Se alguém ainda acreditava na possibilidade de, pelo menos, uma convivência do tipo “cada um para seu lado e vida que segue” entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e o senador Roberto Rocha (PSDB), estava errando feio. E a confirmação desse erro veio ontem, quando Roberto Rocha aproveitou reunião da CPMI da JBF & JFS, da qual é titular, perguntou ao depoente do dia, o ex-diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, se o governador Flávio Dino integra a lista de 16 governadores que receberam dinheiro do grupo em 2014. E como Saud preferiu invocar o seu direito de ficar calado e mergulhar no silêncio, Rocha fez o ataque explosivo: dizendo que o governador Flávio Dino seria o 16º da lista, mas que o nome dele foi retirado por pressão do vice-procurador geral da República, Nicolau Dino, um dos braços direitos do ex-procurador geral, Rodrigo Janot. As afirmações do senador Roberto Rocha causaram forte repercussão no meio político e foram recebidas no Palácio dos Leões como uma declaração de guerra.
E a resposta não demorou, e veio em manifestações contundentes feitas pelo secretário de Assuntos Políticos e Comunicação e presidente estadual do PCdoB, Márcio Jerry, e pelo deputado federal Rubens Jr. (PCdoB), na forma de um discurso indignado na Câmara Federal.
O secretário Márcio Jerry disse, via rede social, que Roberto Rocha “aparentando desequilíbrio, faz acusações absurdas a Flpavio Dino numa tentativa desesperada de aparecer. Em 2012, ajudamos a eleger o Roberto Rocha (então no PSB) a vice-prefeito de São Luis na chapa de Edivaldo Jr. (então no PTC) acreditando numa regeneração política. Mostrou-se rapidamente em processo de degeneração”. E prosseguiu afirmando que “depois de trair vilmente seus aliados, Roberto Rocha resolve mentir desavergonhadamente. O desespero o faz cometer tais desatinos”. Logo em seguida, o deputado federal Rubens Jr. entrou nas redes sociais afirmando que “tem gente que procura uma mácula de corrupção contra o governador Flávio Dino, mas não acha. Aí inventa delírio”. O parlamentar assinalou que “as principais virtudes do Flávio Dino são a integridade e a honestidade, marcas também do seu Governo”. E concluiu: “Já vi gente reclamando dessas virtudes, por ter interesses contrariados”.
O episódio – que com certeza terá outros desdobramentos, principalmente se o vice-procurador geral da República Nicolau Dino resolver reagir – é revelador de que o que era troca de esticadas por conta do afastamento político ganhou agora a agressividade de guerra permanente. Esse estado de ânimo foi desenhado no dia em que o senador saiu do PSB – dizem que por pressão do governador Flávio Dino – e ingressou no PSDB para ser logo após o anúncio da mudança. Mas a troca de biscas e cascudos ganhou peso de vale-tudo ontem, quando o senador Roberto Rocha, aproveitou a reunião da CPMI da JBS & JFS, que estava sendo transmitida ao vivo pela TV Câmara, tentou um golpe para desnortear o governador Flávio Dino, incluindo-o no listão de beneficiados com a grana suja de Joesley e Wesley Batistas, mafiosos que ganharam milhões com dinheiro fácil do BNDES. Não obteve a declaração que queria, e como que num impulso para não perder o mote, acusou o governador, instalando e tornando irreversível o estado de guerra.
Ficou claro agora que, ao contrário do que muitos acreditaram, o senador Roberto Rocha está vivo, reforça seu cacife político no Planalto e manifesta clara disposição de ocupar um lugar destacado na corrida ao Palácio dos Leões. O problema é que, saído da escola ranheta do movimento estudantil, traquejado na militância na magistratura e pós-graduado no Congresso Nacional e nos bastidores da política maranhense, o governador Flávio Dino tem cacife para jogar pesado contra o senador, podendo também infernizar a sua campanha e, pelo menos até aqui, sem comprometer o seu favoritismo.
O fato é que a guerra sucessória começou de vez. O senador Roberto Rocha, com a força do mandato e a retaguarda da cúpula nacional do PSDB, vai jogar pesado para se tornar a “segunda” e não a “terceira via”. Terá pela frente um protagonista de quilate elevado, poder de fogo imensurável e determinado a levar em frente o seu projeto de poder.
PONTO & CONTRAPONTO
Liminar faz Zé Vieira voltar ao cargo, mas não muda o desfecho que está a caminho
Na sua edição de ontem, a Coluna previu que Zé Vieira (PR) não voltaria para o comando da Prefeitura de Bacabal, que ficaria com o vice-prefeito Florêncio Neto (PHS) até que, com base em pronunciamento judicial irreversível enquadrando-o como “ficha-suja”, a Justiça Eleitoral decida se anula os votos da sua chapa e declare o candidato Roberto Costa (PMDB), que ficou em segundo lugar, vencedor do pleito, ou anule a eleição para prefeito e convoque um novo pleito. Não há como fugir desse desfecho. A liminar concedida pela desembargadora Cleonice Freire é uma decisão fragilíssima e meramente protelatória, que em nada muda o juízo já formado na Justiça Federal sobre o “status” de inelegível de Zé Vieira. Qualquer advogado especialista em Direito Eleitoral com relativo conhecimento acerca dos processos que correm um na Justiça comum e outro na Justiça Eleitoral dirá que tecnicamente não há como Zé Vieira e Florêncio Neto permanecerem no comando administrativo e político de Bacabal depois do reconhecimento da condição ilegal com que o primeiro disputou a eleição. Vale lembrar que tudo começou quando o Ministério Público Eleitoral impugnou a candidatura de Zé Vieira argumentando ser ele “ficha-suja”, dando origem à chicana recursal que resultou na confirmação da denúncia do MPE pela Justiça Federal. Os fundamentos do impedimento de Zé Vieira estão amarrados nas duas frentes judiciais e a batida final de martelo sobre sua saída é somente uma questão de tempo. Ele e seus advogados sabem disso.
Otimista, Levy Pontes buscará a reeleição certo de que o Maranhão está mudando sob Flávio Dino
As mudanças na legislação eleitoral impostas com a reforma política limitada feita pelo Congresso Nacional vão melhorar os padrões de escolha do eleitorado. Isso porque a campanha será mais rápida e mais barata e obrigará os candidatos a “enfiar o pé no tênis e encarar o eleitor”. Quem faz essa avaliação é o deputado Levy Pontes (PCdoB), que encara com realismo e otimismo, mas sem ilusões, a sua caminhada em busca da reeleição. Médico por formação e profissão e filho do ex-prefeito de Chapadinha e ex-deputado estadual Pontes de Aguiar, uma das maiores raposas da história recente da política maranhense, Levy Pontes vai partir para a conquista do segundo mandato com um discurso claro e realista, baseado principalmente nos resultados do Governo Flávio Dino em todo o estado e, em particular, na região polarizada por Chapadinha, seu berço político e sua principal base eleitoral. O parlamentar chapadinhense está convencido de que sob o Governo Flávio Dino o Maranhão encontra-se sob um denso processo de mudança que está melhorando a feição social e econômica do estado e com ações de largo alcance social, especialmente nas páreas de educação e saúde, e que isso está sendo percebido pelo eleitorado. O deputado Levy Pontes, que já foi líder do Governo na Assembleia Legislativa e permanece como um dos quadros mais ativos da bancada governista vai para a corrida eleitoral embalado pelo otimismo.
São Luís, 31 de Outubro de 2017.
esse rocha é um completo sem nocao.