Sem surpresa: PT mantém a “tradição” e racha em relação à disputa para o Palácio dos Leões

 

Carlos Brandão tem o apoio das cúpulas estadual e nacional e da maioria da militância; Weverton Rocha tem o apoio do braço petista de São Luís

Curiosa a importância que observadores estão dando à divisão do PT em relação à disputa para o Governo do Estado. Todos, a começar pelos leões que guardam, impávidos, o palácio-sede do Governo do Maranhão, sabem que o partido comandado por Lula da Silva, fundado no início dos anos 80, jamais participou unido de uma eleição em território maranhense. Daí não causar qualquer estranheza o fato de uma banda da representação do partido em São Luís se insurgir contra a aliança da agremiação com o PSB em torno da pré-candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição, tendo como candidato a vice o petista Felipe Camarão, preferindo somar forças com o PDT em torno da pré-candidatura do senador Weverton Rocha. Vale anotar que a manifestação não é de agora, uma vez que, meses depois das eleições municipais, nas quais se aliou ao PCdoB em torno da pré-candidatura do deputado federal Rubens Jr., tendo o presidente do PT da Capital, vereador Honorato Fernandes, como candidato a vice, que não vingou, a banda petista ludovicense se alinhou ao projeto de candidatura do presidente pedetista ao Governo do Estado.

O PT sempre foi rachado no Maranhão, tendo a banda lulista, de esquerda moderada, representando a esmagadora maioria do partido, e uma banda que reúne segmentos mais à esquerda, e que milita basicamente em São Luís. Foram raríssimas as vezes em que as duas bandas atuaram harmonicamente, porque na maioria dos casos, mediram forças e travaram duros e zoadentos confrontos no arraial petista.

Para citar apenas os casos relacionados às disputas pelo Governo do Maranhão já neste século, o PT maranhenses viveu refregas internas históricas. O primeiro capítulo se deu pouco depois da virada do milênio, em 2000, quando a governadora Roseana Sarney (PMDB), vitimada por uma armação gestada dentro do ninho dos tucanos, desistiu da corrida à presidência da República, se candidatou ao Senado e declarou apoio à candidatura presidencial de Lula da Silva contra o tucano José Serra. Em 2006, Lula da Silva, já presidente, apoiou a candidatura de Roseana Sarney contra Jackson Lago (PDT), fazendo com que boa parte do PT se rebelasse e poiasse a candidatura do líder pedetista. Acordo que se repetiu em 2010, com o PT novamente apoiando Roseana Sarney desta vez contra Jackson Lago e Flávio Dino (PCdoB), agora tendo como candidato a vice o petista Washington Oliveira, hoje ministro do Tribunal de Contas do Estado.

A aliança do PT com os Sarney se manteve até 2014, quando os petistas, agora sob o comando da presidente Dilma Rousseff, eleita em 2010, de novo se dividiram, com a maioria apoiando a candidatura de Flávio Dino contra Lobão Filho (PMDB), tendo o candidato do PCdoB vencido a eleição no primeiro turno.  A união do PT se deu em 2016, motivada pela ação do governador Flávio Dino, que assumiu no estado e nacionalmente a defesa da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment, quando os Sarney se voltaram contra ela para garantir sua destituição e a ascensão do vice-presidente, o emedebista Michel Temer, o que aconteceu de fato. Na eleição de 2018, como não poderia deixar de ser, o PT se dividiu mais uma vez, mas sem muita zoada.

Esses rachas consecutivos tiveram consequências, entre elas a saída de dois nomes de peso do partido, o ex-deputado federal e ex-prefeito de São José de Ribamar, Domingos Dutra, que migrou para o PCdoB por não aceitar a relação do PT com o grupo Sarney, e o deputado federal Bira do Pindaré, que deixou o PT pelo mesmo motivo e hoje preside o braço estadual do PSB.

A situação de agora é rigorosamente a mesma, com o PT dividido entre duas candidaturas, com a banda menor apoiando o senador Weverton Rocha, esnobando a decisão do comando nacional, e a banda maior, chancelada pela cúpula partidária, apoiando a pré-candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição. E, como sempre, sem qualquer possibilidade de acordo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Lançamento de Bivar embaraça o União Brasil no Maranhão

Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes: lançamento de Luciano Bivar complica partido no estado

O lançamento da pré-candidatura presidencial do deputado federal Luciano Bivar criou uma confusão no braço maranhense do União Brasil, que está dividido por duas correntes, uma comandada pelo deputado federal Juscelino Filho, que apoia a pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), e outra tendo como líder o deputado federal Pedro Lucas Fernandes e que está alinhada à pré-candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição. Fundador do extinto PSL e ex-bolsonarista, de quem só se afastou depois que o presidente e sua turma tentaram dar um golpe e se apoderado partido, que tinha um rico fundo partidário. No Maranhão, agora, vêm as indagações: Agora com candidato a presidente, o braço maranhense do União Brasil, controlado pelo deputado federal Juscelino Filho, vai continuar apoiando o senador Weverton Rocha, cujo partido tem candidato a presidente da República, Ciro Gomes (PDT)? E como fica agora a relação do deputado federal Pedro Lucas Fernandes em relação à candidatura do governador Carlos Brandão. É um caso complicado a ser resolvido.

 

Braide vai à Justiça e suspende greve de professores

Eduardo Braide: argumentos fortes contra a greve

O prefeito Eduardo Braide (sem partido) conseguiu travar o movimento grevista dos professores da rede municipal de ensino. Foi à Justiça pedir a suspensão da greve anunciada, colocando no pedido justificativas convincentes: reforma de escolas, progressões funcionais já efetivadas na categoria e projeto de nivelamento do salário básico ao piso nacional já enviado à Câmara Municipal, entre outras vantagens. Além disso, o titular do Palácio de la Ravardière lembra que não deixou de negociar com os professores, mantendo diálogo permanente com a categoria. A Justiça entendeu que os argumentos do prefeito de São Luís são mais consistentes do que os motivos alegados pelos professores para cruzar os braços e os mandou continuar trabalhando, já que os salários estão sendo pagos em dia.

São Luís, 13 de Abril de 2022.

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