A candidata do MDB a presidente da República, senadora Simone Tebet (MS) passou cerca de 20 horas em São Luís em campanha – chegou na tarde de quinta-feira e partiu no final da manhã de sexta-feira. Nesse período, foi acolhida pelo braço maranhense do seu partido, fez caminhadas na Rua Grande e na Praia Grande e se reuniu com mulheres evangélicas. Ciceroneada pelo vice-presidente do MDB estadual, deputado Roberto Costa, a candidata emedebista cumpriu uma agenda inteligente e adequada, que incluiu também um jantar com a presidente do MDB no Maranhão, a ex-governadora Roseana Sarney, que apoia a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT). Indiferente a essa incongruência partidária, a candidata emedebista aproveitou ao máximo a escala de campanha no Maranhão, fazendo o que de fato lhe interessava: foi às ruas ao encontro da massa eleitoral.
Por onde passou, incluindo o restaurante do hotel no café da manhã, a senadora Simone Tebet conseguiu o que outros candidatos, a começar pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), provavelmente não conseguiriam: manifestações unânimes de respeito e de carinho pela sua candidatura. Em caminhada na Rua Grande, na quinta-feira, com a participação da senadora Eliziane Gamas (Cidadania), a candidata emedebista foi aplaudida em todo o itinerário, posou para fotos, respondeu a perguntas feitas à queima-roupa, exibindo sempre um sorriso fácil. O mesmo aconteceu, ontem, na Praia Grande, onde caminhou seguida por militantes do partido e por simpatizantes da sua candidatura. Embarcou no final da manhã para Brasília exibindo satisfação com as horas que viveu no Maranhão. “Foi impressionante o carinho e a atenção das pessoas para com ela”, disse o deputado Roberto Costa, que em seu nome e no da presidente do partido, acompanhou a visitante, dando-lhe total apoio político e logístico.
A avaliação geral é a de que, se não está conseguindo suporte eleitoral para viabilizar sua candidatura na corrida às urnas, a candidata do MDB está se tornando uma referência política importante no País. Sua condição de mulher, seu preparo técnico, sua fidelidade ao partido e sua atuação parlamentar, com destaque para a sua participação na CPI da Covid, tornaram Simone Tebet conhecida e respeitada em todo o País, conhecimento que foi ampliado com a participação dela no debate da TV Band, no final de agosto. O fato de não receber declarações de voto numa escala de corrida presidencial se deve principalmente à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição, e o ex-presidente Lula da Silva, que vem sendo construída desde antes das duas candidaturas serem definidas. “Ela está muito consciente disso”, observou o deputado Roberto Costa.
Simone Tebet desembarcou no Maranhão perfeitamente ciente do apoio dos líderes do MDB à candidatura do líder petista, por se tratar de uma relação que vem de 2002, quando Roseana Sarney foi tirada da corrida ao Palácio do Planalto por uma suposta armação feita pelo comando do PSDB, para viabilizar a candidatura do tucano José Serra, que acabou derrotado por Lula com o apoio de Roseana Sarney. Quando buscava apoio no MDB para ser candidata, ela conversou com Roseana Sarney e com o ex-presidente José Sarney e deles ouviu que nada tinham contra seu projeto, mas que infelizmente, por razões muito fortes, apoiariam a candidatura do ex-presidente Lula da Silva. Ao ser informada da vinda da candidata emedebista a São Luís, Roseana Sarney escalou o vice-presidente do MDB, deputado estadual Roberto Costa, para recebe-la e ciceroneá-la em seu nome e no dele próprio, o que aconteceu. As duas só se encontraram e conversaram no jantar de quinta-feira. O deputado Roberto Costa a recebeu, acompanhou-a nos três eventos, cumprindo uma tarefa partidária e pessoal, alterando sua agenda de candidato à reeleição.
– Para mim foi uma honra receber e acompanhar a senadora Simone Tebet, que está orgulhando o nosso partido – disse o deputado, após embarca-la no Aeroporto do Tirirical, no final da manhã.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão exibe segurança e desenvoltura na entrevista à TV Mirante
“Sei fazer, ajudei fazer e vou fazer muito mais”. A frase, que poderia naturalmente ser aproveitada um slogan secundário de campanha, foi pronunciada pelo governador Carlos Brandão (PSB), na fala de encerramento da entrevista que concedeu ontem ao telejornal de meio-dia da TV Mirante. E completou com um enfático “Pode contar!”. E concluiu as tais “considerações finais” pedindo “o seu voto”, lembrando que o momento “é decisivo para o futuro do Maranhão e do Brasil, recomendando ao eleitor que “Ouça todos os candidatos, faça uma avaliação e veja quem está mais preparado, é ficha limpa e tem todas as condições de fazer uma boa gestão”. Ele lamentou o tempo exíguo da entrevista, afirmando que tinha muito mais a dizer. Afinal, foi estocado com temas azedos, como ferryboat e desemprego, por exemplo, respondendo com segurança e de maneira afirmativa, não tendo sido apanhado no contrapé. E seguiu para o Palácio dos Leões como quem havia acabado de cumprir bem mais uma tarefa de campanha.
Na entrevista de ontem, o governador Carlos Brandão mostrou uma desenvoltura mais apurada, conseguindo quebrar a pressão do tom colocado em algumas perguntas pelo entrevistador. Manteve inalterado o seu estado de ânimo e respondeu serena e francamente, com respostas convincentes. Sua postura reforçou o argumento segundo o qual nenhum dos candidatos está, como ele, preparado para comandar o Estado nesses tempos economicamente complicados e politicamente sombrios.
No campo administrativo, tem usado o argumento de quem conhece em profundidade a máquina estatal, baseado na experiência de quem foi quatro vezes secretário de Estado, incluindo a chefia da Casa Civil, que é o centro nervoso da relação do governador com o secretariado, com os demais poderes e com a sociedade civil organizada. A isso se somam sete anos e três meses como um vice-governador atuante, leal e que nada teve de decorativo, muito ao contrário. No campo político, Carlos Brandão fala como o candidato que encabeça a mais ampla e poderosa coligação nessa corrida eleitoral, encarnando com equilíbrio a condição de sucessor do ex-governador Flávio Dino, líder de um dos mais importantes movimentos políticos do Maranhão contemporâneo.
Sem qualquer demérito aos demais concorrentes, sua liderança na corrida, mostrada pelas pesquisas, faz todo sentido.
Apoio de Braide ao irmão é eticamente lícito e politicamente correto
Algumas vozes criticaram a carta do prefeito Eduardo Braide (sem partido) declarando apoio à candidatura do irmão, o advogado Fernando Braide (PSC), à Assembleia Legislativa. Uma dessas vozes até cometeu erro primário ao identificar o gesto político do mandatário de São Luís como “nepotismo”. Bobagem. Nada impede, seja no campo político, seja no campo ético, o prefeito Eduardo Braide de apoiar, publica e abertamente, a candidatura do irmão. Eles saíram de uma família de políticos, tendo o pai deles, Antônio Carlos Braide, ingressado na vida pública como secretário de Trabalho no Governo Luiz Rocha, na primeira metade dos anos 80 do século passado, tendo em seguida sido deputado estadual constituinte, presidente da Assembleia Legislativa e até governador do Estado por alguns dias. Foi essa trajetória que levou Eduardo Braide a deixar de lado a advocacia para ingressar na vida pública como presidente da Caema no Governo José Reinaldo, e secretário do orçamento participativo na gestão de João Castelo na Prefeitura de São Luís, para em seguida exercer dois mandatos consecutivos de deputado estadual, disputar – sem sucesso, mas bem votado – a Prefeitura de São Luís em 2016 e eleger-se deputado federal com mais de 180 mil votos, 140 mil dos quais somente em São Luís, para finalmente se tornar prefeito da Capital em 2020 numa eleição em que seu favoritismo não chegou a ser de fato ameaçado. Agora, sem partido, o prefeito Eduardo Braide se movimenta pela eleição do irmão Fernando Braide para deputado estadual. E o faz abertamente, de maneira transparente, sem o registro de qualquer gesto que possa ser alvo de suspeita. Também advogado, Fernando Braide está longe de ser apontado como um candidato privilegiado. O parentesco com o prefeito de São Luís é, sem dúvida, um cacife e tanto, e seria tolice não o usar politicamente, e não há nada de errado nisso. E se eleito for, Fernando Braide se credenciará para atuar como interlocutor qualificado da Prefeitura de São Luís na Assembleia Legislativa e até mesmo junto ao Palácio dos Leões.
São Luís, 17 de Setembro de 2022.