento vive uma transição em matéria de crescimento e qualidade no final da arrojada, estruturante e expansionista gestão do reitor Natalino Salgado, aplaudida pela maioria e duramente criticada pelos segmentos que lhe fazem oposição. Gestor politicamente ativo, o reitor da UFMA conseguiu superar a maioria das divergências na instituição e ocupou espaço importante na visão do MEC, que o aponta como uma referência a ser seguida. Seus adversários da esquerda batem forte na sua linha de gestão e criticam duramente o pragmatismo com que ele se movimenta.

Nesse contexto, os segmentos que lutam pelo poder estão divididos em dois campos políticos bem definidos: uma “coalizão” formada pelo PCdoB e pela ala majoritária do PT, à qual se somam forças ligadas a outros partidos de centro, que apoiam a candidatura da professora Nair Portela, graduada e pós-graduada em Enfermagem e atual diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, e a outra, formada pelos partidos da esquerda radical, PSTU e PSOL, e que tem como candidato o professor Antonio Gonçalves, graduado e pós-graduado em Medicina e que preside a Apruma, a influente entidade sindical representativa de professores e servidores.

As candidaturas do atual vice-reitor Antonio Oliveira e a do professor Sofiani Labidi são projetos pessoais isolados, com bases de apoio tímidas. No meio universitário as preferências estão mesmo divididas entre Nair Portela e Antonio Gonçalves. Nair Portela tem o apoio declarado dos dirigentes dos nove campi, dos diretores dos quatro centros, do DCE, da Assuma, do Sintema, da Associação dos Aposentados, e, não se sabe por que, até dos líderes comunitários do chamado Eixo Itaqui-Bacanga, e o estímulo discreto do Palácio dos Leões. O professor Antonio Gonçalves conta com segmentos da Apruma, a poderosa entidade sindical dos professores e funcionários e que há tempos é controlada por PSTU e PSOL, além do apoio de eleitores destacados, como o ex-reitor Fernando Ramos e o ex-candidato a reitor e um dos líderes da esquerda do PT, Francisco Gonçalves.

As eleições na UFMA sempre foram marcadas por campanhas intensas, com situação e oposição travando verdadeiras guerras políticas. A disputa em curso mantém a tradição, com a diferença de que desta vez a briga pela maioria do eleitorado se dá com a participação de um reitor que termina o segundo mandato sem desgastes e com poder de fogo para defender a continuidade na candidatura de uma professora experiente, com ideias próprias, mas afinada com a linha de ação em curso. Isso torna muito mais difícil o desafio da oposição de virar o jogo. Mas como a corrida ao voto é um processo que costuma apontar tendências e às vezes é marcado pela imprevisibilidade e pela surpresa, vale aguardar a contagem dos votos.

Em tempo: o cargo de vice reitor é disputado pelos professores Fernando Carvalho, que deve fazer dobradinha com a candidata a reitora Nair Portela, o que lhe dá a condição de favorito, e pela professora Marise Marçalina, que fará chapa informal com o candidato Antonio Gonçalves.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Encontro marcado

waldir 1O deputado federal Waldir Maranhão (PP), vice-presidente da Câmara Federal, tem encontro marcado com delegados da Policia Federal e procuradores da República no próximo dia 2 de junho, na sede da PF, em Brasília. Vai depor sobre a denúncia feita pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, segundo a qual foi um dos beneficiados pelo esquema de corrupção na empresa para financiar campanha de 2010 e 2014. Um dos 19 políticos do PP denunciados na Operação Lava Jato, o parlamentar maranhense tem dito a interlocutores que nada deve e que vai provar que está sendo vítima de um equívoco ou de uma perseguição política.

 

São Luís, 23 de Maio de 2015.

Lobão e Roseana mais aliviados depois de depor na PF

 

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Roseana e Lobão mais aliviados depois dos depoimentos à PF

Os depoimentos do senador Edison Lobão (PMDB), no final da semana passada, e da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), no início desta semana, não devolveram tranquilidade total ao Grupo Sarney, mas a julgar pelo ânimo dos dois depoentes, a carga de tensão que lhes pesava sobre os ombros, alcançando os que lhes são mais próximos, foi drasticamente reduzida. “Lobão e Roseana voltaram a sorrir”, disse à coluna uma fonte bem situada, acrescentando que os dois mudaram seus humores depois que passaram pela bateria de perguntas feitas por delegados da Polícia Federal, na sede da instituição, em Brasília, sob o acompanhamento de procuradores da República, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

Lobão depôs no dia 14 de maio para esclarecer, confirmando ou negando, a denúncia do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, segundo a qual o senador, então ministro de Minas e Energia, o teria mandado, em 2010, repassar R$ 2 milhões para a então governadora e candidata à reeleição, Roseana Sarney, para bancar custos de campanha. Segundo o ex-diretor, o dinheiro teria saído do esquema de corrupção e sido repassado à candidata do PMDB pelo doleiro Alberto Yousseff. Outros fisgados pela Operação Lava-Jato, como o empreiteiro e chefão do esquema Ricardo Pessoa, dono da UTC, também citaram o ministro como beneficiário do esquema de corrupção na petroleira.

O senador e ex-ministro foi ouvido durante duas horas e meia e teria respondido a mais de uma dezena de perguntas, todas relacionadas com o mesmo assunto. Mantendo o discurso que vem pronunciando desde que se manifestou sobre a sua inclusão na relação de políticos que respondem a inquérito fundado em denúncia da Procuradoria Geral da República com base na Operação Lava Jato, Lobão negou peremptoriamente a acusação. Afirmou que a condição de ministro não lhe permite ter qualquer controle sobre as transações da Petrobras, que é uma estrutura gigantesca e autônoma. Ao ministro de Minas e Energia, que preside o Conselho de Administração, cabe definir políticas macros na área de energia e combustíveis.

E ao contrário do que muitos previam, o depoimento transcorreu normalmente, em clima civilizado e sem qualquer instante traumático. Lobão deixou a sede da Polícia Federal tranquilamente e retomou imediatamente suas atividades no Senado, onde participou de reuniões e votações sem exibir qualquer traço de mal-estar.

A ex-governadora Roseana Sarney prestou depoimento na tarde de segunda-feira, dia 18, também na sede da Polícia Federal, em Brasília. Foi interrogada durante 1 hora e 20 minutos por delegados federais com o acompanhamento de procuradores da República, que lhe questionaram sobre as declarações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. A ex-governadora rechaçou a denúncia da Procuradoria Geral da República negando enfaticamente ter recebido dinheiro de corrupção da Petrobras. Garantiu que nunca tratou desse assunto com Paulo Roberto Costa e, a exemplo do que fez o senador Edison Lobão, desafiou o denunciante a apresentar qualquer prova material que confirme a denúncia.

Bem preparada por seu advogado, o tarimbado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Roseana valeu-se de um argumento forte, que reduziu drasticamente o peso da denúncia: o doleiro Alberto Yousseff, que teria sido o operador do esquema, disse não se lembrar de ter entregado a ela qualquer quantia do esquema de desvio na Petrobras. Como Lobão, Roseana deixou a sede da Polícia Federal com o astral elevado, certa de que rebateu cm eficiência a acusação do ex-diretor da Petrobras. O seu depoimento foi comemorado – discretamente, claro – por familiares e amigos íntimos.

O senador Edison Lobão e a ex-governadora Roseana Sarney estão confiantes de que a Procuradoria Geral da República não encontrará elementos que sirvam de provas para convencer o Supremo Tribunal Federal a processá-los. Para os dois, a primeira batalha da guerra está vencida. Vale aguardar as próximas. Se houver.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Rose na briga?

rose  sales 1 A vereadora Rose Sales (foto), atualmente sem partido, estaria pensando seriamente em entrar na corrida para a Prefeitura de São Luís, abrindo mão de tentar a reeleição. Decepcionada com o prefeito Edivaldo Jr. (PTC) e com o governador Flávio Dino (PCdoB), Rose Sales deixou as fileiras do PCdoB e está em busca de um partido para dar continuidade à sua agitada trajetória na política. Nascida no meio político e dona de um temperamento forte, a parlamentar foi linha de frente na base de apoio do prefeito e também cabo eleitoral de ponta na campanha do atual governador. Apostou alto nos dois, mas chegou à conclusão de que nem um nem outro preencherá suas expectativas. Especula-se que ela pode se filiar ao PP, comandado pelo deputado federal Waldir Maranhão, ou ao PROS, agora comandado no estado pelo ex-deputado federal Gastão Vieira.

 

Evangelista tem cacife

neto evangelista 1Alguns leitores estranharam a inclusão do deputado e atual secretário de Estado de Desenvolvimento Social Neto Evangelista (PSDB) (foto) na relação dos prováveis candidatos a prefeito de São Luís. A explicação é simples: Neto Evangelista é um dos políticos mais atuantes da novíssima geração, está no segundo mandato parlamentar e participou da disputa em 2012 como candidato a vice na chapa liderada pelo prefeito João Castelo. É filho de São Luís, se formou político na cola do pai, o ex-deputado João Evangelista, que foi vereador por vários mandatos, tendo presidido a Câmara Municipal por duas vezes. Neto Evangelista conhece cada rua, cada buraco e cada problema da Capital. Além disso, é a opção do PSDB se o ex-prefeito e atual deputado federal João Castelo e o suplente de senador Pinto Itamaraty não brigarem pela vaga de candidato.

 

São Luís, 22 de Maio de 2015.

 

Márcio Jerry, militância e o custo de ser o “homem forte” do governo

 

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Márcio Jerry: de militante político a “homem forte” do governo

 

É quase uma regra universal que todo governo tem um “homem forte”, um ministro, assessor, secretário ou simplesmente uma “eminência parda” que tem a preferência do chefe e que com ele divide a intimidade do poder. O “homem forte” é, via de regra, um sujeito inteligente, esperto, preparado e experiente, e por isso é respeitado, temido e até odiado nos bastidores do poder e, muitas vezes, fora deles. No governo Flávio Dino (PCdoB), o “homem forte” é o jornalista e presidente estadual do PCdoB Márcio Jerry, que comanda a emblemática Secretaria de Articulação Política e Assuntos Federativos.

Márcio Jerry é, de longe, o assessor mais destacado da equipe de governamental e, por isso mesmo, o braço do governo que mais atrai encrencas, nem sempre justas. Cuida das relações políticas, dá pitacos na área de comunicação e é acionado pelo governador Flávio Dino para negociar situações tensas e decisivas, desarmar bombas que podem causar crises e alimentar uma guerra de ataques e contra-ataques nas redes sociais. Seu poder pode ser medido pelo fato de que o governador autorizou um aporte de R$ 2 milhões ao orçamento anêmico da sua pasta, o que foi repercutido pela oposição como um escândalo.

O Márcio Jerry de hoje é fruto do ativismo político, forjado na militância de esquerda, que começou no movimento estudantil. O ativista se contrapõe ao jornalista, que não teve militância intensa nas redações, mas compensou essa lacuna dando aulas na UFMA e atuando como assessor no campo político e partidário. O que faltou no jornalista do dia a dia sobrou no operador das novas mídias. Isso porque percebeu de longe o poder avassalador da internet e das redes sociais – é fissurado no twiter, mas também usa o facebook e todos os cordéis virtuais como instrumentos eficientes de ação política.

O hoje poderoso assessor do governador Flávio Dino vivenciou o poder nas suas mais diversas formas, reunindo experiências que o tornaram o agente político que é. Nos anos 90 do século passado, comandou o Instituto do Homem, uma ONG maranhense financiada por algumas organizações europeias. Depois, militou no PT, quando participou do surpreendente movimento que em 2004 elegeu o petista Jomar Fernandes prefeito de Imperatriz, de quem se tornou secretário de comunicação e conselheiro, mas de quem se afastou quando percebeu que aquele governo seria um completo desastre. Foi duramente criticado, mas sobreviveu.

Sempre atuando no campo partidário, Márcio Jerry filiou-se ao PCdoB e ali intensificou sua militância até chegar ao comando do partido. Foi um dos ativistas que embalaram a vitoriosa candidatura de Jackson Lago (PDT) em 2006, tendo também atuado intensamente na campanha do ex-juiz federal Flávio Dino para deputado federal, de quem se tornou um fiel escudeiro. Assim, operou na campanha fracassada de Dino à Prefeitura de São Luís em 2008, e atuou como homem de proa na campanha em que Dino perdeu para Roseana Sarney em 2010, cometendo o erro de cantar vitória antes da hora. Na corrida municipal de 2012, já dominando o poder das redes sociais, Márcio Jerry foi o idealizador e operador do projeto de comunicação que levou Edivaldo Jr. (PTC) à Prefeitura de São Luís, assumindo a Secretaria Municipal de Comunicação. Deixou o cargo no início de 2014 para assumir o comando da campanha vitoriosa de Flávio Dino ao Governo do Estado, valendo-se, mais do que nunca, das redes sociais.

Os fatos ocorridos antes da posse do novo governo indicaram que Márcio Jerry seria o “homem forte”, indicação confirmada com sua nomeação para a Secretaria de Articulação Política e Assuntos Federativos. Nesse cargo, tornou-se o principal porta-voz do governo. O governador Flávio Dino o tem como uma espécie de coringa, escalando-o para resolver os mais diferentes “pepinos” na seara política e institucional. Jerry faz ponte com sindicalistas, prefeitos, deputados federais e estaduais, vereadores, e até empresários. Tem também a missão de engordar o PCdoB.

Márcio Jerry tem mais poder do que qualquer outro secretário. Tem todas as suas ações avalizadas pelo governador Flávio Dino. E por conta dessa posição, é alvo preferencial de adversários, que vez por outra o colocam em situação incômoda, dizem que ele manda mais que o governador, que tem mais privilégios do que o resto da equipe. Enfrenta agora artilharia pesada por que a Polícia Civil descobriu que um dos seus assessores tinha nebulosas transações com o agiota Pacovan. E do seu bunker no twitter reage às vezes com ironia, outras com deboche e aqui e ali com serenidade ou indignação.

A quem lhe pergunta se é, de fato, o “homem forte” do governo, ele reage como todo “homem forte”: “O único homem forte do governo é o governador Flávio Dino”.

 

“Homem forte”, uma tradição

Nos últimos 50 anos, período que explica a atual realidade política do Maranhão, quase todos os governos tiveram “homens fortes”. Esses braços poderosos dos governadores foram assessores técnicos competentes, cônjuge ou filhos. As exceções foram José Sarney, Epitácio Cafeteira e João Alberto, mandatários de personalidade forte, que exerciam o poder sem dividi-lo com ninguém.

O governador Pedro Neiva de Santana (1971/1974) teve como “homem forte” o filho, economista Jaime Santana, que comandou a Secretaria de Fazenda com poderes excepcionais. No governo Nunes Freire (1975/1979) o “braço direito” era o conselheiro Araújo, que tinha força e prestígio com o governador. João Castelo (1979/1982) governou com a orientação do deputado federal José Burnett, um político hábil, firme e de visão larga, e com o prestigio da primeira-dama Gardênia Gonçalves, que dava as cartas na área social. O governo Luís Rocha (1983/1987) abrigou vários assessores influentes, mas os mais poderosos foram José Teixeira, que controlava o caixa na Secretaria de Fazenda, e Francisco Coelho, que comandava a “Turma de Balsas”. O governo de Edison Lobão (1991/1994) teve o hoje suplente de senador Lobão Filho com o “homem forte”. Nos quatro governos de Roseana Sarney (1995/1999, 1999/2002, 2009/2011 e 2011/2014) ninguém foi tão influente como o economista Jorge Murad, seu marido, mesmo quando não fazia parte da equipe. O governador José Reinaldo Tavares (2002/2007) governou cinco anos com participação efetiva e influente da primeira-dama Alexandra Tavares. E, finalmente, o governador Jackson Lago (2007/2009) seguiu integralmente as orientações do economista Aziz Santos, poderoso secretário de Fazenda.

Márcio Jerry, portanto, não é uma exceção.

São Luís, 21 de Maio de 2015.

Edivaldo Jr. e Flávio Dino ganham direito de tentar a reeleição

 

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Edivaldo Jr. e Flávio Dino, tranquilos agora com o direito a tentar à reeleição

 

O prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PTC) – e todos os seus colegas eleitos em 2012 – e o governador Flávio Dino (PCdoB) foram dormir mais tranquilos na noite de quarta-feira. Motivo: a Câmara Federal decidiu, no bojo da reforma política, que eles poderão concorrer à reeleição, o primeiro em 2016 e o segundo em 2018. E com uma vantagem a mais, o mandato a ser tentado na reeleição poderá ser de cinco anos, o que dá aos aspirantes um gás a mais na preparação para as guerras eleitorais.

A situação do prefeito Edivaldo Jr. é desafiadora. A peleja na qual ele brigará por mais um mandato será acirrada, dado o número de pré-candidatos. Os aspirantes – Eliziane Gama (PPS), Roseana Sarney ou Lobão Filho (PMDB), Gastão Vieira (PROS), Neto Evangelista (PSDB), Edilázio Jr. (PV), entre outros – estão desde agora se munindo de argumentos para fazer uma campanha implacável com o objetivo de ocupar a sala principal do Palácio de la Ravardière.

A julgar pelo que tem sido evidenciado nas últimas semanas, as dificuldades do prefeito Edivaldo Jr. são respeitáveis. Para começar, sua gestão viveu os dois primeiros anos esbarrando em dificuldades, de modo que a máquina pública municipal não deu as respostas que o atento e instável eleitor da Capital esperava. Nesse campo, o prefeito sinaliza um  começo de reação, apresentando alguns resultados que têm sido festejados por seus aliados. Essa melhoria de desempenho, no entanto, ainda não convenceu de todo o eleitorado, que lhe mantém com nota baixa, mas com inclinação para avaliações melhores, conforme mostrou pesquisa recente do Escutec. Isso significa dizer que o prefeito está, de fato, se preparando para o embate do ano que vem.

No campo político, o prefeito Edivaldo Jr. vive um momento que, dependendo de como está sendo encarado, pode ser de afirmação ou de fragilidade. Eleito como um projeto do então candidato a governador Flávio Dino, o prefeito foi um dos aliados mais ativos na vitoriosa campanha de Dino ao Governo do Estado. Ocorre que adversários do prefeito – como a deputada federal Eliziane Gama, por exemplo, pré-candidata assumida -, também apoiaram o candidato Flávio Dino, e por causa disso, o governador já declarou que não se envolverá em disputa entre dois aliados. A posição do governador criou um embaraço para o prefeito e o seu projeto de reeleição. Mas se ele tiver vontade, determinação e personalidade política, a neutralidade de Dino pode ajudá-lo, se esta for aproveitada de maneira madura e ele se mostrar um prefeito politicamente independente da tutela do Palácio dos Leões. Vai depender só dele.

O governador Flávio Dino, por seu turno, está em início da caminhada e tem pela frente desafios gigantescos a serem vencidos. Flávio Dino sabe que essa reforma política poderá mudar não apenas o processo eleitoral e tempo de mandatos, mas também alcançar o coração e a mente do eleitorado, tornando-o mais exigente, principalmente depois das decepções que o afetaram após as eleições de 2014. Ou seja, o governador tem discernimento político suficiente para fazer essa leitura, o que lhe dá condições de nortear as ações do seu governo para uma gestão bem sucedida.

Não há dúvida de que Flávio Dino se elegeu para governar por oito anos, o que implica vencer a guerra eleitoral de 2018. Ele chegou ao poder consciente de que tirou dele um grupo poderoso e influente, mas ao mesmo tempo em declínio e minado pelo desgaste que contamina impérios longevos demais. Isso o obriga a fazer esforços bem maiores, porque a partir de 2018 a briga pelo poder será ferrenha, já que governador e presidente terão mandato de cinco anos, sem reeleição.

Nesse contexto, o prefeito Edivaldo Jr. tem a chance e o tempo necessário para mostrar que não é um fracasso administrativo nem candidato a um fracasso político. E o governador Flávio Dino vive a mesma situação, com a diferença de que está iniciando seu governo, não sofreu ainda desgaste sério e tem todas as condições de se tornar um projeto bem sucedido.

 

PONTOS & CONTRAPONTO

 

Debatendo a reforma

Alguns deputados federais maranhenses estão participando intensamente dos debates da reforma política. Pedro Fernandes (PTB), Sarney Filho (PV), Victor Mendes (PV), Hildo Rocha (PMDB), Eliziane Gama (PPS), Rubens Jr. (PCdoB), José Reinaldo Tavares (PSB), João Castelo (PSDB) e Aluísio Mendes (PTdoB), Cléber Verde (PRB) e João Marcelo de Souza (PMDB) estão atuando ativamente integrados às suas bancadas. Os demais não têm demonstrado muito interesse pelo que está sendo considerado o grande momento da nova Câmara Federal.

 

Levantando a bandeira

sarney filho 3O deputado Sarney Filho jogou todo o peso da sua experiência parlamentar e matreirice política para chamar para si uma bandeira de interesse dos prefeitos de todo o país: a ampliação do mandato. Na terça-feira, o líder do PV foi à tribuna e surpreendeu seus pares com uma proposta ousada, que já corria nos bastidores, mas que não havia sido defendida abertamente no plenário: a ampliação, por mais dois anos, do mandato dos atuais prefeitos. De lá p ara cá, Sarney Filho não tem perdido os prefeitos de vista e vez por outra cobra da presidência da Câmara a votação da proposta.

 

Proposta indecente

hildo rocha 2O deputado federal Hildo Rocha (foto) se juntou à corrente contrária à adoção do mandato de cinco anos para os atuais deputados federais, como prevê uma das propostas da reforma política. Rocha usou o microfone para criticar duramente a iniciativa, argumentando que não faz sentido aumentar o tempo do mandato parlamentar. “Mandato de cinco anos para os deputados é uma aberração, é uma traição ao povo, além de ser inconstitucional e imoral. Não há como aceitar essa imoralidade”, declarou Rocha, aplaudido por uns e censurado por outros.

 

São Luís, 28 de Maio de 2015.