Apesar dos bombardeios e armações para atingi-lo, Dino volta a ser favorito para o Supremo

Flávio Dino, André Fufuca e Carlos Brandão entre Ivo Rezende, Eliziane Gama, Rubens
Pereira, Ana do Gás, Carlos Lula, Márcio Jerry, Fábio Gentil e Zé Inácio, sexta-feira, no Ceprama

Depois de semanas sob fogo cerrado dos adversários do Governo e dos dele próprio, num misto de “fogo inimigo”, aberto, direto e intenso, e “fogo amigo”, igualmente intenso, mas camuflado nas sombras do Poder, por causa de uma armação jornalística que o apontou como “conivente” com o acesso de uma presidente de ONG do Amazonas, casada com um traficante preso, haver estado no Ministério da Justiça em dois momentos, integrando grupos ligados aos direitos humanos, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, volta à tona de novo como o nome mais forte para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). E dessa vez foi o próprio presidente Lula da Silva (PT) quem o reposicionou na condição de favorito para a vaga, numa conversa que teve com ministros do STF para apagar o incêndio que ameaçava a relação entre a Corte com o Congresso Nacional por causa da controvertida PEC aprovada pelo Senado limitando poderes da instância mais alta do Judiciário.

Na longa conversa que rolou no jantar de quinta-feira no Palácio da Alvorada, o presidente Lula da Silva aproveitou para sondar os ministros da Corte e soprar os nomes que têm como favoritos para a PGR, o procurador federal, atual vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet, e para o Supremo, o ministro Flávio Dino, para medir a reação a essas possíveis indicações. De acordo com jornal O Globo, os dois foram muito bem recebidos, sendo que Flávio Dino teria sido acatado por todos os ministros, sem qualquer restrição. Ainda segundo o jornal carioca, o problema da eventual indicação do ministro da Justiça está no tamanho da força dos adversários do Governo no Senado, em especial os bolsonaristas, que ameaçam abertamente agir pela rejeição de Flávio Dino.

Escolado nesse quadrado, o presidente Lula da Silva e o próprio ministro Flávio Dino sabem que ele, Dino, não terá vida fácil no Senado em caso de indicação. O primeiro desafio será a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça, onde a falange bolsonarista, liderada pelos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Sérgio Moro (União-PR), tentará criar imensas dificuldades, mesmo sabendo que nenhum deles é páreo para o ministro da Justiça num embate direto, como já ficou claro quando Flávio Dino, que também é senador, esteve no Senado por eles convocado. Além de preparado, o maranhense é forjado no confronto direto, tendo se tornado conhecido por desmontar e atropelar parlamentares que tentaram atingi-lo nesses eventos no Congresso Nacional. O problema é o nível de tensão que uma sessão como essa pode alcançar e ter repercussão no plenário. Se ele sair da CCJ aprovado, tudo bem. Se não, não fará muita diferença, porque nesse caso a votação será política.

O segundo e maior desafio será a votação no plenário. Pelos cálculos dos bolsonaristas, a oposição já teria de 30 a 35 votos fechados contra Flávio Dino. Se for isso, ele será aprovado por 45 votos, quatro a mais do que o mínimo necessário para que se torne ministro. Todos os cálculos feitos têm mostrado que não há hipótese de o senador Flávio Dino receber menos de 41 votos e seja rejeitado, como também poucos acreditam que ele tenha mais de 50 votos. O próprio ministro da Justiça já avaliou o cenário pelo direito e pelo avesso e amadureceu a convicção de que, se for indicado pelo presidente Lula da Silva, será ministro da Suprema Corte do País. E como o que estará em jogo não será seu preparo, sua competência nem rasuras na sua vida pública ou na seara pessoal, porque o jogo será estritamente político, o número de votos será importante, mas não decisivo, desde que ele alcance os 41 necessários, como reza a norma.

Com a experiência acumulada de juiz federal, deputado federal, governador eleito e reeleito do Maranhão, além de assessor do próprio Supremo e do Conselho Nacional de Justiça, com avaliação muito acima da média por onde passou, o senador licenciado e ministro da Justiça Flávio Dino tem dimensionado o tamanho do seu cacife e o poder de fogo dos seus adversários. Ele sabe, portanto, onde está pisando e tem mapeado os riscos que corre na sua eventual caminhada na direção do Supremo.

Em Tempo: O ministro Flávio Dino esteve em São Luís sexta-feira (24). Ele participou do ato de encerramento da Caravana Federativa, uma ação para integrar os governos federal, estadual e municipais. Anunciou o repasse de R$ 12,6 milhões em equipamentos para o Sistema de Segurança Pública estadual e R$ 3,3 milhões para o Sistema Penitenciário do Maranhão. Parecia em estado de graça, com o astral nas alturas ao lado do governador Carlos Brandão (PSB).  

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão reúne chefes partidários e abre conversas sobre as eleições municipais

Carlos Brandão entre os líderes partidários que reuniu sexta-feira no Palácio dos Leões

Com a reunião de sexta-feira, no Palácio dos Leões, com 13 presidentes de partidos que formam a base de apoio ao seu Governo, o governador Carlos Brandão (PSB) pode ter dado, se não a largada, o passo mais significativo até agora no roteiro que ele vai comandar para as eleições municiais do ano que vem.

Ali estiveram Francimar Melo (PT), Márcio Jerry (PCdoB) e Adriano Sarney (PV) – que formam a Federação Brasil Esperança -, Bira do Pindaré (PSB), André Fufuca (PP), Eliziane Gama (PSD), Marcus Brandão (MDB), Sebastião Madeira (PSDB), Volmer Araújo (Solidariedade), Júnior Marreca (PRD), Fábio Macedo (Podemos), Pedro Lucas (União Brasil) e Eliel Gama (Cidadania).

A linha de ação básica defendida pelo governador na conversa com os chefes partidários é a unidade partidária onde for possível, que seja garantida por alianças viáveis. Conhecedor profundo de como as peças se movem nesse tabuleiro, o governador é consciente de que será uma ampla e intrincada obra de engenharia política, que muito dificilmente alcançará a situação ideal.

Essa possibilidade de aliança se dará em muitos municípios menores, onde o embate acontecerá entre dois candidatos, o que torna possíveis alianças bem definidas. Mas nos grandes municípios, como São Luís e Imperatriz, por exemplo, onde o Governo administrará a movimentação de vários pré-candidatos, as equações para o formato definitivo da disputa serão bem mais complexas.

Em meados de janeiro, quando o ano estiver efetivamente em curso, o governador Carlos Brandão vai dedicar mais tempo a essa montagem gigantesca, que envolve a disputa pelo comando político e administrativo de 217 municípios e suas respectivas Câmaras Municipais, que formam a grande base da pirâmide política do Maranhão.

André Fufuca avança na política mantendo a discrição de sempre

André Fufuca na posse no ministério do Esporte:
exposição pouco comum na cena política de Brasília

O ministro do Esporte, André Fufuca, cumpriu agenda intensa em São Luís quinta e sexta-feira. Participou da abertura e acompanhou atento os trabalhos da Caravana Federativa, na qual sua pasta atuou. Fez questão de estar presente do encerramento dos trabalhos ao lado do colega ministro Flávio Dino e do governador Carlos Brandão. E integrou, em nome do PP, o grupo de chefes partidários que se reuniu com o governador Carlos Brandão, na noite de sexta-feira, no Palácio dos Leões. Essa desenvoltura no estado não é a mesma em Brasília.

André Fufuca vem cultivando no Ministério do Esporte o mesmo padrão de comportamento que sempre adotou como parlamentar: atuação discreta, mas efetiva, com resultados concretos. Sem aparecer muito na cena política de Brasília,, se tornou um dos mais ativos integrantes do Alto Clero da Câmara Federal. Agora ministro do Esporte, controla com cuidado seu grau de exposição, só entrando de cabeça em situações absolutamente necessárias.

Inicialmente apontado apenas como o “indicado do Arthur Lira”, o ministro já começa a ser visto por outro viés. Os cronistas esportivos mais duros, que demonstraram má vontade com o seu desembarque na pasta, hoje já entenderam que se precipitaram na impressão inicial. Isso sem qualquer embate público com o ministro.

Vale ficar atento ao que vem por aí nesse campo.

São Luís, 26 de Novembro de 2023.

3 comentários sobre “Apesar dos bombardeios e armações para atingi-lo, Dino volta a ser favorito para o Supremo

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