
vive incertezas e Eduardo Braide ainda é uma possibilidade
Faltando 11 meses para as eleições gerais, o cenário para a disputa para o Palácio dos Leões ganha novos contornos e começa a ganhar forma, em que pese o clima pesado das indefinições quanto a candidaturas. Com a eleição do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão para a presidência regional do MDB, sucedendo ao pai, Marcus Brandão, ficou mais evidente que a sua pré-candidatura ao Governo caminha, de fato, para irreversibilidade. A mesma situação diz respeito ao ex-prefeito Lahesio Bonfim, confirmado pré-candidato do Novo ao Palácio dos Leões, uma definição que, tudo indica, não corre nenhum risco de reversão. Por outro lado, há um ambiente de incertezas em torno do vice-governador Felipe Camarão, por conta principalmente do comportamento dúbio do PT, e forte expectativa em relação ao prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que ainda não disse se será ou não candidato a governador.
A eleição de Orleans Brandão para a presidência regional do MDB vai muito além de uma simples troca de comando partidário. Primeiro porque demonstra, agora com muita clareza, que ela é parte de um plano de várias etapas, muito bem concebido, de levar o MDB de novo ao poder no Maranhão. E depois, dar ao secretário Orleans Brandão uma máquina partidária forte, que possa sustentar o seu projeto de candidatura, que foi concebido muito antes de ele se apresentar como aspirante a uma cadeira na Câmara Federal. Muito bem arquitetado e guardado a sete chaves, o “Projeto Orleans” para agora para a próxima e decisiva etapa: a convenção que em agosto do ano que vem oficializará sua candidatura. Daqui até lá o seu novo o presidente e o próprio MDB terão de se desdobrar para manter a chama acesa.
Num outro plano de atuação, Lahesio Bonfim fará uma campanha sem ter controle absoluto sobre o partido Novo. Naquela agremiação, as decisões são tomadas pela cúpula, que se movimenta por regras rígidas, cabendo ao candidato a tarefa de sair a campo atrás de votos. Até o momento, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes tem-se encaixado no modelo rígido de ação do Novo – que representa a direita liberal -, apesar do seu modo pouco convencional de fazer política, a começar pelo discurso, que é extremamente duro e agressivo. O fato é que o Novo precisa montar um palanque no Maranhão para o seu eventual candidato presidencial, Romeu Zema, governador de Minas Gerais. Há, portanto, interesses de parte a parte, o que leva à conclusão de que os interesses comuns do partido e do candidato falarão muito mais forte do que as diferenças.
O vice-governador Felipe Camarão, filiado ao PT vive a situação mais complexa. Ele afirma que é pré-candidato do PT e faz uma pré-campanha quase solitária, à medida que o partido não emitiu até agora nenhum sinal forte de que ele seja, de fato, o seu candidato a governador. Ontem, por exemplo, numa espécie em nota contestando o PCdoB, o ex-deputado Zé Inácio, uma das vozes mais fortes do petismo no Maranhão, voltou a defender a aliança na qual o comando seja do governador Carlos Brandão, sugerindo que o vice-governador Felipe Camarão e Carlos Brandão sejam candidatos ao Senado com as bênçãos do Palácio do Planalto. Em resumo: Felipe Camarão é do PT, mas não tem o PT apoiando sua pré-candidatura. Tal situação vem alimentando rumores de que Felipe Camarão pode deixar o PT ser candidato a governador pelo PSB.
Finalmente o prefeito Eduardo Braide, que liderou as preferências do eleitorado em 32 pesquisas sem dizer se está na disputa, foi mandado para o segundo lugar nas duas pesquisas mais recentes, nas quais Orleans Brandão aparece como favorito. Eduardo Braide sabe que sem ele na briga, a tendência é uma disputa entre Orleans Brandão e Lahesio Bonfim, e que só a entrada dele na corrida pode alterar radicalmente esse curso. Há quem veja recado recados em algumas atitudes do prefeito de São Luís. Sexta-feira, por exemplo, enquanto Orleans brandão era eleito presidente do MDB numa mega convenção no Ceprama, Eduardo Braide reunia muita gente na inauguração do Complexo de Santo Ângelo, uma magnífica área urbana restaurada na região da Praia Grande.
Abril de 2026 continua sem momento-chave para a disputa para os Leões e para o Senado. E até as atenções estarão voltadas para Felipe Camarão e Eduardo Braide. Os seus movimentos poderão dar a forma definitiva à guerra eleitoral pelo poder no Maranhão no ano que vem.
PONTO & CONTRAPONTO
Sucessão estadual: PT está dividido em três correntes
É cada vez mais evidente a divisão do PT em relação à disputa pelo Governo do Estado. As várias correntes do partido estão divididas em três frentes, que vêm pregando fórmulas diferentes para a corrida aos Leões.
Uma delas, que tem como referência maior o velho guerreiro petista Raimundo Monteiro, um dos fundadores do PT maranhense, está alinhada com o vice-governador Felipe Camarão. Seus integrantes pregam a continuidade da fórmula segundo a qual o vice é o candidato natural a governador, lembrando o que foi feito por Flávio Dino, que apoiou o vice Carlos Brandão e foi para o Senado.
A segunda corrente, que tem o ex-vice-governador, ex-conselheiro do TCE e atual secretário da Representação do Maranhão em Brasília Washington Oliveira, também fundador do partido, vem trabalhando pela mobilização do PT para uma aliança com o MDB em torno da candidatura de Orleans Brandão. Para ele, Felipe Camarão poderia se candidatar a deputado federal, enquanto Carlos Brandão pode permanecer no Governo até o final do mandato.
A terceira corrente encampou a estratégia da direção nacional do partido de focar na eleição de deputados federais e senadores, deixando de lado governadores e deputados estaduais. Um dos líderes desse movimento, o suplente de deputado estadual Zé Inácio vem pregando que Felipe Camarão e Carlos Brandão se candidatem ao senado, cabendo ao governador indicar o candidato a governador num grande acordo, que no caso não seria Orleans Brandão, podendo ser a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), por exemplo.
O problema maior é que essas correntes não estão conversando e a cada dia reforçam os seus discursos.
Bira mantém aliança com Brandão e pode deixar o PSB
Uma certa movimentação começa a mexer com as diversas bandas do PSB nascidas com o rompimento que levou à desfiliação do governador Carlos Brandão. São basicamente 11 deputados divididos em dois grupos: o que segue o governador Carlos Brandão, liderado pela presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, e o chamado grupo dinista, capitaneado pelo deputado Carlos Lula, atual vice-presidente da legenda, que é presidida agora pela senadora Ana Paula Lobato.
O grupo brandonista está com as malas prontas para deixar o partido na janela partidária de março do ano que vem. Já é quase certo que Iracema Vale migrará para o PDT e que a maior parte dos seus aliados deve desembarcar no MDB.
Nesse contexto, o destino partidário do secretário de Estado de Agricultura Familiar Bira do Pindaré chama a atenção. Nascido no PT, ele deixou o partido, junto com o então deputado federal Domingos Dutra quando a sigla se aliou ao Grupo Sarney, migrando para o PSB, do qual foi presidente estadual e ajudou a reerguer no Maranhão. Passou o comando para o então governador Flávio Dino.
Alguns tropeços complicaram sua base eleitoral e ele não se reelegeu deputado federal em 2022, permanecendo no Governo como secretário de Agricultura Familiar. Certo de que seria eleitoralmente prejudicado com o rompimento Dino/Brandão, Bira do Pindaré optou pelo pragmatismo e garantiu sua sobrevivência política aliando-se ao governador Carlos Brandão.
O rumo que tomou foi criticado por alguns e visto com reservas por dinistas de proa. Mas ele não parece nem um pouco preocupado, uma vez que entre os secretários de Estado inclinados a disputar votos em 2026 ela aparece como um dos que estão melhor situados na corrida para a Câmara Federal.
É quase certo que trocará o PSB por outras legenda de centro-esquerda, que é sua praia.
São Luís, 30 de Novembro de 2025.



























