O governador Flávio Dino (PCdoB) saiu na frente e já definiu a chapa majoritária da aliança que vai comandar para as eleições de outubro. Confirmou o vice-governador Carlos Brandão (PRB) no posto e bateu martelo pelos deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS) como candidatos às duas cadeiras no Senado. A definição veio depois das tensões que envolveram a escolha de Eliziane Gama, que foi antecedida de um jogo de pressões que resultou no rompimento do ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, que deixou a aliança governista e embarcou no ninho dos tucanos, caminho seguido por outro interessado na vaga, o deputado federal Waldir Maranhão, que, numa guinada absolutamente imprevisível, se converteu ao tucanato depois de tentar de tudo se tornar petista.
A chapa da aliança dinista tem dois aspectos que a torna um projeto diferenciado. O primeiro é que, candidato à reeleição, o governador Flávio Dino entra na corrida às urnas com a vantagem e a segurança de quem as pesquisas estão apontando como favorito. Já os deputados Weverton Rocha e Eliziane Gama entram na corrida eleitoral para enfrentar o maior desafio das suas vidas políticas até aqui, ele como politicamente mais articulado, ela exibindo maior potencial eleitoral. O governador vai batalhar num campo que já conhece bem, onde também enfrentará adversários conhecidos, como a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) – que aguarda o momento certo para montar sua chapa, e senador Roberto Rocha (PSDB), cuja candidatura já é fato consumado. Seus dois candidatos ao Senado são cristãos novos nessa seara e enfrentarão nas urnas raposas tarimbadas do Grupo Sarney, o senador Edison Lobão (MDB) e o deputado federal Sarney Filho (PV), ambos políticos traquejados no duro jogo da permanência no poder, e o neotucano José Reinaldo Tavares.
Contrariando algumas avaliações e expectativas, o governador optou por manter o vice Carlos Brandão como companheiro de chapa, reconhecendo que ele tem sido parceiro um importante, que vem exercendo corretamente o cargo. Ao contrário de outros vices, que por falta do que fazer passam mais tempo conspirando, Carlos Brandão é um Nº 2 ativo e tem sido escalado para cumprir as mais diferentes missões, que vão de representar o titular em eventos de chefes de Estado a viagem mundo a fora em busca de investimentos, como é o caso dos chineses. Politicamente, Brandão exibiu indiscutível fidelidade ao projeto dinista ao abrir mão do comando do PSDB no Maranhão, deixar o partido e embarcar como soldado no PRB comandado pelo deputado federal Cléber Verde. Revelando-se, a cada momento e a cada situação, um parceiro confiável e engajado, o que, somadas tais virtudes, justifica plenamente sua confirmação como candidato à reeleição. E com a estimulante perspectiva de, se a chapa for reeleita, deverá se tornar governador efetivo a partir de abril de 2022, quando Flávio Dino poderá deixar o cargo para enfrentar as urnas, provavelmente para o Senado ou para voos mais altos.
Ao montar uma chapa com Weverton Rocha Eliziane Gama para o Senado, Flávio Dino optou por abrir caminho para a nova geração numa Casa cuja tradição é abrigar caciques de proa, a começar por ex-governadores, como José Sarney, João Castelo, Epitácio Cafeteira, João Alberto, Edison Lobão, Roseana Sarney, e figuras de mando, como Victorino Freire, Henrique La Rocque e Alexandre Costa, por exemplo. Iniciou essa guinada em 2014 com a bem sucedida campanha que resultou na eleição do hoje senador Roberto Rocha, sob o argumento de que está na hora de oxigenar a política maranhense. O Grupo Sarney preferiu apostar na reeleição dos quadros de comando. Será, nesse campo, uma disputa de políticos de campos diferentes, adversários na tradição e na ideologia, mas será também, e sobretudo, uma disputa de gerações. E isso significa dizer que não será uma corrida eleitoral comum.
Com essas definições, o governador Flávio Dino sai na frente, devendo estimular a ex-governadora Roseana Sarney e o senador Roberto Rocha a agilizar a montagem das suas chapas, que só precisam escolher candidatos a vice-governador. E a posição mais difícil de todas, a do deputado Carlos Braide (PMN), que terá resolver se brigará por votos visando uma cadeira de deputado federal ou se entra mesmo para a corrida ao Palácio dos Leões.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana Sarney aguarda definição de Michel Temer e do MDB para retomar campanha
Interlocutores da ex-governadora Roseana Sarney confirmam que ela mantém firme o seu propósito de disputar o Governo do Estado. Revelam que o recolhimento que se impôs é momentâneo e estratégico. Com a vantagem de já ter definidos o deputado federal Sarney Filho e o senador Edison Lobão como candidatos ao Senado, dependendo apenas de escolher o vice para fechar sua chapa, a ex-governadora está aguardando as definições do presidente Michel Temer e da cúpula nacional do MDB. Os acontecimentos recentes a obrigaram a pisar no freio e interromper a maratona de visitas a municípios que vinha realizando. Até então, ela já começava a trabalhar com a hipótese de uma candidatura de Michel Temer, mas esse embrião de projeto está sendo desmanchado com as operações que levaram para a cadeia amigos íntimos e colaboradores do presidente, suspeitos de envolvimento com a máfia que atua no bilionário Porto de Santos. Com o presidente praticamente fora do páreo, a atenção da emedebista se volta para o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que caminha para ser o candidato do partido, e para o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, que pode consolidar seu projeto de candidatura diante do vazio que se abre na esfera governista. Na avaliação de políticos sarneysistas, é complicada a hipótese de Roseana entrar na corrida eleitoral sem o respaldo de uma candidatura presidencial. Mas diante das circunstâncias e das indefinições nesse campo, não será surpresa se pela primeira vez na sua trajetória ela entrar no jogo sem tal amparo.
Denúncia contra Geraldo Alckmin pode atrapalhar projeto de Roberto Rocha
O comando do PSDB no Maranhão entrou em estado de alerta com a informação de que o ex-governador de São Paulo e candidato do partido a presidente, Geraldo Alckmin, será investigado por suspeita de desvio no Governo paulista. A investigação poderá desidratar a candidatura de Alckmin, que vinha até aqui sendo apontado como o nome mais forte entre os candidatos presidenciais com Lula da Silva fora do páreo. A preocupação de Roberto Rocha com essa situação se justifica plenamente. Sua candidatura ao Governo está direta e umbilicalmente ao projeto nacional do PSDB, que decidiu apoiá-lo também para ter um palanque expressivo no o Maranhão. Se houver algum problema com a candidatura do ex-governador paulista, Roberto Rocha terá de rever o seu projeto de campanha, podendo ter de substituir Geraldo Alckmin por João Dória, que renunciou à Prefeitura de São Paulo para disputar o Governo do Estado.
São Luís, 12 de Abril de 2018.