A intensa atividade política do senador Weverton Rocha – na eleição da Famem, por exemplo -, a movimentação do prefeito Edivaldo Holanda Jr. na direção do DEM, e a surpreendente e curiosa incursão do presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Osmar Filho, em Brasília, ocuparam boa parte da cena política maranhense neste mês de fevereiro. Os fatos evidenciaram, com toda clareza, que, mais do que movimentos isolados, o PDT está colocando em marcha um audacioso e arrojado projeto de fortalecimento com vistas às eleições municipais de 2020 e as gerais de 2022. Até agora, nenhum desses gestos colocou o PDT na contramão da grande aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), mas indicam que o braço maranhense do brizolismo vai tentar ocupar espaço cada vez maior na base de sustentação do chefe do Executivo.
A maior evidência de que o PDT está turbinando o seu projeto de poder é a própria desenvoltura do seu líder maior no Maranhão, o senador Weverton Rocha, que não tem vacilado em ocupar os espaços que se abrem ou que conseguir abrir, sem o temor de correr riscos. O melhor exemplo da ação desassombrada do senador pedetista foi a tomada do comando da Famem, que se deu num processo fulminante e avassalador, que não deixou margem de manobra para adversários. Se o governador Flávio Dino não tivesse entrado em cena à última hora e negociado um acordo, o candidato do PDT, Erlânio Xavier, teria derrotado duramente o presidente Cleomar Tema (PSB), que não teve um sobro de apoio do seu partido. Líder do PDT no Senado, Weverton Rocha vem trabalhando intensamente para ocupar todos os espaços políticos que sua condição parlamentar lhe permite, preparando-se eleger o prefeito de São Luís, o maior número possível de prefeitos no estado e, assim, chegar a 2022 cacifado para ter papel decisivo na corrida ao Palácio dos Leões.
Enquanto Weverton Rocha se desdobra no plano macro, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. vai aos poucos saindo do casulo político e trabalhando na tessitura de uma rede de apoio visando construir a base de sustentação a uma candidatura pedetista à sua sucessão. Discreto e aparentemente tímido no campo político, o prefeito de São Luís está totalmente sintonizado com o senador pedetista da montagem desse projeto, atuando com os cuidados necessários para não causar no palácio dos Leões a impressão de que pretenda afrontar a aliança cuidadosamente esculpida pelo governador Flávio Dino. Edivaldo Holanda Jr. trabalha de olho em 2022, mas dentro do projeto maior do PDT, de acordo com as linhas traçadas pelo senador Weverton Rocha.
A incursão do presidente da Câmara Municipal de São Luís, Osmar Filho, por importantes gabinetes de Brasília – visitou os senadores, esteve com deputados federais e avistou-se com ministros e chefes do segundo escalão federal -, em busca de “benefícios para São Luís”, chamou a atenção pela atipicidade. Acompanhado de alguns vereadores, Osmar Filho circulou pelo Congresso Nacional e pela Esplanada dos Ministério como um chefe de poder executivo, dando a impressão de estar invadindo a seara do prefeito de São Luís. Nada disso. Primeiro porque sua animada viagem a Brasília foi decidida de comum acordo com o senador Weverton Rocha e com o prefeito Edivaldo Holanda Jr., e depois, porque a iniciativa foi um passo importante para a pavimentação a possibilidade da sua eventual candidatura ao Palácio de la Ravardière.
Nenhum desses movimentos é isolado ou foi realizado por conta e risco dos seus protagonistas. Eles estão sincronizados e fazem parte de uma aguerrida e audaciosa estratégia do senador Weverton Rocha para fortalecer o seu partido e dar mostras bem claras e inequívoca de que está no jogo político estadual para alcançar objetivos e não para fazer mera figuração. O Palácio dos Leões e o PCdoB acompanham tudo, o primeiro com a tranquilidade de que o PDT é um aliado, apesar de toda a ousadia contida nas ações do senador Weverton Rocha; o segundo acompanha a movimentação pedetista com a certeza de que terá um concorrente duro na corrida pelas 217 prefeituras maranhense, a começar pela mais importante delas, a de São Luís.
PONTO & CONTRAPONTO
Cléber Verde vive situação delicada depois da denúncia de desvio de dinheiro no seu partido
Nada confortável a situação do deputado federal Cléber Verde, que preside o PRB no Maranhão, depois da bombástica denúncia feita no Jornal Nacional, na noite de sexta-feira, dando conta de suposto desvio de dinheiro do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral (vide Coluna de sábado, 16). A “militante” PRB que recebeu mais de R$ 500, mandou imprimir 10 milhões de santinhos e 1 milhão de botos e obteve apenas 161 votos, desapareceu do mapa numa clara confissão de que tem culpa pesada no cartório eleitoral. O parlamentar não foi nem um pouco convincente ao justificar o seu próprio gasto milionário com material de campanha feito em Tuntum com o argumento de que o produto é de qualidade e o preço, acessível.
Como previsto pela Coluna, mais do que um estrago ético no partido, a denúncia do JN está causando forte mal-estar no vice-governador Carlos Brandão e no prefeito de Caxias, Fábio Gentil e no deputado Zé Gentil, os mais importantes nomes do partido no Maranhão. Isso quer dizer que, além de ter de se explicar ao comando nacional do partido, à Justiça Eleitoral e à Câmara Federal, terá de convencer essas lideranças de que o bicho não é tão feio como foi mostrado na reportagem global. Até ontem, Cléber Verde não havia ainda conversado com o vice-governador e com o prefeito caxiense, mas essa conversa não tardará. O seu maior desafio será convencer o eleitorado de que tudo não passou de um mal-entendido ou de que a Globo agiu de má fé para prejudicar a imagem dele e do seu partido.
João Alberto fixa Maio com o limite para revolver, por acordo ou pelo voto, o futuro do MDB
O presidente do MDB no Maranhão, ex-governador João Alberto, fixou o mês de maio como limite para que o partido decida sobre o seu futuro. E o roteiro será o seguinte: todos os esforços serão feitos para que o novo presidente do partido seja escolhido por consenso, entre os dois nomes que estão postos, o deputado estadual Roberto Costa e o deputado federal Hildo Rocha. Se a escolha por consenso não for possível, a escolha do novo presidente do partido será feita pelo voto em convenção, que será realizada em Maio. O próprio João Alberto admite que a corda dentro do partido esticou de tal maneira que dificilmente Roberto Costa e Hildo Rocha chegarão a um acordo, e que a situação caminha, de fato, para a disputa pelo voto na convenção.
Duramente derrotado nas urnas e desarticulado diante do que vem por aí, a começar pelas eleições municipais de 2020, MDB maranhense está vivendo uma situação dramática e precisa urgentemente definir um caminho. O que só será possível sob um novo comando, já que João Alberto avisou que não ´retende continuar à frente da agremiação. No final do ano passado, a ex-governadora Roseana Sarney manifestou interesse em assumir a presidência do partido, mas houve uma reação negativa, com as lideranças avaliando que ela não seria o nome ideal para comandar a agremiação nesse momento de transição. Ao mesmo tempo, o deputado Roberto Costa propôs que o comando partidário seja entregue a uma das novas lideranças emedebistas. O deputado federal Hildo Rocha, que representa uma ala mais conservadora, também se lançou candidato a presidente, desenhando uma disputa com Roberto Costa.
Sob o argumento de que uma disputa fragilizará mais ainda o partido, os caciques emedebistas vêm insistindo na tese do consenso, mas as lideranças em disputa não chegaram até agora a um acordo. Roberto Costa, que tem o apoio dos jovens e da corrente mais liberal, firmou posição e está determinado a levar a disputa para a convenção, o mesmo acontecendo com Hildo Rocha. E tudo indica que o futuro do MDB será mesmo definido no voto, em Maio.
São Luís, 17 de Fevereiro de 2019.