A disputa para a Prefeitura de São Luís encontra-se numa fase em que, a rigor, só existem dois pré-candidatos em condições de entrar: o prefeito Eduardo Braide, que tem situação partidária consolidada no PSD, e o deputado federal Duarte Jr., também desfrutando de absoluta regularidade no campo partidário. Eles estão posicionados e podem trabalhar à vontade, dentro das regras eleitorais, para chegar a outubro do ano que vem sem nenhum tropeço nesse campo. Coincidentemente, os dois são líderes da corrida até aqui, estando o prefeito na cabeça e o deputado federal alguns passos atrás.
Os demais postulantes estão em situação completamente irregular, precisando com urgência encontrar pousos partidários seguros, que os permitam entrar na corrida dentro da legalidade e com algum respaldo político proporcionado pelas legendas que vierem a acolhê-los.
Terceiro colocado em pesquisas confiáveis, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. é detentor de um bom lastro político e eleitoral, mas, por mais incrível que possa parecer, vive a estranha condição de sem-partido e, pior ainda, com dificuldade de encontrar uma legenda que atenda às suas conveniências de candidato. O seu namoro com o PV, que já não era um caminho promissor, virou uma quimera depois que o PT e o PCdoB, com os quais forma a Federação Brasil Esperança no Maranhão, abraçaram a pré-candidatura do deputado federal Duarte Jr.. A menos que ingresse no PV para ser candidato a vereador, sua eventual filiação não fará qualquer sentido. Isso porque até a vaga de vice o PT já reivindicou. Ou seja, para ser candidato, Edivaldo Holanda Jr. terá de buscar outro caminho partidário.
Se vier mesmo a ser candidato a disputar a prefeitura da Capital, encarando o prefeito Eduardo Braide e o deputado federal Duarte Jr., o deputado estadual Neto Evangelista terá, primeiro, de resolver a pendência que o seu partido tem na Justiça Eleitoral por conta de suposta mutreta com a cota de gênero. O problema é tão grave que o deputado Neto Evangelista, que foi um dos mais bem votados em 2022, com uma reeleição robusta, corre o risco de ficar sem mandato. Sua situação na Justiça Eleitoral foi agravada recentemente com a rejeição de recurso protelatório protocolado pelo seu partido, o União Brasil, numa indicação de que ele venha a pagar o pato pelo que não fez.
O deputado estadual Yglésio Moyses também vive uma situação partidária complicada. Ele pertence ao PSB, tenta sair do partido, alegando ser vítima de perseguição na agremiação. Só que o PSB não abre mão da vaga, mantendo firme a decisão de que ele pode sair, mas tem de deixar o mandato, que pela lei pertence ao partido. Yglésio Moyses bateu às portas da Justiça em busca de respaldo para mudar de partido sem perder o mandato. Em princípio, seus argumentos convenceram o TRE, que lhe deu ganho de causa. Só que o PSB recorreu e está determinado a chegar ao TSE para garantir que o mandato lhe pertence. Ou seja, se permanecer no PSB, o deputado não tem a menor chance de se tornar candidato, pois o partido não lhe dará a vaga.
A mesma situação envolve o deputado estadual Wellington do Curso, cuja pré-candidatura está condicionada à solução de um problema partidário na Justiça Eleitoral. A encrenca é a mesma: o PSC está sendo acusado de haver fraudado a cota de gênero. O processo está correndo e o parlamentar está sob forte ameaça de perder o mandato, situação que alcançará também o deputado Fernando Braide, que se elegeu pelo PSC. Se o martelo da Justiça Eleitoral for batido contra eles, Wellington do Curso perderá o partido e o mandato, o que inviabilizaria o seu projeto de candidatura ao Palácio de la Ravardière.
O cenário é totalmente favorável ao prefeito Eduardo Braide e ao deputado federal Duarte Jr., que
caminham para um embate polarizado.
PONTO & CONTRAPONTO
Paulo Victor agiu como presidente no caso envolvendo Domingos Paz
Uma situação atípica aconteceu ontem na Câmara Municipal de São Luís. Ao abrir a sessão ordinária, o presidente da instituição, vereador Paulo Victor (PSDB), se dirigiu aos seus pares e confirmou que o vereador Domingos Paz (Podemos) pretendeu, de fato, adentrar ao plenário portando um revólver para assassinar os vereadores Beto Castro (PMB) e Otávio Soeiro (Podemos) e depois disparar contra si, tirando a própria vida. Seria o desfecho trágico de uma crise de relacionamento que envolve os três vereadores, causada pela complicada situação de Domingos Paz, cujo mandato está em risco por conta de denúncia de abuso sexual contra menor durante a campanha eleitoral.
O presidente Paulo Victor comunicou aos vereadores que o vereador Domingos Paz ameaçou explicitamente os vereadores Beto Castro e Otávio Soeiro, externando a intenção de causar a tragédia, e que, diante dos fatos tomou várias providências, entre elas a edição de uma portaria proibindo o acesso de arma no Palácio Pedro Neiva de Santana, e a comunicação da situação à Polícia, por meio da Procuradoria Jurídica da Casa. E foi convocado para depor hoje sobre o assunto, tendo anunciado que cumprirá a sua obrigação de cidadão.
“Houve um fato. O vereador Domingos Paz disse ao vereador Beto Castro e Otávio Soeiro que viria ao parlamento com uma arma. Imediatamente determinei que a Procuradora procurasse a autoridade policial. Hoje irei à delegacia prestar depoimento. Por responsabilidade, tenho que dizer à sociedade que o fato foi verídico, independentemente do posicionamento político. O que o vereador fala tem fé pública”, declarou o presidente na sua fala ao plenário.
Com as providências que tomou e a comunicação que fez ao plenário, o presidente da Câmara Municipal de São Luís quebrou a “regra” segundo a qual situações como essa seriam abafadas por conveniência e jogadas para debaixo dos tapetes. Haveria normalmente um esforço conciliatório, que seria feito e anunciado para o público, mas as mágoas e as tensões permaneceriam. A ameaça de assassinato seria diluída rapidamente, de modo a que o candidato a agressor e os candidatos agredidos fariam de conta que as relações estariam de volta ao normal. O vereador Domingos Paz não contestou a declaração do presidente da Câmara Municipal.
O presidente Paulo Victor agiu como chefe de Poder.
Carlos Lula mostrou coerência partidária ao sair do páreo e declarar apoio total a Duarte Jr.
Não há dúvida de que o deputado federal Duarte Jr. foi o grande protagonista da Conferência Municipal por meio da qual o PSB o lançou pré-candidato à Prefeitura de São Luís. Mas o ato – muito concorrido e animado -, foi também marcado pela atitude partidária do deputado estadual Carlos Lula, que abriu mão do seu projeto de candidatura e anunciou apoio total ao pré-candidato chancelado pelo PSB.
O deputado Carlos Lula havia se colocado como pré-candidato do PSB numa saudável disputa com o deputado federal Duarte Jr.. Manifestou-se várias vezes sobre o assunto, se disse estar disposto a brigar pela candidatura e que a palavra final seria do PSB. Mas, ao contrário de outras situações de concorrência, não houve um só atrito com Duarte Jr., nem ataques nem xingamentos. Nas suas manifestações sobre o assunto, deixou sempre claro que respeitaria a decisão do PSB, qualquer que fosse ela.
E reafirmou seu discurso de sempre ao se manifestar na Conferência Municipal, logo depois de o PSB dar o seu respaldo ao deputado federal Duarte Jr.. E saiu da Conferência disposto a a brigar para que o pré-candidato socialista consolide o seu projeto e se dê bem nas urnas.
São Luís, 31 de Outubro de 2023.