Rumores ´empurram` Braide para as urnas em 22, mas ele sabe a hora de dar passos decisivos

 

Eduardo Braide: candidato a fazer um bom governo 

Em meio à crescente movimentação de pré-candidatos a governador – como a filiação do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. ao PSD, onde chegou já com vaga de candidato garantida, por exemplo –, voltaram a circular rumores de que o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), estaria avaliando a possibilidade de entrar na briga pela sucessão do governador Flávio Dino (PSB). O zumzum começou depois que o prefeito da Capital dissera, numa entrevista à Rádio Mirante, na Segunda-Feira (01/08), que é candidato mesmo é a realizar uma boa gestão em São Luís. Alguns ouvintes atentos perceberam que o prefeito não teria sido enfático na negativa quanto a um eventual projeto de candidatura, e esse foi o ponto de partida para a onda de especulações, que continuou até ontem. Eduardo Braide, como sempre, usou inteligência política e permaneceu em silêncio sobre o assunto.

De todas as possibilidades apontadas até aqui para a definição de candidaturas ao Palácio Leões, a mais improvável é exatamente a que envolve o prefeito Eduardo Braide. Por uma série de razões, sendo a primeira delas o fato de que em Abril do ano que vem, quando chegar a hora da desincompatibilização, ele terá cumprido apenas 17 dos 48 meses para os quais foi eleito gestor da cidade de São Luís. E mesmo levando em conta o fato de que política não é uma ciência exata, mas um emaranhado de circunstâncias que costumam produzir desdobramentos absolutamente imprevistos, não há como prever uma guinada desse quilate de, menos ainda, assimilá-la, se ela vier a ser concretizada.

Político jovem, ambicioso, mas inteligente e pragmático, que não toma decisão por impulso, precipitada, Eduardo Braide não tem razão nenhuma para tentar se tornar uma versão ludovicense do tucano paulista João Doria, que abandonou a Prefeitura de São Paulo, conseguiu se eleger governador visando se tornar presidente em três eleições, num intervalo de apenas seis anos, mas que agora amarga o empacamento do projeto na última etapa, inclusive com o risco de não conseguir a reeleição. A eleição para a Prefeitura de São Luís foi, sim, etapa decisiva de um projeto bem arquitetado cujo objetivo maior é chegar ao Palácio dos Leões, mas foi também uma oportunidade de ouro que conquistou para se lapidar e se aprumar como gestor. Além disso, assumiu compromissos explícitos com a população da Capital, que só poderá cumprir trabalhando por pelo menos um mandato no Palácio de la Ravardière.

Ao mesmo tempo, entrar agora numa disputa fraticida em que estão se digladiando o senador Weverton Rocha (PDT), que o apoiou na eleição de prefeito, o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que será governador na campanha eleitoral, e ainda o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD), que não o apoiou, mas também não lhe criou embaraços, e nada tem a perder é um lance de altíssimo risco político e eleitoral. Não se duvida que o prefeito Eduardo Braide entre nessa guerra com cacife para disputar, mas não há nenhuma certeza de que bateria esses três oponentes no primeiro turno e um deles numa segunda rodada. Seria um fenômeno jamais visto na história eleitoral do Maranhão.

A lógica – que nem sempre é a dona da verdade – sugere que o prefeito de São Luís cumpra seu mandato, e, se bem avaliado, pleiteie a reeleição em 2024, o que lhe dará autoridade política e consistência eleitoral para entrar na disputa pelo Governo do Estado em 2026. É verdade que naquele pleito, ele poderá enfrentar o governador Weverton Rocha, se eleito for em 2022, ou o provável senador Flávio Dino disposto a retornar aos Leões, apoiado pelo governador Carlos Brandão, que estará no final do mandato obtido no ano que vem.

Sejam quais forem os adversários e as circunstâncias da disputa em 2026, ela será bem mais ajustada a um prefeito de um mandato e meio do que a de agora, a um prefeito de 15 meses e sem ter ainda demonstrado toda a sua capacidade como gestor.

Mas, com o perfil político que tem, Eduardo Braide sabe pautar o seu futuro.

 

PONTO E CONTRAPONTO

 

Rumores apontam Camarão como vice do PT na chapa de Brandão

Felipe Camarão lembrado para representar o PT como vice na chapa de Carlos Brandão

Nas tratativas sobre a aliança para as eleições de 2022 no Maranhão, o PT tem sempre pleiteado a vaga de candidato a vice na chapa do vice-governador Carlos Brandão. O factoide de que o fato de Brandão pertencer ao PSDB, partido que foi carro-chefe no impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 não ganhou nenhuma consistência, uma vez que o objetivo da legenda petista é voltar ao poder pelo voto. Dentro do partido de Lula da Silva esboçam-se movimentos no sentido de indicar nomes, já se tendo falado, por exemplo, no deputado federal Zé Carlos Araújo e no deputado estadual Zé Inácio, entre outros nomes. Mas, nos bastidores, um nome começa a ser falado com certa ênfase: Felipe Camarão, que se filiou recentemente ao partido com o propósito de disputar uma cadeira na Câmara Federal. O nome do bem avaliado secretário de Estado da Educação ganhou força nos bastidores depois que ele declarou, numa entrevista à TV Mirante, na Quarta-Feira, que mantém o projeto de chegar à Câmara Federal, mas está pronto para cumprir qualquer missão que lhe for dada pelo governador Flávio Dino e seu grupo, inclusive a de disputar o Governo do Estado. Mesmo não agradando a setores mais tradicionais do PT, seria uma jogada de mestre.

 

Setores do Governo querem Júlio Matos no campo político de Flávio Dino

Júlio Matos

Há setores da aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino advogando a abertura de espaço para o prefeito de São José de Ribamar, Júlio Matos (PL), no Palácio dos Leões. O argumento é convincente: Júlio Matos integra o grupo político liderado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), que permanece na base do Governo Flávio Dino e deve continuar na do governador Carlos Brandão, a partir de Abril de 22. E argumentam que Júlio Matos derrotou o prefeito Eudes Sampaio (PTB), homem de confiança de do ex-prefeito Luís Fernando Silva, que hoje integras a equipe de Governo como secretário de Projetos Especiais. Para eles, a guerra política em São José, que é hoje o quinto maior município e um dos maiores colégios eleitorais do Maranhão,  não deveria envolver o Governo, menos ainda o governador Flávio Dino.

São Luís, 06 de Agosto de 2021.

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