Presidente do Solidariedade dá tacada de mestre ao convidar Marlon Reis e Bira do Pindaré para disputar prefeituras pelo partido

 

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Simplício Araújo enxergou longe ao convidar Marlon Reis e Bira do Pindaré para entrar no Solidariedade

Entre esforços para viabilizar programas de incentivo à industrialização e a outros segmentos da economia como titular da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio, o suplente de deputado federal e presidente do Solidariedade no Maranhão, Simplício Araújo, ensaiou uma tacada política de mestre ao convidar o juiz Márlon Reis e o deputado estadual licenciado Bira do Pindaré (PSB) se filiarem ao SD e, nessa condição, serem lançados candidatos às Prefeituras de Imperatriz e de São Luís, respectivamente. Um movimento ao mesmo ousado e inteligente, porque, se resultar em ação concreta, empurrará o partido, hoje na periferia, para o centro do debate político que já começa a ser travado com vistas às eleições municipais de outubro. Não se trata, no caso, nem da viabilidade eleitoral dos convidados, mas da relevância que eles levarão para o grande debate sobre o futuro das duas maiores e mais importantes cidades do Maranhão, se atenderem ao convite.

Magistrado de carreira e hoje personalidade nacional, o juiz Márlon Reis ganhou e consolidou projeção dentro e fora do país como líder de movimentos cidadãos, com viés político no sentido filosófico, contra a corrupção eleitoral, uma das manchas da vida política brasileira, que resultou no Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, do qual nasceu e se consolidou como realidade a Lei da Ficha Limpa. Marlon Reis foi auxiliar da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tornou-se palestrante conhecido em todo o país, ganhou prêmios importantes e ampliou sua influência no debate sobre corrupção eleitoral divulgando suas ideias e críticas ao sistema em artigos e no livro “O Nobre Deputado”, no qual mapeia focos de corrupção eleitoral, como também analisa as brechas por mio das quais a legislação eleitoral permite distorções no processo de escolha pelo voto direto e secreto, mesmo depois da adoção do sistema eletrônico de votação. O magistrado e militante político mostra que as velhas fraudes praticadas no ato de votar foram substituídas pela corrupção, que é a afrontosa compra de votos nas mais diferentes formas.

Márlon Reis tem, de fato, autoridade para falar de política saudável e de eleições decentes e justas, pois sua militância começou nos primórdios deste século, em Alto Parnaíba, onde em período eleitoral começou a orientar eleitores a não trocarem seus votos por sandálias, dentaduras, cestas básicas ou dinheiro, mostrando-lhes que a força de cada um está no direito de escolha. Atraí-lo para a disputa eleitoral como candidato a prefeito de Imperatriz é um movimento arrojado e de visão larga do presidente estadual do Solidariedade. O magistrado seria um ponto de referência não apenas para a corrida ao voto na Princesa do Tocantins, onde tem domicílio eleitoral, mas também para todo o Maranhão. Poderia, de cara, atrair os holofotes da imprensa nacional para os seus atos de campanha, dando àquele processo eleitoral uma dimensão bem maior do que a que lhe é dada a cada quatro anos. Independente do resultado eleitoral, o Solidariedade marcaria gol de placa se conseguisse inscrever o respeitado magistrado na maratona eleitoral tocantina. Imperatriz ganharia forte projeção, que valorizaria também os demais candidatos a prefeito, em especial o ex-prefeito Ildon Marques (PMN) – que já comandou aquele município como interventor e como prefeito eleito –, Rosângela Curado, a enfermeira popular que carregará a bandeira do PDT, e, provavelmente, o deputado Marco Aurélio, que pode ser o candidato do PCdoB.

Em São Luís, a candidatura do deputado licenciado e atual secretário de Estado de Tecnologia e Inovação, Bira do Pindaré, seria outra grande tacada do Solidariedade. A explicação eleitoral é simples: Pindaré é um político talentoso, experiente e ousado, que mostrou coerência ao deixar o PT para se filiar ao PSB depois que o partido de Lula firmou aliança com o PMDB no Maranhão. E pode ganhar viabilidade eleitoral na Capital se repetir o desempenho da sua campanha para o Senado em 2006, quando, ainda no PT, disputou os votos ludovicenses em pé de igualdade com João Castelo (PSDB) e Epitácio Cafeteira (PTB), que acabou eleito. Elegeu-se deputado estadual pelo PT em 2010 e se reelegeu, com votação crescente, pelo PSB em 2014.

Não será surpresa de Bira do Pindaré topar ser lançado candidato à Prefeitura de São Luís pelo Solidariedade. Afinal, não é segredo para ninguém que ele está numa posição desconfortável no PSB, onde disputa espaço com o senador Roberto Rocha – que andou dizendo que pode ser candidato ao Palácio de la Ravardière – e com o deputado federal José Reinaldo Tavares – que declarou abertamente apoio à candidatura da deputada federal Eliziane Gama (Rede). Dificilmente terá o aval dos dois chefes para ser candidato. O chefe do SD, Simplício Araújo percebeu a complicada situação de Pindaré e abriu-lhe caminho para uma candidatura avalizada e sem traumas.

Pode não passar de um movimento apenas, sem  desdobramentos nem consequências. Mas já valeu para mostrar que em política é importante ousar, apurar a visão e tentar enxergar adiante. E nesse sentido o chefe do SD no Maranhão fez a sua parte, pensou grande e enxergou longe. Se nada der certo, ficará pelo menos o registro de que até o momento esse foi um dos lances ousados e politicamente saudáveis dessa fase preparatória da corrida ao voto  nos municípios.

 

PONTOS & CONTRAPONTO

Marlon Reis descarta entrar na política agora

O lance de ousadia política do presidente do Solidariedade no Maranhão, Simplício Araújo, vai ficar apenas como um gesto sem consequência, pelo menos no que diz respeito ao juiz Marlon Reis. Ontem, o jornalista Diego Emir publicou no seu bem informado blog que Marlon Reis descartou qualquer possibilidade de deixar a magistratura para ingressar na política. Como quem se preocupa com o futuro em segurança, ele justificou a recusa ao convite de Simplício Araújo argumentando que não tem ainda tempo para se aposentar como juiz. Márlon Reis foi militante do movimento estudantil e ampliou sua visão política quando, como juiz, se deparou com a realidade cruel da corrupção eleitoral, fez, desde cedo, opção ideológica clara à esquerda, provavelmente mantida at[e hoje. Nos seus escritos ele se revela um cidadão indignado, exibe um perfil de democrata, defensor de uma sociedade em que prevaleça plenamente o estado democrático de direito, mas não avança na discussão ideológica propriamente dita. Magistrado por profissão e convicção, Márlon Reis não demonstra, por exemplo, interesse em seguir a trajetória do governador Flávio Dino, que abandonou uma bem sucedida carreira na magistratura federal para entrar na política correndo todos os riscos de fracasso. Mas deu certo.

 

Pedrosa deve ser candidato a prefeito pelo PSOL

pedrosa 2Todos os sinais indicam que o seu novo presidente do PSOL, Luis Pedrosa, será lançado candidato a prefeito de São Luís. Ele tem o apoio da maioria do partido, tendo reforçado sua posição depois que assumiu a presidência da agremiação. O problema é que parece que a disputa pelo controle do partido, cujo desfecho aconteceu em dezembro passado com a vitória da candidatura de pedrosa, abriu uma crise interna, ficando o grupo do presidente eleito de um lado e o liderado pelo ex-deputado Haroldo Saboia de outro. Não houve manifestação de nenhum dos lados nesse sentido, mas chamou atenção o fato de Haroldo Saboia não comparecer à posse da nova direção. Ninguém confirma o racha, mas o clima indica que a situação interna não é tranquila, precisando apenas de movimento no sentido da com conciliação. Até porque está aberta a possibilidade de uma aliança reunindo PSOL, PSTU e PCB para disputar as eleições em São Luís com uma chapa com candidatos a prefeito e a vereador. Para uma fonte desse campo, o nome mais comentado no grupo é o de Luis Pedrosa, que foi candidato a governador em 2014 e saiu das urnas com 33 mil votos, o que o autoriza a entrar na briga, ainda que com chances de sucesso muito remotas.

 

São Luís, 25 de Janeiro de 2016.

 

 

4 comentários sobre “Presidente do Solidariedade dá tacada de mestre ao convidar Marlon Reis e Bira do Pindaré para disputar prefeituras pelo partido

  1. Só como informação para o blog, o juiz Márlon Reis teve sim atuação no movimento estudantil. Foi destacado militante de um grupo – a Juventude Venceremos – dissidente do PT, que tinha, entre outros membros, o também juiz Douglas Martins e o secretário de Segurança Pública, Jeferson Portela.
    Ideologicamente, o grupo se colocava à esquerda do PT.

    1. Caro Diniz, obrigado pela preciosa informação. Ela nos ajuda a compreender o posicionamento político do juiz Márlon Reis, tornando mais rica ainda a figura dele como um militante com causa.
      Continue atente, e sempre que observar alguma falha, erro ou omissão, nos corrija, por favor.
      Abraço
      Ribamar Corrêa

    2. Caro Diniz. Agradeço imensamente a informação. Ela nos ajuda a compreender o posicionamento político do juiz Márlon Reis
      Continue atento, e sempre que identificar algum erro, falha ou omissão, nos informe.
      Abraço
      Ribamar Corrêa

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