Salvo algumas votações de matérias importantes e polêmicas, como a do Projeto de Lei das Fake News, poucos eventos realizados no Senado da República repercutiram tanto além das fronteiras de Brasília, especialmente nas redes sociais, como a audiência em que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enfrentou as forças bolsonarista em debate direto sobre as ações da sua pasta em situações políticas, sociais e institucionais graves ocorridas nos últimos tempos. Em torno dessa audiência no Senado criou-se forte expectativa, uma vez que o ministro da Justiça vinha de três audiências em comissões da Câmara Federal e durante as quais desmontou, de maneira implacável, e com argumentos indiscutíveis, as forças de ataque bolsonaristas, que se prepararam para colocá-lo nas cordas, mas foram nocauteadas com informações corretas, conhecimento jurídico e um discurso demolidor.
A audiência no Senado estava sendo aguardada com grande expectativa pelo fato de ter sido anunciada a presença de senadores como Sérgio Moro (UB-PR), ex-ministro da Justiça e “desafeto” do ministro Flávio Dino no campo das ideias e do conhecimento jurídico; Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), arqui-inimigo político do ministro, e Rogério Marinho (PL-AL), líder da Oposição no Senado, um adversário ladino do Governo. Eles, junto com o senador Marcos do Val (PL-ES), um político aloprado que começa a ter suas faculdades mentais postas em dúvida, formariam uma “tropa de choque” preparada para deixar o ministro da Justiça e Segurança Pública em maus lençóis. Deu tudo errado. Os candidatos a nocauteadores foram impiedosamente nocauteados, no que até a sisuda grande imprensa interpretou como um massacre.
O que aconteceu três vezes na Câmara Federal e uma no Senado estava escrito nas estrelas. Políticos de extrema-direita movidos pela agenda primária e sem futuro inspirada nas “ideias” do líder deles Jair Bolsonaro, entenderam que poderiam destruir as bases progressistas do Governo do presidente Lula da Silva (PT) derrotando no discurso o mais preparado dos seus ministros. E o que é pior, usando uma estratégia absolutamente insana: tentar jogar sobre o atual Governo a responsabilidade pelo roteiro de ações fascistas – armações golpistas, 8 de janeiro, genocídio dos Ianomami, destruição da floresta amazônica pelo garimpo desordenado e criminoso, entre outras “pautas” levadas a efeito no Governo passado. O resultado não poderia ser outro. O ministro Flávio Dino inverteu a lógica e, sozinho, fez com os falangistas da extrema-direita no Congresso Nacional e com a “memória” do Governo Jair Bolsonaro o que eles pretenderam fazer com o ministro e o Governo Lula da Silva.
Nada do que aconteceu surpreendeu quem conhece o atual ministro da Justiça e Segurança Pública. Nas três audiências na Câmara Federal, a falange reuniu alguns deputados com algum preparo e uma penca de parlamentares chamados Cabo Fulano, Sargento Cicrano, e por aí vai, pessoas que poderão até ter realizado um bom trabalho profissional, mas que se revelaram absolutamente despreparados para o exercício de um mandato na Câmara Federal. Foram tocados pelo “gênio” Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cuja mediocridade chega a ser assustadora para um sujeito que é filho e foi conselheiro do ex-presidente da República. A mobilização arrastou para as audiências figuras exponenciais da direita conservadora, como os deputados Kim Katagari (UD-SP), jovem líder que agitou São Paulo com movimentos de rua, e Deltan Dallagnol (Podemos-PR), o procurador-chefe da Lava Jato, desmascarado com a revelação das tramas que armou com o juiz Sérgio Moro para incriminar o ex-presidente Lula da Silva.
Os articuladores bolsonaristas sabiam que o ex-juiz federal, o ex-deputado federal, o ex-governador do Maranhão por dois mandatos e o senador pelo Maranhão (PSB) e atual ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino seria um adversário difícil de enfrentar, mas avaliaram mal e, por via de consequência, deram-se mal na Câmara Federal. Acreditaram que no Senado o estrago seria bem menor, mas aconteceu o contrário, a começar pelo fato de que o senador Sérgio Moro, maior estrela do bolsonarismo, entrou errado, sem preparo, e foi a nocaute, depois de se assombrar com aulas e aulas de Direito, ouvir o ministro Flávio Dino dizer coisas como: “Fui um juiz honesto, ficha limpa, que nunca fez conluio com o Ministério Público nem teve sentença anulada”.
Outras audiências com o ministro Flávio Dino estão agendadas na Câmara federal e no Senado. A cúpula bolsonarista certamente vai agora dar ouvidos a um dos seus falangistas, deputado Marcos Feliciano (PL-SP), um pastor evangélico acusado de estrupo, que fez implante capilar e cuida meticulosamente das sobrancelhas, e que fez o seguinte alerta aos seus pares: “Cuidado com Flávio Dino. Ele é preparado e guerrilheiro”.
PONTO & CONTRAPONTO
Assembleia entrará em 2024 sem usar papel na sua administração
Se não houver nenhum contratempo, a Assembleia Legislativa entrará no ano de 2024 com todo o seu sistema de informação e documentação movimentado no campo digital, encerrando, em definitivo, a era do uso do papel. É esse o compromisso assumido ontem (quarta-feira, 10) pela presidente do Poder Legislativo, deputada Iracema Vale, ao assinar o termo de implantação, na estrutura administrativa do parlamento estadual, do programa “Papel Zero”, firmado com o secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais, Pedro Chagas.
Trata-se de uma importante inovação no processo administrativo do Poder Legislativo e, mais do que isso, um avanço que o coloca em sintonia com as mais avançadas práticas de preservação ambiental. O sistema deve ter sua implantação iniciada imediatamente, que deverá ser concluída em sete meses, segundo a previsão do diretor de Tecnologia da Informação da Assembleia Legislativa, William Nunes.
Ao firmar o compromisso, a presidente Iracema Vale manifestou entusiasmo com o programa “Papel Zero”: “A preservação do meio ambiente é uma responsabilidade de todos nós e a Assembleia não ficaria de fora desse projeto. Queremos ser exemplo. Para tanto, vamos reduzir significativamente o uso do papel em nossos processos administrativos. Hoje, compartilhamos conhecimentos e, em breve, experiências inovadoras”
Edivaldo Jr. não deve ser candidato a prefeito, mas não ficará de fora da cena eleitoral
Todos os sintomas observados no cenário político ludovicense indicam que o ex-prefeito Edivaldo Jr. (sem partido), não tentará voltar ao palácio de la Ravardière nas eleições do ano que vem. De acordo com um político ligado ao ex-prefeito, Edivaldo Jr. já teria batido martelo sobre o assunto.
A decisão se baseia numa avaliação segundo a qual o ex-prefeito, mesmo sendo um nome considerado, não tem chance de entrar de entrar numa disputa com o prefeito Eduardo Braide (PSD), que deverá enfrentar um candidato apoiado pelo Palácio dos Leões, que pode ser o atual presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor (PCdoB), que já se anunciou pré-candidato, ou o deputado federal Duarte Jr. (PSB), também pré-candidato assumido.
A mesma fonte sinalizou que o ex-prefeito Edivaldo Jr. não ficará distante dessa corrida ao palácio de la Ravardière. Senão for candidato a prefeito, poderá participar de uma chapa como candidato a vice ou indicar a ex-primeira-dama, Camila Holanda, como vice numa chapa ou a candidata a uma cadeira na Câmara Municipal.
Por enquanto, Edivaldo Jr. se manterá distante do debate sucessório.
São Luís, 11 de Maio de 2023.