PSD do Maranhão tem quadros fortes, mas mantém a lei do “cada um por si”

Eduardo Braide, Eliziane Gamas, Josivaldo JP,
Fernando Braide, Eric Costa e Mical
Damasceno: no mesmo partido, mas distantes

Todos os partidos políticos têm as suas diferenças internas, causadas pelas mais diversas visões e posturas dos seus quadros. Isso existe, em maior ou menor grau, no PT, no PSDB, no PL, no PSB, no MDB, no Partido Conservador da Inglaterra, no Partido Democrata dos EUA, enfim. Mas o braço do PSD no Maranhão é um caso à parte, que não encontra paralelo no estado nem no País inteiro. No plano nacional, o PSD, que tem no comando o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, faz parte da base do Governo Lula da Silva (PT), mas em São Paulo mantém uma aliança firme com o governo bolsonarista de Tarcísio de Freitas (PL), contradição que, vira e mexe, causa um problema aqui e outro ali. Mas nada se compara ao braço do PSD no Maranhão, começando pelo fato de que é presidido pelo ex-deputado federal Edilázio Jr., um ativo membro da direita bolsonarista, que desapareceu do tabuleiro político depois que não conseguiu a reeleição, que tinha como líquida e certa.

O PSD do Maranhão poderia ser considerado um partido forte, não fosse a colcha de retalhos com que é formado. Nos seus quadros estão a senadora Eliziane Gama, de centro-esquerda, o prefeito Eduardo Braide, de centro-direita, o deputado federal Josivaldo JP, ideologicamente identificado como bolsonarista assumido, o deputado estadual Fernando Braide, que tem o mesmo perfil ideológico do irmão, o deputado Eric Costa, que já militou no PCdoB e hoje tem uma postura de centro, e a deputada Mical Damasceno, que se veste de verde e amarelo e prega o que há de mais radical nas teses bolsonaristas: intervenção militar, por exemplo.

O dado que mais chama a atenção no PSD do Maranhão é a relação, praticamente inexistente, do prefeito Eduardo Braide com a senadora Eliziane Gama. Não há registro de qualquer manifestação da senadora em relação ao prefeito e ao trabalho da atual e bem avaliada gestão de São Luís. Na mesma medida, não existe documento que registre manifestação do prefeito Eduardo Braide em relação ao bem avaliado trabalho da senadora como relatora da CPMI dos Atos Golpistas. Ou seja, Eduardo Braide parece não existir para Eliziane Gama, que parece não existir para Eduardo Braide. E a grande indagação que se faz no meio político é a seguinte: a senadora Eliziane Gama vai apoiar o projeto de reeleição do prefeito Eduardo Braide, candidato do partido dela, o PSD? Provavelmente nem o presidente Gilberto Kassab tem essa resposta.

Há informação, não muito consistente, de que o deputado federal Josivaldo JP teria destinado algumas emendas à Prefeitura de São Luís. O fato concreto é que, mesmo que isso tenha ocorrido, Josivaldo JP está mais preocupado com o seu projeto de candidatura à prefeitura de Imperatriz do que com o futuro do prefeito Eduardo Braide no comando da Capital. E na Assembleia Legislativa, o único parceiro firme do atual ocupante do Palácio de la Ravardière é o deputado Fernando Braide, seu irmão. Isso porque o foco do mandato do deputado Eric Costa é Barra do Corda e adjacências, e o da deputada Mical Damasceno é a sua pregação dos valores da extrema-direita.

Qualquer avaliação, por mais ampla e detalhada que possa ser, levará à conclusão que o PSD do Maranhão é formalmente tudo, menos um partido político. E, a menos que o prefeito Eduardo Braide faça uma convocação e cobre fidelidade à sua candidatura pelo partido, o PSD do Maranhão continuará sendo uma agremiação partidária com alguns traços fortes, mas sem que um deles seja dominante. E pelo menos até aqui, tudo indica que a tendência que vai prevalecer é a regra do cada um por si, e ponto final.

PONTO & CONTRAPONTO

Academia Caxiense de Letras ganha hoje cinco confrades

A Academia Caxiense de Letras recebe hoje cinco novos membros. Eles foram eleitos pelo voto livre dos seus agora confrades, que neles reconheceram intelectuais lastreados com amplos e sólidos conhecimentos e ricas experiências de vida. A “Casa de Coelho Neto”, como é justa e carinhosamente chamada, é uma organização civil de proa, voltada para o conhecimento e que defende os valores da cultura brasileira, especialmente no campo das letras, e em especial dos seus nichos maranhense e caxiense. É também uma grande e saudável confraria na qual as relações são marcadas por fortes vínculos afetivos, como pregava um dos mais ilustres entre os seus fundadores, o honrado agitador cultural Jaques Medeiros. E não há qualquer dúvida de que os novos membros da confraria cultivarão esses valores e atuarão como acadêmicos para consolidá-la e para enriquecer a vida cultural de Caxias.    

Elany Morais, caxiense, professora de Literatura e autora de “Muitas de Mim”, “O Mundo em Dois Tempos” e “Luz e Sombra”.

Ricardo Marques, cearense de nascimento, mas caxiense por adoção e paixão, é advogado e jornalista, com lastro de referência por sua atuação destacada no impresso, no rádio e na TV.

Paulo Rodrigues, caxiense, graduado em Letras e Filosofia e professor especializado em Língua Portuguesa. É autor, entre outros, de “O Abrigo de Orfeu” e “Escombros de Ninguém”. Ganhador do Prêmio Álvares de Azevedo, da Academia Brasileira de Letras em 2019.

Maria Alzerina Pinho Vanderley, caxiense, é advogada e assistente social, É autora de “Do começo ao recomeço”, “Entre voos e pousos” e “O que a poesia faz com a dor”.

Davi Sousa, caxiense, graduado em Matemática, é fotógrafo e artista visual.

São Luís 28 de Outubro de 2023.

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