“Espero que o próximo governador ou governadora, que pode estar aqui entre nós, cumpra esse objetivo”, declarou o governador Flávio Dino (PCdoB), segunda-feira, no ato em que lançou o programa Nossa Centro, que prevê investimentos de R$ 150 milhões em obras para revitalizar a região central de São Luís. Dita em tom bem humorado e na presença do vice-governador Carlos Brandão (PRB), dos senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Cidadania), do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) e do deputado federal Rubens Pereira Jr. (PCdoB), atual das Cidades e Desenvolvimento Urbano, frase foi interpretada por muitos como um indicador de que o governador começa, de fato, a desenhar o cenário político em que se dará a sua sucessão em 2022. E que, seja como senador, como vice-presidente ou como presidente da República, pretende deixar no Palácio dos Leões um aliado confiável, podendo ser qualquer um dos integrantes do “núcleo duro” com o qual comanda o Governo e a aliança de 16 partidos que lhe dá suporte político. Com o movimento, Flávio Dino estimula a “concorrência” pela vaga de candidato.
Todas as avaliações feitas nos últimos tempos, tanto na Situação quanto na Oposição, remetem para a conclusão de que o governador Flávio Dino pretende mesmo escolher um dos seus aliados mais próximos para lançar como candidato à sua sucessão. Até agora, os mais badalados são o vice-governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha. Fala-se muito também na senadora Eliziane Gama e no prefeito Edivaldo Holanda Jr., e do deputado federal Rubens Pereira Jr. Todos são potencialmente candidatos, uns com cacife político gordo e outros nem tanto, mas é dominante a impressão de que, embalado pela força política do governador Flávio Dino e o suporte da aliança partidária, qualquer um deles tem chances reais de sair das urnas eleito em 2022.
O vice-governador Carlos Brandão não esconde a sua pré-candidatura e dedica todo o seu tempo livre às articulações que aos poucos vão lhe dando gás para seguir em frente. Cumpre uma agenda intensa de representar o governador em atos e reuniões no estado e em Brasília, comanda missões ao exterior, recebe visitantes quase toda semana é escalado para comandar eventos e inaugurações em nome do titular. Tem o apoio do seu partido, o PRB, presidido pelo deputado federal Cléber Verde, que projeta sair das urnas do ano que vem com uma base formada por pelo menos 30 prefeitos. O vice pode ser, de fato, o candidato dos Leões.
Nessa caminhada, o grande contrapeso de qualquer concorrente é o senador Weverton Rocha, que também não esconde o seu projeto de chegar ao Palácio dos Leões em 2022 e tem atuado intensamente na formação de uma base forte com líderes municipais, tendo como meio a Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), agora presidida pelo prefeito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier (PDT), que coordenou sua campanha ao Senado. Com atuação forte no Senado e uma movimentação agressiva, o senador, mesmo dizendo que não é hora de falar em candidatura ao Governo, age abertamente como pré-candidato disposto a chegar lá. Reúne as condições para ser o candidato dinista.
A senadora Eliziane Gama entra nesse time por conta do seu cacife político e eleitoral lastreado pelo eleitorado evangélico, pela firme atuação no Senado e pelo alinhamento que tem demonstrado ao governador Flávio Dino. A senadora tem assumido posições desassombradas em relação ao Governo Bolsonaro, fazendo uma Oposição competente e equilibrada Palácio do Planalto, votando contra o decreto das armas, e fazendo duras críticas a outras iniciativas do Governo. Como Weverton Rocha, nada tem a perder disputando o Governo do Estado em 2022.
Nesse contexto, começa a surgir o prefeito Edivaldo Holanda Jr., que deixará o cargo em dezembro de 2020 e terá dois anos para decidir qual o passo político que dará a partir de então. Agora com o lastro de dois mandatos de vereador, meio mandato de deputado federal e dois mandatos de prefeito da Capital, Edivaldo Holanda Jr. entra no roteiro da sucessão estadual como um quadro experimentado nos movimentos do xadrez político e testado como gestor público. Poucos o incluem ainda na relação dos prováveis sucessórios do governador Flávio Dino, mas há quem diga que ele jogará pesado para ser o indicado.
Quando se licenciou da Câmara Federal para assumir a Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano, o deputado Rubens Jr. desembarcou na equipe do governador Flávio Dino o nome que o Palácio dos Leões lançaria para a Prefeitura de São Luís. Essa “suspeita” ainda permanece, mas indícios fortes parecem indicar que Rubens Jr. está sendo trabalhado para ser candidato à sucessão do governador.
Com muita habilidade, o governador Flávio Dino está montando um time de boas opções, o que lhe dá a grande vantagem de que, qualquer que venha ser a sua escolha, deixará o Governo em boas mãos.
PONTO & CONTRAPONTO
Edivaldo Holanda Jr. mantém silêncio sobre sua sucessão, mas seu voto será decisivo para a escolha do candidato
Uma situação vem chamando a atenção de observadores da cena política: o total e obstinado silêncio do prefeito Edivaldo Holanda Jr. sobre a escolha de candidato à sua sucessão. Ninguém duvida que a escolha do candidato da aliança dinista à Prefeitura de São Luís passará pelo seu crivo. É unânime a certeza de que o nome será escolhido a partir de um entendimento entre o governador Flávio Dino, o prefeito Edivaldo Holanda Jr., o senador Weverton Rocha, que comanda o PDT, e o deputado federal Márcio Jerry, que comanda o PCdoB. Ninguém aventa a possibilidade de o candidato da aliança saia de outra fonte. E nesse contexto, o voto do prefeito de São Luís, que conhece como poucos o caminho das pedras eleitorais em São Luís, será decisivo. O prefeito Edivaldo Holanda Jr. faz o jogo clássico das raposas felpudas, deixando para o “momento certo” a revelação do seu posicionamento no cenário da sua própria sucessão.
Aloísio Mendes corre riscos políticos ao levar delegados para depor na Câmara Federal
Conclusão unânime de uma roda de conversa entre quatro políticos tarimbados e dois jornalistas: o deputado federal Aloísio Mendes (Podemos) corre um risco político ao levar os delegados Tiago Bardal e Anderson Ney para depois em comissão da Câmara Federal sobre um suposto esquema de escuta telefônica ilegal contra políticos e magistrados na Secretaria de Estado da Segurança Pública na atual gestão. Para começar, dadas as circunstâncias, os dois delegados são apontados como cidadãos e servidores público com quase nenhuma credibilidade. Tiago Bardal, que já foi titular da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) e hoje está preso acusado de ser um dos chefões de uma quadrilha internacional de contrabando de cigarros e bebidas; Anderson Ney, que também é suspeito de envolvimento com a quadrilha, seria vítima de transtornos mentais. O objetivo é criar embaraços para o secretário de Estado de Segurança Pública, Jefferson Portela, e para o Governo Flávio Dino. Na avaliação desse grupo, Aloísio Mendes, que exerce um mandato politicamente ativo e de bons resultados, poderá ser tragado por desdobramentos.
São Luís, 26 de Junho de 2019.