“Meu nome é citado com frequência na imprensa como um dos candidatos a prefeito de São Luís. Agradeço a lembrança e a confiança de cada um, mas, por motivos pessoais, decidi não disputar cargo nestas eleições”. A declaração, postada em redes sociais, é do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (sem partido), encerrando de vez a sua figuração na fase de definição de pré-candidaturas ao Palácio de la Ravardière. Vai para o arquivo morto a possibilidade de a jovem e aguerrida ex-primeira-dama Camila Holanda vir a participar da corrida eleitoral como candidata a vice em alguma chapa de ponta ou mesmo uma vaga na Câmara Municipal de São Luís, como foi especulado. Edivaldo Holanda Jr. passa a integrar o grupo de ex-prefeitos que tiveram o poder político, mas que, como uma sina, mergulharam na mais completa apatia, isolando-se do meio político e afastando-se de vez da vida política, a exemplo de Gardênia Gonçalves, Conceição Andrade e Tadeu Palácio.
Não há como explicar o afastamento de Edivaldo Holanda Jr. dos embates eleitorais e da vida política de São Luís que ele iniciou seguindo os passos do pai, elegendo-se vereador de São Luís em 2004 e se reelegendo em 2008, elegendo-se deputado federal em 2010 e prefeito de São Luís em 2012, reelegendo-se em 2016. Até aí, foi o exemplo do político cauteloso, mas ativo, mais preocupado em ser um prefeito eficiente. Nas eleições, gerais de 2018, sua atitude em relação às candidaturas do grupo que o apoiou na eleição e na reeleição deixou a desejar, embora não tenha sido um zero à esquerda. Mas na sua sucessão, em 2020, quando se esperava que ele, montado no lastro da boa avaliação, veio a decepção: Edivaldo Holanda Jr. ignorou os apelos e se fechou para todos, preferindo ficar de fora do processo.
Sua atitude de isolamento, que ele acreditava ser a chave de sucesso político futuro, revelou-se o mais completo desastre quando ele se candidatou a governador em 2022, fazendo uma campanha sem pé nem cabeça e terminando com uma votação vexatória, especialmente em São Luís. De lá para cá, tornou-se um político sem norte, sendo alvo de desconfiança, mesmo dos que o procuraram para entrar na briga. Sua nota é a confirmação do isolamento.
A ex-prefeita Conceição Andrade é outro exemplo de quem abandonou e foi abandonada pelo eleitorado de São Luís. Eleita em 1992 com o aval do então prefeito Jackson Lago (PDT), numa disputa contra o bem avaliado e preparado ex-governador João Alberto, Conceição Andrade foi vítima da inexperiência, fazendo uma gestão sem maiores destaques. E tropeçou feio na política, quando rompeu com Jackson Lago e se aliou ao então senador Epitácio Cafeteira, que também rompido com o líder e candidato do PDT, apoiou a candidatura de João Castelo. Foi um desastre completo: Jackson venceu a eleição e Conceição Andrade amarga um isolamento político que dura até hoje.
O outro exemplo de fracasso político é o ex-prefeito Tadeu Palácio. Interrompeu em 1996 uma bem sucedida carreira como vereador de São Luís para ser candidato a vice de Jackson Lago naquele ano, foi reeleito vice em 2000 e em 2002 assumiu a Prefeitura com a renúncia de Jackson Lago para disputar o Governo do Estado. Foi reeleito em um só turno em 2004, acabou rompendo com Jackson Lago e quando deixou a Prefeitura no primeiro dia de 2009, mergulhou sem retorno no limbo da política, não conseguindo se refazer até hoje, tendo retomado sua carreira de oftalmologista.
Dona Gardênia Castelo é um caso especial. Tornada prefeita na mais espetacular eleição já ocorrida para a prefeitura de São Luís, tendo enfrentado o implacável e gigantesco poder presidencial de José Sarney, que apoiou o deputado federal Jaime Santana, o “força total”, Dona Gardênia fez uma a gestão modesta, sufocada pelo poder do Planalto, que quase nada liberou para sua administração, e sob uma dura oposição política, terminou o mandato de maneira conturbada, inclusive com a depredação e incêndio do Palácio de la Ravardière. Voltou ao poder municipal com a eleição de João Castelo em 2008, mantendo, como sempre, discreta, mas forte, influência nos mandatos do marido, que tentou a reeleição em 2012, mas foi derrotado exatamente pelo deputado federal Edivaldo Holanda Jr..
Como se vê, a Prefeitura de São Luís dá tudo para quem compreende a sua importância política e se engaja da luta no lado certo. Ninguém compreendeu isso melhor que Jackson Lago, que saiu mais forte de cada gestão e deu as cartas na cidade de 1989 a 2002.
PONTO & CONTRAPONTO
Maioria da bancada maranhense confirmou prisão do mandante da execução de Marielle
A bancadas do Maranhão, em sua maioria, deu ontem uma manifestação de respeito pelas regras ao dizer não ao corporativismo desavergonhado e confirmar a prisão do deputado fluminense Chiquinho Brazão (sem partido), por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de ser o mandante do assassinado da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista dela, Anderson Gomes.
Votaram “sim”, pela manutenção da prisão, os deputados Amanda Gentil (Republicanos), Cléber Verde (MDB), Dr. Benjamim (União Brasil), Duarte Jr. (PSB), Fábio Macedo (Podemos), Josivaldo JP (PSD), Júnior Lourenço (PL), Pedro Lucas (União Brasil), Roseana Sarney (MDB), Rubens Jr. (PT), Márcio Honaiser (PDT), Márcio Jerry (PCdoB) e Wolmer Araújo (Solidariedade).
Votaram contra a manutenção da prisão os deputados Allan Garcês (PP), Detinha (PL) e Pastor Gil (PL).
Não se sabe se por quais motivos, os deputados Josimar de Maranhãozinho (PL) e Aluísio Mendes (Republicanos) não participaram da sessão.
Mais cedo, Rubens Pereira Jr. (PT), Duarte Jr. (PSB) e Márcio Honaiser (PDT) seguiram a medida do STF e aprovaram o relatório da CCJ favorável à permanência do deputado fluminense atrás das grades.
Marielle Franco foi brutalmente assassinada em 18 de março de 2018 no centro do Rio de Janeiro. A polícia com seguiu prender o executor, Roni Lessa, que depois de cinco anos fez uma delação premiada e revelou o nome dos mandates.
Vale anotar que isso só foi possível depois que o então ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino federalizou o caso e colocou a Polícia Federal nas investigações, enfrentando protestos da cúpula da Polícia do Rio de Janeiro. Foi exatamente a investigação da PFG que pôs o caso a limpo, identificando e prendendo os mandantes.
Ontem, depois de muitas manobras, a Câmara pautou a matéria, tendo a CCJ aprovado o relatório pela manutenção da prisão. A direita bolsonarista e seus aliados fizeram de tudo para suspender a prisão de Chiquinho Brazão, mas a maioria consciente da Câmara Federal, disse um sonoro e educativo “não” aos mumunhos, nhenhenhém e armações da bancada da direita que teima em tentar desmoralizar as instituições.
Tribunal de Justiça tem dois novos desembargadores
O Tribunal de Justiça tem dois novos desembargadores, Luiz de França Belchior, que chegou ao Tribunal Pleno por antiguidade, e Rosário Duarte, promovida por merecimento, para ocupar a vaga aberta com o afastamento da desembargadora Nelma Sarney, por decisão do Conselho Nacional de Justiça.
Um dos mais conhecidos magistrados maranhenses, Luiz de França Belchior cumpriu à risca a trajetória de um juiz de carreira para alcançar o “cardinalato” da magistratura. Em nenhum momento sua competência foi colocada em discussão.
O único tropeço na sua bem sucedida carreira foi a passagem pelo Maranhão da CPI do Crime Organizado, à que ele prestou depoimento como suspeito de favorecer criminosos. Ele foi contundente na sua defesa e nunca se provou nada contra ele.
Apesar do desgaste do episódio, Luiz de França Belchior não sofreu qualquer tipo de interrupção na sua carreira, o que lhe permitiu, sem favores, a melhorar seus conhecimentos com dois mestrados, um deles na Espanha, e assim chegar ao topo da magistratura maranhense.
Foi recebido com visível boa vontade pelos seus colegas de magistratura.
São Luís, 11 de Abril de 2023.