Os movimentos registrados até agora confirmam a impressão inicial, várias vezes alertada pela Coluna, de que a corrida pelas duas vagas no Senado da República será o diferencial do processo eleitoral em curso. Até aqui as pesquisas e avaliações têm apontado favoritos, mas o andar da carruagem mantém de pé a ponderação de que os dois senadores eleitos sairão do grupo formado pelos seis candidatos: Edison Lobão (MDB) e Sarney Filho (PV), da coligação liderada pela ex-governadora Roseana Sarney (MDB); Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS); e José Reinaldo Tavares (PSDB) e Alexandre Almeida (PSDB). Nos bastidores partidários, alguns observadores acreditam que uma coligação fará os dois senadores, outros apostam que o eleitorado votará equilibrando o cenário político elegendo um senador do governador eleito e um da Oposição, tendo também os que esperam que os dois senadores eleitos serão de Oposição ao governador que sair das urnas. Até aqui, a movimentação dos candidatos a senador rascunha uma tendência segundo a qual o resultado pode ser a eleição de dois representantes de chapas diferentes, com um aliado e um adversário do governador eleito.
As informações produzidas diariamente anunciam uma verdadeira profusão de alianças as mais surpreendentes. Há município onde Edison Lobão faz dobradinha com Weverton Rocha, assim como há colégio eleitoral onde Eliziane Gama está de parceria com Sarney Filho. Em outro, José Reinaldo e Edison Lobão são apoiados por aliado comum, ao mesmo tempo em que há casos em que Alexandre Almeida será votado junto com Eliziane Gama. No geral, há acertos envolvendo os dois candidatos da mesma chapa, como Weverton Rocha e Eliziane Gama, como também Edison Lobão e Sarney Filho, por exemplo. Existe ainda um fantasma: há muitos eleitores que ainda não tem muita clareza em relação ao direito de escolher dois candidatos, fazendo opção muito forte por um deles, sem dar muita importância ao outro, apontado este como “o segundo”, o que é um equívoco grave, que precisa ser esclarecido, pois não há primeiro nem segundo. Existem, sim, duas vagas a serem preenchidas com o mesmo grau de importância.
Até aqui não se tem notícia de que a cúpula de alguma coligação tenha se posicionado contra a participação dos seus candidatos a senador nessa frenética ciranda de alianças limitadas. Um caso de plena liberdade nessa seara foi protagonizado pelo deputado federal André Fufuca, que preside o PP no Maranhão. Aliado do governador Flávio Dino, o parlamentar anunciou que apoiará a candidatura de Sarney Filho onde puder, reservando o apoio a Weverton Rocha ou a Eliziane Gama onde for possível. Ninguém reagiu, exatamente porque todos estão construindo pontes dessa natureza, com o registro claro e inequívoco de dezenas e dezenas de casos em todas as regiões do Maranhão. São as conveniências políticas e eleitorais que se impõem numa guerra desse porte, na qual a superação das diferenças pode turbinar candidaturas, e a inflexibilidade e o fechamento de janelas podem enterrar projetos eleitorais antes vistos como viáveis.
O comunista Flávio Dino, a emedebista Roseana Sarney e o tucano Roberto Rocha acompanham a movimentação dos seus candidatos ao Senado com a atenção devida, certificando-se, é claro, de que tais acordos – todos informais, diga-se de passagem -, não envolvem o voto para governador. Até agora os aspirantes a mandato senatorial têm mantido a linha, não incluído o voto para governador nesse pacote, só agindo nessa direção quando o acordo permite puxar votos para os seus candidatos ao Palácio dos Leões.
Pela intensidade com que está sendo movimentado, o cenário da corrida para as duas cadeiras no Senado não permite ainda apontar quem está de fato caminhando para ganhar a eleição. A última pesquisa Data Ilha apontou Edison Lobão e Sarney Filho na frente, seguidos de muito perto por Weverton Rocha e Eliziane Gama, com José Reinaldo e Alexandre ameaçando alcançá-los. Vale, portanto, aguardar o desenrolar dessa corrida frenética e imprevisível.
PONTO & CONTRAPONTO
Graça Paz quebra regra como candidata a vice de Roberto Rocha
De todos os candidatos a vice-governador, a escolha mais surpreendente e inovadora foi a da deputada estadual Graça Paz (PSDB) para compor chapa com o candidato tucano Roberto Rocha. Para começar, o vice pretendido pela cúpula do PSDB era o empresário Ribinha Cunha (PSC), que optou pelo convite feito pela ex-governadora Roseana Sarney, apesar do chamamento que lhe foi dirigido pelo ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira, coordenador da campanha dos tucanos maranhenses e que fora seu “patrono” na corrida à Prefeitura de Imperatriz em 2016. A declinação de Ribinha Cunha levou Roberto Rocha a fixar sua escolha do próprio Sebastião Madeira, que não aceitou por estar determinado a eleger-se deputado federal, com amplas chances de eleição. Foi então que a escolha recaiu sobre a deputada Graça Paz, que decidira abrir mão de tentar a reeleição para abrir caminho para o filho, Paz , candidato a deputado estadual. Política bem sucedida, com quatro mandatos consecutivos, tendo como seu articulador o ex-deputado Clodomir Paz, que foi candidato a prefeito de São Luís em 2008, Graça Paz que faz oposição não-agressiva ao governador Flávio Dino, havia decidido que estava na hora de passar o bastão, tendo investido suas fichas no filho, que é apontado como um forte candidato a deputado estadual. Bem articulada, tendo sua ação parlamentar focada no apoio a municípios e em projetos sociais, Graça Paz será uma das duas mulheres candidatas a vice-governadora – a outra é Nicinha Durans, vice de Ramon Zapata, do PSTU. E pode dar, na campanha, uma boa contribuição a respeito da participação da mulher na política.
Dinistas dizem que Flávio Dino fez mais em três anos e meio do que Roseana Sarney em 13 anos
Um debate ganha corpo na Assembleia Legislativa: quem realizou mais, Flávio Dino ou Roseana Sarney? Aliados do governador fazem cálculos e garantem que em três anos e meio ele realizou mais do que ela, o que é contestado pelos roseanistas. Os dinistas têm um forte argumento para brecar a investida dos roseanistas: ele só governou três anos e meio até agora, quando ela governou por mais de 12 anos. Logo a comparação é injusta e não faz qualquer sentido. Mas os dinistas desafiam, e mesmo com a enorme diferença de tempo de Governo, fazem contas e mostram que em três anos e meio Flávio Dino nomeou mais quadros para a Polícia Militar do que Roseana Sarney em mais de 13 anos. E vão além, afirmando que o atual Governo fez mais pela Educação – construção e reforma de escolas, implantação da Escola Digna, da Escola de Tempo Integral e dos Iemas – produzindo mais ganhos reais do que tudo o que foi feito nos quatro períodos de Governo de Roseana Sarney. É um debate que provavelmente será travado entre os dois na campanha. Os dinistas estão com os números na ponta da língua. Os roseanistas também.
São Luís, 14 de Agosto de 2018.