
Camarão estão aspirantes, enquanto Eduardo
Braide é ainda uma grade incógnita
Faltam um ano, um mês e quatro dias para as eleições de 2026. A crônica política do Maranhão registra que é mais ou menos nesse período que as candidaturas para governador, senador – serão eleitos dois -, 18 deputados federais e 42 deputados estaduais estão praticamente alinhavadas, restando poucas indefinições. Na corrida ao Palácio dos Leões o quadro está praticamente fechado, com três candidatos e umas baita incógnita. Para o Senado, há uma guerra em curso com as duas vagas sendo disputadas por três candidatos assumidos, um em clima de definição e uma incógnita sem maior peso. As 18 cadeiras maranhenses na Câmara Federal serão disputadas pela maioria dos depurados que buscarão a reeleição e alguns nomes fortes surgindo no cenário. E para a Assembleia Legislativa, afora alguns pesos pesados com reeleição praticamente garantida, a guerra será a de sempre. Em resumo: a pré-campanha já começou e o meio político não fala noutra coisa.
Nestas 58 semanas e meia que antecedem a corrida às urnas, o grande jogo político se dá na seara da disputa pelo Palácio dos Leões, com a montagem de um cenário inimaginável um ano atrás. Em meio a um cenário em que, rompido com o grupo ligado ao ex-governador e atual ministro do STF, Flávio Dino, o governador Carlos Brandão (ainda no PSB) decidiu abrir mão de uma eleição quase certa para senador e permanecer no cargo para turbinar o projeto de eleger como sucessor o seu sobrinho e braço direito no Governo, Orleans Brandão (MDB), secretário de Assuntos Municipalistas. Articulador maior da relação do governo com a classe política, a começar pelos prefeitos, Orleans Brandão saiu de um projeto tímido de disputar uma cadeira na Câmara Federal para se tornar o segundo mais forte candidato a governador, segundo as pesquisas mais recentes. No momento, se dedica a percorrer o estado inaugurando, entregando e anunciando obras.
Com a decisão de permanecer no cargo e brigar para manter o seu grupo no poder, o governador Carlos Brandão tirou a faca e o queijo das mãos do vice-governador Felipe Camarão (PT), que planejara assumir o Governo em abril do ano que vem e concorrer à reeleição no cargo. A reviravolta o obrigou a se lançar candidato, contando com seu prestígio pessoal, os esforços do chamado Grupo Dinista e do apoio do PT – que até aqui está rachado no maranhão, apesar do aval da cúpula nacional do petismo e do próprio presidente Lula da Silva ao seu projeto de candidatura. Antes aparecendo entre os primeiros na preferência do eleitorado, Felipe Camarão está em quarto lugar, e aparentemente com muitas dificuldades para reagir, embora muitos lembrem que ainda é cedo para uma definição plena do quadro. Decidido a disputar o Governo em qualquer situação, Felipe Camarão faz pré-campanha repetindo a bem sucedida estratégia de Flávio Dino em 2014, realizando os “Diálogos pelo Maranhão”.
No meio desse furacão que abala fortemente a política do Maranhão, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), vem surpreendendo, segundo as pesquisas, nas quais tem aparecido na terceira colocação, ora ameaçando o segundo colocado, agora Orleans Brandão, ora sendo ameaçado pelo quarto, Felipe Camarão. O fato é que, até aqui, o candidato do Novo vai ocupando o espaço de “fator decisivo” na corrida ao Palácio dos Leões, sem poder de fogo para chegar ao segundo turno, mas com munição eleitoral suficiente para influir no resultado final da eleição. Sua estratégia é correr o estado e bater duramente nos adversários.
Finalmente o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que apareceu com o líder folgado – com 30% e 40% das intenções de votos em todas as 26 pesquisas realizadas sobre a sucessão estadual do início do ano passado para cá. No topo do prestígio como gestor, e na esteira de uma reeleição avassaladora em turno único, Eduardo Braide até agora não disse uma só palavra sobre ser ou não ser candidato a governador. O seu silêncio vem travando movimentos importantes da corrida sucessória, que só será efetivamente definida quando ele abrir o jogo. Será candidato? Não será candidato? Se for candidato, com quem vai compor? Se não for candidato, para quem porete4nde transferir o deu cacife eleitoral? São questões cujas respostas terão peso decisivo na eleição do próximo governador do Maranhão.
Nesse cenário em definição, um ponto importante parece irremediavelmente definido: como sentenciou há alguns meses o ex-governador José Reinaldo Tavares, rompimento de Carlos Brandão com Flávio Dino não tem volta.
PONTO & CONTRAPONTO
Para o Senado, a disputa até aqui está concentrada em Weverton Rocha, Eliziane Gama e André Fufuca
Com o cenário aberto no momento em que o governador Carlos Brandão decidiu cumprir seu mandato até o final, abrindo mão de ser candidato sem concorrente para uma das duas cadeiras em disputa, a corrida ao Senado começou a se definir, como mostraram as pesquisas mais recentes.
Todos os sinais estatísticos sobre preferência do eleitorado indicam com clareza que o senador Weverton Rocha (PDT) nada de braçadas como favorito à vaga que ele próprio já ocupa. Com fôlego e instinto de sobrevivência surpreendentes, o senador soube costurar o seu projeto de reeleição com pontos nas mais diversas correntes, conseguindo montar uma malha que vai do brandonismo ao dinismo. Seu favoritismo para a reeleição parece sólido.
Para a segunda vaga, está em curso uma disputa que tende a endurecer entre o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), que é deputado federal bem sucedido e decidiu chegar aso topo da carreira parlamentar, e a senadora Eliziane Gama (PSD), que vem se movimentando com intensidade pela reeleição. Uma disputa dura, na qual o ministro André Fufuca conta com uma ampla base formada por prefeitos de municípios importantes, como Imperatriz e Caxias, por exemplo, e a senadora Eliziane Gama se vale do apoio de segmentos da sociedade civil aos quais tem prestado bons serviços como parlamentar de elevado nível. Eliziane Gama poderá fortalecer seu projeto de reeleição se o prefeito Eduardo Braide, que é do seu partido, vier a ser candidato a governador.
Nesse jogo, numa situação pouco favorável, está o ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza), que mantém uma aguerrida pré-campanha, reunindo apoios isolados aqui e ali, mas mantendo seu propósito de pé.
No contexto na corrida senatorial, três nomes têm aparecido como incógnitas importantes. Um é o ex-senador Roberto Rocha (sem partido), que já esteve candidato a governador e agora insinua pretender voltar ao Senado, aparecendo bem nas pesquisas mais recentes, ainda que distantes dos líderes. Outro é a deputada federal Roseana Sarney, que se mostra nome viável quando incluída em pesquisas. Envolvida com problemas de saúde – anunciou recentemente o início de tratamento contra um câncer -, Roseana Sarney dificilmente entrará nessa corrida. Mas ninguém duvida de que, se vier a entrar, tem cacife para crescer. E o terceiro é o deputado federal e atual líder da bancada do União Brasil na Câmara Federal, deputado Pedro Lucas Fernandes. Ele foi lançado candidato ao Senado há quase dois meses, mas ainda não disse se está mesmo nessa corrida ou prefere buscar uma reeleição quase garantida. Oito entre dez observadores acham que ele buscará a renovação do mandato.
No momento, portanto, a disputa pelas duas vagas está entre Weverton Rocha, André Fufuca e Eliziane Gama.
Disputas por cadeiras na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa têm favoritos, mas serão acirradas

entre os fortes para a reeleição, e Fernando Braide para chegar
lá: e Assembleia Legislativa: Iracema Vale é líder disparada
e Neto Evangelista é forte para a reeleição,
com Sebastião Madeira e Paulo Victor mirando vagas
A corrida pelas 18 cadeiras de deputado federal parece inclinada a reproduzir a mesma receita e o mesmo resultado de sempre. A previsão dominante é a de que pelo menos 50% dos atuais deputados sejam reeleitos, entre eles nomes como Josimar de Maranhãozinho (PL), se não tropeçar na Justiça, Pedro Lucas Fernandes (União), se não for candidato ao Senado, Duarte Jr. (PSB, que vem aumentando poder de fogo, Juscelino Filho (União), com o cacife de ser ex-ministro, Rubens Júnior (PT), hoje nome de peso na sigla petista, Márcio Jerry (PCdoB), embalado pelas forças dinistas, Amanda Gentil (PP), que tem a força do grupo Gentil no Leste maranhense, Josivaldo JP (PSD), que aparece disparado em todas as pesquisas na Região Tocantina, Hildo Rocha (MDB) e Roseana Sarney (MDB), que contam com a base sarneysista, e por aí vai. O curioso é que, afora o deputado estadual Fernando Braide (PSD), não há nomes de peso tentando chegar à Câmara Federal.
Já no que diz respeito à Assembleia Legislativa, são fortes os sinais de que a presidente Iracema Vale (ainda no PSB) de novo ser campeã de votos, puxando os aliados brandonistas Neto Evangelista (União) Antônio Pereira (PSB), Davi Brandão (PSB), Florêncio Neto (PSB), Mical Damasceno (PSD) e Yglésio Moises (PRTB), Já os dinistas Othelino Neto (Solidariedade), Carlos Lula (PSB), Francisco Nagib (PSB) e Rodrigo Lago (PCdoB), entre outros reúnem cacife para renovar seus mandatos. E nomes fortes, que trafegam no tênue fio da neutralidade, apoiando o Governo, mas sem atacar o dinismo, como Osmar Filho (PDT), o experiente ex-presidente Arnaldo Melo, (PP), Ariston Ribeiro (PSB) e Fabiana Vilar (PL), entre outros nomes fortes.
No plano dos que querem chegar ao Palácio Manoel Beckman, alguns nomes despontam com cacifes fortes, como o ex-prefeito de Imperatriz e atual chefe da casa Civil Sebastião Madeira, que comanda o PSDB no Maranhão, o atual presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSB), que pode sair de São Luís com uma base forte, o ex-deputado federal e atual diretor do regional do DNIT, João Marcelo (MDB), lançado pelo ex-governador João Alberto (MDB), entre outros aspirantes.
São Luís, 31 de Agosto de 2025.