Enquanto o Senado e a Câmara Federal têm nesses dias seus bastidores incendiados pela movimentação dos candidatos à presidência das duas instituições, o mesmo acontecendo na maioria dos parlamentos estaduais, mobilizando as forças políticas desses estados, a Assembleia Legislativa do Maranhão prepara tranquilamente a posse da sua nova Mesa Diretora, para o biênio 2017/2018, que ocorrerá na próxima quarta-feira, 1º de fevereiro. Comandada pelo deputado Humberto Coutinho (PDT), atual presidente e que ganhou novo mandato por decisão unânime dos seus pares, a nova cúpula do Poder Legislativo maranhense mantém a tradição de refletir a diversidade política representada no seu plenário. Nesse sentido, a maioria dos cargos é ocupada por deputados que integram a base de sustentação do Governo do Estado, tendo a Oposição o espaço proporcional ao seu peso partidário. A expectativa é a de que o presidente Humberto Coutinho mantenha o princípio segundo o qual os deputados são iguais, não havendo tratamento diferenciado por cor partidária, posicionamento político ou qualquer outro critério que pretende diferenciá-los. A nova conduzirá a 3ª Sessão Legislativa da 18ª Legislativa, que será iniciada no a 2 de fevereiro, dia seguinte à posse.
A nova Mesa terá o desfio de comandar o Poder Legislativo num ano que se desenha muito complicado politicamente, primeiro porque bombas como os desdobramentos da Operação Lava jato, risco de o Governo da República ser destronado por decisão da Justiça Eleitoral e, finalmente, o eventual agravamento da crise econômica no plano nacional e o seus reflexos no Maranhão, onde também começa a se desenhar o aumento de tensão nas relações Situação/Oposição no contexto das articulações para as eleições gerais de 2018. O presidente Humberto Coutinho, o 1º vice-presidente Othelino Neto (PCdoB), o 2º vice-presidente Fábio Macedo (PDT), o 3º vice-presidente Josimar de Maranhãozinho (PR), o 4º vice-presidente Adriano Sarney (PV), o 1º secretário Ricardo Rios (SD), o 2º secretário Stênio Rezende (DEM), o 3º secretário Zé Inácio (PT) e o 4ª secretária Nina Melo (PMDB), terão de atuar com o máximo de equilíbrio para, primeiro, evitar quer questões menores e diferenças partidárias e regionais contaminem as relações e comprometem o equilíbrio na instituição. O perfil de cada membro da Mesa mostra que as diferenças são fortes, mas os deputados que a integram têm visão política suficiente para superar crises. São eles:
Presidente: Humberto Coutinho (PDT) – Reconhecido como um dos mais importantes articuladores do Maranhão atual e montado numa experiência de cinco mandatos na Casa e dois de prefeito de Caxias, o deputado Humberto Coutinho se consolidou como ponte segura que liga o Palácio Manoel Bequimão e o Palácio dos Leões. Foi nas duas primeiras legislaturas do atual mandato, e continua sendo, o interlocutor seguro e confiável dos deputados e do governador Flávio Dino (PCdoB), o que lhe permitiu fazer aproximações, evitar tremores, superar crises e garantir o máximo possível de normalidade política para assegurar o convívio o mais democrático e civilizado possível entre os diferentes grupos. Tanto que é nome forte para disputar uma das vagas de senador em 2018, projeto que depende do seu estado de saúde, que lhe obriga a lutar contra um câncer no intestino.
1º Vice-Presidente: Othelino Neto (PCdoB) – Parlamentar em segundo mandato, foi o único, além do presidente, que conseguiu a reeleição para o mesmo cargo na Mesa, uma façanha pouco vista na Assembleia Legislativa, salvo para o cargo de presidente. Atuando na linha de frente da bancada governista, conseguiu se consolidar na cúpula também por ter tido até agora um desempenho elogiado como presidente em exercício nas ocasiões em que o presidente Humberto Coutinho precisou se ausentar de São Luís.
2º Vice-Presidente: Fábio Macedo (PDT) – Marinheiro de primeira viagem e de origem empresarial, chegou à Assembleia Legislativa como “o filho do empresário Dedé Macedo”. Logo percebeu que poderia afundar, reagiu, e aos poucos foi ganhando personalidade política própria, valorizando cada tropeço como aprendizado. Hoje já é o deputado Fábio Macedo, integrante da bancada governista, mas com traços de independência.
3º Vice-Presidente: Josimar de Maranhãozinho (PR) – Chegou à Assembleia Legislativa embalado por quase 100 mil votos, algo raro na disputa para cadeiras do parlamento estadual. Meio avesso à tribuna, é considerado uma “fera” nas articulações nos bastidores e pela habilidade e eficiência com que transita nos órgãos estaduais e federais em busca de recursos para os vários municípios onde é líder absoluto. Vinha liderando o Bloco União Parlamentar, governista, mas sem seguir rigorosamente as orientações do Governo.
4º Vice-Presidente: Adriano Sarney (PV) – Cristão novo na Casa, além de representar a continuidade da linhagem política do ex-presidente José Sarney, revelou-se também um dos mais preparados membros da novíssima geração de políticos maranhense. Cometeu alguns pecados típicos da ingenuidade dos iniciantes, mas se mantém como um representante autêntico do Grupo Sarney.
1º Secretário: Ricardo Rios (SD) – Representante da novíssima geração, chegou à Assembleia Legislativa na esteira do prestígio da família Pearce Rios, que tem base política em Vitória do Mearim, onde o pai e a mãe foram prefeitos, e relações na região. De atuação tímida no plenário, movimenta-se com certa desenvoltura nos bastidores, seguindo quase sempre a orientação do presidente Humberto Coutinho, a quem é muito ligado.
2º Secretário: Stênio Rezende (DEM) – Decano da Casa, exercendo o sexto mandato consecutivo, integra a base governista e é um dos mais tarimbados membros do parlamento estadual, principalmente pela capacidade de sobreviver às intempéries que vêm mudando as referências políticas do Maranhão. A sua tacada mais recente foi se articular com o seu sobrinho, deputado federal de primeiro mandato Juscelino Filho e assumir o comando do DEM no Maranhão.
3º Secretario: Zé Inácio (PT) – Único representante do PT na Assembleia Legislativa e também representante da nova geração de políticos, é um parlamentar articulado, com discurso de posições, fiel que é à linha de ação da corrente liderada pelo ex-presidente Lula dentro do PT. Integra a base de apoio do Governo.
4º Secretário: Nina Melo (PMDB) – Médica por formação, tem atuação discreta no plenário, pouco ocupando a tribuna, o quando o faz é para tratar de assuntos de natureza social, principalmente na área de Saúde. Faz política articulada com o pai, ex-governador Arnaldo Melo, que presidiu a Assembleia por dois mandatos e atualmente é um dos diretores da Funasa.
A posse da nova Mesa Diretora ocorrerá na quarta-feira (2), às 9 horas, no salão de Atos do Palácio Manoel Bequimão.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana é “lançada” na corrida aos Leões
Ela mesma não se manifestou, durante a semana que passou a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) foi tirada de uma movimentação discreta, que pouco tinha a ver com preocupações políticas, e “lançada” na seara pré-eleitoral. Primeiro, com a notícia não confirmada de uma suposta pesquisa segundo a qual ela estaria em situação de empate técnico com o governador Flávio Dino nas preferências do eleitorado para o Governo do Estado em 2018. Depois, com uma súbita campanha, sem origem nem autoria que invadiu redes sociais, em que internautas anônimos estariam festejando seu retorno à disputa política com cartazes com dizeres do tipo “meu voto é dela” e “a guerreira vai voltar”. Se se trata de uma produção articulada de factóides, o tempo dirá. Roseana Sarney é, sem dúvida, uma líder política de peso, a mais representativa do Grupo Sarney, com cacife para se lançar candidata a qualquer mandato, de vereadora a governadora, tendo sua candidatura sempre com potencial para levar a melhor. Por outro lado, também não há dúvidas de que seis anos depois de ter disputado a última eleição (2010), Roseana não tem sido politica e eleitoralmente testada. Se as eleições municipais de 2016 valem como referência, o cacife político da ex-governadora está em baixa, já que, a exemplo de 2014, quando o seu grupo foi destroçado nas urnas, perdendo as eleições de cabo a rabo – Governo, Senado, Câmara Federal e Assembleia Legislativa –, o resultado geral das eleições municipais de outubro passado foi também desastroso para o grupo da ex-governadora. Se vai disputar o Governo do Estado, enfrentará o governador Flávio Dino, que está em plena forma, tem agora 62% de aprovação, segundo pesquisa recente do instituto Exata, cujos levantamentos costumam ser confiáveis. Não se pode negar que a ex-governadora tem um lastro político e eleitoral considerável e que pode crescer durante uma campanha para o9 Governo do Estado. Mas não se pode ignorar o fato de que, além de estar em excelente posição aos olhos da Opinião Pública, estar no comando de um Governo sem máculas e com bom desempenho administrativo e decidido a enfrentar as urnas com faca nos dentes, o governador Flávio Dino será um candidato muito difícil, mas muito difícil mesmo, de ser batido.
Projeto eleitoral de Márcio Jerry gera curiosa controvérsia
O fato de o secretário de Estado de Articulação Política e Comunicação, Márcio Jerry (PCdoB), haver admitido o projeto de se candidatar a uma cadeira na Câmara Federal nas eleições de 2018 agitou o meio político e os diversos canais de comunicação formais e informais. Houve quem reagisse de maneira crítica, como se o projeto fosse ilegítimo; também se manifestaram os que o consideram válido. A discussão é interessante, porque anima o meio político. Mas analisada com frieza, ela não faz sentido, principalmente quando a manifestação é de crítica ao secretário, acusado por alguns de estar usando a máquina governista para se promover. A pergunta que um observador isento faz é a seguinte: o que há de errado em Márcio Jerry querer disputar um mandato eletivo? Qualquer análise minimamente serena e isenta concluirá: nada. Um dos jornalistas e militantes políticos mais ativos e preparados da sua geração, com uma densa bagagem cultural, uma sólida formação intelectual e um histórico invejável de atuação o campo político, que o levou à presidência do PCdoB no Maranhão e à posição de principal assessor político do governador Flávio Dino, Márcio Jerry é um dos quadros políticos mais aptos a exercer uma cadeira na Câmara Federal ou em qualquer outra Casa parlamentar. O secretário é conhecedor das principais teorias que dão base à ciência da comunicação e conhece a prática jornalística; demonstra sólidos conhecimentos de literatura, artes e música; exibe sólidas informações de História contemporânea e política, e se comunica com desenvoltura. A Coluna não se alinha à visão ideológica do secretário, mas não tem qualquer dúvida de que ele dará expressiva contribuição para o grande debate político se chegar a uma das casas do Congresso Nacional. Aliás, vale ressaltar que na equipe do governador Flávio Dino encontram-se nomes altamente credenciados para exercer mandatos eletivos: Marcelo Tavares, Francisco Gonçalves, Márcio Jardim, Neto Evangelista e Simplício Araújo, entre outros.
São Luís, 28 de Janeiro de 2017.
O deputado Adriano Sarney está de parabéns! No momento em que a população exige uma renovação das práticas políticas adotadas até o presente momento o deputado Adriano representa este sentimento, comprovado pela sua forte atuação na Assembléia Legislativa reconhecida pelos maranhenses. Fazendo uma oposição de forma responsável e equilibrada contribuindo através de proposições e ações que visam beneficiar diretamente a vida das pessoas. É chegado o grande momento para que possamos escrever uma história nova neste Estado, sepultando as velhas mazelas, as divergências políticas e ideológicas e quem sabe as intrigas pessoais.