A violência que grassa no Maranhão tem sido tema de fortes debates na Assembleia Legislativa. O mais recente deles aconteceu em torno de requerimento do deputado Adriano Sarney (PV) sugerindo ao governador Flávio Dino (PCdoB) pedir ao Ministério da Justiça o envio de tropas federais para reforçar a segurança nas ruas de São Luís. O requerimento, claro, foi atropelado pela maioria governista, mas, antes do atropelamento, ensejou debates interessantes sobre o problema da violência, com a manifestação de propostas lúcidas, sugestões já batidas, lugares comuns surrados e teses absolutamente fora de contexto.
A sugestão do deputado Adriano Sarney para que o governador peça tropas federais para reforçar o combate à violência nasceu, na verdade, na semana passada, quando ele, que tem se revelado competente e bem preparado, cometeu, ou por inexperiência ou por ingenuidade, o equívoco de sugerir um processo de intervenção no Maranhão, sob a alegação de que, na sua avaliação, o governo estadual não estaria sendo capaz de conter o avanço da violência. A proposta intervencionista caiu como um presente na bancada governista, dando a falcões como os deputados Eduardo Braide (PMN) e Othelino Neto (PCdoB) o motivo que eles precisavam para demolir, com argumentos sólidos, a iniciativa do parlamentar oposicionista.
A proposta foi tão infeliz que levou à tribuna deputados que até então se limitavam a assistir ao duelo. Mais do que isso: deu tanto gás aos deputados governistas que num dado momento do debate, Eduardo Braide, num lance de esperteza, colocou Adriano Sarney contra a parede com uma pergunta fatal: “Deputado, o senhor acha que deveria ter havido intervenção no governo passado por causa dos problemas de violência?” Surpreendido pela pergunta, o deputado do PV não encontrou outra saída e respondeu: “Sim, eu acho”, colocando, a contragosto, uma pá de cal sobre a política de segurança comandada por sua tia, a governadora Roseana Sarney.
O deputado Adriano Sarney não se deu por vencido aproveitou o fim de semana para curar os hematomas e buscar uma saída honrosa. Não se sabe se de lavra própria ou de algum “gênio” conselheiro, o líder da bancada do PV apresentou, na sessão de segunda-feira, a bomba que lhe devolveria o discurso contra a violência: o tal requerimento sugerindo ao governador do Estado pedir tropas federais para reforçar a segurança nas ruas de São Luís. O argumento, fundado na lógica, se apoiava em reiteradas declarações do governador Flávio Dino e de governistas de alto coturno afirmando que um dos problemas da violência é a insuficiência do efetivo policial. Fazia sentido, mas no afã de convencer a maioria da Assembleia Legislativa, o parlamentar tropeçou mais uma vez na inexperiência, ao tentar fazer um inexplicável e descabido terrorismo com o plenário afirmando que colegas que não aprovassem o requerimento teriam insônia e problemas de consciência e se sentiriam responsáveis pela violência a partir de então.
A maneira equivocada com que defendeu seu requerimento se transformou mais uma vez em munição para os governistas. Eduardo Braide, Othelino Neto e o líder Rogério Cafeteira (PSC) desmontaram um por um os argumentos. E resumindo, afirmaram que o governador Flávio Dino tem discernimento suficiente para pedir tropas federais para reforçar a luta contra a violência no Maranhão no momento em que julgar conveniente. E que, por enquanto, a sugestão do parlamentar, que em todos os momentos recebeu valioso e rico apoio do deputado Edilázio Jr. (PV), está fora de cogitação. E colocado em votação, o requerimento foi mandado, por esmagadora maioria, para o arquivo morto do parlamento.
O que restou da sequência de episódios foi uma série de discursos favoráveis e contrários interessantes, bem fundamentados, que revelaram bom nível dos deputados envolvidos. O único problema: nenhuma saída contra a violência, que é de fato o que interessa.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Líder alfineta
O líder Rogério Cafeteira (foto) deu uma interpretação pragmática ao requerimento do deputado Adriano Sarney sugerindo que o governador Flávio Dino peça tropas federais para reforçar a segurança nas ruas de São Luís. “Deputado, o que Vossa Excelência queria era que esse requerimento fosse aprovado para que amanhã o seu jornal estampasse uma manchete dizendo que o senhor resolveu o problema de segurança do Maranhão. Era só isso que o senhor queria”, disse Cafeteira, em tom irônico. Adriano Sarney sorriu meio sem graça da estocada.
Qual é a verdade?
Um dos argumentos da oposição que tira governistas do eixo é a afirmação do Governo estadual de que mil aprovados do concurso para a Polícia Militar já foram convocados. Os oposicionistas classificam a informação de “mentira”, demonstrando que apenas um contingente de poucos mais de 300 estão sendo preparados para ir para as ruas. Esse jogo de informação e contrainformação tem gerado certo desgaste para o Palácio dos Leões, principalmente depois de declaração recente do governador Flávio Dino afirmando que os convocados já passam de dois mil.
São Luis, 02 de Junho de 2016
Corrêa, você só esqueceu de falar que um requerimento idêntico ao meu sobre a intervenção federal de autoria de Bira do Pindaré foi APROVADO em outubro do ano passado, ligo após a vitória de Flávio Dino. Ou seja, a Assembleia não passou no teste de credibidade, mesmo requerimento apenas com nomes e datas diferentes. Outra coisa, não considero uma derrota, meu requerimento solicitando a Força Nacional teve 8 votos em uma Assembléia totalmente governista e a discussão está nas ruas. A população está do nosso lado. A grande maioria quer tropas federais nas ruas e vou fazer uma pesquisa em breve. Grande abraço!