A posse do vice-prefeito Ivaldo Alves na Prefeitura de Paço do Lumiar fez surgir uma espécie de “bolsa de apostas” no meio político da Ilha de Upaon Açu, na qual ganha quem responder certo à seguinte pergunta: afastada do cargo por 50 dias, por suspeita de corrupção envolvendo contratos de compra milionários, a prefeita de Paço do Lumiar, Paula Azevedo (PCdoB) retornará ao cargo? Fora desse jogo, muita gente acha que ela voltará após aquele prazo, sob o argumento de que nada ficará provado e que seu retornou ao comando do município poderá acontecer até mesmo antes do contra ela. Mas, por outro lado, há também quem manifeste convicção de que o seu mandato como prefeita do nono maior município do Maranhão foi encerrado no exato momento em que a desembargadora Maria das Graças Amorim assinou a ordem de afastamento.
Essa interrogação veio à tona com o clima em que se deu a posse do vice-prefeito Ivaldo Alves como prefeito interino, ocorrida em sessão extraordinária de numa Câmara Municipal dominada por forte tensão. O ambiente tenso, somado à fala enfática e agressiva do vice-prefeito, feita em tom de desabafo, tornou a situação bem mais complicada do que estava. Isso porque, além de fazer duras críticas à prefeita Paula Azevedo, Ivaldo Alves foi mais longe, ao politizar aquele momento declarando apoio à candidatura do ex-vereador Fred Campos (PSB) ao cargo de prefeito, na contramão frontal do que pensa a prefeita afastada, por ele tratada como alguém que está definitivamente fora do cargo.
No seu duro discurso de posse, no qual se referiu à prefeita afastada como alguém que não retornará ao cargo, Ivaldo Alves disparou: “Este governo não será um governo de opressão, como foi o governo da minha antecessora”. E prosseguiu desfiando um longo rosário de críticas e mágoas em relação à prefeita Paula Azevedo, afirmando que foi “enxovalhado, desrespeitado e humilhado”. Deu a entender que não teve vez na administração e que seus pleitos não foram sequer considerados pela prefeita.
A prefeita Paula Azevedo foi afastada no dia no dia 29 de maio, por suspeita de fraude no contrato de R$ 6 milhões com as empresas VE Rocha Ferreira e T & V Comércio para o fornecimento de aparelhos de ar condicionado e ventiladores para Unidades Básicas de Saúde e escolas da rede municipal de ensino, investigada pelo Gaeco, que afirma ter encontrado indícios de fraude nos contratos com as empresas VE Rocha Ferreira e T & V Comércio. Além da prefeita Paula Azevedo, a secretária municipal de Administração, Flávia Virginia Pereira, também foi afastada pela desembargadora Maria das Graças Amorim. E como a prefeita, a secretária está proibida de frequentar prédios públicos municipais e de manter qualquer contato com membros da gestão. Em declaração feita dois dias depois do afastamento, a prefeita Paula Azevedo negou as acusações afirmando ser inocente.
De acordo com o despacho da desembargadora que determinou o afastamento da prefeita, o vice-prefeito teria de ser empossado imediatamente – ou seja, no dia 30 de maio – pela Câmara Municipal. No entanto, uma série de manobras, supostamente feitas pelo presidente, vereador Paulo Marú – nome escolhido pela prefeita para ser candidato à sua sucessão – impediu a posse imediata, só possibilitando a mudança ontem, depois de um fim de semana intenso em articulações, sem sucesso, para reverter o afastamento.
Com a posse dada pela Câmara Municipal, o vice-prefeito Ivaldo Alves se tornou prefeito pleno, ou seja, com todos os direitos e dever de um titular, podendo, por exemplo, mudar o secretariado. Mas, pelo menos até o final do dia de ontem, ele não sinalizou nada nesse sentido.
PONTO & CONTRAPONTO
Paulo Victor avisa que vai rebater ataques a Brandão
“A partir de hoje eu me sinto na responsabilidade de rebater as posições baixas e que não são verdadeiras em relação ao governador Carlos Brandão”.
Essas palavras, proferidas ontem pelo vereador-presidente Paulo Victor (PSB), na tribuna da Câmara Municipal de São Luís, ganharam a estridência de uma declaração de guerra. E os alvos desse petardo verbal foram vozes da oposição.
O presidente Paulo Victor se referiu a uma série de ataques feitos por vozes da oposição ao governador Carlos Brandão. Entre esses ataques está o que foi disseminado pelas redes sociais afirmando que o governador teria determinado mudanças no orçamento para deslocar recursos de algumas áreas para bancar o aumento dos salários dele do secretariado. Essas mesmas vozes sugeriram que o salário de R$ 33,007,00 seria um dos maiores do Brasil, mas está confirmado de que é apenas o 15º de um total de 26 estados e o Distrito Federal. A Seplan mostrou que nada do que foi dito é verdade.
O vereador Paulo Victor, que é bom de briga no sentido político e encontrou seu ninho partidário no PSB presidido pelo governador, que é bom de briga no sentido político, pareceu disposto a partir para o enfrentamento com os adversários do Governo. E pelo que de pôde deduzir da sua manifestação, ele vai jogar pesado.
Ricardo Berzoini aponta causa da crise do PT atual
Um dos nomes mais destacados do PT, que foi ministro das Comunicações no Governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini continua atuando politicamente, mas está distante da cúpula do partido ao qual dedicou boa parte da sua vida. Em entrevista ao jornal O Globo, Ricardo Berzoini, que presidiu o PT, fez uma avaliação que retrata com exatidão o PT atual – incluindo os líderes do partido no Maranhão – e os problemas políticos do terceiro Governo do presidente Lula da Silva:
“O PT passa por um processo de envelhecimento e tem uma crise de renovação. Esse quadro exige uma atenção da direção do partido, que é fomentar a renovação, tanto no âmbito da militância quanto do ponto de vista da representação no Parlamento e da disputa por prefeituras, para formar uma nova geração. A geração que fundou o PT está com mais de 60 anos. É preciso ter um ímpeto renovador”.
São Luís, 04 de Junho de 2024.