De todos os partidos que integram a aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), o que vem apresentando mais incerteza e gerando mais desconfiança nessa fase preliminar da campanha eleitoral é o PT. Sem o controle forte dos seus grandes líderes, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o próprio Lula da Silva, o partido vem expondo um claro e profundo racha interno, causado pelas divergências entre as correntes que formam sua base, com reflexos negativos em vários estados, a começar pelo Maranhão. Mesmo contando com o apoio formal do comando do partido no estado, reafirmado diversas vezes pelo novo presidente Augusto Lobato, o governador e seus aliados têm sido surpreendidos por rompantes da corrente que perdeu a hegemonia no partido, e cujo líder é o ex-presidente Raimundo Monteiro e o deputado federal José Carlos.
Nesse jogo de pressões, aqui e ali o PT está fazendo propostas alheias à linha de ação do Palácio dos Leões, como a de cobrar abertamente a vaga de candidato a vice-governador, ou fazer jogo espalhando que o PT vai pode lançar o deputado federal Waldir Maranhão (PTdoB) ou soprando nos bastidores que o partido poderá até mesmo lançar o candidato a governador a intenção de lançar um candidato ao Governo, caso suas propostas não sejam atendidas pelo governador Flávio Dino.
Além do mais, tem sido frequente a chamada “grande imprensa” divulgar que Lula da Silva e Dilma Rousseff mantêm conversas com o ex-presidente José Sarney (MDB), insinuando principalmente com a pavimentação de estrada para que o PT volte a se aliar ao MDB no Maranhão, cortando definitivamente seus laços com o governador Flávio Dino. Essas situações têm causado mal-estar na aliança situacionista, levando a aliança situacionista, ainda que o governador e seus aliados recebam a cada momento informações que desmentem boa parte dos rumores.
As exigências do PT para desembarcar de vez na aliança governista e no próprio Governo causam a impressão de que o partido é credor do governador Flávio Dino, quando é óbvio que na balança das relações, o chefe do Executivo leva a melhor como credor de uma postura mais definida do partido em relação ao movimento que lidera. Em 2006, o PT deu as costas para Flávio Dino; em 2010, rachou e a maioria do partido se aliou à coligação liderada por Roseana Sarney (MDB), que lhe deu a vaga de candidato a vice, deixando o então candidato do PCdoB para traz; e em 2014 a situação se repetiu, com o partido de Dilma Rousseff se mantendo quase inteiramente no trem partidário puxado pelo PMDB. Nesse período (2006/2014) apenas um grupo liderado por Domingos Dutra, Bira do Pindaré, Francisco Gonçalves e Márcio Jardim se manteve rebelado contra a aliança do partido com o Grupo Sarney.
Por outro lado, enquanto o PT fez um jogo quase furta-cor, o governador Flávio Dino entrou de cabeça na defesa da presidente Dilma Rousseff, liderando uma série de movimentos de contestação ao processo de impeachment, dentro e fora do Congresso Nacional. Além disso, também se posicionou contra o processo que levou à condenação do ex-presidente Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro, a quem fez duras críticas. O apoio de Flávio Dino a Lula chegou ao ponto máximo e outubro do ano passado, o governador promoveu uma mega festa política, na Praça Pedro II, para marcar o encerramento da caravana que o ex-presidente fez pelo Nordeste. Daí não haver explicações para o comportamento de certas lideranças petistas em relação ao governador e ao Governo como um todo.
É fato incontestável, portanto, que, em que pesem as declarações do presidente Augusto Lobato e algumas manifestações tímidas petistas importantes como o deputado Zé Inácio, que integra a base de apoio do Governo na Assemblei Legislativa, e do grupo que lidera, até agora o PT ainda não deu uma demonstração cabal e definitiva de que seguirá com o governador Flávio Dino para o que der e vier.
PONTO & CONTRAPONTO
Raimundo Cutrim compra briga feia e inglória com secretário e magistrado por causa de contrabandistas
O deputado Raimundo Cutrim (PCdoB) prosseguiu ontem com a catilinária com que bombardeia verbalmente a operação policial que desbaratou um gigantesco esquema de contrabando de cigarros e bebidas em São Luís e que levou para a cadeia o delegado Tiago Bardal, que comandava a poderosa Seic, três coronéis da PM e outros integrantes das Polícias Civil e Militar. Depois de uma forte troca de farpas com o secretário Jefferson Portela (Segurança Pública), o deputado – que é delegado federal aposentado – criticou procedimentos do juiz da 1ª Vara Criminal, Ronaldo Maciel, que por sua vez reagiu disparando chumbo grosso em direção ao parlamentar, que na sua avaliação não sabe o que está dizendo por que não conhece o Código Penal. Cutrim foi à tribuna ontem disposto a desmontar os argumentos do juiz Ronaldo Maciel e demonstrar que, mesmo aposentado, conhece, sim, o CP, pois está aposentado como delegado federal, mas ainda é advogado e está atualizado em matéria de legislação penal.
Raimundo Cutrim comprou uma briga inglória com o secretário Jefferson Portela, que é duro na queda e reage na bucha a qualquer provocação. E como era esperado, Cutrim recebeu chumbo grosso como resposta. No tiroteio verbal com o secretário, o deputado envolveu o juiz Ronaldo Maciel, a quem criticou duramente por procedimentos que a seu ver não estão de acordo com as regras legais, o que é enfaticamente contraditado pelo magistrado. É previsível que, mesmo do alto da sua experiência como policial federal e secretário de Segurança Pública que foi, o deputado nada contabilizará a seu favor nessa guerra verbal, a começar pelo fato de que não é parte no caso e está sendo acusado de intromissão indevida num caso que em nada lhe diz respeito.
Lobão mostra disposição e tem dito que uma das vagas de senador será dele
Se alguém duvidou que o senador Edison Lobão (MDB) está mesmo disposto a brigar por mais um mandato, a incursão da ex-governadora Roseana Sarney por cidades em busca de suporte para deslanchar de vez sua candidatura demonstra que o parlamentar. Aos 84 anos, o senador tem mostrado que é duro na queda e está com a saúde em dia, cumprindo à risca uma programação intensa e cansativa. Com essa performance, o ex-governador derruba as muitas tentativas de mostrar que ele seria carta fora do baralho no projeto político e eleitoral do Grupo Sarney. Ao contrário, está mostrando que está mesmo na linha de frente – como sempre esteve, vale lembrar. Nos seus discursos e entrevistas, Lobão explica que está embalado pela experiência, que aumentou a cada mandato e que agora está no ápice, o que lhe permite ser um parlamentar muito produtivo. E segue acreditando que uma das vagas será dele.
São Luís, 12 de Março de 2018.