São Luís está sendo território de uma guerra “do bem”, que mantém em campos antagônicos a Prefeitura de São Luís e o Governo do Estado. Trata-se da “Guerra do Trânsito”, na qual não existem batalhas nem confrontos, mas tão somente uma disputa para ver quem faz melhor pela mobilidade no trânsito da cidade, que abriga 1,2 milhão de habitantes e cerca de 650 mil veículos motorizados. O prefeito Eduardo Braide briga pela reeleição tendo o programa “Trânsito Livre” como um dos carros-chefes da sua gestão, enquanto o governador Carlos Brandão, cujo Governo tem investido em melhorias para as cidades, decidiu fazer intervenções arrojadas na Capital. Do segundo semestre do ano passado para cá, Prefeitura e Governo têm alimentado uma saudável disputa, com ações de extrema utilidade para São Luís.
O prefeito Eduardo Braide realizou uma grande mudança nas três rotatórias da Avenida dos Holandeses. E interveio fortemente na Avenida Colares Moreira, eliminando os gargalos formados na rotatória próxima ao Tropical Shopping e no cruzamento do Cohafuma. Ali, as intervenções produziram resultados positivos, uma vez que permitiram uma fluência maior do trânsito. Em seguida, a Prefeitura fez mudanças significativas na rotatória em frente ao Quartel da PM, possibilitando acesso mais fácil a todas as regiões – Holandeses, nos dois sentidos, e Carlos Cunha e à Via Expressa, em direção à Litorânea e ao próprio Centro. Ontem, o prefeito anunciou o início das obras da intervenção na rotatória do São Francisco, o que complementará as mudanças feitas na Colares Moreira. Outras ações na área de trânsito foram feitas ou estão em curso na cidade.
O governador Carlos Brandão criou um programa de obras para São Luís, algumas delas destinadas a melhorar a mobilidade. Começou com uma obra simples, mas muito útil: a quarta alça no elevado da Carlos Cunha, facilitando o acesso à Via Expressa. E foi mais além, realizando uma repaginação nos primeiros quatro quilômetros da Avenida Litorânea. Depois, construiu o viaduto que desobstruiu a Holandeses e o acesso à Avenida Litorânea, dando mais mobilidade ao trânsito naquela área, onde eram formados gargalos nas horas de pico. Ontem, a Sinfra anunciou as obras que mudarão completamente o chamado Retorno do Olho D`Água e a requalificação da MA-203 do viaduto Neiva Moreira ao cais de Raposa, entre outras intervenções.
Chama a atenção o fato de que, por mais que a turma que incendeia as redes sociais tente criar um embate verbal entre o prefeito Eduardo Braide e o governador Carlos Brandão, ambos sabem que essa é uma guerra saudável, que não comporta ataques e contra-ataques, porque os dois lados estão trabalhando para o bem-estar da coletividade. Não há, portanto, espaço para hostilidades. Eduardo Braide sabe que não pode se comportar como o prefeito João Castelo, que tentou de todas as maneiras inviabilizar a construção da Via Expressa, travando uma queda-de-braço judicial com a governadora Roseana Sarney, que levou a melhor na Justiça e realizou a via que se tornou essencial para a mobilidade na Capital. Hoje, Prefeito e Governador sabem que qualquer intervenção na estrutura viária de São Luís é bem-vinda.
Na segunda metade dos anos 60 do século passado, o prefeito Epitácio Cafeteira e o governador José Sarney travaram batalhas como a de agora, com a diferença que era um tentando impedir o outro de fazer alguma coisa. Disso resultou a barragem do Bacanga, parte da Areinha e a Avenida Kennedy. O prefeito Haroldo Tavares – nomeado pelo governador Pedro Neiva de Santana, enfrentou hostilidade de inimigos políticos e até duras críticas de amigos quando construiu o Aterro do Bacanga e o Anel Viário, obras sem as quais São Luís teria entrado em colapso.
É uma guerra política e tem fundo eleitoreiro, mas qualquer cidadão de bom senso torce para que não haja armistício nesse “confronto de intervenções” no trânsito de São Luís. E pelo que parece, nem o prefeito nem o governador está interessado em levantar bandeira banca.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão autoriza mudança na rotatória do Olho D`Água e na MA-203
Em mais um “ato de guerra”, governador Carlos Brandão (PSB) assinou ontem ordens de serviço para a reforma do retorno do Olho D`Água e a requalificação da MA-203 no trecho que vai do Viaduto Neiva Moreira até o cais de Raposa. Realizado no Palácio dos Leões, o ato reuniu vereadores de São Luís, liderados pelo presidente da Câmara, Paulo Victor (PSB), e deputados estaduais de vários partidos
Para construir as duas obras, o Governo do Estado vai investir dos seus recursos R$ 8.781.712,36 no melhoramento geométrico do retorno do Olho D’Água e R$ 14.472.068,49 na requalificação da MA-203, informou o secretário de Infraestrutura, Aparício Bandeira.
O governador Carlos Brandão informou que as duas novas obras são complementares a outras intervenções que o Governo do Maranhão para modernizar e ampliar a malha viária da Grande São Luís. “Já fizemos requalificação da Estrada do Araçagi (MA 203), no trecho que vai do Olho d’Água até o viaduto do Alphaville, que melhorou muito a fluidez na região. Agora será feita uma intervenção para melhorar o retorno do Olho d’Água, deixando o tráfego mais seguro e com melhor fluidez. Já no trecho que vai do Viaduto Neiva Moreira até o Cais da Raposa, vamos fazer uma requalificação completa com alargamento das vias, novos acostamentos, nova sinalização e implantação de ciclovias”, explicou o governador.
O vereador-presidente Paulo Victor destacou: “Essa é mais uma ação pela região metropolitana. A gente consegue perceber que a região metropolitana está em harmonia: Paço do Lumiar, São José de Ribamar, São Luís e Raposa. A região é bem contemplada pelas ações do Governador Carlos Brandão (PSB) e essas obras fazem um entrelaço com os pedidos apresentados pelos vereadores da Câmara de São Luís”.
Vale lembrar que o vereador-presidente Paulo Victor anunciou que vai entrar nio embate polpitico a favor do govertnsdor Carlos Brandão.
Bancada governista reage aos ataques de Othelino Neto a Carlos Brandão
Depois de algumas semanas avaliando a situação, o Palácio dos Leões decidiu reagir, no plano parlamentar, às investidas oposicionistas do deputado Othelino Neto (Solidariedade) contra o governador Carlos Brandão (PSB), a quem acusou de dar “calote” em municípios, em empresários e em grupos da cultura popular.
Na sessão de ontem da Assembleia Legislativa, o deputado Othelino Neto voltou à carga, reafirmando o seu discurso oposicionista. Um dos focos da sua fala inicial foi uma Lei aprovada pelo Legislativo em novembro do ano passado, que dá ao governador a prerrogativa de negociar com credores dívidas anteriores contraídas pelo Governo de 2023 para trás. Por essa Lei, o governador pode renegociar valores, de modo que o Estado não seja penalizado. Para Othelino Neto, “isso é calote”.
Sob o comando do líder do Governo, deputado Neto Evangelista (UB), os deputados Zé Inácio (PT), Osmar Filho (PDT), Glaubert Cutrim (PDT) e o próprio líder ocuparam a tribuna para rebater as acusações de Othelino Neto, mostrando números e dados que, segundo eles, desmontam toda a argumentação de Othelino Neto, que, de fato, não apresentou argumentos para lastrear as suas acusações. O líder Neto Evangelista chamou as acusações de fake new, e afirmou que o Othelino Neto não apresenta nada consistente nas suas denúncias. “E assim não dá nem para debater”, provocou.
O rebate mais contundente partiu do deputado Roberto Costa (MDB), que criticou com ênfase o discurso oposicionista e classificou as denúncias como factoides, apresentou números do Governo e desafiou o deputado Othelino Neto amostrar o contrário. Em relação à toada na qual o amo do Boi de Santa Fé, Zé Olhinho, alfinetou o Governo com relação a pagamento, Roberto Costa revelou que no ano passado o cantador e seu grupo receberam nada menos que R$ 507 mil por sua participação no São João. Roberto Costa alertou Othelino Neto para o dano que uma denúncia infundada pode causar à sua credibilidade política.
A fala do deputado Roberto Costa encerrou a sessão, deixando no ar que hoje tem mais.
São Luís, 05 de Junho de 2024.