Como aconteceu na crise que resultou no impeachment do então presidente Fernando Collor, no final de 1992, na qual a então deputada federal Roseana Sarney (PMDB) coordenou as articulações que acabaram por garantir maioria ao impedimento do chefe da Nação, o terremoto que assola o cenário politico nacional tem vários maranhenses se movimentando no seu epicentro, em condições de influenciar nas mais diversas esferas do grande embate. A Coluna fez um apanhado e chegou a 10 nomes que participam direta ou indiretamente do processo que pode encerrar a passagem da presidente Dilma Rousseff pela vida política brasileira. São eles: o governador Flávio Dino (PCdoB), o ex-presidente José Sarney (PMDB), os senadores João Alberto e Edison Lobão, ambas do PMDB, os deputados federais João Marcelo se Souza (PMDB), Weverton Rocha (PDT), Júnior Marreca (PEN) e Sarney Filho (PV) e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB). Todos estão ligados ao processo políticos, podendo – uns mais e outros menos – influenciar para a queda ou a sobrevivência da presidente Dilma e o Governo do PT.
1 – O governador Flávio Dino (PCdoB) tem sido, entre os governadores, tem sido um dos mais ativos aliados da presidente Dilma Rousseff. Escudado pela sua liderança e credibilidade no meio político e judiciário, tem se manifestado expressa e enfaticamente, ora contra o processo de impeachment da presidente, que considera uma “insanidade”, ora criticando duramente alguns procedimentos adotados pelo Juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato, como a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor. Dino sabe os riscos políticos que corre por causa das suas posições, mas tem mantido o discurso contra o que classifica como “arbitrariedade”. Ao mesmo tempo, o governador prega um grande diálogo para que o país volte à normalidade, com a mantida nos seus níveis toleráveis entre situação e oposição e com a retomada do crescimento econômico.
2 – O ex-presidente da República, que já presidiu o Senado e o Congresso por quatro vezes, José Sarney é, de longe, o político mais consultado da República, chegando ao ponto de ser o arauto do PMDB e conselheiro informal da presidente Dilma – que, aliás, esteve na residência do ex-presidente na última terça-feira em busca dos conselhos da velha raposa. De casa em Brasília, onde se recupera de uma cirurgia no ombro, Sarney dispara conselhos, tenta conter o “racha”, mantém seu apoio à presidente Dilma, mas ao mesmo tempo não opera fortemente para inibir a movimentação do vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, que conspira diuturnamente contra a presidente. E o faz com argúcia e eficiência excepcionais, movido por três cenários possíveis. O primeiro: se a presidente cair e o vice-presidente assumir, o ex-presidente e seu grupo ganham musculatura, principalmente no |Maranhão. Segundo: se a presidente não cair, Sarney terá reforçada sua posição de voz aliada da presidente e do PT. E terceiro: se caírem a presidente Dilma e o vice Michel Temer na Justiça Eleitoral fortalecerá a ponte que mantem com a oposição, a começar por Aécio Neves (PSDB).
3 – O senador João Alberto tem um papel importante como presidente do Conselho de Ética do Senado, que neste momento o processo que poderá resultar na cassação do senador Delcídio do Amaral, cujas declarações na delação premiada contribuíram decisivamente para aumentar a temperatura política. Correm informações segundo as quais Delcídio se prepara para fazer, no dia 22, no plenário do Senado, com imensurável poder de destruição, confirmando o que já disse e revelando o que ainda não falou. O discurso pode selar a tendência para a cassação do seu mandato, processo que será comandado pelo senador maranhense.
4 – Um dos quadros mais importantes da elite do PMDB, o senador Edison Lobão está no epicentro da crise como denunciado pela Operação Lava Jato. Sua defesa, feita pelo criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, tem mantida firmemente a tese de Lobão é inocente. Continua como um dos ases do PMDB, com apoio total da cúpula do partido.
5 – Parlamentar de primeiro mandato, João Marcelo de Souza é um dos três maranhenses titulares da Comissão Especial do Impeachment. Vice-líder do PMDB na Câmara Federal, João Marcelo já é apontado em diversos levantamentos sobre as tendências da Comissão como um dos vão votar contra o impeachment.
6 – Líder do PDT e um dos principais articuladores da base governista na Câmara Federal, o deputado Weverton Rocha é titular da Comissão do Especial e tem dito que votará contra o impeachment da presidente Dilma, por considera-lo “absurdo” e “sem base legal”. Tem participado de todos os movimentos a favor do Governo da presidente, reafirmando a aliança (“sem subordinação”) do PDT com o PT.
7 – O deputado Júnior Marreca (PEN) é um dos titulares da Comissão do Impeachment e está incluído na relação dos votarão contra o impedimento da presidente.
8 – Vice-presidente da Câmara e alcançado pela Operação Lava Jato e pela Justiça Eleitoral sob várias acusações, Waldir Maranhão (PP) é um dos principais membros da tropa-de-choque do presidente da casa, o deputado fluminense Eduardo Cunha (PMDB). Até agora não há registro do seu posicionamento em relação ao impeachment, mas a julgar pela sua relação com Eduardo Cunha, Waldir Maranhão tende a apoiar o processo.
9 – Voz influente dentro do PMDB, a ex-governadora Roseana Sarney controla alguns votos na Câmara Federal. Alcançada pela Operação Lava Jato, tem batido no mantra segundo o qual a acusação não procede, tendo sua posição melhorada à medida que as investigações avançam e nada é encontrado para justificar a abertura de um processo contra ela. Ex-líder do Governo Lula no Congresso nacional, tendo atuado sob o comando de Dilma Rousseff, então poderosa ministra chefe da Casa Civil do Governo Lula.
10 – Ex-ministro do Turismo do Governo Dilma, o ex-deputado federal Gastão Vieira encontra-se numa situação complicada. Nada tem a ver com a operação Lava jato, mas o seu partido, o PROS, firmou posição contra o Governo da presidente Dilma o Câmara Federal, o que o deixa numa situação desconfortável.
Todas essas personalidades políticas têm a ver com a crise que mina a cada dia a estabilidade do país, tanto no campo político quanto no econômico. Dois movimentos podem ajudar ou prejudicar a presidente Dilma e seu Governo. Vale, portanto, acompanhar os passos de cada um no dramático e movediço cenário de Brasília.
PONTO & CONTRAPONTO
Sarney critica judicialização da política
Na sua crônica publicada na capa de O Estado neste fim de semana, o ex-presidente José Sarney (PMDB) chama atenção para o que, como ele, muitos políticos, cientistas políticos, magistrados e estudiosos da situação atual do País: a judicialização da política brasileira. Define-a como uma “deformação da política”, situação que ocorre quando decisões que deveriam ser fruto de uma negociação política dentro do Congresso Nacional ou no âmbito dos partidos políticos, são submetidas ao crivo dos Tribunais, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF). A velha raposa está coberta de razão. Um sintoma dessa deformação a decisão do comando da Câmara Federal, numa manobra do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pedir ao STF que definisse o rito do impeachment. A reposta do Judiciário foi dura, pois além de desmanchar a lambança que Cunha armara para a escolha da Comissão Especial, levou ministros a reagiram duramente, lembrando que a o STF não á uma Corte Consultiva. E foram mais longe e afirmaram que a celeuma só ocorreu porque o Legislativo, não fez os ajustes necessários para normatizar o processo de impeachment, obrigando a Justiça a fazê-lo. Esse e muitos outros casos confirmam a fragilidade do Congresso Nacional, que não atua como deveria e nas horas de crises abre mão o do seu protagonismo para se submeter às decisões da Corte suprema. A até quem veja nessa realidade o risco de o Brasil ser submetido a uma “ditadura do Judiciário”.
Filiações mostra PSB movido por duas correntes
Os mais recentes acontecimentos relacionados com a troca de partido via “janela da infidelidade” foi a movimentação agressiva do PSB, que para seus quadros o prefeito de Caxias, Léo Coutinho, o vice-prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho; o ex-prefeito de Imperatriz, Ildon Marques, e os deputados estaduais Rogério Cafeteira, líder do Governo na Assembleia legislativa e Edson Araújo. Os atos deram a entender claramente que o partido está, de fato, rachado, tendo de um lado o grupo liderado pelo seu presidente Luciano Leitoa, prefeito de Timon, e um grupo liderado pelo senador Roberto Rocha. A filiação do prefeito de Caxias e dos dois deputados estaduais foi uma ação coordenada pelo presidente Luciano Leitos, que pareceu não ter tomado conhecimento de outra filiação importante como a do ex-prefeito Ildon marques, que foi articulada e comandada pelo senador Roberto Rocha. O grupo do presidente Luciano Leitoa não deu a menor importância para a entrada de Marques no partido, como também o senador Roberto Rocha não deu a menor bola para a filiação do prefeito Léo Coutinho e dos deputados estaduais. A crise dentro do arraial socialista é mesmo para valer.
São Luís, 19 de Março de 2016.