Ao mesmo tempo em que algumas vozes fazem um enorme esforço para colocar em dúvida, ou ao menos dificultar, a candidatura do deputado federal Duarte Jr. (PSB) à Prefeitura de São Luís, os bastidores da base governista estão sendo sacudidos por uma disputa de várias frentes para emplacar, antecipadamente, o seu companheiro de chapa. No jogo estão o PT, o PCdoB, o MDB e o PSDB. Dentro dessas siglas há situações em debate, mas há também definições, o que torna o jogo bem mais intenso. Esses movimentos, que começaram a ganhar forma no final de 2023, são do conhecimento do pré-candidato Duarte Jr., mas ele próprio decidiu não se envolver diretamente nessa seara, deixando a escolha do vice para uma negociação mais ampla a ser conduzida pelo governador Carlos Brandão (PSB). Isso porque o chefe do Executivo já é o coordenador e principal articulador da sua pré-candidatura, conforme decisão tomada em dezembro do ano passado, num acerto costurado na cúpula nacional do PSB.
O PT ainda não escalou um nome, mas nos bastidores vem mantendo o discurso segundo o qual tem a preferência para indicar o vice na chapa de Duarte Jr., que aparece como o principal adversário do prefeito Eduardo Braide (PSD), que concorrerá à reeleição. A escolha do nome já está em curso no partido, que costuma seguir uma série de critérios para tomar decisões desse quilate. Nas conversas reservadas corre que o comando municipal do PT está conversando com o comando estadual e com o vice-governador (no momento em exercício) Felipe Camarão, que é o nome mais destacado da agremiação petista no Maranhão.
O movimento mais recente e mais ostensivo é o que está sendo feito pelo PCdoB, onde o deputado estadual Othelino Neto, ao que tudo indica com o aval do presidente do partido, deputado federal Márcio Jerry, e da futura senadora Ana Paula Lobato (PSB), estaria propondo o nome da advogada Flávia Alves, suplente de deputada federal pelo PCdoB e atual dirigente do Ibama no Maranhão. Até onde ficou claro, o PCdoB, que tem uma nesga do eleitorado de São Luís, concebeu inicialmente o projeto de lançar seu próprio candidato à Prefeitura de São Luís, mas puxou o freio de mão depois de uma série de conversas com o governador Carlos Brandão. O PCdoB encampou, pelo menos até aqui, a suplente de deputado federal Flávia Alves, irmã do deputado estadual Othelino Neto, sob o argumento de que, além de ser mulher, é politicamente ativa e está preparada para o cargo.
Dentro do MDB, que está mergulhado numa guerra interna sobre como o partido atuará na corrida ao Palácio de la Ravardière, com o presidente municipal do partido, deputado federal Cléber Verde, defendendo a reeleição do prefeito Eduard Braide, e a cúpula estadual do partido, que decidiu abraçar o projeto de candidatura de Duarte Jr.. Até agora não se falou em nome, mas a verdade é que o MDB quer reforçar seu cacife na Capital para reivindicar a vaga de candidato a vice-prefeito na chapa do parlamentar socialista. A estratégia do MDB é propor um nome com potencial eleitoral e peso político.
Em processo acelerado de reanima, o braço maranhense do PSDB está revendo sua posição em São Luís, e incluiu na sua pauta de ações na Capital o projeto de lançar um nome para vice do socialista Duarte Jr.. E já estaria inclinado a propor o engenheiro Pedro Chagas, secretário de Estado do Meio Ambiente. A cúpula do partido avalia que, apesar do processo de desagregação que sofreu nos últimos anos, os tucanos de São Luís ainda podem arrebanhar o que restou de vários grupos, sendo o principal deles o que foi liderado pelo ex-prefeito João Castelo e que ainda hoje tem a ex-prefeita Gardênia Gonçalves como referência.
É cedo ainda para se indicar quem, de fato, tem cacife para ganhar a vaga, mas a verdade é que essa movimentação, ainda discreta, mas efetiva, é reveladora de que a pré-candidatura do deputado federal Duarte Jr. ganha mais peso a cada dia.
PONTO & CONTRAPONTO
Três candidatos tornam indefinido o cenário da corrida sucessória em Imperatriz
Todas as informações vindas da Região Tocantina indicam que a disputa para a Prefeitura de Imperatriz caminha para um desfecho imprevisível. O deputado federal Josivaldo JP (PSD) e o deputado estadual Rildo Amaral (PP) estariam disputando ombro a ombro, numa espécie de empate em que os dois alternam suas posições mantendo uma diferença mínima de distância um do outro. Um pouco afastado, mas não tanto, o ex-deputado estadual Marco Aurélio (no PSD, mas a caminho do PDT) estaria em condições de chegar mais perto e embolar de vez o cenário.
No meio político, a voz corrente é a de que Josivaldo JP teria recebido aval da cúpula nacional do PSD. Por sua vez, o deputado Rildo Amaral já estaria sendo turbinado pelo ministro do Esporte, André Fufuca, que tem muita força no comando nacional do PP e está determinado a garantir a eleição do seu candidato. O ex-deputado Marco Aurélio pode vir a ser o nome de uma terceira via, liderada pelo senador Weverton Rocha, presidente estadual do PDT, caso a transferência partidária seja consumada.
O fato é que nesse momento ninguém bate o martelo por um dos três candidatos.
Justiça determina e Câmara suspende sessão que revisaria a Lei Orçamentária
Medida liminar concedida ontem pelo desembargador Marcelo Carvalho, do Tribunal de Justiça, suspendeu sessão extraordinária por meio da qual a Câmara Municipal de São Luís anularia sessão ordinária realizada em dezembro passado em que foi aprovada a Lei Orçamentária Anual (2024), com o objetivo de reverter os vetos aplicados pelo prefeito Eduardo Braide (PSD).
Num despacho denso, o magistrado acatou o argumento apresentado pela Prefeitura de São Luís de que o parlamento municipal não poderia revogar a aprovação de “uma lei pronta e acabada”, “por meio de Decreto Legislativo”.
A suspensão da sessão extraordinária marcada para hoje foi confirmada ontem em nota na qual o presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor (PSDB), declara: “A Câmara Municipal de São Luís informa que, em cumprimento a decisão judicial proferida nesta segunda-feira, fica suspensa a sessão extraordinária que apreciaria a Lei Orçamentária Anual, anteriormente marcada para ocorrer nesta terça-feira (16), no plenário Simão Estácio da Silveira. Ressaltamos que a Casa, mais uma vez, cumpre seu papel legal em acatar o posicionamento da justiça. A sessão segue suspensa até que seja proferida a decisão de mérito”.
Com a medida judicial, a LOA, com os vetos aplicados pelo prefeito de São Luís, continua valendo. Por outro lado, na sua nota, o presidente da Câmara assinala que a decisão vale até o julgamento do mérito, o que significa dizer que ele ainda vê espaço para uma improvável mudança no cenário.
São Luís, 16 de Janeiro de 2024.