Arquivos mensais: outubro 2022

Eleição de Lula fortalece Brandão e Dino e recoloca o Maranhão nos espaços de Brasília

Lula da Silva celebra a vitória, que teve importante participação do Maranhão com Flávio Dino, Carlos Brandão e Felipe Camarão

A vitória de Luís Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da República sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) vai tirar o Maranhão do isolamento em relação ao Governo Federal. Ganham projeção nesse novo cenário, em escala maior, o governador reeleito Carlos Brandão (PSB) e o senador eleito Flávio Dino (PSB), que entraram de cabeça na corrida ao voto e trabalharam sem descanso para fortalecer a candidatura do ex-presidente dentro e fora do Maranhão, comandando, de maneira determinada, a campanha do petista no estado. O trabalho árduo e desafiador dos dois foi decisivo para que Lula da Silva tivesse saltasse de 68,8% dos votos (2.603.454) obtidos no 1º turno para 71,1% (2.663.849) no 2º turno, um resultado muito próximo da diferença dele sobre Jair Bolsonaro nos votos totais do país. Além do prestígio eleitoral do ex-presidente no Maranhão, Carlos Brandão e Flávio Dino abraçaram a candidatura do petista como uma questão de “vida ou morte”, exatamente por saberem que a reeleição do presidente seria um golpe muito duro no Maranhão. Com esse resultado, o governador Carlos Brandão terá um parceiro no comando da República e o senador Flávio Dino um motivo especial para trabalhar duro pela estabilidade política e institucional.

Em qualquer situação, Lula da Silva teria votação majoritária no Maranhão, isso ninguém discute. Mas o tamanho dessa vitória certamente seria menor não fosse o trabalho diuturno, insistente e incansável dos dois líderes da aliança governista. Carlos Brandão, ainda administrando a recuperação da sua saúde, não faltou a um só compromisso que assumira durante a campanha, sem deixar o comando do Governo em segundo plano. Flávio Dino foi para as ruas, comandando caminhadas, carreatas e concentrações em comícios nas mais diversas regiões do estado. Vitoriosos nas urnas na primeira volta, e certos de que o candidato petista teria a maioria dos votos do estado, poderiam deixar o trem seguir sem condutor. Mas fizeram exatamente o contrário: compraram a briga, arregaçaram as mangas e foram à luta. O resultado de ontem mostrou que o envolvimento direto dos dois líderes na campanha foi decisivo para a ampliação da vantagem.

Num plano mais aberto, Flávio Dino terá um papel político abrangente no Governo do presidente Lula da Silva. Sua experiência de ex-juiz federal, ex-deputado federal e ex-governador por dois mandatos, somada à estatura política que ele conseguiu além das fronteiras do Maranhão, o credenciam para exercer um papel de maior relevância. Há quem o veja como futuro ministro da Justiça, cargo que se encaixa no seu perfil e lhe dá espaço para atuar como articulador. Mas há também quem enxergue nele um senador com credenciais para atuar como um articulador da base governista no Congresso Nacional, onde o presidente Lula da Silva vai precisar de suporte competente e confiável para conviver com uma oposição bolsonarista que, pelo menos no início, tentará de tudo para desestabilizar o Governo e com isso alimentar o monumental e perigoso racha nacional.

O presidente eleito tem dado repetidas demonstrações de que não faltará para com o Maranhão. Nas diversas conversas que teve com o governador Carlos Brandão, Lula da Silva repetiu a recomendação para que o governador lhe apresente cinco projetos importantes para o estado. Carlos Brandão disse que atenderá a recomendação, mas deixou claro que além disso vai trabalhar para uma sintonia fina com Brasília, que abra as portas ministeriais. E nesse sentido, o vice-governador Felipe Camarão (PT) terá papel importante na interlocução do Governo do Maranhão com o Governo de Brasília. Nesse contexto, viabilizar cinco projetos é importante, mas é tão ou mais importante será estabelecer uma convivência fácil e produtiva.

O Brasil ganhou com a vitória de Lula da Silva, obtendo a garantia de que permanecerá na seara da democracia plena, e nesse contexto, o Maranhão está na linha de frente dos estados cujos governos e as lideranças mais influentes estarão alinhadas com o futuro Governo que será instalado na República no dia 1º de janeiro do ano que vem, daqui a dois meses, portanto.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane ganha espaço no entorno lulista e é chamada por Lula de “minha querida senadora”

Eliziane Gama deve terpapel importante na base do Governo Lula da Silva no Senado

Sem o tamanho político do governador Carlos Brandão nem do senador eleito Flávio Dino, mas na condição de um quadro hoje importante do Congresso Nacional, a senadora Eliziane Gama (Cidadania), ganhou espaço no entorno do presidente eleito Lula da Silva, que ontem a chamou de “Eliziane, minha querida senadora do Maranhão” na abertura do seu primeiro discurso.

Eliziane Gama não chegou ao entorno do presidente eleito por acaso nem forçando barra. Além de ser oposição dura ao Governo de Jair Bolsonaro, a senadora maranhense assumiu o desafio de se colocar contra a orientação expressa dos chefes da Assembleia de Deus no Maranhão, que exigiram dela apoio ao presidente Jair Bolsonaro. A atitude da senadora rompeu a crosta que os chefes assembleianos e estimulou muitos evangélicos a apoiarem o petista.

A atenção carinhosa do presidente eleito foi um sinal claro de que o presidente Lula da Silva conta com a senadora Eliziane Gama na base do seu Governo.

Weverton volta à cena declarando voto em Lula

Weverton Rocha reapareceu para votar e declarar voto em Lula

Submergido desde a dramática noite de 2 de Outubro, quando as urnas anunciaram que ele havia ficado em terceiro lugar na corrida ao Governo do Estado, atrás do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (PSC), o senador Weverton Rocha (PDT) reapareceu ontem, para votar e, com o “L” feito com os dedos polegar e indicador da mão esquerda, revelando seu voto no candidato do PT, Lula da Silva.  Nas suas redes sociais, ele postou a seguinte declaração: “Hoje é dia de exercermos a nossa cidadania de acordo com a nossa consciência e com muita paz”.

O voto no líder petista foi o primeiro sintoma de que o senador, que preside o PDT no Maranhão, refletiu profundamente durante o seu recolhimento, e está fazendo a caminhada de volta ao seu eixo político e ideológico, afastando-se do projeto de poder impulsivo que contaminou e fragilizou sua candidatura, minou a sua base política e o jogou nos braços do bolsonarismo, a ponto de ter como vice o deputado estadual Hélio Soares, presidente formal do PL maranhense e partidário entusiasmado da candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.

A sucessão de erros impôs uma dura e inesperada derrota ao senador, que no seu recolhimento temporário deve ter feito um mea culpa e iniciado o caminho de volta ao eixo central da sua carreira.

São Luís, 31 de Outubro de 2022.

Cinco milhões de maranhenses dirão hoje o que querem e o que não querem para o seu futuro

Jair Bolsonaro e Lula da Silva representam realidades muito diferentes para o Maranhão

Nada menos que 150 milhões de brasileiros devem ir hoje às urnas para escolher o presidente da República, e com ele o futuro do País. Diante deles, dois caminhos: um conservador, retrógrado em muitos aspectos, com forte viés autoritário e mais identificado com os ricos e com a parte mais abastada da classe média, mas que conseguiu penetração da massa popular, e que tem como representante e chefe quase absoluto o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição; o outro, um projeto de social democracia, já testado, mais identificado com a grande massa popular, e que defende valores democráticos e culturais identificados com as origens brasileiras, tendo como presidente o ex-presidente Lula da Silva (PT). Nessa equação, pouco mais de cinco milhões de maranhenses vão escolher o futuro imediato do estado entre Jair Bolsonaro e Lula da Silva, já tendo sinalizado com clareza sua preferência no 1º turno, escolhendo o ex-presidente com 68% dos votos e rejeitando o presidente com apenas 26% dos votos. Ao fazer sua escolha, o eleitorado maranhense dirá quem e o que será dominante na vida política e cultural do Maranhão.

Se optar pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro, a maioria do eleitorado maranhense dirá que quer a permanência do senador Roberto Rocha (PTB) – que será ex-senador a partir de janeiro -, pregando o bolsonarismo no Maranhão mesmo sem mandato, e junto com ele, os deputados federais Josimar de Maranhãozinho, Detinha, Júnior Lourenço, Pastor Gildenemyr (PL), Aluísio Mendes (PSC), Josivaldo JP (PSD), Juscelino Filho (União Brasil), e deputados estaduais como a extremista evangélica Mical Damasceno (PSD), por exemplo. Vai fortalecer os clubes de atiradores (CACs), sujeitos fortões, tatuados e sem miolo, os grandes proprietários de terras e grandes empresários, o avanço desordenado do agronegócio nas diversas regiões do estado, atropelando a agricultura familiar. Respaldará a transformação das igrejas evangélicas em partidos políticos informais e a dos seus dirigentes em agentes da repressão política. O avanço de itens culturais como o que há de pior na chamada música sertaneja, a falta de incentivo às manifestações culturais. E, finalmente, a permanência do ex-prefeito de São padro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSC) como sua expressão política máxima, brigando com Roberto Rocha e Maura Jorge para decidir quem será o porta-voz do governo central. E com o neobolsonarista Simplício Araújo (SD) engrossando o coro. Serão tempos difíceis para o Maranhão.

Se a maioria do eleitorado brasileiro, com o apoio da fatia maranhense, optar pelo ex-presidente Lula da Silva, estarão em alta o governador Carlos Brandão (PSB), o vice-governador Felipe Camarão (PT), os senadores Flávio Dino (PSB) e Eliziane Gama (Cidadania), os deputados federais Márcio Jerry (PCdoB), Duarte Jr. (PSB), Rubens Jr. (PT), André Fufuca (PP), Pedro Lucas Fernandes (União Brasil), e os deputados estaduais Othelino Neto (PCdoB), Rafael Leitoa (PSB), Arnaldo Melo (PP), Roberto Costa (MDB), entre outros. A cultura de base do Maranhão, como o bumba-boi e o tambor de crioula continuarão em patamar justo, enquanto a música maranhense continuará em alta pelas vozes de Josias Sobrinho, Sérgio Habib, Cesar Teixeira, e na força de projetos culturais sólidos como o Boi Barrica. A Igreja Católica continuará consolidada, os restaurantes populares continuarão alimentando milhares todos os dias. E do alto dos seus mais 90 anos, o ex-presidente José Sarney (MDB), um dos patronos da redemocratização, continuará dando lições de política, como sua carta recente em defesa do Supremo Tribunal Federal. Serão tempos de muita esperança para os maranhenses.

As opções são claras em todos os seus vieses. De um lado, a direita cuja banda mais ativa se tornou rancorosa, belicista e agressiva, comandada pelo que há de mais retrógrado nesse campo e cujos líderes pregam o ódio e inibem o posicionamento da direita mais consciente e democrática e mantêm o País em clima permanente de tensão e com riscos de retrocessos. Do outro, uma visão mais humana e mais democrática de política e de sociedade, situada mais à esquerda, mas muito longe dos seus extratos mais radicais, o que a torna política, cultural e socialmente mais confiável, sem riscos de retrocessos.

Com a palavra, o eleitor.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane ganha respeito ao manter apoio a Lula, apesar da pressão de pastores

Eliziane Gama ganha espaço na base de apoio a Lula da Silva

Nos últimos dias, a senadora Eliziane Gama (Cidadania), que teve atuação discreta durante a campanha do 1º turno das eleições, do qual saiu em baixa, uma vez que seu marido não se elegeu deputado estadual e seu irmão, deputado federal. No segundo turno, a senadora, que é evangélica de raiz, não aceitou a pressão dos líderes maranhenses da Assembleia de Deus para que ela declarasse apoio ao presidente Jair Bolsonaro. E seguindo a linha de ação dos seus aliados no estado, abraçou a candidatura do ex-presidente Lula da Silva. A reação firme da senadora maranhense ao assédio dos chefes assembleianos foi destacada no cenário nacional, tendo ela se tornado uma referência na campanha do líder petista.

Nesse caso, chamou a atenção a atitude dos líderes da Assembleia de Deus no Maranhão. Isso porque, além de cometerem a inaceitável incoerência de transformar a denominação religiosa num braço ativo, quase um partido político, da campanha do presidente Jair Bolsonaro, cometeram, pública e abertamente, o crime de chantagem eleitoral. Uma mancha que dificilmente será apagada na história da Assembleia de Deus no Maranhão.

Weverton não se manifesta sobre 2º turno

Weverton Rocha nos últimos momentos da campanha

Uma pergunta que não quer calar: como votará o senador Weverton Rocha (PDT) no 2º da eleição presidencial? Terceiro colocado na corrida ao Palácio dos Leões, depois de romper com suas origens e aliar-se ao braço bolsonarista no Maranhão, o senador saiu do circuito sem deixar pista a respeito do seu caminho no 2º turno. Muito se especulou a respeito de como o senador se manifestará neste domingo decisivo. A aposta mais viável – que a Coluna endossa – é a de que ele votará no ex-presidente Lula da Silva. Mas há quem diga que o senador votará no presidente Jair Bolsonaro, havendo também quem o veja votando em branco. Difícil imaginá-lo omisso numa situação como essa, não é da sua natureza, nem da sua conveniência. Weverton Rocha é maduro suficiente para compreender que derrota nas urnas faz parte do processo democrático, do qual ele tem sido parte ativa. E sabe também que a decisão de hoje terá impacto decisivo no seu futuro político.

São Luís, 30 de Outubro de 2022.

Márcio Jerry agita meio político ao afirmar que “pode sim” ser candidato a prefeito de São Luís

Márcio Jerry na entrevista à jornalista Silvia Teresa, no programa Direto ao Ponto, da TV Assembleia

“Me sinto muito à vontade para, em sendo o caso, ser sim, candidato a prefeito de São Luís”. A declaração é do deputado federal reeleito Márcio Jerry (PCdoB), feita ontem em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da TV Assembleia, apresentado pela jornalista Silvia Tereza. O parlamentar explicou, porém, que não estava ali anunciando candidatura, mas apenas admitindo a possibilidade de, num amplo debate, dentro da aliança governista. “Eu conheço essa cidade, porque é aqui que eu vivo, convivo, interajo, estudo, pesquiso e milito politicamente”, acrescentou. E na justificativa de possível candidatura, disparou contra a gestão do prefeito Eduardo Braide (sem partido): “São Luís precisa de uma alternativa. Nós estamos cum uma experiência administrativa muito ruim, insípida”.

É verdade que a iniciativa de tratar do assunto não foi dele, mas da entrevistadora, que o provocou. Inicialmente o parlamentar avaliou que ainda é muito cedo para definições em relação às eleições municipais de 2024, mas suas declarações em seguida foram reveladoras de que ele está levando muito a sério a possibilidade de entrar na briga. Isso quer dizer que seu nome está posto e que ele tem disposição para participar efetivamente de um grande debate para a escolha de um nome. “Esse debate é inevitável. E, com toda modéstia, se fosse para ser um concurso público para, entre os candidatos, saber quem conhece mais São Luís, eu me candidataria e venceria esse concurso”, declarou o parlamentar, que é presidente do PCdoB no Maranhão.

Ainda que de maneira meio atravessada, e fazendo a ressalva de que “ainda é cedo”, o deputado federal Márcio Jerry entra na corrida à Prefeitura de São Luís num momento extremamente delicado da política nacional, o segundo turno da disputa presidencial, cujo desfecho, qualquer que seja ele, produzirá fortes repercussões no tabuleiro da política estadual. E também no momento em que o governador Carlos Brandão, que vai dar as cartas na seara governista, ainda depende da definição de domingo para, só depois, montar seu novo Governo. Portanto, nada será definido antes de fevereiro do ano que vem.

Nenhum interessado na Prefeitura de São Luís se movimenta sem levar em conta o fato de que o grande candidato a ser vencido será ninguém menos que o prefeito Eduardo Braide. Ele aguarda o desfecho da eleição nacional e a acomodação das forças vencedoras para, primeiro, resolver o seu destino partidário, após o que entrará no circuito como aspirante assumido à reeleição. Se o seu governo se mantiver como agora, sem delongas e causando em todos a impressão de que sua gestão está dando certo, ficará feio. Enfrentá-lo nas urnas será um desafio e tanto, até mesmo para um político forte e experiente como o deputado Márcio Jerry.

Com a tarimba das raposas felpudas, e com a experiência de quem coordenou a campanha do então deputado federal Edivaldo Holanda Jr. (PSD) à Prefeitura de São Luís, em 2012 e em 2016, e foi um dos chefes mais ativos guerra pelo voto na campanha do governador Flávio Dino em 2014 e em 2018, o deputado federal Márcio Jerry conhece como poucos o mapa político e eleitoral de São Luís. Ele sabe o que está fazendo quando aceita uma provocação feita pelo prefeito e responde revelando sua disposição de chegar ao Palácio de la Ravardière.

O deputado Márcio Jerry poderá entrar no jogo em 2024 enfrentando, além de Eduardo Braide, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. e o deputado federal Duarte Jr. (PSB), até aqui tido por muitos como o mais forte adversário do prefeito Eduardo Braide, com quem se bateu em 2020. Sua posição será sumariamente fortalecida se ele obtiver o aval do governador Carlos Brandão e o apoio do senador Flávio Dino.

PONTO & CONTRAPONTO

Debate: Lula mantém equilíbrio e consegue neutralizar as investidas de Bolsonaro

Lula da Silva pautou o debate e deixou Jair Bolsonaro desarmado

Quem assistiu ao debate de ontem na Rede Globo entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula da Silva (PT), com isenção jornalística, livre, portanto, do condicionamento imposto pela paixão de posicionado, foi dormir com a forte impressão de que o líder petista conseguir neutralizar as investidas do candidato do PL e foi para casa apontado como vencedor do confronto decisivo. Não foi uma vitória demolidora, com a força de um nocaute, mas foi obtida por pontos em cada round, o suficiente para desarmar o presidente Jair Bolsonaro e conduzir o enfrentamento de maneira propositiva e sob controle. Adotada de maneira eficiente pelo candidato do PT, a estratégia de não “bater boca” nem trocar insultos com o adversário funcionou a olhos vistos. Lula da Silva usou sua vasta experiência para mostrar a fragilidade de Jair Bolsonaro como gestor.

Lula da Silva não vacilou, não se deixou atingir pelas provocações de Jair Bolsonaro, conseguindo pautar o debate com o maior número de proposições. Mostrou-se um candidato equilibrado, cauteloso, mas muito seguro nas suas afirmações, principalmente em relação a temas polêmicos, como aborto e corrupção. Demonstrou conhecimento sobre todos os temas lhe foram propostos, recorreu pouco a papéis e não usou “colinha” escrita nas mãos. Conseguiu desviar-se da maioria das “cascas de banana” que o presidente atirou no seu caminho, ao mesmo tempo que deixou o candidato do PL sem respostas ou respondendo de maneira confusa. Usou o espaço com movimentos medidos, evitando ombrear-se com Jair Bolsonaro. Lula da Silva foi mais comedido e optou por falar direto com o telespectador, evitando o máximo possível se aproximar do presidente. Se movimentou sempre saindo da bancada, índice para a câmera e retornando à bancada. Se não dominou completamente a cena, fez o suficiente para neutralizar o adversário, que foi preparado para provocá-lo e desestabilizá-lo. Lula terminou sua participação com uma mensagem serena, mas firme, pedindo votos.

Jair Bolsonaro não conseguiu escondeu a tensão. Usou todo o seu arsenal de adjetivos depreciativos contra o ex-presidente, mas a maneira como falou e se movimentou no cenário tirou dele a serenidade que precisava para dar mais credibilidade às suas declarações. Pareceu ter cumprido o roteiro que lhe prepararam, mas a sua intensa movimentação, andando de pernas abertas e preocupando-se em atacar o adversário com munição recorrente – petrolão, aborto, relações com Cuba e Venezuela, etc.. Não conseguiu potencializar nenhum desses temas contra o adversário. Em alguns momentos pareceu perplexo ante investidas de Lula da Silva, como que apanhado de surpresa e sem a “colinha” para socorrê-lo. O presidente tentou várias vezes se aproximar do ex-presidente, mas foi por ele repreendido com um sonoro “Não quero você perto de mim”. O presidente Jair Bolsonaro terminou o debate com o seu bordão recorrendo ao “Deus acima de todos”.

Qualquer avaliação honesta do debate certamente chegou à conclusão de que o ex-presidente da República teve desempenho mais eficiente do que o atual presidente, sem tê-lo nocauteado.

São Luís, 29 de Outubro de 2022.

Brandão e Dino: com Lula, o melhor dos mundos; com Bolsonaro, convivência complicada

Carlos Brandão e Flávio Dino terão relações positivas com Lula da Silva, de quem são aliados de primeira hora, e tensas com Jair Bolsonaro, de quem são adversários de primeiro plano

Um dos estados mais fortemente posicionados na disputa presidencial, o Maranhão, mesmo sem o peso de unidade federada rica, é visto com potencial para ganhar um papel politicamente relevante, tanto num governo liderado pelo ex-presidente Lula da Silva (PT), quanto numa eventual continuidade do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dois representam situações radicalmente antagônicas, cada uma com seus porta-vozes maranhenses no Congresso Nacional. No epicentro do cenário produzido por um governo lulista ou bolsonarista estarão duas figuras centrais, o governador reeleito Carlos Brandão (PSB), no campo executivo, e o futuro senador Flávio Dino (PSB), no campo legislativo. Se as urnas de domingo confirmarem a tendência pró-Lula da Silva, o governador e o senador atuarão alinhados na convivência com um governo aliado. Se a tendência não se confirmar e o presidente Jair Bolsonaro for reeleito, o cenário muda radicalmente para os dois, que terão de conviver com um governo hostil. Carlos Brandão e Flávio Dino estão plenamente cientes dessa realidade e se preparam para se ajustar a que vingar nas urnas.

A eleição de Lula da Silva abrirá as portas do Palácio do Planalto e dos ministérios ao governador Carlos Brandão, que será tratado com a distinção dos aliados de proa. Tal situação já foi conversada informalmente nos diferentes encontros do governador com o candidato do PT, tanto que o próprio Lula da Silva revelou, em fala pública, que recomendara a Carlos Brandão a definição de projetos importantes a serem levados a Brasília tão logo seu governo seja instalado, caso seja eleito. Um governo do petista tirará o Maranhão do isolamento imposto pelo Palácio do Planalto. O governador do Maranhão fará parte da base de apoio do presidente, ocupando o espaço conquistado pela aliança do PT com o PSB.

Se, por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro conseguir a reeleição, o governador Carlos Brandão terá dias difíceis pela frente. Não há qualquer sinal de que continuando no Palácio do Planalto o presidente Jair Bolsonaro mude sua posição em relação aos integrantes da aliança PT/PSB no Maranhão. A seu favor, o governador Carlos Brandão tem a experiência de quem sabe como funciona a relação institucional dos governos estaduais com o governo da União, conhece os limites do poder do presidente e dos direitos dos estados, o que lhe dá as condições para costurar uma convivência minimamente produtiva. Tremores acontecerão, mas nada que inviabilize o governo do Maranhão.

No caso do senador Flávio Dino, seu projeto de mandato será um com um governo de Lula da Silva e outro com um governo Jair Bolsonaro. Num eventual governo petista, Flávio Dino desembarcará no Senado com a responsabilidade de trabalhar para garantir governabilidade, que será fragilizada pelas forças bolsonaristas que ganharam espaço no Congresso Nacional, especialmente na Câmara Alta. Poderá exercer o mandato senatorial como líder e articulador, que pode ser decisivo para um governo petista. Nos bastidores permanece forte a especulação de que num governo de Lula da Silva será convocado para comandar o Ministério da Justiça, um cargo que muitos apontam como ideal para o ex-governador, que é ex-juiz federal. Em resumo: num eventual governo petista Flávio Dino terá força.

Se der Jair Bolsonaro nas urnas de domingo, o senador Flávio Dino será oposição destacada. Ali, enfrentará a banda governista, que terá em seus quadros o ex-juiz Sérgio Moro, com quem provavelmente travará fortes embates, uma vez que o ex-chefão da Lava-Jato já deu sinais claros de que atuará em defesa do governo bolsonarista. A julgar pelo seu discurso antes, durante e depois da campanha estadual, não resta nenhuma dúvida de que o mais novo senador do Maranhão será uma pedra no sapato do presidente da República.

Não se discute que a política tem um grau elevado de imprevisibilidade, mas no que diz respeito às relações do governador Carlos Brandão e do senador Flávio Dino com o Palácio do Planalto habitado por Lula da Silva ou por Jair Bolsonaro nos próximos quatro anos serão radicalmente diferentes.

 PONTO & CONTRAPONTO

Pesquisa Datafolha aponta estabilidade na vantagem de Lula sobre Bolsonaro

A pesquisa Datafolha divulgada ontem funcionou como um choque de alta tensão no campo bolsonarista em todo o País e teve o poder de injetar mais ânimo na seara lulista. O instituto apurou que, com 49% das intenções de voto, o ex-presidente Lula da Silva (PT) a mantém vantagem, enquanto que o presidente Jair Bolsonaro (PL) oscilou para menos e está com 44% das intenções de voto. Para alguns analistas com os pés no chão, se não houver um fato relevante com poder para alterar as últimas horas de campanha, o líder petista deve ser vitorioso das urnas. O “deve”, no caso, vem do quadro de estabilidade nas posições, e da dianteira que o ex-presidente Lula da Silva conseguiu em Minas Gerais, que para muitos analistas será decisiva nessas eleições. Esse cenário de derrota iminente está tirando o presidente Jair Bolsonaro do eixo, tornando-o um candidato tenso, enquanto que Lula da Silva exibe segurança. É como os dois vão chegar no debate de hoje, na Rede Globo, que para boa parte dos observadores terá peso decisivo no resultado das urnas neste Domingo.

TV Assembleia amplia serviços jornalísticos e espaço no YouTube

Edwin Jinkings comanda o processo de inovações na TV Assembleia, como o programa “Direto ao Ponto”

A TV Assembleia do Maranhão ganhou ontem um atestado de veículo de comunicação maduro e detentor de estatura e prestígio ao ultrapassar a marca de 130 mil inscritos no seu canal no YouTube, ingressando, já bem situada, no ranking das principais emissoras maranhenses com melhor desempenho nas redes sociais. A conquista não caiu do céu nem foi dada de graça. É fruto de muito trabalho, de bons projetos e apostas bem alinhadas com a realidade de uma empresa de comunicação pública e relativamente jovem. Por trás das arrojadas e bem-sucedidas iniciativas está o jornalista Edwin Jinkings, diretor de Comunicação da Assembleia Legislativa, auxiliado pela jornalista Silvia Tereza, diretora-adjunta, e com o suporte de uma boa equipe de profissionais de Jornalismo e de suporte técnico.

O crescimento da emissora no YouTube é 100% orgânico e resultado de exibições de telejornal diário, reportagens especiais, programas, transmissões ao vivo das sessões plenárias, das audiências públicas e de eventos que realizados na instituição legislativa. Ações que mobilizam diariamente toda a equipe de profissionais da emissora, que se esforça para oferecer conteúdo jornalístico de boa qualidade aos internautas. Daí vem a explicação para o fato de que as visualizações dos vídeos da TV Assembleia já bateram a marca dos 23 milhões. Entre as reportagens mais assistidas no canal estão “Agosto Dourado”, que incentiva o aleitamento materno, com quase cinco milhões de visualizações, e “Tesouros do MA: conheça o Ritual da Menina Moça”, que mostra a tradição da nação indígena Guajajara, com mais de três milhões de visualizações.

Responsável direto pelo avanço produtivo da TV Assembleia, Edwin Jinking explica: “Alcançar esse público muito nos alegra. Isso é resultado, também, de um grande esforço da nossa equipe, que trabalha integrada e com muito profissionalismo. Quanto maior o alcance, mais levamos o nosso importante conteúdo para todo o Maranhão, outros estados brasileiros e a alguns países. Que venham mais seguidores”.

Silvia Tereza, que além de diretora adjunta é apresentadora do bem-sucedido programa de entrevistas “Direto ao Ponto”, avalia que o profissionalismo e o alto nível de comprometimento de toda equipe da TV Assembleia são pontos chaves para o crescimento do espaço da emissora no YouTube: “O canal da TV Assembleia do Maranhão no YouTube está entre os que têm o maior número de seguidores ou inscritos em relação às demais emissoras do estado. Isso se deve ao nosso volume de transmissões, lives, que cresceu nos últimos cinco anos, e, também, ao potencial dos vídeos de reportagens e produções do nosso veículo legislativo”.

Vale registrar que as inovações que estão dando estatura à TV Assembleia são inteiramente avalizadas pelo presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB), que é jornalista por formação, sabedor, portanto, da importância de uma emissora dessa natureza.

São Luís, 28 de Outubro de 2022.

Já são dois candidatos ao comando da Famem; disputa ganhará força após eleição presidencial

Bruno Silva entra na disputa com Ivo Rezende pelo comando da Famem, que deve atrair outros candidatos na próxima semana

Um dos principais termômetros da política maranhense, a Federação de Municípios do Estado do Maranhão (Famem), que congrega a maioria dos 217 prefeitos, entra, agora efetivamente, no radar dos grupos políticos e partidários, por causa do processo sucessório, que deve ser realizado em Janeiro, com a eleição da nova diretoria. Dois prefeitos – Ivo Rezende (PSB), de São Mateus, e Bruno Silva (PP), de Coelho Neto -, expoentes da novíssima geração de políticos maranhenses, se lançaram candidatos a presidente da entidade, emitindo fortes sintomas de que a disputa será dura e envolverá muito mais do que as aspirações de cada um deles. Outros prefeitos estão de olho no comando da entidade, que deveria tão somente ser porta-voz do municipalismo no Maranhão, mas que foi transformada num braço político poderoso a serviço de quem está no comando, caso do senador Weverton Rocha (PDT), que controla a entidade por meio do seu homem de confiança, Erlânio Xavier (PDT), prefeito de Igarapé do Meio e vice-presidente estadual do PDT.

O prefeito de São Mateus, Ivo Rezende, ainda não tem o apoio formal do seu partido, mas todos os sinais sugerem que ele não entrou nessa disputa somente pela sua vontade de comandar a entidade. Nos bastidores, correm rumores de que o prefeito de São Mateus deve receber o aval do PSB. Por outro lado, o prefeito de Coelho Neto, Bruno Silva, tem como patrono o deputado federal André Fufuca, que comanda o PP no Maranhão e tem peso expressivo na política federal. Tanto Ivo Rezende quanto Bruno Silva são prefeitos engajados e enxergam na Famem um instrumento de ação política que extrapola sua natureza como entidade municipalista.

Isso está acontecendo porque a entidade foi colocada sob o controle do senador Weverton Rocha, que na troca de comando em 2017, estreou seu mandato senatorial movendo céu e terra para eleger Erlânio Xavier presidente da entidade. A eleição do vice-presidente do PDT deu uma imensa massa de poder ao projeto do senador Weverton Rocha de chegar ao Palácio dos Leões, cacife reforçado com a eleição de mais de 40 prefeito em 2020, tornando-o, à vista de muitos, um candidato quase imbatível na disputa pelo Governo do Estado. O seu projeto ficou ainda mais claro em janeiro do ano passado, quando acionou todo o poder de fogo da sua máquina política para reeleger Erlânio Xavier, numa disputa ferrenha contra o prefeito reeleito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), apoiado pelo então vice-governador e pré-candidato a governador Carlos Brandão.

Mesmo duramente derrotado nas urnas, passando de favorito a terceiro colocado na corrida ao Palácio dos Leões, vencida em turno único pelo governador reeleito Carlos Brandão, o senador Weverton Rocha provavelmente tentará emplacar o sucessor de Erlânio Xavier, que também chega ao final do segundo mandato politicamente emagrecido. Mas são poucos no meio político os que acreditam que ele terá fôlego para bancar uma candidatura com alguma viabilidade. E se perder o comando agora, dificilmente o terá de volta, podendo considerar uma perda quase definitiva.

A entrada dos prefeitos de São Mateus e de Coelho Neto, dois municípios de peso nas regiões onde estão situados, na disputa, tira o protagonismo do senador pedetista e do atual presidente, seu lugar-tenente. A começar pelo fato de que os dois aspirantes à presidência da Famem são alinhados ao Palácio dos Leões, o primeiro tendo como patrono o ex-prefeito Miltinho, e o segundo tem o aval do deputado federal reeleito André Fufuca, aliado do governador Carlos Brandão, e um dos chefes nacionais do PP, e que planeja passos políticos mais arrojados nas próximas eleições.

Outros nomes certamente surgirão nas próximas semanas, principalmente depois do desfecho da eleição presidencial no próximo domingo. Isso quer dizer que a Famem vai continuar com dois eixos, o das ações municipalistas e o do seu uso como máquina de ação política e eleitora do grupo que vier a comandá-la.

 PONTO & CONTRAPONTO          

Brandão joga aberto sobre montagem do novo Governo e relação com políticos

Carlos Brandão manda recados sobre montagem do novo Governo e relação com lideranças aliadas e adversárias

Numa entrevista que concedeu nesta semana ao jornal Folha de S. Paulo, o governador Carlos Brandão (PSB) mandou dois recados à classe política do Maranhão, incluindo aliados e adversários. No primeiro, avisa como será a participação de partidos aliados no seu próximo Governo. No segundo, diz como será sua relação com os políticos aliados e adversários.

Primeiro: “Os partidos que nos ajudaram a tendência é ocuparem espaço no governo. Qual é a nossa preocupação? É a indicação de um quadro técnico qualificado. O partido que nos ajudou, compôs a nossa base, não tem nenhum problema fazer indicação. Só que tem o crivo da qualificação técnica, o histórico dessa pessoa”.

Segundo: “A gente tem que desarmar o palanque. Eu me conduzi de modo diferente aqui. Nos debates, não parti para a agressão. Acabou a eleição, o palanque está desmontado. Estou aberto aqui no Palácio dos Leões [sede do governo] para receber qualquer deputado. Receber não significa que terá privilégio. É lógico que nossos apoiadores terão uma atenção diferenciada, mas os que não apoiarem não serão discriminados”.

Mais claro, impossível.

Roberto Costa se solidariza com a senadora Eliziane Gama

Roberto Costa: solidário com Eliziane Gama

“Eliziane tornou-se uma figura política nacional exatamente pela sua fidelidade cristã e atuação política permanente em defesa dos direitos humanos e das minorias. Ela conquistou o respeito não somente do Maranhão, mas também do Brasil”.

Foi como o deputado Roberto Costa (MDB) se solidarizou com a senadora Eliziane Gama (Cidadania), diante da agressiva posição da cúpula da Assembleia de Deus no Maranhão, perlo fato de a parlamentar haver declarado apoio ao ex-presidente Lula da Silva (PT) na disputa pela presidência da República.

O líder emedebista foi mais longe ao afirmar que sua solidariedade à senadora Eliziane Gama não se limita ao episódio, mas alcança sua história política ao longo dos mandatos como deputada estadual, deputada federal e senadora. E concluiu: “Tenho certeza de que sua posição está em sintonia com os anseios da nossa população, principalmente da parte mais pobre”.

São Luís, 26 de Outubro de 2022.

Maranhão: com forte apoio, Lula pode aumentar votação; sem líderes, Bolsonaro pode emagrecer ainda mais

Lula da Silva deve vencer de novo Jair Bolsonaro no Maranhão

Não será surpresa se, independentemente do resultado da disputa no âmbito nacional, o ex-presidente Lula da Silva (PT) sair das urnas maranhenses com mais de 68,84% dos votos (2.603.454), podendo chegar aos 80% da votação no próximo domingo, impondo mais uma dura derrota ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que no 1º turno recebeu 26,02% (983.861) no estado. E os motivos estão muito claros: a esmagadora maioria dos maranhenses acreditam no ex-presidente Lula da Silva, não gostam do presidente Jair Bolsonaro e estão em sintonia com as principais lideranças políticas do estado – o governador reeleito Carlos Brandão (PSB), o senador eleito Flávio Dino (PSB), o vice-governador eleito Felipe Camarão (PT) e o presidente da Assembleia Legislativa o deputado estadual reeleito Othelino Neto (PCdoB), partidários do candidato petista. Já o presidente Jair Bolsonaro, além de ser rejeitado pela maioria dos eleitores maranhenses, continua com uma campanha sem líderes, feita apenas por apoiadores, que estariam se mobilizando para dar uma demonstração de força com grandes carreatas entre sexta-feira (28) e sábado (29), como fizeram na véspera do 1º turno em São Luís e em algumas das maiores cidades do estado.

A menos que haja uma reviravolta fantástica, fora de todos os níveis de previsão, o candidato do PT será o vencedor das eleições no Maranhão, e muito provavelmente com uma votação bem maior do que a que recebeu no 1º turno. Isso porque, além da afeição política que desfruta no eleitorado maranhense desde sua primeira campanha vitoriosa, em 2002 e repetida em 2006, Lula da Silva conta com sólidos aliados no estado. Atualmente, o grupo que lhe dá sustentação é a aliança articulada pelo ex-governador e senador eleito Flávio Dino e cujo comando está com o governador reeleito Carlos Brandão. O governador e o senador eleito decidiram mergulhar de cabeça na campanha do 2º turno, com a determinação de aumentar o cacife eleitoral do líder petista.

Desde a semana passada, os líderes da aliança PSB/PT/PCdoB estão comandando atos gigantescos em todo o estado, como a grande caminhada que uniu maranhenses e piauienses na Ponte da Amizade, que liga Timon (MA) e Teresina (PI); um movimento, no domingo, que reuniu uma multidão em São Luís, que começou na Avenida Litorânea e terminou sobre a Ponte José Sarney, além de gigantescos “arrastões” em cidades como Chapadinha e Coelho Neto. Uma série de atos está programada para até sábado, véspera da eleição. O clima é de visível animação, com líderes e militantes pró-Lula da Silva mostrando otimismo.

A campanha do presidente Jair Bolsonaro se dá no Maranhão por “geração espontânea”, sem a ação aberta e ostensiva de líderes, contando apenas com a movimentação de grupos formados com os esforços de apoiadores. O ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSC), que ficou em segundo lugar na disputa pelo Governo do Estado com forte apoio de bolsonaristas, saiu de cena, e só depois de ser duramente cobrado, gravou declarações de apoio ao presidente no 2º turno. O deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que comanda o PL, partido do presidente, no Maranhão, saiu de cena, fazendo de conta que sua agremiação não tem candidato ao Planalto. Homem de proa na bancada bolsonarista na Câmara Federal, o deputado federal Aluísio Mendes (PSC) não tem feito campanha ostensiva pró-Bolsonaro. Assim como eles, outros bolsonaristas, como o deputado federal não reeleito Edilázio Jr. (PSD).

E o senador Roberto Rocha, o mais assumido partidário do presidente Jair Bolsonaro, está com seu prestígio político e eleitoral tão em baixa, que prefere ganhar notoriedade tentando confrontar com o ministro-presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que sequer se dignou a responder a sua provocação, ou seja, não lhe deu nenhuma importância. E no que diz respeito à corrida pelo voto, que é o que de fato interessa ao presidente da República nesse momento, não se soube de alguma ação de caça ao voto liderada pelo senador.

É esse o contexto que indica que todos os ventos estão soprando no sentido de que, pelo menos, a votação do 2º turno será, no mínimo, a repetição do 1º turno, podendo chegar ao aumento aspirado pelos líderes da campanha lulista no Maranhão.

PONTO & CONTRAPONTO

A guinada radical de Simplício Araújo para a extrema direita

Simplício Araújo: revelou sua identidade ideológica

Numa guinada sem precedentes na política estadual, o suplemente de deputado federal Simplício Araújo, que comanda o Solidariedade no Maranhão, saiu do grupo pró-Lula da Silva (PT), liderado pelo ex-governador e senador eleito Flávio Dino (PSB), onde passou oito anos camuflado, para mostrar agora a sua verdadeira identidade ideológica: a extrema direita, e declarar-se apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Suplente de deputado federal duas vezes seguidas, ele ganhou a presidência do SD no Maranhão, e nessa condição participou de arranjos partidários que o levaram à Secretaria de Indústria, Comércio e Energia nos dois períodos do governador Flávio Dino. Na avaliação geral, foi um secretário ativo e realizou ali um bom trabalho, dialogando com a classe empresarial e atuando de maneira eficiente na pandemia. Todavia, numa guinada que ninguém conseguiu explicar até agora, Simplício Araújo decidiu ser candidato a governador, falando alto e ameaçando seguir outro caminho se não fosse ele o candidato do grupo dinista aos Leões. Não foi escolhido e, num outro lance destrambelhado, se lançou candidato solo, sem eira nem beira, migrando para a oposição num processo lento, confuso e absolutamente inexplicável. Ao longo da campanha, foi triturado por ele próprio, num inacreditável processo de autodestruição política. Terminou a eleição atrás de Hertz Dias (PSTU), com míseros cinco mil votos, quando poderia, se tivesse mantido a coerência, ter se elegido deputado federal. Na sua guinada, ele deu mais um passo na contramão da esmagadora maioria dos maranhenses, e aderiu ao presidente Jair Bolsonaro, com quem assumiu ter total afinidade ideológica. Onde vai parar, só o tempo dirá.

Memória

Sacada genial de João Alberto mudou o curso da eleição de 1990 entre Lobão e Castelo

João Alberto teve a sacada que minou João Castelo e elegeu Edison Lobão governador do Maranhão em 1990

Em 1990, portanto há 32 anos, o Maranhão assistiu a uma virada espetacular na disputa para o Governo do Estado.

De um lado, estava o senador João Castelo (PDS), embalado pela força avassaladora do então presidente Fernando Collor (PRN), que naquele momento era o todo-poderoso da política nacional. Do outro, o senador Edison Lobão (PMDB), apoiado pelo governador João Alberto e pelo ex-presidente José Sarney (PMDB), que estava em baixa, tentando eleger-se senador pelo Amapá, já que o PMDB lhe negara vaga no Maranhão.

Com a força de Collor e embalado pelo slogan “Agora é Castelo”, lançado por um comercial convincente, no qual o prestigiado ator Lima Duarte completava dizendo que a “mudança só depende de nós”, João Castelo liderou todo o 1º turno. Lobão, por sua vez, fez a campanha possível, apostando numa virada improvável no 2º turno.

Divulgados os resultados, a cúpula da campanha de Edison Lobão se reuniu à noite na residência de veraneio do governador, em São Marcos, para analisar o cenário e tomar decisões.

Liderada pelo ex-presidente José Sarney, que havia sido eleito senador pelo Amapá, a reunião começou tensa, com uma discussão acirrada sobre o que fazer. Em meio ao clima pesado, o governador João Alberto pediu a palavra, todos se calaram, e ele disparou:

– O slogan da campanha é “Agora é Lobão”.

Todos aprovaram com entusiasmo, pois a ideia resolveu metade dos problemas da campanha. Além de firmar o slogan demolidor, a cúpula decidiu, já por volta da meia-noite, que o “Agora é Lobão” deveria amanhecer nos muros mais visíveis de São Luís e de algumas cidades, como Imperatriz, por exemplo.

Foi um corre-corre, mas o fato é que o “Agora é Lobão” amanheceu em muitos muros, principalmente em São Luís, desnorteando fortemente a campanha de João Castelo, que pretendia prosseguir com o slogan “Agora é Castelo”, mas o viu prejudicado.

Houve reações iradas na cúpula castelista, protesto registrado na Justiça Eleitoral, tentativa de apagar o que fora pintado nos muros. Nada, porém, foi suficiente para mudar o curso da campanha de Edison Lobão, agora turbinada por um slogan de poder avassalador.

O resultado foi que o genial insight do governador João Alberto turbinou a campanha de Edison Lobão, que virou o jogo e venceu a eleição por boa margem.  

São Luís, 25 de Outubro de 2022.      

Brandão mostra segurança e começa a dar forma e cara ao seu Governo

Carlos Brandão: firmeza nas decisões e palavra final no comando do Governo do Estado

Quem imaginou que Carlos Brandão (PSB) seria um governador inseguro e influenciado por terceiros, tropeçou na avaliação. O governante reeleito do Maranhão vem dando seguidas demonstrações de que governa em sintonia com seus principais aliados, mas tem a palavra final sobre tudo o que diz respeito ao Poder Executivo, a começar pelas decisões de Governo, sobre o qual tem domínio total desde que assumiu, no início de abril. “Até agora, ele não vacilou em nenhuma tomada de decisão”, disse à Coluna um dos seus mais próximos aliados. E é com esse cacife e esse senso de autoridade que o governador reeleito vai aos poucos moldando rapidamente a imagem do seu Governo ainda embrionário. E foi com base nessa linha de ação que decidiu manter o Governo funcionando a pleno vapor, e vai preparando, para depois da diplomação como governador reeleito, a montagem do seu novo Governo, a ser instalado em janeiro. Ao mesmo tempo, Carlos Brandão chamou para si a tarefa de comandar a campanha do ex-presidente Lula da Silva (PT) no Maranhão, avisando que só depois do 2º turno se dedicará a montar as peças da sua equipe de governo.

Nos primeiros dias da sua gestão, o governador Carlos Brandão atuou de maneira discreta e cautelosa, o que agora é explicado pelo fato de que, naquele momento, ela já começava a ser afetado pelo problema de saúde. E para evitar que a situação se tornasse mais grave mais à frente, com a confirmação da dificuldade na saúde, ele tomou todas as providências no campo administrativo, para poder se afastar, sem maiores problemas, por 45 dias. No mês e meio que permaneceu em São Paulo, e com a anuência do governador interino, desembargador Paulo Velten, Carlos Brandão participou de todas as decisões de Governo por meio de vídeoconferência, realizando de pelo menos duas reuniões virtuais por dia com membros do secretariado. Recuperado, deu ao Governo um ritmo de maratona, inaugurando e anunciando obras, e anunciando decisões, como a criação do curso de Medicina na UEMA, entre outras.

No campo político, o governador comandou a vitória da sua coligação no 1º turno das eleições, que resultou na sua reeleição e na eleição do ex-governador Flávio Dino (PSB) para o Senado, e com aliados na Câmara Federal e muita força na Assembleia Legislativa. Além disso, foi um dos principais apoiadores do ex-presidente Lula da Silva (PT) no Maranhão, onde o petista alcançou 68% dos votos, contra 26% obtidos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Foi do governador reeleito, por exemplo, a meta de elevar a votação do ex-presidente para 80% no estado, anunciada na segunda-feira (3/10), quando, juntamente com o senador eleito Flávio Dino, liderou comício na Praça Deodoro. Ali, ele convocou a militância aliada, a “enfrentar o sol e a lua”.

Ainda no campo político, independentemente do resultado da eleição presidencial, o governador Carlos Brandão parece determinado a evitar que divisões políticas criem situações de tensão no Maranhão. E deixou isso claro ontem, quando divulgou nas suas redes proposta no sentido de que as diferenças políticas sejam superadas, avisando que está aberto ao diálogo, e que no seu Governo não retalia adversários eleitorais. E foi mais claro: “Em eleição é natural que haja disputa e acirramento de ânimos. Mas no Governo não há espaço para ódio nem perseguição. Governamos para o Maranhão, para melhorar a vida do povo”. E deu uma demonstração prática ao receber o comando da Fetaema, a mais importante entidade que congrega sindicatos de trabalhadores rurais no Maranhão, que no 1º turno das eleições atuou alinhada ao candidato do PDT, senador Weverton Rocha. Na parte mais informal da conversa, disse que “isso é página virada”.

As decisões e atitudes do governador reeleito Carlos Brandão são reveladoras de que ele sabe onde está, sabe o que está fazendo e sabe onde quer chegar. E com a certeza de que terá o apoio do seu maior aliado, o senador eleito Flávio Dino e seu grupo.

PONTO & CONTRAPONTO

Democrata convicto e um dos patronos da ordem institucional, José Sarney sai em defesa do Supremo

José Sarney: patrono da democracia cobra respeito ao Supremo Tribunal Federal

Em meio à ameaça de caos institucional feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), na reta final da campanha eleitoral, e antevendo a possibilidade de concretização de um projeto de poder autoritário com a intensificação de uma catilinária primitiva contra o Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente José Sarney (MDB), do alto dos seus mais de 90 anos, faz um eloquente chamado ao País no sentido de que, independentemente de partidarismo ou ideologia, os brasileiros se unam em defesa da mais sólida e necessária instituição do Brasil, a Corte maior do Poder Judiciário. Democrata por essência, com o ativo de quem conduziu a transição que tirou o Brasil da ditadura militar e o recolocou nos trilhos da democracia, autor que foi da convocação da Assembleia Nacional Constituinte, geradora da ordem institucional vigente, baseada nos pilares da democracia, o ex-presidente da República dá uma lição de civilidade política com a carta em defesa do Supremo Tribunal Federal. O maior recado da sua iniciativa é o que lembra que Judiciário fraco é o caminho para as tiranias, exatamente o que pretende o atual presidente da República. Segue a manifestação do ex-presidente José Sarney, que deve ser lida e refletida por todo cidadão de bom senso:

O Supremo Tribunal Federal nunca faltou à Nação. É sobretudo nos momentos difíceis como o que vivemos que ele assegura os direitos humanos, individuais, difusos e sociais, o Estado de Direito, o governo das liberdades e sobretudo a democracia, que não existe sem a Justiça.

Fui o orador do Centenário do STF e ressaltei que Machado de Assis dizia que sua vitaliciedade dava à Casa uma consciência da duração perpétua, responsável que fora, era e é pela unidade nacional.

Na sofrida história brasileira foram fechados o Executivo e o Legislativo, nunca o Judiciário. Rui Barbosa declarou: “Eu instituo esse Tribunal venerando, severo, incorruptível guarda vigilante desta terra”. A estrutura do País repousa sobre o Supremo Tribunal Federal que será sempre a base da democracia e da liberdade.

Minha solidariedade à Suprema Corte e a seus Ministros, que zelam pelas instituições. Sem um Supremo forte e íntegro não há democracia e os direitos individuais desaparecem.

Devemos nos reunir todos, sem partidarismo ou ideologia, e prestigiar o Supremo Tribunal Federal. É ele que guarda a Constituição, nossa garantia como Nação democrática.

José Sarney

Prefeito de São Mateus confirma candidatura à presidência da Famem

Ivo Rezende

Na edição de sexta-feira (21/10), a Coluna comentou o monumental obstáculo que a Operação Arconte – feita pela Polícia Federal para desmontar esquemas de corrupção em cinco prefeituras maranhenses, entre elas São Luís, São José de Ribamar e Caxias – colocou no caminho que poderia levar o prefeito caxiense, Fábio Gentil, à presidência da Famem. E apontou, em primeira mão, o prefeito de São Mateus, Ivo Rezende (PSB), como um nome forte da seara governista, para disputar o comando da entidade municipalista. A informação de RepórterTempo assanhou os bastidores municipalistas e parte da blogosfera, que manifestaram surpresa, mas que caíram “na real” quando o próprio prefeito Ivo Rezende referendou o registro com a confirmação da sua candidatura.

A revelação de RepórterTempo deflagrou a corrida sucessória na Famem, que a partir de janeiro deixará de ser uma peça fundamental no arsenal político do senador Weverton Rocha.

São Luís, 23 de Outubro de 2022.

Por apoiar Lula, Eliziane é atacada por líderes da Assembleia de Deus, mas ganha o apoio de Marina

 

Eliziane Gama atacada por chefes da Assembleia de Deus por apoiar Lula da Silva

A senadora Eliziane Gama (Cidadania) foi transformada em alvo de duras e agressivas críticas na comunidade ligada à Assembleia de Deus, a mais tradicional denominação evangélica do Maranhão, por haver declarado apoio à candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT), no 2º turno da eleição presidencial. Os ataques, que já vinham sendo ensaiados face ao posicionamento da senadora no 1º turno, foram intensificados na terça-feira (18), quando a parlamentar participou de um encontro do candidato do PT com líderes evangélicos – a maioria assembleianos – aos quais entregou a Carta aos Evangélicos. No documento o ex-presidente assume uma série de compromissos, entre eles a manutenção integral da Lei 10.825, por ele sancionada em 2003, que garante a plena liberdade religiosa, prevista na Constituição.

Ex-militante do PT, pelo qual tentou se eleger deputada estadual, no início do século, a senadora Eliziane Gama sempre teve posição firme em relação aos excessos de cobrança da Assembleia de Deus, por conta das suas posições. Ao longo da sua carreira, que começou na Assembleia Legislativa, a parlamentar sempre primou pela coerência em relação à mistura de política com religião. Ela mantém forte envolvimento com a Assembleia de Deus, à qual pertence, numa relação que inclui toda a sua família. Com dois mandatos de deputada estadual, um mandato de deputada federal, e agora como senadora da República, Eliziane Gama está legitimada para intermediar uma relação normal entre evangélicos e o resto do mundo.

Quando declarou seu apoio ao ex-presidente Lula da Silva, a senadora Eliziane Gama deu uma indiscutível demonstração de coerência. A começar pelo fato de que no 1º turno ela seguiu rigorosamente a orientação da federação Cidadania/PSDB, que recomendou voto no ex-presidente. A posição que está mantendo agora, acompanhando um expressivo grupo de pastores de várias denominações, nada mais é do que a que a moveu no 1º turno. Esse grupo, que se reuniu com Lula da Silva, não aceita o posicionamento das igrejas em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, por entender que ele não traduz a essência das religiões pentecostais.

Não faz sentido os líderes da Assembleia de Deus no Maranhão, que integram a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e a Ceadema, estimularem ataques à senadora. Isso porque absurdo seria se ela se alinhasse ao presidente da República, ao qual faz oposição efetiva e correta, sem ultrapassar os limites da civilidade. Essa postura da parlamentar maranhense foi fielmente traduzida durante a CPI da Covid, quando Eliziane Gama, representando a Bancada Feminina no Senado, se revelou uma grata surpresa para os que não conheciam sua ação parlamentar, se posicionou de maneira implacável em relação aos fortes indícios de corrupção na compra de vacinas pelo Ministério da Saúde e, mais recentemente, o escândalo dos pastores que assediavam prefeitos no Ministério da Educação.

Se depois de tudo o que fez nos últimos três anos e meio como oposição ao Governo Bolsonaro, a senadora Eliziane Gama se posicionasse agora a favor da candidatura do presidente à reeleição, estaria ela protagonizando um inexplicável gesto de contradição política. Sua coerência, nesse caso, deveria ser motivo de apoio por parte da cúpula assembleiana, e não de crítica, como se a Assembleia de Deus fosse um partido político, manipulado por pastores, que parecem mais preocupados em reeleger o presidente Jair Bolsonaro do que com a saúde moral e ética dos seus liderados.

Mas, mesmo sob ataques injustos por parte de líderes assembleianos que entregaram sua alma a Jair Bolsonaro, a senadora está se mantendo de pé, com altivez. Tanto que ela recebeu ontem uma declaração de apoio de uma líder política religiosa de grande importância, a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Cidadania), que vê na senadora maranhense uma fortaleza de coerência.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Márcio Jerry avisa que o PCdoB está com Othelino Neto na disputa pelo comando da Assembleia Legislativa

Othelino Neto: apoio

Se alguém duvidava do poder de fogo do deputado estadual reeleito Othelino Neto (PCdoB) para disputar novo mandato de presidente da Assembleia Legislativa, a fatia de dúvida que restava foi pelos ares, ontem, com a declaração de apoio do presidente regional do seu partido, deputado federal reeleito Márcio Jerry (PCdoB). A manifestação do deputado Márcio Jerry é reveladora de que, além do dele próprio, o presidente Othelino Neto pode contar com os outros três votos do PCdoB (Rodrigo Lago, Ricardo Rios e Ana do Gás), aos quais se somarão os 10 votos do PSB e o voto já declarado do deputado reeleito Rildo Amaral (PP) e do deputado reeleito Roberto Costa (MDB), garantindo-lhe entrar na disputa com um cacife de 16 dos 22 votos necessários para a eleição.

 

Duarte Jr. agradece eleição para deputado federal, destacando o papel do eleitorado de São Luís

Duarte Jr.: agradecido

O deputado estadual Duarte Jr. (PSB) discursou ontem na Assembleia legislativa, para agradecer ao eleitorado maranhense a sua eleição para a Câmara Federal. Ele festejou também a reeleição do governador Carlos Brandão (PSB) e a eleição do ex-governador Flávio Dino (PSB) para o Senado. Quando falou da sua própria eleição, ele fez um agradecimento especial ao eleitorado de São Luís, que lhe deu mais da metade dos mais de 100 mil votos que recebeu. O agradecimento especial a São Luís teve um tom especial. Com esse afago, o parlamentar está preparando base para consolidar seu projeto de candidatura para disputar a Prefeitura de São Luís, colocando-se na condição de principal adversário do prefeito Eduardo Braide (sem partido), que já sinalizou disposição para concorrer à reeleição em 2024. No meio político e fora dele, a expectativa dominante é a de um embate duro e bem travado entre o prefeito Eduardo Braide, que deve chegar em 2024 no auge da sua gestão, e o deputado federal Duarte Jr., que pode estar com prestígio em alta por seu desempenho na Câmara Federal.

São Luís, 21 de Outubro de 2022.

Othelino Neto é favorito para a presidência da Assembleia Legislativa; Arnaldo Melo entra na disputa

 

Othelino Neto em ato com Carlos Brandão; Arnaldo Melo lança candidatura na AL

A menos que surjam outros nomes, o que é improvável na nova composição parlamentar, a disputa pela presidência da Assembleia Legislativa se dará entre o deputado Othelino Neto (PCdoB), atual presidente, e o deputado Arnaldo Melo (PP), que já presidiu a Casa por dois mandatos, na década passada. É essa a fotografia do momento num cenário em que apenas eles sinalizaram com clareza que estão no páreo. O presidente Othelino Neto ainda não fez uma declaração formal sobre candidatura a novo mandato presidencial, mas já recebeu manifestações de apoio de nomes importantes entre os deputados eleitos e reeleitos, como Carlos Lula (PSB) e Rildo Amaral (PP). Arnaldo Melo já vinha se movimentando nos bastidores e decidiu colocar sua candidatura na rua ontem, saindo do instável campo das especulações. Nessa seara permanecem rumores de que deputados eleitos ligados ao senador Weverton Rocha (PDT) estariam articulando o lançamento de um candidato de oposição.

(Vale esclarecer que, por decisão da Justiça, desde 2020 deputado não pode mais exercer dois mandatos presidenciais consecutivos na mesma legislatura. Por exemplo: quem for eleito agora para o primeiro biênio da nova Assembleia Legislativa, não poderá se reeleger em 2024. No caso do deputado Othelino Neto, ele pode ser candidato, por se tratar de novo mandato. Se eleito for, não poderá se reeleger daqui a dois anos, o mesmo acontecendo com qualquer outro candidato. Não há, portanto, qualquer impedimento para o atual presidente se candidatar ao primeiro biênio da nova legislatura).

Qualquer avaliação desse momento levará natural e facilmente à conclusão de que o presidente Othelino Neto reúne as condições políticas necessárias para se eleger para primeiro mandato presidencial da nova legislatura. Ele comanda a Casa desde janeiro de 2018, realizou um trabalho respeitável, principalmente durante a pandemia, teve participação importante durante a campanha eleitoral como um dos articuladores da base governista, e se reelegeu como o segundo mais votado, alcançando mais de 84 mil votos. Além do mais, vem mantendo sintonia fina com o governador Carlos Brandão (PSB) e com os demais líderes da aliança governista, como o senador eleito Flávio Dino (PSB), de cuja campanha foi coordenador político. Sua posição é sólida.

Eleito para o oitavo mandato parlamentar, com dois mandatos presidenciais (2011/2014), o deputado Arnaldo Melo é raposa felpuda e tarimbada nesse jogo. Não há sinais de que tenha sido estimulado pelo Palácio dos Leões, causando por isso a impressão de que sua candidatura é independente, que pode passar por uma ampla negociação dentro da base governista. Ontem, ao confirmar sua candidatura, ele deu a seguinte justificativa: “Nós somos 42 deputados eleitos para a próxima legislatura, então, todos os 42 são legítimos. Eu sou um dos deputados mais antigos na Casa, com o maior número de mandatos, e inclusive já tive a honra de presidir a Casa e meu nome está aí, disponível para o grupo dos colegas deputados. Converso amistosamente com todos os colegas e aguardamos que o movimento do nosso grupo político consiga convergir para um nome (…), de forma coordenada e de forma harmônica”.

Nos gabinetes e corredores do Palácio Manoel Beckman, onde é intensa a movimentação de deputados eleitos e reeleitos, a expectativa dominante é a de que nada será formalmente decidido na base governista antes da decisão do 2º turno da eleição presidencial. Isso não muda o fato de que, nesse momento, o presidente Othelino Neto tem todas as cartas para se eleger para mais um mandato presidencial. E nesse contexto poderá ser montada a equação que venha a produzir um acerto pelo qual a escolha do presidente para o biênio 24/26 já seja engatilhada agora. E quem sabe na costura de um grande acordo pelo qual o deputado Arnaldo Melo seja o candidato da base em 2024.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Pesquisa mexe com lulistas e bolsonaristas no Maranhão

Lula da Silva e Jair Bolsonaro: pesquisa mostra distância menor

A pesquisa DataFolha sobre a eleição presidencial, apontando a redução da diferença de Lula da Silva (PT), com 49%, sobre Jair Bolsonaro (PL), com 45%, acendeu luz amarela nas bases de apoio dos dois candidatos no Maranhão.

Os apoiadores do líder petista foram apanhados de surpresa pela oscilação positiva do candidato do PL. Receberam os números da pesquisa como um recado direto, dado em alto e bom som, avisando que nada está definido e que a base lulista tem de se movimentar intensamente para manter a vantagem do ex-presidente. É como disse o senador eleito Flávio Dino (PSB), que a corrida do segundo turno exige trabalho árduo e sem descanso para consolidar a vantagem. Os próximos dias serão decisivos.

Para os bolsonaristas, qualquer oscilação positiva nesse momento é lucro valioso. Sem líderes destacados no Maranhão, e com uma campanha feita basicamente por seus militantes, o bolsonarismo ganhou mais ânimo ontem, com a pesquisa DataFolha. Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro não alimentam muitas ilusões em relação ao Maranhão, mas alguns deles já se arriscam a apostar que a vantagem será menor.

Os números do DataFolha funcionarão como gás para as campanhas no estado. Vale lembrar que no Maranhão Lula da Silva recebeu 68,84% dos votos e Jair Bolsonaro 26,02%.

 

Caxias: Operação Arconte pode minar projeto de Fábio Gentil de comandar a Famem

Fábio Gentil: projeto pode ser prejudicado por conta da Operação Arconte, da PF

A Operação Arconte, por meio da qual a Polícia Federal está desvendando o esquema criminoso que desviou dinheiro em cinco prefeituras – Caxias, São Luís, São José de Ribamar e em Teresina e Cajueiro da Praia, no Piauí – durante a pandemia, não o envolve diretamente, mas poderá reduzir o cacife político com que o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos) pretende se lançar para a presidência da Famem. Ele reagiu no ato, divulgou nota informando que está colaborando para que tudo seja colocado em pratos limpos, mas a primeira pancada, com imagens de dinheiro supostamente recebido como propina por servidores da Prefeitura de Caxias, deixa nódoa forte na imagem de uma gestão reconhecida como competente, eficiente e transparente, que possibilitou sua reeleição em 2020 com mais de 70% dos votos. E foi com esse prestígio que o prefeito Fábio Gentil saiu das urnas deste ano vitorioso sem ser candidato, mas mandando a filha, Amanda Gentil (PP), para a Câmara Federal, e ajudando decisivamente na renovação do mandato da deputada Daniella (PSB), sua consorte. Não é possível afirmar que ele esteja fora da disputa pelo comando da Famem, mas não resta dúvida de que a Operação Arconte atrapalha o projeto, se ele de fato existir.

Com a sombra colocada pela Operação Arconte sobre o prefeito de Caxias em relação a disputa pelo comando da Famem, ganha brilho no firmamento governista a estrela do prefeito de São Mateus, Ivo Resende (PSB), aliado de primeira hora do governador Carlos Brandão (PSB) e, segundo rumores, aspirante ao comando da entidade municipalista.

São Luís, 20 de Outubro 2022.

Movimentos de pretendentes colocam a sucessão na Prefeitura de São Luís na agenda política

 

Eduardo Braide, Duarte Jr., Edivaldo Jr. e Paulo Victor: já circulam nos bastidores

A poeira da guerra que foi a corrida eleitoral ainda não baixou, as forças políticas e partidárias vencedoras e as perdedoras ainda aguardam o desfecho da eleição presidencial no dia 30 para se ajustarem ao cenário que sairá das urnas, mas a disputa pela Prefeitura de São Luís, que ocorrerá daqui a dois anos, já é pauta prioritária nos bastidores. De cara, quatro pré-candidatos já estão se movimentando com o objetivo de chegar ao gabinete principal do Palácio de la Ravardière. O primeiro é o prefeito Eduardo Braide (sem partido), que não fez declarações sobre o assunto, mas até as pedras de cantaria da Praia Grande sabem que ele é candidatíssimo à reeleição. Depois vem o deputado federal eleito Duarte Jr. (PSB), que ficou em segundo em 2020 e ontem avisou que é candidato “irreversível” no próximo pleito. Além dele, são fortes os rumores de que o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PSD) já decidiu que será candidato. E, finalmente, está em curso um discreto movimento para construir a candidatura do vereador Paulo Victor (PCdoB), presidente eleito da Câmara Municipal de São Luís. Todos em condições de travar uma boa luta pelo Palácio de la Ravardière.

Mesmo sofrendo algum desgaste por conta do desastre eleitoral dos seus candidatos a governador (Weverton Rocha – PDT), ao Senado (Roberto Rocha – PTB) e a deputado federal (Edilázio Jr. – PDS) em São Luís, o prefeito Eduardo Braide tem fôlego político e tempo para consolidar sua posição, retomar o pleno controle da situação e turbinar sua gestão para chegar em 2024 em condições de enfrentar seus adversários. No contrapeso aos equívocos políticos que o colocaram em situação delicada, Eduardo Braide está realizando uma gestão positiva, o que é fator decisivo para produzir o gás que precisará no embate por sua sucessão. O seu primeiro passo será procurar um partido, sobre o qual venha a ter total controle.

O deputado estadual e deputado federal eleito Duarte Jr. (PSB) não perdeu tempo e já se lançou candidato. Sua eleição para a Câmara Federal, com mais de 100 mil votos, a maioria deles recebida em São Luís, o credenciou para pleitear a vaga de candidato ao PSB, seu partido. É claro que o parlamentar faz parte de uma aliança comandada no Maranhão pelo governador Carlos Brandão, que pode ter outro nome, mas ninguém duvida de que ele é um aspirante forte, que já demonstrou viabilidade eleitoral na Capital, o que o credencia para pleitear a condição de candidato do grupo.

Ainda que fortemente desgastado por causa do equívoco que foi a sua participação na disputa pelo Governo do Estado, tendo saído das urnas com uma humilhante votação em São Luís, onde esperava “bombar”, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. é um nome a ser considerado nessa disputa. Mas está longe de entrar como favorito. A viabilização do seu projeto dependerá de uma série de fatores, entre eles o enfraquecimento do prefeito Eduardo Braide e da desistência de Duarte Jr., o que não está previsto em nenhum cenário. Ainda assim, os seus oito anos à frente da Prefeitura de São Luís com desempenho positivo o credenciam a entrar na corrida.

O vereador Paulo Victor é, até aqui, produto bolsa de especulação. Mas a sua eleição em 2020, a maneira avassaladora como articulou e conduziu sua candidatura à presidência da Câmara Municipal, alcançando o comando da Casa por aclamação, e por fim sua festejada passagem pela Secretaria Estadual de Cultura, de onde comandou a organização bem-sucedida das festas juninas na Capital chamaram a atenção. E o colocaram como uma espécie de coringa do Palácio dos Leões na disputa pelo comando administrativo e político da Capital.

Como se vê, o processo político não para, e por isso ninguém duvida de que a declaração do deputado federal eleito Duarte Jr. foi a senha que o próprio prefeito Eduardo Braide esperava colocar seu projeto de reeleição como prioridade na sua agenda política.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Josimar de Maranhãozinho não está preocupado por não ter festejado Bolsonaro em São Luís

Josimar de Maranhãozinho 

É forte a repercussão da ausência do deputado federal Josimar de Maranhãozinho e da deputada estadual e deputada federal eleita Detinha nos eventos de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição. Donatários absolutos do PL no Maranhão, ambos não compareceram nem deram qualquer explicação. Josimar de Maranhãozinho, que se reelegeu para a Câmara Federal com um caminhão de votos, não deu nenhuma declaração estridente e enfática em defesa da candidatura do presidente das República à reeleição. E a explicação para isso é simples: o chefe maior do PL no Maranhão faz questão de mostrar que atua de maneira independente, não atrelando sua movimentação nem ao Governo do Estado nem à Presidência da República. No caso de o presidente Jair Bolsonaro ser reeleito, tudo continuará como está na sua relação com o Palácio do Planalto. No caso da eleição do ex-presidente Lula da Silva (PT) – que é o que está sendo desenhado até aqui -, sua relação com o Governo se dará com base nos quatro votos que ele controla – o dele e o da deputada Detinha e os dos deputados Júnior Lourenço e Pastor Gildenemyr. É com essa equação, e não exatamente com o fato de ser ele do mesmo partido do presidente, que ele se move nesse tabuleiro. Daí não fazer qualquer diferença ele ter ou não comparecido aos eventos de campanha do candidato do seu partido.

 

Lulistas apostam na vitória; bolsonaristas, nem tanto

Lula da Silva vem atropelando Jair Bolsonaro na corrida ao Planalto

O comando da campanha do ex-presidente Lula da Silva no Maranhão trabalha com a perspectiva de que o eleitorado maranhense dará pelo menos 70% dos votos válidos para o líder petista. Um resultado menor do que os 80% pretendidos, mas acima dos 68,8% que ele recebeu no primeiro turno. No geral, o clima é de otimismo e de aposta vitória do ex-presidente.

Bolsonaristas envolvidos na campanha não alimentam esperança de reverter o cenário no Maranhão, mas apostam que o resultado das urnas será um pouco menor do que o do primeiro turno. Mas nenhum quis fazer alguma previsão numérica. Entre os bolsonaristas há otimismo, mas o clima dominante é o de realismo, ou seja, pode dar, mas pode não dar.

São Luís, 19 de Outubro de 2022.