Lula quer Dino no ministério, mas sabe que ele fará muita falta no Senado

Senado ou ministério? Flávio Dino terá seu futuro decidido por Lula da Silva

Em meio à intensa movimentação causada pelo processo de transição, o senador eleito Flávio Dino (PSB) vai aos poucos evidenciando a estatura política que construiu no cenário político nacional. Um dos aliados mais ativos e respeitados do presidente eleito Lula da Silva (PT), o ex-juiz federal, ex-deputado federal, ex-governador do Maranhão e agora com o passaporte carimbado para o Senado é uma das peças-chave no quebra-cabeça que o futuro chefe da Nação está montando para formar sua equipe de Governo e sua base de apoio no Congresso Nacional. O presidente eleito o quer no ministério, preferencialmente no da Justiça. Ao mesmo tempo, o quer no Senado, atuando na linha de frente no embate com a oposição bolsonarista, representada pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (União Brasil-PR). Enquanto seu nome é tema obrigatório em todas as conversas e comentários sobre o futuro Governo, o senador eleito pelo Maranhão se mantém afastado do burburinho, alimentando sua trincheira, mas pronto para o que der e vier.

Todos os observadores concordam que Flávio Dino se encaixa perfeitamente nos dois perfis, podendo prestar relevantes serviços ao País como ministro da Justiça – ou à frente de qualquer outra pasta -, podendo também realizar um trabalho parlamentar e político de ponta no Congresso Nacional. Na última visita de campanha que fez ao Maranhão, o então candidato Lula da Silva sinalizou fortemente, num discurso em praça pública, que pretendia ter o ex-governador na sua equipe de Governo, se eleito fosse. Com a eleição consolidada, Lula da Silva repetiu sua pretensão para diferentes interlocutores. Mas também, já admitiu que indo para o ministério, o senador maranhense abrirá uma lacuna enorme no Senado.

Quando as especulações sobre formação do ministério começaram, horas depois do anúncio da eleição de Lula da Silva, Flávio Dino foi dado como nome certo no Ministério da Justiça. Todavia, à medida que a frequência foi baixando, as ponderações foram se impondo, com a avaliação do novo desenho do Congresso Nacional. O presidente eleito e o seu entorno se deram conta de que, licenciando-se do mandato para ser ministro, Flávio Dino abrirá uma enorme lacuna na base parlamentar governista. Dono de enorme experiência nessa seara, o presidente eleito Lula da Silva sabe que, sem Flávio Dino, certamente terá reduzido o seu poder de fogo contra figuras bolsonaristas como Hamilton Mourão (PL-RS), que já anunciou decisão de não dar trégua ao novo Governo.

Nas suas manifestações acerca do cenário que está sendo desdenhado, o senador eleito Flávio Dino tem dado seguidas mostras de que, no ministério ou na Câmara Alta, tem base suficiente para atuar com eficiência. No Executivo, usará sem medida a exitosa experiência de sete anos e meio de um Governo produtivo. No Senado, tirará do colete a visão legislativa que demonstrou na Câmara Federal, onde fez história com várias relatorias, entre elas a da Lei da Ficha Limpa – que na época impressionou o presidente da Casa, o jurista Michel Temer (MDB). Num ou noutro campo, atuará com a habilidade com que presidiu a prestigiada Associação Nacional dos Juízes Federais.

E o que pensa o próprio Flávio Dino a respeito de tudo isso? Ninguém sabe ao certo. Ninguém duvida de que em situação normal ele faria opção pelo Senado, onde exerceria integralmente o seu mandato com a cultura de legislador, os dotes de tribuno e a habilidade de articulador político. No Ministério da Justiça, com o formato atual, investiria pesado na modernização da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal o ranço ideológico que contamina atualmente as duas corporações, de modo a torna-las definitivamente órgãos de Estado e não de Governo.

Nas últimas 48 horas, a situação do senador eleito pelo Maranhão se tornou mais complicada com a revelação, feita pelo portal de notícias 360° dando conta de que estaria sendo também cotado para uma das vagas do Supremo Tribunal Federal que serão abertas em 2023.

O fato é que o futuro imediato do senador Flávio Dino está nas mãos do presidente Lula da Silva.

PONTO & CONTRAPONTO      

Braide terá oponentes duros e precisa refazer sua base política

Eduardo Braide: decisões difíceis pela frente

O prefeito Eduardo Braide (sem partido) acompanha a movimentação de candidatos a candidato à Prefeitura de São Luís.

Até agora, integram a lista informal o deputado estadual e deputado federal eleito Duarte Jr. (PSB), o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PSD), o deputado federal reeleito Márcio Jerry (PCdoB), o vereador e presidente eleito da Câmara Municipal Paulo Victor (PCdoB).

Eduardo Braide sabe que está num terreno minado e que se tornou mais complicado com o desastre que atingiu seus aliados nas urnas, em especial o senador Weverton Rocha (PDT), o deputado federal Edilázio Jr. (PSD) e o senador em fim de mandato Roberto Rocha (PTB), os quais apoiou explicitamente.

O prefeito sabe também que, além de escolher um partido adequado à realidade política que se instalará no país em janeiro, ele terá de refazer alianças, afastar-se da direita radical, livrando-se de auxiliares que fazem discurso golpista, e mover-se para uma linha respeitável de centro-direita. E no campo administrativo, desdobrar-se para tornar ainda mais competente sua gestão, que vem, inegavelmente, mostrando bons resultados. Com isso, terá margem para construir uma base política viável para encarar o enorme desafio da reeleição em 2024.

Josimar de Maranhãozinho não quer fazer oposição bolsonarista

Josimar de Maranhãozinho: longe do bolsonarismo radical

O deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que controla mais três votos na Câmara Federal – os dos deputados Detinha, Júnior Lourenço e Pastor Gildenemyr – tem dado sinais de que, mesmo que o ex-presidente Jair Bolsonaro busque abrigo no seu partido, o PL, ganhando o título de “presidente de honra”, com salário e tudo o mais, ele não pretende entrar na aventura de fazer oposição cega ao Governo do presidente Lula da Silva (PT). O parlamentar sabe que, pelo enorme abismo ideológico que os separa, ele e seu grupo jamais serão integralmente alinhados ao Palácio do Planalto. Mas tem sinalizado de que nada o impedirá de adotar a linha do Centrão, para isolar os bolsonaristas radicais e fechar com o Governo Lula nas questões essenciais, garantindo a governabilidade. O primeiro passo nessa direção foi dado por Josimar de Maranhãozinho ao costurar uma relação sem traumas do seu grupo com o governador Carlos Brandão (PSB), com quem sempre teve boa convivência – sem dependência.

São Luís, 08 de Novembro de 2022.

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