Encontro casual de Brandão com Braide pode abrir canal entre Governo e Prefeitura

Eduardo Braide e Carlos Brandão: troca de figurinhas que pode resultar na abertura de canal de comunicação institucional entre Governo e Prefeitura de São Luís

Foi um encontro, pode se dizer, casual, mas deixou no ar a impressão de que dele poderá surgir um canal de comunicação institucional entre o Palácio dos Leões e o Palácio de la Ravardière, entre os quais não existe fronteira física, mas uma distância causada por profundas diferenças políticas. Explica-se: ontem, numa das dependências da Câmaras Federal, o governador Carlos Brandão (PSB) e o prefeito Eduardo Braide (sem partido) sentaram à mesma mesa, para alinhavar com a bancada federal a provisão de recursos das chamadas emendas de bancada para o Governo do Estado e para a Prefeitura de São Luís no Orçamento da União para o ano que vem, que o Congresso Nacional vai rever a pedido do presidente eleito Lula da Silva (PT). O governador pediu a alocação de recursos para a Uema e para a Saúde. O prefeito pediu R$ 76 milhões para drenagem profunda, reforma do Mercado Central e construção do Socorrão III. E entre um pedido outro, os dois trocaram figurinhas.

Foi o primeiro encontro do governador com o prefeito de São Luís depois do desfecho das eleições, cujos resultados acentuaram a distância que os separa. Carlos Brandão foi reeleito, e reforçou seu cacife com a eleição do aliado Flávio Dino (PSB) para o Senado, de boa parte da bancada federal e da maioria da Assembleia Legislativa, e fechou seu elenco de vitórias com a histórica conquista do ex-presidente Lula da Silva (PT). Eduardo Braide não disputou votos, mas, com exceção do seu irmão, Renato Braide (PSC), que se elegeu deputado estadual, todas as suas apostas sofreram derrotas acachapantes: o senador Weverton Rocha (PDT) ficou em humilhante terceiro lugar – inclusive em São Luís – na disputa pelo Governo estadual, o senador Roberto Rocha (PTB) teve seu projeto de reeleição triturado nas urnas, o deputado federal Edilázio Jr., presidente estadual do PSD, não se reelegeu, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato dos seus aliados, está preparando as malas.

Esse cenário poderia naturalmente estimular o governador Carlos Brandão a jogar pesado contra o prefeito Eduardo Braide. Mas em política civilizada as coisas se dão de outra maneira. É improvável que o governador e o prefeito façam as pazes políticas e se aliem, mas nada os impede de estabelecer um modus vivendi institucional que possibilite ações do Governo estadual em São Luís, e até mesmo a eventual tessitura de parcerias em favor dos seus mais de 1,2 milhão de habitantes. Pode ser que não haja interesse de ambas as partes numa relação harmoniosa, o que seria um indicativo de que o prefeito Eduardo Braide e o governador Carlos Brandão preferem estar em pontas opostas do cabo de aço que mantém a atual distância entre Prefeitura de São Luís e Governo do Estado.

O xis da questão que dificulta essa relação são as eleições municipais de 2024, que entraram na pauta política após o momento em que se anunciou o resultado das eleições gerais deste ano. Nada menos que três aspirantes a candidato a prefeito da Capital surgiram na seara governista: o deputado estadual e deputado federal eleito Duarte Jr. (PSB), o deputado federal reeleito Márcio Jerry (PCdoB) e o vereador e presidente eleito da Câmara Municipal Paulo Victor (PCdoB). Um aviso claro de que o Palácio dos Leões planeja ter um aliado no Palácio de la Ravardière. Além disso, um motivo de preocupação a mais para o prefeito: o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PSD) se prepara para tentar voltar ao comando da cidade. Motivos de sobra para o prefeito Eduardo Braide estudar com extremo cuidado cada passo que vier a dar de agora em diante.

O encontro de ontem em Brasília, porém, mostrou que, por maior que seja a distância que os separa, nada impede que um canal de comunicação seja instalado entre os gabinetes principais dos dois palácios.

PONTO & CONTRAPONTO

Ivo Rezende lança candidatura à Famem sem saber se terá concorrente

Ivo Rezende (centro) ao lado do vice-governador eleito Felipe Camarão (e) no lançamento da candidatura: tudo leva a crer que ele será o próximo presidente da Famem

O prefeito de São Mateus, Ivo Rezende (PSB), lançou ontem sua candidatura à presidência da Famem. Ele entra na disputa – será que haverá disputa – e reúne todas as condições de sair do pleito com o mandato garantido por larga vantagem. Além de ser um político da nova geração, com boa formação, bem articulado e avalizado pelo ex-prefeito de São Mateus, Milton Aragão, Ivo Rezende conta com o apoio do PSB e do Palácio dos Leões. De acordo com uma fonte próxima a ele, o provável futuro presidente da Famem está realizando uma articulação que não enxerga cor partidária. Ele acha que a entidade não deve ser partidarizada e que sua razão de ser é lutar pelos interesses dos municípios, independentemente de quem sejam os prefeitos. Essa visão se contrapõe ao que acontece na Famem sob o comando de Erlânio Xavier, que colocou a entidade a serviço da candidatura do senador Weverton Rocha, de maneira ostensiva. Tanto que vai sair sem condições políticas sequer de lançar um candidato, uma situação totalmente diferente do que aconteceu em 2018 e 2020, quando embalado pelo “poder de fogo” do senador Weverton Rocha. Ivo Rezende, se confirmado nas urnas, vai dar um rumo bem mais aberto e democrático para a entidade municipalista. Essa mudança de eixo acontecerá com qualquer outro prefeito que vier a assumir a sua direção.

Brandão e Weverton se cumprimentam, mas senador não diz se será aliado ou oposição

Carlos Brandão e Weverton Rocha trocaram cumprimentos, mas mantiveram distância

Ainda não está claro como o senador Weverton Rocha e o seu partido, o PDT, se portarão em relação ao Governo comandado por Carlos Brandão. Os dois se encontraram ontem na reunião da bancada federal, em Brasília, trocaram cumprimentos amistosamente e se mantiveram distantes durante os trabalhos. No final da semana, a Coluna enviou mensagem ao senador indagando sobre o assunto e pedindo uma definição. O senador, que costumava ser atencioso antes das eleições, manteve silêncio, não dando sinal de resposta, o que é compreensível, embora não seja lógico.

São Luís, 09 de Novembro de 2022.

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