Adversário a ser batido na corrida à Prefeitura de São Luís, uma vez que vem mantendo a dianteira desde muito antes de a sua própria e as outras candidaturas terem sido formalizadas, o candidato do Podemos, Eduardo Braide, vem se esforçando para se manter na liderança usando o que tem de habilidade política. Fez expressão de paisagem diante de algumas provocações empurrando-o para o ringue, lapidou ainda mais a imagem de bom moço, que vem mostrando na campanha, e para completar, declarou, em entrevista ao jornal O Estado do Maranhão, que, se eleito for, estará aberto ao diálogo com todas as correntes políticas em ação no Maranhão, incluindo as que formam a aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). E foi mais longe, afirmando que esse diálogo, se vier a ocorrer, poderá inclusive resultar na indicação de nomes para a equipe de um eventual governo sob seu comando, desde que o eventual indicado esteja devidamente qualificado para a função.
Com essa postura, Eduardo Braide trabalha para evitar que a campanha se transforme num confronto ácido, com denuncismo e troca de acusações. Sabe que se a corrida descambar para esse viés, ele será o alvo preferencial da pancadaria, como aconteceu em 2016, em que seus adversários o colocaram contra as cordas, conseguindo reverter a tendência que o estava desenhando como uma ameaça real ao então prefeito e candidato à reeleição Edivaldo Holanda Júnior (PDT). A estratégia que vem mantendo, admitida com clareza na entrevista, segundo reportagem publicada pelo jornal na edição de quarta-feira (14), é também parte do esforço para que a larga vantagem que desfruta seja consolidada e ele consiga liquidar a fatura em turno único, o que a maioria dos observadores vê como improvável, prevendo que a eleição será decidida em dois turnos.
Tarimbado no jogo, o candidato do Podemos tem ciência plena de que o cenário de agora é radicalmente diferente do de 2016, quando, à exceção do próprio prefeito Edivaldo Holanda Júnior – que não é afeito a confrontos diretos – os demais candidatos não tinham estatura para enfrentá-lo. No cenário de agora, sabe que Duarte Júnior (Republicanos), Neto Evangelista (DEM), Rubens Júnior (PCdoB) e Yglésio Moises (PROS) são, como ele, jovens, com boa formação, ousados, ambiciosos e estão se desdobrando pela oportunidade de enfrentá-lo num embate direto, olho no olho. Eduardo Braide está consciente, portanto, de que se não liquidar a fatura logo no primeiro turno, entrará para o segundo com a certeza de que será desafiado, não exatamente para uma disputa, mas para um embate, com a crueza dos confrontos verbais que costumam marcar momentos decisivos de disputas eleitorais.
Político pouco dado a emoção e que costuma tomar decisões com frieza lógica, refletindo cuidadosamente sobre cada passo a ser dado, Eduardo Braide tem todos esses cenários possíveis avaliados e, pelo que se ouve nos bastidores, estaria preparado para se movimentar em todos eles. Seus assessores e conselheiros – que são poucos, pois ele costuma tomar sozinho as suas próprias decisões – estão monitorando os movimentos dos outros candidatos, que nas próximas três semanas deverão sair do cenário “paz e amor” para endurecer seus discursos. A expectativa é a de que em alguns momentos o roteiro de apresentar projetos posando de bons moços seja substituído, ainda que eventualmente, pela estratégia de um dizer o que pensa do outro, tornando a disputa menos racional e mais passional.
Eduardo Braide sabe que, se de fato vierem a ser disparados, os petardos serão, em sua maioria, dirigidos a ele. Resta saber se, em se confirmando essa previsão, ele vai segurar a onda ou partirá também para o enfrentamento.
PONTO & CONTRAPONTO
Disputa de Belezinha com Higor Almeida distancia Magno Bacelar da reeleição em Chapadinha
Um dos municípios de grande porte conhecidos pela intensa disputa de grupos políticos consolidados, Chapadinha – 80 mil habitantes e polo da Região do Baixo Parnaíba – terá uma das eleições mais disputadas pelo comando municipal. Ali, segundo pesquisa do instituto DataM, a ex-prefeita e deputada temporária Ducilene Belezinha (PL) aparece à frente com 33,7%, seguida do bancário Higor Almeida (PSB) com 31% – situação de empate técnico -, seguidos do prefeito e candidato à reeleição Magno Bacelar (Cidadania) com 15,7%, e de outros candidatos: Aldir Jr (5,6%), Neto Pontes (1,3%), Márcia Gomes (0,7%) e Professor Janio (0,3%).
A liderança frágil, mas real, da ex-prefeita e atual deputada Ducilene Belezinha, já era esperada e ganhou força quando ela passou a fazer parte do projeto maior armado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que aposta alto na sua eleição, o que, se confirmado, lhe permitirá montar sua barraca na região. Já seu principal adversário, Higor Almeida, estreia na política como uma das apostas do PSB, partido comandado pelo deputado federal Bira do Pindaré, candidato à Prefeitura de São Luís. Sua eleição, que não está descartada fortalecerá o projeto maior do PSB no estado.
A grande surpresa em Chapadinha é a situação do prefeito Magno Bacelar (Cidadania), que comanda o município pela segunda vez, depois de ter sido, no século passado, prefeito de Aldeias Altas, quando ganhou folclórica projeção estadual como o prefeito “Nota 10”. Há tempos circula nos bastidores da política que Magno Bacelar não conseguiu imprimir sua marca de gestor eficiente, provavelmente por não mais contar com o apoio do Grupo Sarney, especialmente o então deputado federal Sarney Filho (PV), que por muito tempo lhe abriu portas em Brasília. E a julgar pelo que revela a pesquisa DataM, o prefeito dificilmente reverterá a situação e se reelegerá.
Os números indicam que a disputa em Chapadinha se dará entre Ducilene Belezinha, com o aval de Josimar de Maranhãozinho, e Higor Almeida, que tem o apoio de Bira do Pindaré
Em Tempo: O DataM ouviu 300 eleitores nos dias 03 e 04 de Outubro e está registrada na Justiça Eleitoral sob o número MA-03527/2020.
Wellington do Curso reforça candidatura de Neto Evangelista e deve deixar o PSDB
Impedido de levar em frente a sua candidatura à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), o deputado estadual Wellington do Curso (ainda no PSDB) anunciou seu apoio à candidatura do deputado estadual Neto Evangelista (DEM). Ele revelou que considerou dar seu apoio ao também deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos), mas avaliou que Neto Evangelista está mais preparado para fazer uma boa gestão na Prefeitura de São Luís.
O anúncio tem dois aspectos positivos. O primeiro é que Wellington do Curso não deixou que seus ressentimentos por ter sido tirado da disputa, mesmo aparecendo nas pesquisas ora em segundo ora em terceiro lugar, para ter uma participação política inteligente e produtiva na corrida eleitoral, optando por apoiar um candidato viável. O segundo é que, com a decisão, Wellington do Curso coloca um ponto final no episódio da sua exclusão do quadro de candidato por uma medida de força do comando estadual do PSDB, que, movido também por pragmatismo, decidiu apoiar a candidatura de Eduardo Braide (Podemos).
A tomada de posição de Wellington do Curso pode ter desdobramentos. O primeiro é que parte do seu eleitorado é jovem e fidelizado e pode atender ao seu chamamento e fazer campanha e votar em Neto Evangelista. O segundo é que, independente do resultado da eleição na Capital, depois do pleito, Wellington do Curso deverá procurar um novo pouso partidário.
São Luís, 16 de Outubro de 2020.