Ciro vira pré-candidato do PDT e pode inviabilizar aliança do PT com Weverton no Maranhão

Ciro Gomes lança pré-candidatura e pode atrapalhar os planos do pedetista Weverton Rocha no Maranhão

Com o respaldo da cúpula de um PDT dividido, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, deu a largada, ontem, na sua quarta tentativa de ser presidente da República. Com o lançamento, o PDT abriu mão de fazer uma aliança com o PT no plano nacional, abrindo também caminho para uma série de dificuldades estaduais, entre elas a que terá de ser enfrentada pelo senador Weverton Rocha, presidente regional e pré-candidato do PDT ao Governo do Maranhão. Com a pré-candidatura agora oficializada de Ciro Gomes ao Palácio do Planalto, o projeto do senador Weverton Rocha, que lidera as pesquisas de intenção de voto, de ter o PT como aliado e, assim, dividir o seu palanque com o ex-presidente Lula da Silva sofre um duro golpe. Isso porque, mesmo defendida por alguns pedetistas e petistas, a ideia de montar dois palanques, um com o pedetista Ciro Gomes e outro com o petista Lula da Silva, é vista como inviável por muitos. E esse gigantesco obstáculo fortalece a posição dos defensores da aliança do PT com o PSDB – ou com o PSB -, que acreditam que o ex-presidente acabará no palanque do vice-governador Carlos Brandão.

A oficialização da pré-candidatura de Ciro Gomes cria, de fato, uma situação de embaraço para o senador Weverton Rocha. Para começar, na condição de integrante da cúpula nacional do PDT, onde exerce influência, ele fica obrigado a abraçar a candidatura presidencial do partido. Com isso, fica política e eticamente impedido de declarar apoio à pré-candidatura do ex-presidente Lula da Silva. E pelo tom dado ontem pela cúpula pedetista ao projeto eleitoral de Ciro Gomes, dificilmente um candidato a governador da legenda brizolista lhe dará as costas para apoiar outro candidato. No cenário da corrida sucessória maranhense, não existe um fator que dê respaldo à ideia de o PDT montar dois palanques.

O gás com que Ciro Gomes se lançou oficialmente na corrida presidencial, com o respaldo da cúpula pedetista, não deixou no ar qualquer dúvida de que ele jogará pesado para chegar ao 2º turno, independentemente de quem seja o adversário. Provavelmente por ser essa a sua última tentativa, o líder cearense pareceu disposto a atropelar quem se colocar no seu caminho, seja o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) ou o ex-presidente Lula da Silva. No seu discurso de ontem, ele sinalizou disposição para chamar Sérgio Moro para a briga, exatamente por ser o pré-candidato do Podemos o obstáculo que está mais próximo dele, segundo as pesquisas. Se conseguir deixar Sérgio Moro para trás, o mais provável é que seu alvo passe a ser o presidente Jair Bolsonaro. Isso não significa dizer que Lula da Silva será poupado.

Todo e qualquer movimento do agora pré-candidato pedetista Ciro Gomes refletirá nos estados, sendo que no Maranhão o ponto mais delicado é a relação do PDT com o PT. Isso porque, mesmo declarando, num rasgo verbal de efeito, que não quer ser candidato de Lula da Silva, Ciro Gomes ou Flávio Dino, mas do povo, Weverton Rocha está trabalhando intensamente nos bastidores para ter o ex-presidente petista como aliado preferencial, acreditando que as relações PDT-PT, mesmo marcadas por altos e baixos e momentos de forte tensão, permitirão algumas concessões de parte a parte. Lula da Silva manifestou simpatia pela candidatura dele, mas é pragmático o suficiente para avaliar com cuidado a dualidade agora formada com o lançamento da pré-candidatura de Ciro Gomes.

E a pergunta que fica no ar é a seguinte: o que pensa Ciro Gomes de tudo isso? Agora pré-candidato com respaldo do partido, ainda que alguns setores do PDT lhe tenham reservas, a lógica sugere que, mesmo que o projeto maior das forças progressistas seja catapultar Jair Bolsonaro do Palácio do Planalto, Ciro Gomes dificilmente aceitará ser dividido com Lula da Silva pelo PDT do Maranhão. E isso, em princípio, inviabiliza a construção de dois palanques pelo pedetista Weverton Rocha.

Por outro lado, vale sempre lembrar que na política do Maranhão, boi costuma voar, às vezes de asa quebrada.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Governador chama de “bandido” autor de notícia falsa a seu respeito

Flávio Dino reage informação falsa sobre ele

“Enquanto eu trabalho, e muito, há uns bandidos espalhando que eu mandei fechar um posto da Polícia Rodoviária Federal. Isto é, eu mandaria no Ministério da Justiça do atual Governo Federal.  Amostra do nível de bandidos que vamos enfrentar na eleição de 2022”. O texto, contendo um desabafo e uma previsão, foi uma reação do governador Flávio Dino (PSB) a uma informação falsa a seu respeito.

O desabafo se refere ao fato de que o governante maranhense é, de longe, um dos chefes de Estado que mais trabalham em todo o País. Pega no batente logo cedo e só encerra expediente às altas horas da noite. O governador atua com informações detalhadas a respeito de como estão operando todas as secretarias, autarquias e empresas públicas. No caso da área de Saúde, principalmente em relação à pandemia, além das ações operacionais, ele se mantém tecnicamente informado pelo comitê científico que lhe dá respaldo. Flávio Dino, pode-se afirmar, tem o pleno controle do seu governo, que não sai da linha.

O alerta reforça o cuidado que todos devem ter em relação a informações suspeitas, como foi o caso, já que não faz qualquer sentido afirmar que o governador fechou um posto da Polícia Rodoviária Federal. Quando diz que o fato mostra o nível de “bandidos”, é porque sabe quem foi e do que é capaz o autor do boato.

 

Conversa de Lula com tucano derruba argumento de que PT não pode apoiar Brandão

Lula da Silva conversou com o tucano Aluysio Nunes 

Cai por terra a fala do ex-presidente Lula da Silva de que o PT tem dificuldade de apoiar o vice-governador Carlos Brandão por ser ele filiado ao PSDB. Ontem, colunistas políticos renomados revelaram uma reunião do ex-presidente petista com o ex-senador paulista Aloysio Nunes, um dos mais destacados tucanos da velha guarda e um dos mais duros críticos do PT. E a pauta foi exatamente o apoio de tucanos importantes à articulação de Lula da Silva para ter o ex-tucano Geraldo Alckmin como seu vice. A conversa, que aconteceu no escritório do advogado de Lula da Silva, abriu horizontes nas tensas relações PT/PSDB, derrubando o argumento de que petistas não podem se juntar com tucanos no Maranhão.

São Luís, 22 de Janeiro de 2022.

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