Sobrevida de Temer injeta ânimo no Grupo Sarney e estimula Flávio Dino a intensificar ações políticas visando 2018

 

Sobrevida de Michel Temer: Roseana Sarney ganha reforço, Flávio Dino deve intensificar ações
Sobrevida de Michel Temer: Roseana Sarney ganha reforça; Flávio Dino deve intensificar ações política para manter seu favoritismo nas urnas em 2018

 

Na cadeia de desdobramentos políticos que começou a produzir tão logo o ministro-presidente, Gilmar Mendes, anunciou o seu Voto de Minerva, absolvendo, por quatro contra três, a chapa Dilma – Temer, dando sobrevida política ao presidente Michel Temer (PMDB) e mantendo elegível a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de rascunhar um quadro de precária normalidade institucional em meio à tormenta que a Operação Lava Jato vem impondo ao País – desde o dia 14 de março de 2014, numa ação da Polícia Federal no Hotel Luzeiros, em São Luís -, semeou elementos para delinear o cenário do confronto político que está em andamento no Maranhão e cujo desfecho se dará nas urnas de 2018. O desmanche da malsinada denúncia do PSDB contra a aliança PT/PMDB injetou gás no Grupo Sarney, turbinando os caciques do PMDB local, a começar pela ex-governadora Roseana Sarney, e acendeu um sinal de alerta no gabinete principal do Palácio dos Leões, sugerindo ao governador Flávio Dino que se mantenha em estado de guerra, para não correr o risco de ter ameaçado o seu favoritismo na corrida às urnas.

É possível que as investigações, as descobertas e as prisões, que em questão de horas desfizeram imagens cuidadosamente desenhadas durante décadas, como a do senador mineiro Aécio Neves (PSDB), inibam a injeção de dinheiro sujo nas campanhas eleitorais e as torne mais saudáveis e decentes de agora por diante. Mas não dá para esquecer que, principalmente no âmbito dos estados, boa parte dos confrontos se dá tendo como arma a máquina pública, que pode ser usada de maneira republicana ou marginal. No Maranhão de agora, os dois grupos em guerra operam exatamente a partir os instrumentos de Estado e de Governo que dispõem. E o resultado do julgamento do TSE ajudou decisivamente na definição desses arsenais.

A permanência de Michel Temer no comando da República robustece o PMDB no País como um todo e nos estados em particular. No Maranhão, praticamente todos os cargos federais importantes e que têm poder de gerar resultados políticos e eleitorais encontram-se sob o controle do Grupo Sarney. Aparentemente sem poder, a ex-governadora Roseana Sarney vem controlando estruturas como a Funasa, por exemplo, o             que lhe dá poder de fogo político e eleitoral e impede que o governador Flávio Dino tenha influência nesses braços fortes da máquina federal. Há quem ache que é pouca coisa, mas se fosse assim, os grupos não se digladiariam pelo seu controle. Por seu turno, o governador Flávio Dino controla integralmente a máquina estatal maranhense, realizando uma gestão o mais eficiente e transparente possível e nos limites das condições que dispõe para gerar resultados. Há rumores de que o Grupo Sarney tenta ampliar ainda mais o seu raio de ação, colocando a mão sobre a extensão maranhense da Companhia do Vale do São Francisco (Codevasp), por exemplo.

Com a sobrevida do Governo Michel Temer, está mais que claro que o PMDB vai aproveitar para fazer uma grande ofensiva política em todo o País, devendo endurecer o jogo nos estados onde adversários poderosos estão no seu caminho. Nesse xadrez, o Maranhão seja o que mais chapa atenção, exatamente pelo tamanho e a importância do adversário, o governador Flávio Dino. Nenhum governador do campo adversário ao Governo Temer está melhor situado do que o maranhense. O de Minas gerais mal se mantém de pé, o do Piauí, Wellington Dias (PT), está com a língua de fora, o do Ceará se mantém a duras penas, para citar apenas três exemplos. Flávio Dino, ao contrário, comanda um Governo realista, que cuida bem da gestão pública e se mantém fiel aos postulados políticos e ideológicos da esquerda que tem os pés no chão. Reúne, portanto, as condições administrativas e políticas para quebrar os efeitos da investida pemedebista.

Em resumo: a sobrevivência do presidente Michel Temer injeta gás no Grupo Sarney, cujos chefes maiores certamente vão tentar convencer a ex-governadora Roseana Sarney a interromper sua confortabilíssima aposentadoria para entrar numa guerra pelo Palácio dos Leões. O problema é que, mesmo militando fortemente em oposição ao Governo pemedebista, o adversário é forte, até aqui limpo e que a cada dia ganha mais espaço nos movimento em que a esquerda moderada faz para voltar ao poder central numa campanha liderada pelo ex-presidente Lula da Silva (PT).

O cenário produzido pelo desfecho do julgamento da chapa Dilma – Temer sugere que o Maranhão poderá ser campo de uma das disputas mais ferozes pelo comando do Estado em 2018.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Inquérito da PF acusa Lobão de ter recebido propina por obra em Angra 3

Edison Lobão terá de explicsr aluguel em prédio fechado
Edison Lobão na última entrevista que deu no Senado antes de se acidentar em casa

O senador Edison Lobão (PMDB) foi alvo de mais uma pancada da Polícia Federal no contexto da Operação Lava Jato. Segundo a revista Veja, relatório de investigação assinado pela delegada Graziela Machado da Costa e Silva, Edison Lobão ele e seus colegas pemedebistas Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR) teriam sido “agraciados” com propina no valor de R$ 65 milhões desviados dos R$ 3,5 bilhões gastos na montagem eletromecânica da Usina Nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro. O relatório afirma que o suposto esquema de desvio foi armado no processo de licitação, que por meio de tráfico de influência dos três senadores – Lobão era ministro de Minas e Energia – acabou beneficiando o Consorcio Angramon, que foi contratado pela Eletronuclear. O inquérito foi aberto em 2015, com base na delação do empresário-bandido Ricardo Pessoa, chefão da UTC Engenharia – uma das integrantes do consórcio – e que se tornou conhecido como o “coordenador” do cartel criminoso formado pelas grandes empreiteiras do país, entre elas a Odebrecht, descoberto pela Operação Lava Jato. Ouvido por Veja, o advogado do senador Edison Lobão, criminalista Antonio Carlos de Almeida Castros, e que no caso responde também pela defesa de Romero Jucá, declarou: “Esse é o relatório mais pífio que eu já vi. Eles fazem uma ilação pelo fato de serem dirigentes partidários, mas não têm a capacidade mínima de apontar nenhuma do Jucá e do Lobão. É a criminalização da política pura e simples. Se a pessoa tem um cargo político, pode ser criminalizado”.

Em Tempo: O senador Edison Lobão, que se recuperando da fratura de uma clavícula, resultado de uma queda que sofreu em casa, no mês passado, tem dito e repetido que as acusações são injustas e que nada ficará provado contra ele. Ele permanece no comando da Comissão de Constituição e Justiça do Senado e em conversas informais avisou que será candidato à reeleição em 2018 para o quinto mandato.

 

Tucanos caminham para os 30 anos mergulhados em crise

PSDB: Carlos Brandão luta manter comando; Sebastião Madeira quer ser assumir controle
PSDB: Carlos Brandão luta manter comando; Sebastião Madeira quer ser assumir controle do partido no estado

O PSDB caminha para completar 30 anos vivendo o que muitos analistas políticos identificam como uma grave crise de identidade. Criado para ser o vento renovador da política nacional com o uma alternativa de centro para combater a esquerda e a direita, mas que acabou se notabilizando por ficar “em cima do muro” em questões cruciais, o partido simbolizado por um tucano, considerado o mais brasileiro dos pássaros, fez história ao eleger e reeleger um presidente da República (FHC) e mandar em estados como São Paulo e Minas – que juntos representam quase metade do PIB nacional, acabou mergulhando em contradições, ao ponto de hoje encontrar-se na desconfortável situação de ver uma das suas estrelas e seu presidente, o senador Aécio Neves, ser afastado do mandato e filhado em armações criminosas com o empresário-mafioso Joesley Batista, dono da JBS.  E ter de defender um Governo cujo presidente está sendo bombardeado por denúncias de corrupção. E o que é pior: sem um nome confiável para disputar a presidência da República. Ou seja, no plano nacional, PSDB encontra-se descendo para o fundo do poço e com dificuldade de fazer o caminho de volta.

No Maranhão, depois de muitas idas e vindas, mas sem ter nenhum momento de protagonismo político, o máximo que o partido conseguiu além de alguns prefeitos e vereadores, poucos deputados estaduais e muito poucos deputados federais, alcançou a vice-governança do Estado com o atual presidente Carlos Brandão, e recentemente a prefeitura de São José de Ribamar com Luis Fernando Silva, recém-chegado ao partido, e três dúzias de prefeitos sem maior identificação com a agremiação. Depois de ter perdido sua maior estrela, o ex-governador João Castelo, os tucanos maranhenses embicaram numa crise pelo comando do partido, tendo de um lado o presidente Carlos Brandão e de outro o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, que briga para voltar a ser a estrela maior do tucanato maranhense. Além disso, o PSDB estadual se mantém aliado do governador Flávio Dino, contrariando frontalmente a orientação do comando nacional, que é radicalmente contra alianças com a esquerda. A situação do ninho maranhense permanece rigorosamente indefinida, apesar dos movimentos do presidente Carlos Brandão para se legitimar no posto.

São Luís, 11 de Junho de 2017.

Um comentário sobre “Sobrevida de Temer injeta ânimo no Grupo Sarney e estimula Flávio Dino a intensificar ações políticas visando 2018

  1. Meu caro Ribamar Correia, acompanho sua coluna com frequência. Mas, tenho discordar de suas últimas avaliações do cenário político atual. Flávio Dino tem feito um governo de ações fracas nascidas em seu governo, as outras “grandes” obras que ele vem administrando dentro de um calendário para manter uma agenda positiva, são obras oriundas do governo anterior ao seu, a exemplo dos hospitais, recuperação de algumas MA’s usando recursos outrora chamado de “Dinheiro maldito”. Quem percorre um pouco nosso estado e conversar gestores e com a população, ai principalmente a população, sabe da insatisfação e o desgaste que este governo alcançou, o que na realidade tira dele este favoritismo de que persiste em afirmar.
    Abraços.

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