No 200º aniversário de Gonçalves Dias, Caxias aparece como uma das cidades mais violentas do Brasil

Cidade festiva, com sólida cultura e
rica história, Caxias tornou-se uma das
cidades mais violentas do Brasil

Chocante, e sob todos os aspectos inaceitável, a informação apontando Caxias como integrante de um ranking de cidades mais violentas do Brasil. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a Princesa do Sertão, musa de muitos poetas, a começar por Gonçalves Dias, o maior deles, ocupa a 37ª posição entre as 50 cidades com mais de 100 mil habitantes identificadas como as mais violentas do País. Com a maturidade dos 186 anos recém completados, é mais violenta do que São Luís, com seus mais de 1 milhão de habitantes; do que Imperatriz, que já foi duramente afetada pelo crime; do que São José de Ribamar, cuja população cresce sem controle; e de Timon, sua vizinha, que vem se livrando do estigma de ser “dormitório” de Teresina.

O poeta e humanista Gonçalves Dias com certeza mergulharia em dor se viesse a saber que no levantamento feito pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ontem, Caxias, a sua cidade, hoje um centro urbano com mais de 150 mil habitantes, é elencada como uma cidade onde ocorreram 46,5 crimes violentos, intencionais, ao longo de 2022. Foi, felizmente, a única cidade maranhense a figurar nesse balanço que mancha agressivamente a sua imagem de polo regional que se move pelo trabalho, pela política e pela cultura.

Também uma revelação espantosa, difícil de assimilar, o caso mais próximo foi a aprazível Parnaíba, acolhedora cidade litorânea do vizinho Piauí, incluída na lista do Anuário como a 38ª mais violenta do País entre as com mais de 100 mil habitantes. Foi também a única do Piauí.

Algumas situações podem, em parte, explicar essa mácula. Dos anos 60 do século passado para cá, a exemplo do que aconteceu com São Luís, Caxias, que tinha uma economia sólida, tendo vivido o boom do algodão com uma forte indústria de tecelagem, que fabricava e exportava tecidos de qualidade, e que na sequência foi um rico polo de produção de azeite extraído do babaçu, além de ter sido, também nos anos 60 e 70, o centro regional de beneficiamento e exportação de arroz, foi fortemente atingida pela perda desses lastros.

A consequência desse revés avassalador logo apareceu: a cidade foi aos poucos invadida por milhares de famílias que fugiram do campo em busca da sobrevivência nos seus arredores. Para abrigar essas pessoas, bairros e mais bairros nasceram em pouco tempo, sem nenhuma infraestrutura. A cidade começou a inchar, com graves problemas de habitação, saneamento, saúde e escola, e mais tarde, segurança.

Agora, Caxias e região estão sendo fortemente afetadas pela incontida invasão do “Agro”, que tem na chamada região do Matopiba um dos seus mais recentes “eldorados”. O problema é que, se poucos ganham, muitos perdem, uma vez que, na busca insaciável por terras, essa cultura promove, rápida e implacavelmente, um novo “Êxodo” do campo para a cidade, produzindo, não um crescimento, mas um “inchaço” populacional. E com ele, o desemprego e o seu pior subproduto, a violência, evidenciada no crescente número de assaltos e assassinatos, via de regra praticados por jovens marginalizados pela falta de perspectivas. O assassinato de um pequeno comerciante, nesta semana, traduziu com precisão esse cenário.

E o que é mais grave, tal situação parece não preocupar o Poder Público, cuja ação mais visível é estimular a produção de soja, sem medir as consequências. A tomada violenta das terras de agricultores em São Benedito do Rio Preto, numa ação praticada por empresas ligadas ao Agro, retratou o conflito entre os tratores do Agro e pequenas comunidades encontradas no seu caminho.

Que a poesia de Gonçalves Dias ilumine os caxienses.

PONTO & CONTRAPONTO

UFMA: Fernando Carvalho vence a consulta e deve ser nomeado reitor por Lula

Fernando Carvalho lidera a lista seguido por
Luciano Façanha e Isabel Ibarra e deve ser
nomeado reitor da UFMA

Se confirmadas as previsões feitas ontem, o professor Fernando Carvalho será o sucessor do professor Natalino Salgado no comando da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Ele foi o mais votado (43,52%) dos quatro candidatos que se submeteram ao crivo de professores, servidores e estudantes da instituição. Em segundo lugar ficou o professor Luciano Façanha (36,38%), e em terceiro a professora Isabel Ibarra (15,78%). Nos bastidores da UFMA, corre a certeza de que o presidente Lula da Silva nomeará Fernando Carvalho para assumir o comando da UFMA em novembro, quando termina o quarto mandato do reitor Natalino Salgado.

Apoiado pelo reitor Natalino Salgado, Fernando Carvalho deve ser nomeado pelo presidente Lula da Silva. Essa expectativa se baseia no suposto compromisso de por ele assumido com entidades universitárias no sentido de nomear o mais votado em casos de lista tríplice. Essa informação circulou durante a campanha eleitoral e não foi desmentida por nenhum candidato.

Partidários de Luciano Façanha e de Isabel Ibarra tentarão pressionar para que o presidente da República não cumpra esse suposto compromisso, mas a impressão dominante é a de que o primeiro colocado será nomeado.

O mesmo deve acontecer com o vice-reitor, cuja lista tríplice eleita pela comunidade universitária é a seguinte: Leonardo Soares em primeiro com 29% dos votos, seguido de Zefinha Bentivi com 25,5% e de Ridvan Fernandes, com 13,42%.

Antes de serem encaminhadas ao Ministério da Educação, as listas terão de ser oficializadas pelo Conselho Universitário da UFMA.

Grupo do PL maranhense não dá importância à punição por ter votado com Governo

Josimar de Maranhãozinho e Detinha não
vão dar importância à punição no PL

O deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que preside o PL no Maranhão, e os deputados Detinha, Júnior Lourenço e Pastor Gildenemyr, todos do partido hoje subordinado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, não estão dando muita importância à decisão do presidente nacional do partido, Waldemar Costa Neto, de puni-los por terem eles construído uma relação com o Governo do presidente Lula da Silva (PT) e votado a favor da Reforma Tributária, contrariando a orientação da cúpula partidária. Os quatro foram suspensos por três meses de atuar nas comissões da Câmara Federal das quais são membros, não podendo também, nesse período, ocupar vagas de suplente em outras comissões.

Político independente e pragmático, o deputado Josimar de Maranhãozinho não deve se incomodar muito com a “punição”. Ele conhece as entranhas do PL, sabe o que acontece nos bastidores da legenda e, por tudo o que já se viu, não perde um minuto de sono por causa da irritação de Waldemar Costa Neto, e menos ainda por conta da ntent6ativa do ex-presidente Jair Bolsonaro de assumir o comando do partido. Já havia dito que não se intimidaria com as ameaças de alguns bolsonaristas que tentam dar as cartas na agremiação. Além disso, participar de comissão não á muito sua praia, nem dos seus aliados.

Ontem, uma fonte ligada à deputada Detinha previu que os quatro deputados do PL maranhense vão continuar convivendo com o Governo Lula, e que se o clima ficar ruim no partido, eles poderão recorrer à Justiça para deixar o partido sem o risco de perder mandato. Na visão dessa fonte, aconteça o que vier a acontecer, só o PL tem a perder, porque qualquer que venha a ser o desfecho dessa crise, Josimar de Maranhãozinho, Detinha, Júnior Lourenço e Pastor Gildenemyr não perderão apoio nas suas bases.

Faz todo sentido.

São Luís, 22 de Julho de 2023.

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