Sem que nem o governador Flávio Dino (PCdoB) nem o presidente Othelino Neto (PCdoB) tenham dito uma só palavra sobre a corrida eleitoral que já está informalmente em curso, ambos discursaram com forte viés político na sessão especial que marcou a abertura da Assembleia Legislativa para o último ano da atual legislatura. O governador Flávio Dino fez um balanço positivo do seu Governo, apesar das crises financeira, política e institucional que vem tensionando o País, e fechou a sua fala defendendo a necessidade de que seja descortinado “um novo horizonte para nossa Pátria”, demonstrando que politicamente encontra-se com um pé firmado no cenário político nacional. O presidente Othelino Neto, por sua vez, focou seu pronunciamento no caráter plural e democrático da Assembleia Legislativa, destacando que enquanto o Brasil está mergulhado em crises política e institucional, o Maranhão dá um exemplo com a relação harmônica entre os Poderes, que se baseia “no respeito aos limites de cada um”.
Ouvido com atenção pelos chefes de Poder e do Ministério Público, por deputados estaduais, deputados federais visitantes, prefeitos, vereadores, magistrados e convidados, o governador Flávio Dino relacionou os avanços da sua gestão nas diversas áreas. Ele informou que, apesar do quadro de crise, conseguiu manter os salários dos servidores em dia, garantir o funcionamento da máquina administrativa, pagar os compromissos assumidos e investir nada menos que R$ 2,9 bilhões nas páreas de Educação, Saúde, Segurança, Infraestrutura e Desenvolvimento Social. E anunciou que neste ano o seu Governo investirá mais R$ 1 bilhão, calculando que poderia ter investido muito mais se os recursos nacionais não estivessem como estão concentrados nas mãos da União, situação que penaliza estados e municípios.
E numa demonstração inequívoca de que está com um pé firmado no cenário político nacional, o governador Flávio Dino declarou, enfático: “Nós precisamos descortinar um novo horizonte para nossa Pátria. Nós precisamos acreditar que a escuridão passa. Nós precisamos que o otimismo cívico transforme as realidades, mesmo que sejam as mais difíceis. E tendo a firmeza, a esperança e a força que nós temos, o Brasil haverá de vencer mais essas dificuldades, e isso virá em proveito de todo o nosso País.
Por sua vez, o deputado-presidente Othelino Neto deu uma demonstração de habilidade e senso de oportunidade ao centrar seu discurso na importância e na visão que tem do Poder que agora comanda, em recados diretos aos demais chefes de Poder e aos seus pares. Começou dando uma demonstração de correção ética ao afirmar que o ex-presidente Humberto Coutinho “nos deixou muitas lições”, informando que “nos momentos em que eu o substituí de forma interina, procurei sempre seguir aquele exemplo que ele dava quando estava presidindo as sessões, principalmente na sua postura democrática, na forma respeitosa com que tratava todos os deputados, fossem os deputados de Governo, fossem deputados de Oposição”. E avisou: “Esse é o norte que me serviu como referência, me guiou nos momentos de interinidade na presidência. E certamente será este o norte que vai me guiar conduzindo a Assembleia Legislativa durante o ano de 2018: respeitando as diferenças”.
O presidente salientou, com ênfase, que o que sustenta a importância do parlamento é exatamente o fato de ser ele uma instituição colegiada onde prevalece o debate de ideias. “Uma das características mais bonitas do parlamento é justamente o debate, o confronto de ideias, que prevalece, como deve ser na democracia, pela vontade da maioria. E com esses debates entre deputados de Governo e de Oposição, a Assembleia sai mais forte”, avaliou, destacando o equilíbrio institucional de aros como aquele, que reúne os chefes do Poder Executivo e do Judiciário, e do Ministério Público.
E mostrou que está em fina sintonia com o governador Flávio Dino ao posicionar o Maranhão no cenário nacional: “No momento em que as crises se acumulam no Brasil, inclusive a crise institucional, o Maranhão dá um exemplo para o País, porque as instituições permanecem independentes, como reza a Constituição, permanecem autônomas e conseguem trabalhar, cumprir com seus deveres de forma harmônica, como também estabelece a Constituição. São os Poderes se respeitando, entendendo o limite de cada um e as suas competências institucionais. E quem é que ganha com isso? Quem ganha é a sociedade, que é o objetivo de todos os nós, que estamos neste mesa, que somos servidores públicos, pagos pelo contribuinte para prestar um serviço de qualidade ao Estado do Maranhão”.
E assinalou: “Estamos mostrando que, mesmo com o Brasil em crise, existe um estado, no Nordeste do Brasil, com grandes potenciais, mas que ainda vem lutando para ocupar o seu espaço, que vem dando um sinal para o País que aqui existem muitas cabeças inteligentes, que conseguem dar um rumo a este Estado. Essas cabeças são fruto de um povo que sabe o que quer e que sabe fazer as suas escolhas”.
O presidente Othelino Neto fechou sua fala mostrando que a instituição que agora comanda faz a parte que lhe cabe no cenário institucional é produtiva: discutiu e aprovou, por consenso e por maioria, nada menos que 139 projetos de lei em 2017. E previu que a maratona será intensificada neste último ano da atual legislatura.
PONTO & CONTRAPONTO
PTB, DEM e PP podem sofrer pressões para deixar base de Flávio Dino
Uma série de dúvidas está sendo disparada para testar a solidez da base partidária comandada pelo governador Flávio Dino. Correm nos bastidores fortes rumores de que não existe ainda total segurança de que os braços maranhenses de PTB, DEM e PP se manterão na aliança capitaneada pelo PCdoB. Os rumores informam que por pressão do Palácio do Planalto, a cúpula nacional do PTB, comandada pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson, estaria se preparando para tirar o partido do controle do deputado federal Pedro Fernandes e do vereador Pedro Lucas, que estão aliados ao governador Flávio Dino, para devolvê-lo ao comando do ex-deputado Manoel Ribeiro, que mantém sua aliança política com o Grupo Sarney. Os mesmos rumores avisam também que o deputado federal Juscelino Filho poderá ser pressionado pelo presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), com o apoio do senador goiano Ronaldo Caiado – que tem horror à esquerda, seja ela de que natureza for – para romper a aliança do governador Flávio Dino e ingressar na aliança que a ex-governadora Roseana Sarney vem tentando formar. Finalmente, o mesmo processo pode ser adotado pela cúpula nacional do PP, pressionando om deputado federal André Fufuca a tirar o partido da órbita do PCdoB e incluí-lo no projeto político eleitoral capitaneado no Maranhão pelo MDB. Nada há de concreto sobre nenhum dos três casos, mas é certo que o ex-presidente José Sarney (MDB) está trabalhando fortemente nessa direção.
Carlos Brandão encara especulações sobre vice sem alterar ânimo
Alvo de várias e intensas especulações, que começaram depois que ele perdeu o controle do PSDB no Maranhão, o que o forçou a deixar o partido, devendo migrar para o PRB, o vice-governador Carlos Brandão não emite qualquer sinal de que se encontre numa situação delicada ou com seu futuro político comprometido. Afável, com sorriso fácil, o vice-governador vem se mostrando seguro a cada declaração do governador Flávio Dino de que pode mantê-lo como companheiro de chapa. É fato que há uma disputa em curso pela vaga de vice na chapa do governador Flávio Dino. Nos bastidores da aliança partidária governista, corre que o vice-governador estaria preparando terreno para disputar uma vaga na Câmara Federal, aproveitando as bases do deputado federal José Reinaldo Tavares, caso ele venha a ser o segundo nome para o Senado na chapa do governador. Há também vozes acreditadas que garantem: Carlos Brandão vai continuar como vice na chapa de Flávio Dino.
São Luís, 05 de Fevereiro de 2018.