Temer absolvido: bancada maranhense perde a chance de eleger presidente e foca agora na autorização de processo

 

Flávio Dino continuará em oposiçao a Michel temer, que continua apoiado por Roseana Sarney
Flávio Dino continuará em oposição a Michel temer, que continua apoiado por Roseana Sarney e seu frupo

A bancada maranhense no Congresso Nacional começou a histórica sexta-feira, 09 de Junho, turbinada pela possibilidade de eleger um novo presidente da República, mas perdeu gás no final do dia, quando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, consumou a absolvição da chapa Dilma Rousseff (PT) – Michel Temer (PMDB) da acusação de haver cometido crime de corrupção na eleição presidencial de 2014. Com a decisão, o presidente ganhou sobrevida e um forte incentivo para continuar preparando o Governo para o sucessor a ser eleito no dia 03 de Outubro de 2018. A corte maior da Justiça Eleitoral decidiu que o presidente Michel Temer vai continuar no comando do Pais, podendo até ser candidato à reeleição no ano que vem. Outro desdobramento: a ex-presidente Dilma Rousseff teve mantidos os seus direitos políticos e pode ser candidata a qualquer cargo eletivo no pleito marcado para daqui a 16 meses.

Diante do contexto desenhado ontem pela Justiça Eleitoral, a expectativa da bancada maranhense se volta agora para o procurador geral da República, Rodrigo Janot, que, tudo indica, denunciará o presidente Michel Temer ao Supremo Tribunal Federal sob a acusação de chefiar uma quadrilha de corruptos, com base nas delações da JBS. Dividida em três blocos políticos – o movimento liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), o Grupo Sarney, sob o comando da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e um grupo não articulado de deputados e senador -, a bancada do Maranhão em Brasília trabalha agora com a possibilidade de o presidente da República ser denunciado e passar a depender do posicionamento da Câmara Federal de arquivar o processo contra o presidente, precisando para isso de 172 votos. Se os interlocutores do presidente trabalharem bem, a bancada maranhense lhe dará pelo menos 12 dos 21 votos, incluindo aí os três senadores.

Nessa refrega que pode acontecer caso o presidente Michel Temer seja denunciado, a bancada maranhense vai de novo se dividir, tendo os liderados de Roseana Sarney – os senadores João Alberto e Edison Lobão ambos do PMDB, e os deputados federais Sarney Filho (PV), Hildo Rocha (PMDB), João Marcelo Souza (PMDB), Alberto Filho (PMDB) e Victor Mendes (PSD), Aluísio Mendes (PTN) e Júnior Marreca (PEN) – interesse em apoiar o chefe pemedebista. Enquanto isso, os comandados pelo governador Flávio Dino – os deputados federais Weverton Rocha (PDT), Deoclídes Macedo (PDT), Rubens Jr. (PCdoB), Zé Carlos (PT) e Waldir Maranhão (PP) – certamente votarão a favor da autorização do processo, de modo a complicar a vida do chefe da Nação. Entre os dois blocos, os chamados “independentes” – o senador Roberto Rocha (PSB) e os deputados federais José Reinaldo Tavares (PSD), Luana Alves (PSB), Pedro Fernandes (PTB), André Fufuca (PP), Juscelino Filho (DEM) – seguirão as orientações dos seus partidos, devendo votar de acordo com a orientação do Palácio do Planalto.

Enquanto a denúncia não chegar, a bancada maranhense irá se movimentando, ora unida, ora dividida em relação às votações no Congresso Nacional, principalmente as reformas, como a Trabalhista e a da Previdência, que agora, com o presidente Michel Temer mais musculoso e disposto a brigar para se manter no cargo, deverão tramitar com mais celeridade. E se nesse contexto conseguir superar as ameaças que o rondam e der mais passos positivos na economia, como vem acontecendo até aqui, o presidente Michel Temer poderá reverter o quadro adverso que o vem inibindo-o e partir inclusive para uma ofensiva agressiva n o campo político, podendo até mesmo ensaiar uma candidatura à reeleição. Essa previsão pode até parecer devaneio, mas quando a motivação é política, o campo de possibilidade alcança até o voo do boi, e de asa quebrada.

E sem querer perder o bonde, o carro ou a carroça da História, a bancada maranhense sai de uma possibilidade de eleger um presidente e entra noutra, mais remota, ou para encarar Michel Temer até as eleições do ano que vem.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Sarney Filho deve deixar ministério e votar por Michel Temer em decisões difíceis no Congresso Nacional

Sarney Filho: ignora obstáculos e lançará candidatura
Sarney Filho

Um leitor da Coluna perguntou por que o Sarney Filho (PV) está sendo incluído na relação da bancada, se ele é ministro do Meio Ambiente. A resposta é simples: antes de ser ministro, Sarney Filho é deputado federal, e a tradição manda que, sempre que tramita no Congresso matéria de interesse do Governo e que haja dificuldades para sua aprovação, os ministros que são deputados tiram “folga-relâmpago” dos seus cargos ministeriais para fortalecer a base de apoio do Governo no plenário. E agora que é pré-candidato a senador, o deputado precisa fortalecer os seus laços com o presidente e dar também a sua quota de sacrifício, deixando o ministério vez por outra, por 24 horas, para dar uma forcinha com o voto em plenário.

 

José Reinaldo e Weverton Rocha podem se juntar e pedir votos como uma chapa com o apoio dos Leões

José Reinaldo e Weverton Rocha podem se juntar
José Reinaldo e Weverton Rocha :  juntos

O deputado federal José Reinaldo está realizando um forte trabalho nos bastidores e conseguindo, aos poucos, apagar a impressão de que enfrenta dificuldades para se firmar como candidato a senador no movimento liderado pelo governador Flávio Dino. Uma operação está em curso para que aos poucos José Reinaldo e o deputado federal Weverton Rocha, já lançado candidato, sejam apresentados juntos, como uma chapa, ao eleitorado inclinado a votar nos candidatos governistas. E ao contrário do que muitos que veem, o ex-governador em rota de confronto com o atual chefe do Executivo, o Palácio dos Leões está empenhado aproximar os dois pré-candidatos, de modo a que eles percorram o Maranhão pedindo voto de mãos dadas. Há quem diga que a harmonia não chegará a esse ponto, mas está claro que se juntando, a vida dos dois ficará mais fácil.

São Luís, 09 de Junho de 2017.

 

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