Consagrada pela palavra cantada, com a qual vem encantando os brasileiros há décadas, a maranhense Alcione Nazareth precisou de apenas 124 palavras, enfeixadas numa exata dúzia de frases, as quais pronunciou em um minuto para entrar para a história política nacional como a voz que melhor enquadrou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por causa do ataque verbal disparado por ele contra governadores nordestinos, em especial o governador Flávio Dino (PCdoB). Do alto dos seus 71 anos de dignidade e de uma trajetória em que sempre foi ao mesmo tempo a artista e a guerreira, os traços dominantes da sua personalidade, Alcione cobrou do presidente respeito aos nordestinos, ao Maranhão e aos brasileiros, lembrando que, conforme ensinamentos recebidos do pai e do avô, só pode cobrar respeito quem se dá respeito. A maranhense – que como artista é muito mais ilustre do que Jair Bolsonaro como político – decidiu reagir movida pela indignação diante da atitude e das palavras do presidente determinando ao chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, retaliar o governador Flávio Dino – “não tem que ter nada com esse cara”, bradou o presidente ao ministro, depois de ter dito que o líder maranhense “é o pior de todos”.
No vídeo que gravou na manhã de sábado, e que no início da noite já tinha sido visualizado por quase meio milhão de brasileiros, Alcione foi direto ao assunto e não deixou pedra sobre pedra:
“Presidente Bolsonaro, eu não votei no senhor, e não me arrependo. Eu sou uma brasileira que não torço contra o governo, não sou burra. Eu sei que se torcer contra, estou torcendo contra o meu país. Agora meu pai sempre me dizia, que meu avô já dizia para ele: ´Quem quer respeito, se dá. E o senhor não está se dando respeito. O senhor precisa respeitar o povo nordestino. Respeite o Maranhão! O senhor tem medo de facada, tem medo de tiro, mas o senhor precisa ter medo do pensamento. O pensamento é uma força. Pense em mais de 30 milhões de nordestinos pensando contra o senhor? Comece a nos respeitar. Respeite o povo brasileiro!”
Muito mais que a reação dos governadores, que por exigência do equilíbrio político se manifestaram de maneira muito civilizada, respeitando a esfera institucional, a fala de Alcione traduziu a indignação dos brasileiros que não aceitam a maneira primária com que o atual presidente da República vem desempenhando o seu mandato. Com uma experiência de vida extremamente rica de quem saiu do coração de São Luís e dos bancos do Liceu Maranhense para enfrentar o mundo como cantora e trompetista, e chegou ao Rio de Janeiro e se tornou uma ativa da classe artística, Alcione, sem o primarismo dele e com a dignidade nas alturas, mostrou ao presidente, com palavras simples e em tom decente, que ele está cometendo erros grotescos e de modo grosseiro, e desrespeitando a quem devia respeitar, o povo, seus representantes e as instituições.
Vale registrar que Alcione não tem proximidade política com o governador Flávio Dino. O Maranhão e o País sabem que no estado ela tem lado, com militância no Grupo Sarney, com atuação mais intensa nas campanhas de Roseana Sarney (MDB), como a de 2018, por exemplo. Mas. Ao contrário de outras vozes, a Rainha do Samba nunca atacou os adversários do sarneysismo, sempre separando o joio do trigo quando necessário. Esse registro enobrece muito o seu duro rebate ao presidente Jair Bolsonaro, à medida que o seu posicionamento se deu em defesa da região, do estado, do governador, da cultura e da gente nordestina, que apesar de algumas diferenças, é ligada por uma cadeia de afinidades. O fato de revelar ao presidente que não lhe deu o voto e cobrar respeito ao povo nordestino e ao povo brasileiro lhe conferiu a autoridade dos que estão muito acima das questões políticas e partidárias. E certamente mostrou ao presidente o caminho certo para uma relação minimamente saudável com uma região que, ao contrário do que muitos pensam, é muito mais forte do que alguns desavisados avaliam.
Depois de se consagrar como sambista, de seduzir milhões com seus arrebatadores sambas-canção e surpreender meio mundo como intérprete arrebatadora de jazz, além de se tornar respeitada como defensora intransigente da diversificada identidade cultural brasileira, em especial a sua raiz maranhense, Alcione Nazaré amplia sua presença na História como a voz firme de um povo contra a truculência e a intolerância.
PONTO & CONTRAPONTO
Othelino Neto defende Flávio Dino e Eliziane Gama ensina a Jair Bolsonaro o que é ser presidente
Duas manifestações críticas dirigidas ao presidente Jair Bolsonaro e em apoio ao governador Flávio Dino chamaram atenção. A primeira foi a do pr4sidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) e a outra foi a da senadora Eliziane Gama (Cidadania).
O presidente da Assembleia Legislativa, que também preside o Parlanordeste, grupo que reúne os presidentes de Assembleias Legislativas do Nordeste, divulgou nota com o seguinte teor:
Em relação ao comentário sobre os governadores nordestinos, feito pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, na sexta-feira (19), eu repudio veementemente a forma pejorativa utilizada pelo chefe do Poder Executivo brasileiro. Com uma população de 53 milhões de pessoas, o Nordeste elegeu seus governadores democraticamente para que os mesmos fossem os representantes do povo em seus respectivos estados.
Me solidarizo ainda com o governador Flávio Dino, que tem feito um relevante trabalho pelo Maranhão, reconhecido como um dos gestores mais atuantes do Brasil e reeleito com 59% dos votos válidos. Reprovo toda e qualquer perseguição por conta de ideologia política. Que o preconceito não impeça que o Nordeste receba a atenção devida por parte do governo federal, uma vez que o presidente da República é eleito para governar para todos os brasileiros.
Deputado Othelino Neto
Presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão
Já a senadora Eliziane Gama foi direto na ferida, dando uma lição de civilidade política e relações institucionais ao presidente Jair Bolsonaro, como uma mestra instrui seus alunos insubordinados e avessos ao conhecimentos das regras. “Como maranhense, como mãe nascida e criada no MA e como parlamentar eleita pelo meu Estado, não aceitarei de forma alguma que nosso Estado seja prejudicado por ´estultice ideológica`. É hora de o presidente descer do palanque, parar de gerar crises em série e governar o país”, disparou.
A senadora ensinou ao presidente que “a presidência da República é função impessoal e o presidente eleito é de todos os brasileiros, dos que votaram nele e dos que não votaram. A eleição acabou, é inaceitável, um acinte, que o presidente fale em perseguir estados por não ter simpatia pelos seus governantes”.
E mandou um recado direto, sem rodeios: “Através do Senado pediremos explicações formais sobre o que exatamente o presidente quis dizer com a frase: ´Nada para o Maranhão e Paraíba`. A obtusidade do presidente não pode de forma alguma penalizar o povo, seja dos eleitores do presidente ou dos que não votaram nele”.
Saída de Clayton Noleto fortalece a pré-candidatura de Marco Aurélio em Imperatriz
O cenário que vinha sendo desenhado para a corrida à Prefeitura de Imperatriz – o segundo maior e mais importante colégio eleitoral do Maranhão – sofreu uma expressiva alteração com a decisão do secretário de Estado de Infraestrutura, Clayton Noleto (PCdoB), de deixar o time de pré-candidatos. Com ele de fora, o grupo ligado ao governador Flávio Dino caminha para fechar questão em torno do deputado estadual Marco Aurélio (PCdoB), que deve fazer um acordo com o deputado estadual Rildo Amaral (Solidariedade), também interessado na disputa.
Marco Aurélio, que vem liderando as pesquisas para medir o potencial dos pré-candidatos, deverá ser o principal adversário do prefeito Assis Ramos, que rompeu com o Grupo Sarney, deixou o MDB e se filiou ao DEM. Com a atitude – muito arrojada, diga-se -, o prefeito ampliou assim o seu leque de adversários, que deve aumentar com a entrada iminente do ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB) e o ex-prefeito Ildon Marques (PSD) no páreo.
Agora praticamente dono da vaga de candidato do grupo dinista em Imperatriz, o deputado Marco Aurélio deve iniciar em pouco tempo um amplo e cuidadoso trabalho de montar a base política da sua candidatura.
São Luís, 21 de Julho de 2019.
O povo Maranhense vive abaixo da linha da pobreza e essa Senhora nunca veio à público reivindicar nada principalmente se for contra a família Sarney!!!!