Arquivos mensais: dezembro 2022

Aval de Dino reforça favoritismo de Othelino Neto para novo mandato de presidente do Legislativo

Othelino Neto reforça seu cacife para presidir a Assembleia no primeiro biênio do novo mandato

A eleição da Mesa da Assembleia Legislativa para o primeiro biênio (2023/2024) da nova legislatura será realizada no dia 1º de fevereiro, mas, pelo andar da carruagem das articulações, a escolha do presidente será decidida ainda neste ano, ficando o mês de janeiro para o preenchimento dos demais cargos. E, como já frisou esta Coluna, todos os ventos sopram até aqui na direção do atual presidente, o deputado reeleito Othelino Neto (PCdoB), que já se declarou candidato e vem trabalhando intensamente para atrair eleitores entre os deputados novos e os reeleitos. Um sinal forte do poder de fogo da sua candidatura foi emitido no último sábado: ao participar de uma reunião do braço maranhense do PCdoB, o senador eleito Flávio Dino (PSB), declarou que a eleição de Othelino Neto para novo mandato presidencial “está bem encaminhada”. Ou seja, a essas alturas, o presidente já tem votos suficientes para garantir sua eleição. Mas ainda é cedo para cantar vitória, uma vez que não se sabe ainda se haverá candidato de oposição.

Uma avaliação numérica da Assembleia Legislativa eleita em outubro indica com clareza o favoritismo do atual presidente. Se a eleição fosse realizada agora, Othelino Neto seria eleito sem maiores problemas. Para começar, o seu partido, o PCdoB, lhe garante cinco votos, e o seu principal aliado, o PSB, deve assegurar-lhe os seus 11 votos, o mesmo acontecendo com o PP, que lhe dará três votos, assim como o MDB, que entra com dois votos, e o Podemos, que fecha a conta mínima com dois votos. Essas bancadas totalizam 23 votos, número suficiente para garantir o novo mandato a atual presidente do Poder Legislativo.

Mas a eleição do presidente da Assembleia Legislativa vai muito além de uma mera definição numérica. Ela é, antes de tudo, o resultado de amplas e intrincadas negociações, que passam pelo preenchimento dos demais cargos da Mesa Diretora e de definições sobre posicionamentos políticos ao longo do mandato. Um exemplo: controlada pelo deputado federal reeleito Josimar de Maranhãozinho, que comanda o partido no estado, a bancada do PL tem cinco deputados, que votarão em quem o comando partidário, ou seja, Josimar de Maranhãozinho, determinar. No jogo parlamentar estadual, é quase certo que, caso o PL não lance um candidato ou não venha a fazer parte da base de apoio a um eventual candidato de oposição – até agora não há um só indicador de que este venha a ser lançado.

Nos bastidores, corre uma especulação meio furta-cor, segundo a qual os quatro deputados do PDT estariam sendo orientados a tentar articular uma candidatura de oposição contando com os cinco votos do PL, dois do União Brasil, dois do PSD e dois do PSC e um do Republicanos, totalizando 16 votos, número suficiente para o lançamento de uma candidatura com potencial para brigar. O problema é que nesse grupo não há uma liderança de peso, confiável e com prestígio suficiente para medir forçar com Othelino Neto, que teve seu prestígio político testado durante a campanha eleitoral, sendo reeleito como o segundo candidato mais votado. Assim, mesmo tendo claro que eleição é um jogo político imprevisível, cheio de armadilhas, pelo cenário rascunhado até aqui, dificilmente Othelino Neto não será o novo presidente da Casa que ele preside desde 2018.

A chave para a eleição do deputado reeleito Othelino Neto será o posicionamento do governador Carlos Brandão (PSB), que agora lidera a aliança partidária montada e consolidada por Flávio Dino. O governador não quer tratar neste mandato de eleição que ocorrerá no novo mandato, a ser iniciado em 1º de janeiro. Mas vale anotar que até aqui, apesar do silêncio do governador, todos os sinais indicam que sua inclinação é no sentido de apoiar a candidatura do presidente da Assembleia Legislativa a novo mandato à frente da Casa.

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Jr. mergulha para decidir seu futuro na política

Edivaldo Jr.: mergulhado para definir seu futuro na política

Desde que deixou o PSD, na esteira do desastre que foi sua candidatura ao Governo do Estado pelo partido, e mais ainda pelo fato de a legenda ter recebido com festa a filiação do prefeito de São Luís Eduardo Braide, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. sumiu da cena política. Nos bastidores da política ludovicense, a certa expectativa em relação ao rumo que o ex-prefeito. Alguns já começam a especular que, alertado pela raquítica votação que recebeu na Capital na eleição de outubro estaria fazendo com que Edivaldo Holanda Jr. começasse a pensar melhor sobre seu futuro político, avaliando a possibilidade de não entrar na briga pelo Palácio de la Ravardière. A bolsa de especulação já previu até que ele poderá vir a lançar sua esposa, Camila Holanda, como candidata a vice numa chapa forte, ficando ele livre para disputar um mandato na Câmara Municipal ou se preservar para concorrer à Câmara Federal em 2026. O primeiro passo, porém, será encontrar um pouso partidário sólido, que parece difícil no atual momento político.

Lahesio Bonfim está dividido entre São padro dos crentes e Imperatriz

Lahesio Bonfim: entre São Pedro dos Crentes e Imperatriz

Segundo colocado na corrida ao Governo do Estado, o médico Lahesio Bonfim está temporariamente recolhido, observando de longe o cenário político estadual, para logo mais projetar o seu próximo passo nessa seara. Ele tem dois caminhos: tentar mais uma vez a Prefeitura de São Pedro dos Crentes, onde tem eleição garantida, ou mudar seu domicílio eleitoral para Imperatriz, para brigar pela sucessão do prefeito Assis Ramos. Antes, terá de encontrar um partido, já que o PSC foi engolido pelo Podemos, que no Maranhão é comandado pelo deputado estadual e deputado federal eleito Fábio Macedo. Há quem diga que o seu caminho mais provável é tentar suceder o prefeito Assis Ramos na Prefeitura da Princesa do Tocantins.

São Luís, 06 de Dezembro de 2022.

Se confirmado ministro, Dino e Ana Paula Lobato terão grandes desafios a vencer

Se for nomeado ministro, Flávio Dino abrirá vaga para Ana Paula Lobato no Senado, e ambos terão grandes desafios a vencer

Se não houver uma mudança de plano do presidente eleito Lula da Silva (PT) na última hora, o senador eleito Flávio Dino (PSB) assumirá o mandato e, logo em seguida, se licenciará para ser nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública abrindo vaga no Senado da República para o seu 1º suplente, a vice-prefeita de Pinheiro Ana Paula Lobato (PSB). Tanto o titular que se afastará, quanto a suplente que assumirá, terão enormes desafios pela frente. Flávio Dino comandará um ministério cujo desempenho será decisivo no Governo do presidente Lula (PT), uma vez que, além das atribuições institucionais, manterá o controle das Polícias Federal e Rodoviária Federal, hoje gravemente afetadas por focos perigosos de partidarismo. Ana Paula Lobato, por sua vez, além das atribuições básicas do mandato senatorial, terá de propor e viabilizar seus projetos, defender os interesses do Maranhão na Esplanada dos Ministérios e atuar no Senado alinhada ao novo Governo, o que significará também combater a dura oposição que está sendo forjada pelos porta-vozes do bolsonarismo na Casa. Os desafios de ambos são consideráveis.

Com o lastro de quem foi juiz federal, deputado federal, governador e eleito senador, Flávio Dino, se confirmado, não chegará ao Ministério da Justiça e Segurança Pública por acaso nem como fruto por acordos bancados por aliança partidária. Sua escolha, dada como certa, será calcada na soma dos seus conhecimentos com a sua experiência, e também pela sua respeitabilidade pessoal e sua estatura política. Não foi sem razão que ganhou a difícil tarefa de coordenar o grupo de Justiça e Segurança Pública na transição. Ao longo dos dois últimos anos, o líder maranhense conversou inúmeras vezes com o líder petista, que enxerga nele um dos homens públicos mais preparados do país na atualidade. Não tivesse essa avaliação, o presidente eleito Lula da Silva não o escalaria para a coordenação desse segmento, cuja essência é garantir a estabilidade democrática, principalmente agora, que a democracia brasileira está sob forte ameaça.

Flávio Dino poderia, se quisesse, abrir mão da Segurança Pública e comandar um Ministério da Justiça esvaziado, menos problemático e menos trabalhoso e desafiador, e dedicar parte do seu tempo à articulação política. Mas ele fez exatamente o contrário, pois enquanto o presidente eleito e alguns aliados mais próximo propuseram a divisão da pasta da Justiça para a criação do Ministério da Segurança Pública, Flávio Dino advogava exatamente a permanência da segurança pública na pasta. Sua proposta central nessa área é criar as condições para a maior integração possíveis entre as polícias estaduais – Civil e Militar – e a Polícia Federal, além da despolitização das polícias, que para ele é o problema grave, mas que tem solução. E como não poderá deixar de ser, vai atuar também na articulação política do Governo. É da sua natureza e o cargo permite.

No contexto em que Flávio Dino venha a ser ministro da Justiça e Segurança Pública, a enfermeira e atual vice-prefeita de Pinheiro Ana Paula Lobato terá o enorme desafio de substituí-lo com o representante do Maranhão no Senado. Chegará ali para ocupar o espaço que até pouco tempo foi ocupado por azes da política, como os ex-governadores Epitácio Cafeteira, Edison Lobão e João Alberto, e o próprio ex-presidente da República José Sarney – que mesmo eleito pelo Amapá, nunca deixou se ser visto como um senador maranhense -, e atualmente por Eliziane Gama, cuja atuação a tornou respeitada. Mesmo não tendo exercido um mandato parlamentar, Ana Paula Lobato tem raízes políticas profundas na política pinheirense, neta e filha de prefeitos, forjada, portanto, nos duros confrontos que sempre marcaram a história da Princesa da Baixada. Seu casamento com o deputado estadual reeleito Othelino Neto (PCdoB), atual presidente da Assembleia Legislativa e candidato a novo mandato a ligou mais ainda ao complicado jogo político. E isso produz uma certeza: se Flávio Dino se tornar ministro, Ana Paula Lobato sabe para onde irá e o que deve fazer enquanto lá permanecer.

Se a convocação não acontecer, o que improvável a essas alturas do campeonato, cada um para seu rumo, Flávio Dino fazendo um mandato de excelência no Senado e Ana Paula Lobato caminhando na direção da Prefeitura de Pinheiro.

PONTO & CONTRAPONTO

Sarney dá conselhos importantes a Lula

Lula da Silva e José Sarney no encontro anterior, durante a pandemia

Não surpreendeu a visita do presidente eleito Lula da Silva (PT) ao ex-presidente José Sarney (MDB), na residência dele, sexta-feira, em Brasília. O líder petista e o presidente de honra do MDB atuam em campos políticos e ideológicos distintos, mas existe entre eles uma forte afinidade evidenciada por um elo: ambos são democratas, acreditam nas instituições, no sistema partidário, no voto secreto e universal, nas urnas eletrônicas e num sistema que permite a alternância de poder sem crises. Aos 92 anos, José Sarney mantém uma lucidez espantosa, como tem mostrado nas suas crônicas domingueiras, e nas conversas com quem o visita em São Luís e em Brasília. Dono de rara inteligência e de muita sensibilidade, Lula da Silva não perde a oportunidade de trocar impressões com José Sarney. Tanto que, ao falar sobre a visita em conversa com jornalistas, declarou: “A minha conversa com o Sarney é a visita a um homem, que foi presidente da República, a uma pessoa que foi presidente do Senado, a uma pessoa que tem história nesse país, a uma pessoa que me ajudou muito”.

De fato, os conselhos de José Sarney foram importantes para o sucesso de Lula da Silva nos seus dois mandatos presidenciais. E certamente terão valia expressiva nesse momento em que o país vive sob tensão, causada exatamente pelos que não toleram a democracia.

Parceria administrativa de Brandão e Braide depende de como se dará a disputa em 2024

Eduardo Braide e Carlos Brandão conversam em Brasília, e podem até firmar parcerias por São Luís

Não será surpresa se o governador Carlos Brandão (PSB) e o prefeito Eduardo Braide (PSD) alinhavarem uma convivência que, mesmo sem um acordo político formal, produza bons resultados para São Luís. O ponto convergente a um entendimento nesse sentido é que os problemas da Capital são gigantescos e desafiadores, alguns deles exigindo uma ação conjunta das duas esferas de poder. O ponto divergente é que as eleições municipais estão se aproximando, e essa contagem regressiva coloca o prefeito da Capital e o governador do Estado em rota de colisão por causa pelo Palácio de la Ravardière. O prefeito Eduardo Braide é candidatíssimo à reeleição, e vem mostrando que tem cacife para levar seu projeto adiante. Por seu turno, o governador Carlos Brandão quer a Prefeitura de São Luís alinhada ao seu Governo, de preferência com um prefeito do seu grupo político. O Palácio dos Leões trabalha com três opções de candidato: o deputado estadual e federal eleito Duarte Jr. (PSB), que já conhece o caminho das pedras; o vereador Paulo Victor (PCdoB), que assumirá a presidência da Câmara Municipal em fevereiro e vem ganhando terreno como pré-candidato a prefeito, e o deputado federal reeleito Márcio Jerry (PCdoB), que joga bem no tabuleiro político ludovicense. Todos sabem que Eduardo Braide é osso duro de roer.

São Luís, 04 de Dezembro de 2022.

Aluísio Mendes ganha o controle do Republicanos com a fragilização política de Cléber Verde

Mudança radical no cenário partidário: Aluísio Mendes assumirá o comando do Republicanos no lugar de Cleber Verde

O resultado das eleições de outubro para a Câmara Federal produziu ontem mais uma mexida importante no painel partidário maranhense. Num movimento forte, o deputado federal reeleito Aluísio Mendes, que comandava o PSC – partido que perdeu a razão de existir por não ultrapassar a cláusula de barreira e foi incorporado pelo Podemos -, filiou-se ao Republicanos. Pelo acordo firmado com a cúpula nacional, o parlamentar vai presidir o Republicanos no Maranhão, encerrando o longo “reinado” do deputado federal Cleber Verde no comando do braço maranhense do partido. Integrante da base bolsonarista na Câmara Federal, sendo um dos vice-líderes da bancada governista, Aluísio Mendes apostou alto na sobrevivência do PSC, mas errou no cálculo e perdeu a aposta, à medida que a sigla sucumbiu nas urnas, não elegendo o mínimo necessário de deputados federais para continuar existindo. O Republicanos, que Aluísio Mendes vai comandar a partir do ano que vem, terá dois deputados federais – ele e Cléber Verde, um deputado estadual (Janaína Ramos), cerca de 25 prefeitos – entre eles Fábio Gentil, de Caxias – e uma penca de vereadores em todas as regiões do estado.

O movimento feito pelo deputado Aluísio Mendes produziu duas situações no cenário político estadual. A primeira foi a sua própria guinada, ao se reeleger com 126 mil votos, para o comando de um partido mais forte do que o que ele comandava, aumentando expressivamente o seu cacife – um exemplo desse peso é a presença no Republicanos do prefeito de Caxias, Fábio Gentil, uma das grandes lideranças do Maranhão nos dias atuais. A outra foi a derrocada do deputado federal Cleber Verde, que o preside desde que a agremiação se chamava Partido Republicano Brasileiro (PRB), e pelo qual venceu três eleições boas votações, mas que em outubro saiu das urnas reeleito com módicos 70 mil votos, o que fragilizou fortemente sua posição na legenda. Tanto que recebeu a conformado a decisão da cúpula do partido de tirá-lo do comando da agremiação.

Agente federal por profissão, Aluísio Mendes chegou ao Maranhão como um dos ajudantes de ordem a que o ex-presidente José Sarney (MDB) tem direito. Sua formação policial avançada o levou a criar e comandar grupos diferenciados na Polícia Militar do Estado, como o Grupo de Operações Especiais (GOE) e o Grupo Tático Aéreo (GTA), saltando em seguida para o cargo de secretário de Segurança Pública do Maranhão, posto em que permaneceu até abril de 2014, quando o deixou para candidatar-se a eleger-se deputado federal, reelegendo-se em 2018 e agora, com votações crescentes. No campo partidário, foi do PRTB, teve o Podemos nas mãos, mas abriu mão em favor de Eduardo Braide, e ficou com o comando do PSC, que perdeu força com a cassação do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzer, cassado por corrupção, e a prisão do seu presidente, o Pastor Everardo, por comandar falcatruas na Prefeitura do Rio de Janeiro, na gestão de Crivella. Sua chegada ao comando estadual do PSC mudou o curso do partido, mas não evitou a derrocada.

O deputado Cléber Verde, por sua vez, deu estatura ao Republicanos, mas jogou o partido no mar da incerteza quando decidiu abraçar o projeto de poder do senador Weverton Rocha (PDT), tendo sido alcançado pelo desastre nas urnas. Cléber Verde mergulhou em crise no campo pessoal, por causa do brutal assassinato dos seus pais, numa fazenda na região do Médio Mearim, em 2021. O impacto da tragédia familiar e o equivocado movimento do líder pedetista em 2022. O resultado é que sua votação desabou e sua reeleição aconteceu por um triz. A perda do comando para Aluísio Mendes é o desdobramento natural na sua fragilização política, que na avaliação de alguns é temporária, com possibilidade de ele dar a volta por cima. Tanto que não saiu do partido.

O desdobramento dessa reviravolta no braço maranhense do Republicanos acontecerá nas eleições municiais de 2024, e o desfecho final, nas eleições gerais de 2026.

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Jr. convocado para explicar licitação dos transportes, uma das suas boas ações

Edivaldo Jr.: vai explicar licitação de transportes, uma das suas boas medidas

Ainda assimilando o desastre que foi sua participação na corrida ao Palácio dos Leões, principalmente no que respeita ao seu desempenho eleitoral em São Luís, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (sem partido) foi convocado pela Promotoria da Probidade Administrativa para prestar esclarecimentos sobre supostas irregularidades na licitação do sistema de transporte público realizada em 2016, há seis anos, portanto.

Baseado em informações coletadas pela CPI dos Transportes, realizada pela Câmara Municipal, o inquérito conduzido pelo promotor Zanony Passos Filho levanta a possibilidade de que possa ter havido fraude em alguns aspectos da licitação.

Não se discute que quando se trata de serviço público, qualquer indício de irregularidade, fraude ou desvio deve ser rigorosamente apurado para, confirmada a ilegalidade, seus responsáveis sejam devidamente punidos com o rigor da lei. Mas no caso da licitação do transporte público de São Luís, mesmo que tenha sido imperfeita, ela foi uma das medidas mais sérias, corajosas e benéficas para a Capital nessa área. Ao licitar o serviço de transporte de massa, o então prefeito Edivaldo Holanda Jr. quebrou a espinha dorsal de um esquema velho, corrompido e danoso, controlado por empresas superadas e viciadas. E o que é mais grave: o velho esquema funcionava com a anuência da Câmara Municipal.

Se houve alguma irregularidade, que seja apurada e, se constatada, com a punição devida do responsável ou dos responsáveis. Mas cedo ou tarde a história vai reconhecer Edivaldo Holanda Jr. como o prefeito que teve a coragem de enfrentar a velha estrutura comandada pelo Sindicato das Empresas de Transporte (SET), dando um passo importante para modernizar o transporte de massa da Capital.

Porto Franco: prisão de secretária por corrupção atinge a imagem do prefeito Deoclídes Macedo

Deoclídes Macedo atingido por suposta falcatrua de Naara Duarte (direita) em \Porto Franco

O escandaloso caso de corrupção, que resultou em mandado de prisão preventiva contra a secretária de Infraestrutura e Mobilidade Urbana de Porto Franco colocou em xeque a trajetória política do prefeito Deoclídes Macedo (PDT), um dos líderes mais respeitados do Sul do Maranhão. Naara Pereira Duarte, alvo principal da Operação Cérbero, realizada pelo Grupo de Operação Especial no Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com o apoio da Polícia Civil, seria a chefe de um esquema de desvio de milhões de reais por meio de uma Operações Tapa Buraco no município. A falcatrua levantada pelo Gaeco está bem apurada e documentada, tanto que a secretária Naara Duarte foi presa por porte ilegal de armas e uma grande quantia em dinheiro vivo, fruto, segundo os investigadores, do esquema de corrupção.

Independentemente do desfecho que venha a ter a Operação Cérbero, o impacto maior é no prestígio do prefeito Deoclídes Macedo, que comanda o município pela quinta vez, ao longo de uma trajetória que o levou à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal, e mais recentemente à presidência da Gasmar. Respeitado pela sua correção pessoal e pela seriedade das suas gestões como prefeito, Deoclídes Macedo terá de se movimentar para evitar estragos irreversíveis na sua imagem política.

São Luís, 02 de Dezembro de 2022.

Dino já é dado como certo no Ministério da Justiça, podendo também chegar ao Supremo

Se for nomeado ministro da Justiça do Governo Lula, Flávio Dino abrirá vaga para a 1ª suplente Ana Paula Lobato no Senado

A serem verdadeiras as informações que vêm circulando com insistência nos bastidores da transição e já tidas como oficiosas por alguns portais de notícias acreditados, o senador eleito Flávio Dino (PSB) será o ministro da Justiça e Segurança Pública do Governo do presidente Lula da Silva (PT). A confirmação, se vier, não surpreenderá, uma vez que desde a campanha eleitoral, o então ex-governador e candidato ao Senado pelo Maranhão já era apontado como um nome de proa num eventual Governo do líder petista, posição que desde então só ganhou reforço, chegando ao ponto de sua nomeação ser dada como certa. E agora com um aditivo de extrema importância: além de ministro da Justiça, Flávio Dino poderá vir a ser indicado para a vaga da ministra e atual presidente Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal – ela se aposentará em outubro do ano que vem. Coordenador do Grupo de Justiça e Segurança Pública da transição, Flávio Dino continua dizendo que não foi convidado, mas suas respostas a essa indagação são cada vez menos convincentes. Tanto que alguns portais já começam até a nomear seus prováveis auxiliares na pasta, afirmando que seu nome será anunciado nas próximas duas semanas.

Se vier mesmo a ser o escolhido para a pasta da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino só deve assumir o comando da pasta em fevereiro, depois de tomar posse na cadeira no Senado, para em seguida se licenciar e assumir o comando ministerial. É quando também a primeira suplente, Ana Paula Lobato (PSB), deverá ser empossada e se tornar senadora – isso depois de renunciar ao cargo de vice-prefeita de Pinheiro. No exercício do mandato senatorial, Ana Paula Lobato integrará a base de apoio ao Governo do presidente Lula da Silva, com o desafio de fazer frente às investidas da bancada de oposição, formada em parte por bolsonaristas ferrenhos, entre eles o atual vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PL), que se elegeu senador pelo Rio Grande do Sul.

Na condição de ministro da Justiça e Segurança Pública, caso as especulações se confirmem, Flávio Dino atuará em duas frentes. A primeira é comandar a pasta e viabilizar as mudanças que vem pregando para garantir a profissionalização da Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), hoje contaminadas pela interferência danosa do presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua turma. A outra frente será a articulação política, na qual o senador eleito é considerado um craque, como demonstrou quando foi juiz federal e se elegeu presidente da Associação Nacional de Juízes Federais, durante o seu mandato de deputado federal e nos dois mandatos de governador do Maranhão, período em que governou apoiado por uma aliança que chegou a reunir 16 partidos, um arco que foi da direita à esquerda. Nenhuma crise política eclodiu nos seus períodos de Governo. Em 2016, o então governador do Maranhão assumiu a defesa da presidente Dilma Rousseff (PT) no processo de impeachment. Tem sido um opositor duro, mas civilizado, do presidente Jair Bolsonaro.

Independentemente do cargo que vier a assumir no Governo, Flávio Dino deverá integrar o chamado “núcleo duro”, para atuar como um dos articuladores políticos do presidente Lula da Silva. Isso porque, como está desenhado, o presidente Lula da Silva terá de lidar com um Congresso Nacional de feição conservadora e com uma bancada oposicionista muito forte. Com a experiência de quem já foi deputado federal, poderá atuar com eficiência como articulador na seara parlamentar sem comprometer a sua condição de ministro de Estado.

E se, após nove meses como ministro de Estado ou senador da República Flávio Dino continuar com o prestígio em alta, não surpreenderá se ele for indicado pelo presidente Lula da Silva para a vaga a ser aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber no STF. Credenciais não lhe faltam, a começar de que foi juiz federal por mais de uma década e de ser professor de Constitucionalismo na Universidade Federal do Maranhão.

Vale aguardar a palavra final do presidente eleito Lula da Silva.

PONTO & CONTRAPONTO

Salvo o senador Roberto Rocha, ninguém quer assumir o controle do PTB no Maranhão

Só Roberto Rocha tem sua imagem associada a Roberto Jefferson, que está atrás das grades

Depois de ter sido um partido importante no cenário da política maranhense, o PTB corre o risco de desaparecer no estado. Ainda sob o comando do senador Roberto Rocha, o partido tende a mergulhar no limbo depois que esse mandato senatorial se extinguir, o que acontecerá em fevereiro. O problema é que ninguém quer assumir por receio de ter seu nome associado ao do tresloucado presidente de honra do partido, o ex-deputado federal Roberto Jefferson. E a situação piorou quando Roberto Jefferson, após se tornar fora da lei, por haver desrespeitado todas as regras prisão domiciliar a que estava submetido, recebeu a bala policiais federais que foram à sua residência, no interior do Rio de Janeiro, cumprir a ordem judicial de leva-lo para um presídio. Tudo isso matou o interesse de alguns político na recomposição do partido. Enfim, o fato é que o PTB corre o risco de se transformar num páreo.

Flávio Dino se tornará imortal da AML empossado por Lourival Serejo

Flávio Dino será empossado por Lourival Serejo, ambos oriundos da magistratura

O ex-juiz federal, ex-deputado federal, ex-governador, senador eleito e provável ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino será empossado hoje na Academia Maranhense de Letras, ocupando a cadeira que foi aberta com a morte do seu pai, o deputado, jornalista e escritor Sálvio Dino, em 2021. O ato será movido por uma curiosidade: o ato de posse será presidido pelo desembargador Lourival Serejo, também escritor e atual presidente da Academia Maranhense de Letras. Os dois têm em comum a origem na magistratura.

São Luís, 01 de Dezembro de 2022.