Como evento fora de época, reunião de Lupi com Dino foi válida, mas sem ganhos para Weverton

 

Weverton Rocha, Flávio Dino, Carlos Lupi e Márcio Jerry: conversa válida, e nada mais

O senador Weverton Rocha (PDT) deu um passo importante para a consolidação do seu projeto de chegar ao Palácio dos Leões ao articular a reunião de ontem do presidente nacional do seu partido, Carlos Lupi, com o governador Flávio Dino (PSB). Tudo correu como previsto, a conversa aconteceu em clima descontraído, com Carlos Lupi tentando obter o apoio explícito antecipado do governador à candidatura do senador. E o desfecho foi o esperado: provavelmente por considerar ainda muito cedo e para não correr o risco de quebrar a estabilidade da aliança que lidera, o governador Flávio Dino manteve sua posição de trabalhar para a construção de uma candidatura de consenso dentro da aliança partidária situacionista, que pode ser o senador pedetista ou o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), ou ainda – quem sabe? – uma terceira via. Weverton Rocha e Carlos Lupi sabiam como o governador reagiria naturalmente à “investida”, mas o passo que deram foi politicamente válido, ainda que algumas avaliações o tenham visto como “desnecessário” e “inócuo”.

Nesse ambiente de disputa, um desenho está muito claro, e só não a enxerga quem não quer: o senador Weverton Rocha é um pretendente fortíssimo à sucessão do governador Flávio Dino. É jovem e arrojado, recém-saído de uma eleição na qual triturou adversários, comanda um partido que tem mais de 40 prefeitos, dispõe de uma megaestrutura por meio da qual embala sua ação política, tem a seu favor uma grande e ativa rede de comunicação, e vem usando ostensivamente a condição de senador para embalar o seu projeto de poder para 22. No meio político é apontado como um “trator” e “cumpridor de compromisso”. E mesmo algumas vozes que não o apoiam reconhecem que ele está no jogo, turbinado e na linha de frente da disputa. Nada fora do script.

Por outro lado, um exame mais apurado sobre a caminhada do senador Weverton Rocha em direção ao Palácio dos Leões mostra que ela vem sendo marcada por alguns desencontros causados na área de coordenação, e casos de precipitação na área de comunicação. São situações estranhas, que não fazem muito sentido na construção de um projeto de candidatura, e que de alguma maneira têm contribuído para colocar, aqui e ali, o senador em situação desconfortável. Os exemplos mais evidentes são contradições relacionadas com o apoio partidário à sua caminhada.

Há alguns meses, seus apoiadores na área de comunicação cantaram como certo e irreversível o apoio do DEM ao pré-candidato do PDT. Semanas depois, porém, o ex-deputado Stênio Rezende, um dos chefes do partido, anunciou seu apoio à candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB). Pouco tempo depois, o próprio presidente do DEM, deputado federal Juscelino Filho, teria feito a mesma afirmação. Naquele mesmo momento, o presidente do PP, deputado federal André Fufuca, declarou apoio a Weverton Rocha, mas com a ressalva de que essa posição poderá ser mudada mais na frente. Não bastasse isso, aliados do senador pregaram que o PT – que vem conversando com Carlos Brandão – estaria se aproximando de Weverton Rocha. Provocada sobre o assunto, a presidente nacional do PT, deputada federal Gleise Hoffmann, foi taxativa: nada existe nesse sentido. E diante da mesma insinuação envolvendo o PCdoB, vozes do partido também descartaram, pelo menos em princípio, o apoio ao senador pedetista.

Forjado no movimento estudantil do qual evoluiu para a Juventude do PDT, partido do qual se tornou líder inconteste no Maranhão e um dos chefes no plano nacional, Weverton Rocha conhece o caminho das pedras e tem lastro suficiente para não tropeçar em terreno plano. Sabe, por exemplo, que o cenário em que viabilizou sua candidatura ao Senado é radicalmente diferente do que levará ao Palácio dos Leões. E que a reunião de ontem pareceu um evento fora de época, que nada produziu, a não ser a impressão de que poderia ter sido evitada.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Governador anunciou a boa nova: caiu a maioria das restrições contra a pandemia

Flávio Dino anuncia redução drástica e saudável das restrições de combate à pandemia do novo coronavírus

O governador Flávio Dino fez ontem o anúncio mais agradável dos últimos tempos: flexibilizou radicalmente as medidas restritivas para o enfrentamento do novo coronavírus. A queda das restrições foi anunciada em coletiva e se deveu ao que a Ciência e a racionalidade pregaram: o avanço da vacinação.

Liberou a realização de eventos para até 400 pessoas em ambientes abertos, restabelecendo o direito de reunião e a volta das farras pagodeiras de fim de semana, bem como a reabilitação da agenda folclórica, o que certamente injetará muito ânimo na vida de São Luís, uma cidade que respira alegria.

Os cinemas e teatros e teatros serão reabertos, com algumas restrições, mas nada que lembre as suas portas cerradas, com a telona apagada e os palcos sem vida.

Na mesma linha, igrejas e templos poderão funcionar com 100% da sua capacidade, o que também devolverá normalidade à prática religiosa, tão restringida nesses dois últimos anos.

As escolas públicas e privadas reabrirão em Agosto para funcionar em regime híbrido, com parte dos alunos frequentando a escola e parte assistindo aulas pelo sistema remoto, num processo que poderá mudar inteiramente no ano que vem.

Também a administração pública retomará seu funcionamento pelo regime presencial, exceto para gestantes, que continuarão trabalhando remotamente, e grupos de risco, que poderão voltar ao trabalho presencial depois de serem integralmente imunizados.

Mas, atenção: o novo coronavírus e suas variantes perigosas continuam no ar, o que significa dizer que o uso da máscara e do álcool em gel não foram abolidos. Continuam valendo para vacinados e ainda não vacinados.

 

Dirceu se reunirá amanhã com Dino, mas a conversa será informal

José Dirceu: férias em Barreirinhas e conversa com Flávio Dino

O ex-deputado e ex-ministro José Dirceu deve se reunir amanhã com o governador Flávio Dino. O maior nome do PT depois do ex-presidente Lula da Silva chega a São Luís depois de alguns dias de férias em Barreirinhas, hospedado na casa de veraneio do senador Weverton Rocha, e será recebido pelo governador Flávio Dino para uma conversa informal, sobre a conjuntura nacional e, provavelmente, sobre a participação do PT na aliança que comandará para as eleições do ano que vem. Mas erra quem imagina que José Dirceu vai tomar decisões sobre o seu partido. E a explicação é simples: provocada pelo blog Atual 7 sobre a presença do ex-ministro no Maranhão, a presidente do PT, deputada federal Gleise Hoffmann, foi clara e direta ao informar que José Dirceu está no Maranhão em viagem pessoal, sem qualquer relação com o partido. Isso, é claro, não o impede de conversar e trocar impressões com o governador Flávio Dino sobre o cenário político nacional e seus desdobramentos no Maranhão. Até porque o governador admira o ex-ministro e vice e versa.

São Luís, 21 de Julho de 2021.

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