O senador Weverton Rocha (PDT), pré-candidato ao Governo do Estado, vai se licenciar do mandato por quatro meses, exatamente no período em que se dará a companha eleitoral e a realização das eleições. Ele anunciou sua saída no dia 6 de julho, para retornar no dia 6 de novembro, depois de um eventual segundo turno da eleição para governador. Na condição de senador licenciado, o pedetista vai intensificar os acordos visando fortalecer sua pré-candidatura e avançar na sua pré-campanha em todo o estado. Sua cadeira será ocupada pelo primeiro suplente, o médico Roberth Bringel, ex-prefeito de Santa Inês (2005/2013), que será senador pelo União Brasil. Licenciado, Weverton Rocha vai escolher seu candidato a vice e, tudo indica, confirmar o apoio do PDT ao projeto de reeleição do senador Roberto Rocha (PDT). Além disso, presidente que é do PDT, Weverton Rocha deverá se dedicar à organização da convenção na qual o partido oficializará a chapa majoritária por ele encabeçada, e as chapas proporcionais (deputado federal e estadual). Depois da convenção, se confirmada sua candidatura a governador, o senador licenciado comandará a campanha, que se iniciará no dia 16 de agosto e terminará no dia 30 de setembro, para ir às urnas no dia 2 de outubro e, dependendo do resultado, voltar às urnas três semanas depois.
As 16 semanas da sua licença serão marcadas por uma situação curiosa e politicamente pouco comum: o suplente Roberth Bringel será um senador do União Brasil, um partido do Centrão cuja bancada nesse período engordará, passando de oito para nove senadores, aumentando assim o poder de fogo da legenda. Por outro lado, a bancada do PDT, que já é pequena, com apenas quatro senadores, com a saída temporária de Weverton Rocha encolherá 25%, ficando com apenas três senadores, o que reduzirá muito a sua já limitada influência na Casa. Se for um político que honra partido, o senador temporário Roberth Bringel estará eticamente obrigado a declarar apoio ao pré-candidato do seu partido a presidente da República, o deputado federal Luciano Bivar (UB). Nesse caso, Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, ficará com um pedetista a menos no plenário do Senado.
Ao transferir o mandato senatorial para Roberth Bringel durante a campanha eleitoral, reduzindo a força do seu partido na Câmara Alta para aumentar a já gigantesca musculatura de um partido de direita, que não apoia a pré-candidatura presidencial do pedetista Ciro Gomes nem a do próprio ex-presidente Lula da Silva (PT), que diz apoiar, o senador Weverton Rocha reforça a impressão de muitos de que essa aliança PDT/União Brasil vai muito além do que é visível no Maranhão. No estado ela parece ser apenas uma relação com viés familiar com o deputado federal Juscelino Filho, que é sobrinho de Roberth Bringel, mas que comanda apenas uma banda do novo partido – a outra é comandada pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes, filho de Pedro Fernandes, prefeito de Arame e, por coincidência, primeiro suplente da senadora Eliziane Gama (Cidadania).
Essa aliança começou em 2018, com a escolha de Roberth Bringel para suplente de senador. Na época, a esposa dele, a também médica e ex-deputada estadual Vianey Bringel, então do MDB, era prefeita de Santa Inês. A relação ganhou força surpreendente nas eleições municipais de 2020, principalmente na disputa para a Prefeitura de São Luís, onde Weverton Rocha, já evidenciando o seu projeto de poder, afastou-se do governador Flávio Dino (PCdoB), descartou o então prefeito Edivaldo Holanda Jr., que era do PDT, e lançou um desafeto dele, o deputado estadual Neto Evangelista, filiado ao DEM, candidato a prefeito da Capital. O resultado foi a maior desastre da história eleitoral do PDT em São Luís. O partido que foi esmagado nas urnas, perdeu o controle da maior Prefeitura do Maranhão, encolheu na Câmara Municipal e acabou obrigado a apoiar de graça a eleição do deputado federal Eduardo Braide (Podemos), que será um dos seus mais fortes adversários em eleições futuras.
Assim, a licença do senador Weverton Rocha, que o futuro senador temporário Roberth Bringel classificou como um gesto de grandeza de “um aliado fiel que honra seus pares”, tem um fundo político bem mais abrangente e complexo, que ultrapassa as fronteiras do Maranhão e alcança os bastidores de Brasília. No que diz respeito exclusivamente à campanha, proporcionará ao pré-candidato do PDT o tempo que ele precisa para se manter firme na guerra pelo voto.
Em tempo: o médico Roberth Bringel nasceu político no antigo PMDB. Ele se elegeu prefeito de Santa Inês em 2004 e se reelegeu em 2008 com o apoio do Grupo Sarney.
PONTO & CONTRAPONTO
Com Ângela Salazar no comando, Justiça Eleitoral está em boas mãos
A desembargadora Angela Salazar assumiu ontem a presidência do Tribuna Regional Eleitoral (TRE-MA), e nessa condição comandará as eleições deste ano no Maranhão. Segunda mulher negra a presidir a Corte Eleitoral maranhense – a primeira foi a desembargadora Anildes Cruz -, a desembargadora Ângela Salazar chega ao posto embalada pela sua trajetória na magistratura e por uma série de símbolos que representa. Sua caminhada nas entrâncias judiciárias é exemplar: bacharela em Direito pela UFMA, foi delegada de Polícia, promotora de Justiça e, finalmente, juíza de Direito, função que cumpriu com correção e eficiência nas diversas comarcas por onde passou. Chegou ao colégio de desembargadores por merecimento e tem feito pleno jus à ascensão. Ao falar já como presidente da Justiça Eleitoral, ele mandou um recado claro aos que tentam desacreditar o sistema eleitoral com informação falsa: “Temos vivenciado um período desafiador, com disseminações do falseamento da verdade e das fakes news com impacto na vida econômica, social e política dos cidadãos, cidadãs e das instituições. A Justiça Eleitoral sendo atacada de forma constante sobre a confiabilidade da urna eletrônica, e o Estado Democrático de Direito sob perigo. Descabe, portanto, apoiar esses desvios de condutas”. No plano simbólico, sua importância ganha amplitude pelo fato de ser mulher, negra e de origem humilde, condições que no Brasil conservador que ainda teima em existir, tornam improvável protagonizar uma carreira bem-sucedida, principalmente numa instituição formal e conservadora como o Poder Judiciário. A nova presidente do TRE-MA é a prova – e faz questão de sê-lo – de que a educação, o esforço e a consciência cidadã são as armas mais eficientes na luta contra o atraso e o preconceito.
A presidente Ângela Salazar terá como vice, que acumula a função de corregedor-eleitoral, o desembargador José Luís Oliveira, um magistrado sério, estudioso e crítico duro das deficiências da Justiça e conhecido pela correção ética.
A Justiça Eleitoral do Maranhão está, portanto, em boas mãos, tanto na seara técnica quanto no ponto de vista ético.
Carlos Lula avança como nome forte para a Assembleia Legislativa
Surfando no prestígio – justo, vale anotar – que conseguiu como um dos mais destacados auxiliares dos Governos Flávio Dino, principalmente pelo eficiente desempenho na luta contra o novo coronavírus, o advogado Carlos Lula, ex-secretário de Estado da Saúde e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Saúde (Conas), avança como um dos mais fortes marinheiros de primeira viagem na corrida para a Assembleia Legislativo. Filiado ao PSB, ele vem quebrando progressivamente a imagem fechada de advogado militante que continua sendo, para se transformar num pré-candidato expansivo e perdendo o medo de chegar onde pretende. Além da monumental rede de Saúde que implantou no Maranhão, ele entra na luta pelo voto como o secretário de Saúde cujo estado foi, proporcionalmente, o que menos perdeu vidas para a covid-19. Não é pouca coisa não, nem aqui nem na China.
São Luís, 20 de Maio de 2022.