O senador Weverton Rocha, pré-candidato do PDT ao Governo do Estado, já tem companheiro de chapa. Trata-se do deputado estadual Hélio Soares (PL), indicado ontem pelo homem-forte do partido no Maranhão, deputado Josimar de Maranhãozinho, dentro do acordo firmado há duas semanas com o pré-candidato pedetista. O anúncio foi feito ontem à noite por Josimar de Maranhãozinho, na presença do prefeito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier (PDT), presidente da Famem e homem de confiança e braço direito do senador Weverton Rocha. Com a indicação de Hélio Soares, que formalmente é o presidente do PL no Maranhão, o pré-candidato do PDT ao Governo do Estado amarra em definitivo sua relação com as duas pontas do bolsonarismo no estado, a comandada por Josimar de Maranhãozinho, que controla a base partidária do presidente Jair Bolsonaro no estado, e a que tem à frente o senador Roberto Rocha (PTB), candidato à reeleição já contando com o apoio declarado do senador pedetista e seu grupo, conforme declaração dele próprio.
A escolha do deputado estadual Hélio Soares para ser o pré-candidato a vice na chapa do senador Weverton Rocha não se deu pelo seu poder de fogo político e eleitoral, mas pelo fato de o parlamentar ser homem da extrema confiança de Josimar de Maranhãozinho na seara política, atuando como operador dos seus movimentos nas articulações pré-eleitorais. A relação entre o líder e o liderado nesse caso é tão forte que Hélio Soares aceitou participar de uma aventura, que pode ser bem-sucedida, mas também tem grande probabilidade de resultar num tremendo fiasco. Tanto que a possibilidade inicial de indicar a deputada Detinha foi descartada exatamente pelo fato de a empreitada eleitoral do senador Weverton Rocha carregar uma enorme taxa de risco. Ou seja, Hélio Soares entra nessa corrida consciente de que pode vir a ser vice-governador, mas que também pode terminar sem mandato.
Atualmente no exercício do quinto mandato intercalado de deputado estadual, Hélio Soares nasceu político nas facilidades proporcionadas pela Cemar em outros tempos. Mais recentemente, já sem aquela poderosa fonte de poder, ele andou vivendo a gangorra da política. Em 2010, em meio à volta de Roseana Sarney (PMDB) ao poder, conquistou seu terceiro mandato com 41.673 votos. Em 2014, num revés desconcertante, saiu das urnas com minguados 15.520 votos. Com faro apurado, encontrou em Josimar de Maranhãozinho o seu novo caminho, o que lhe assegurou voltar à Assembleia Legislativa quatro anos depois com 38.555 votos. Nesse mandato, tem atuado com braço direito de do chefe do PL no plano político e partidário, e como uma espécie de conselheiro da deputada Detinha (PL) e um tipo de coordenador da bancada do PL, formada, além deles, pelos deputados Vinícius Louro e Pará Figueiredo.
Tarimbado como um sobrevivente no jogo parlamentar e experimentado nas entranhas da política miúda, o deputado Hélio Soares não foi escolhido para vice de Weverton Rocha exatamente pelos seus atributos políticos e eleitorais. Ele foi indicado para cumprir uma missão: ser o preposto do deputado federal Josimar de Maranhãozinho num eventual governo comandado pelo senador Weverton Rocha. Se fosse uma opção política e eleitoral no sentido mais amplo, a escolha teria recaído sobre outro nome, no caso a deputada Detinha, que iniciou sua carreira parlamentar como campeã de votos para a Assembleia Legislativa – mais de 88 mil. Sua experiência o faz saber que está entrando num jogo de desfecho ainda imprevisível, mas com alguns rumos já desenhados.
Ao tomar conhecimento da escolha, o senador Weverton Rocha saudou o companheiro de chapa, ratificando a escolha do chefe do PL, ciente de que guinada do centro-esquerda para a direita conservadora o vinculará fortemente ao projeto de poder do presidente Jair Bolsonaro (PL), com desdobramentos imprevisíveis.
PONTO & CONTRAPONTO
Weverton “morde a isca” e responde a estocada de Lahesio sobre sua idoneidade
“Em cada canto que chego em nosso Maranhão conheço as pessoas pelo nome, porque convivo com cada região. Não sou um forasteiro”. Foi essa a reação do senador Weverton Rocha, pré-candidato do PDT a governador, ao ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, igualmente pré-candidato do PSC ao Governo do Estado, que em entrevista ao Jornal Pequeno, publicada na edição de domingo (29), dissera que o pré-candidato pedetista, que apontou como seu “principal adversário”, “é um político que não tem pudor com dinheiro público, e por isso o Flávio Dino não o escolheu”. Ainda que tímida, dada mais para minimizar do que para confrontar, a resposta do senador Weverton Rocha chegou ao meio político como uma prova de que ele “mordeu a isca” jogada espertamente pelo ex-prefeito Lahesio Bonfim com o objetivo de atraí-lo para o embate direto e, por essa via, deixar de escanteio o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD). Ele também tem interesse de partir para o combate frontal com o senador Weverton Rocha ou com o governador Carlos Brandão (PSB), pré-candidato à reeleição e que, segundo as últimas pesquisas, ultrapassou o pré-candidato pedetista e está na liderança da corrida às urnas.
O quadro é o seguinte: Carlos Brandão e Weverton Rocha brigam na frente, e se mantiverem esses desempenhos, irão disputar um 2º turno. Edivaldo Jr. e Lahesio Bonfim travam luta idêntica cerca de dez pontos percentuais atrás, e não terão outro caminho que não desgarrarem-se um do outro, de modo que o vencedor dessa peleja intermediária avance, alcance e atropele o segundo colocado. Poderá ganhar assim a condição de disputar o 2º turno com quem chegar na liderança, que no momento é o governador Carlos Brandão, o que faz do senador Weverton Rocha o alvo preferencial de Edivaldo Jr. e de Lahesio Bonfim.
Ciente de que não há outro caminho, Edivaldo Holanda Jr. iniciou um ataque ameno, utilizando as inserções do seu partido para dizer que ele não quer briga, porque enquanto os outros brigam, ele trabalha. Todos perceberam a tática, que não alcançou nenhum dos seus objetivos. Mais ousado e, ao que parece, mais determinado a chegar onde pretende, Lahesio Bonfim aproveitou a entrevista ao Jornal Pequeno – feita pelo competente e experiente jornalista Manoel dos Santos Neto -, e disparou o pesado petardo colocando em xeque a idoneidade de Weverton Rocha como homem público, acrescentando que esse teria sido o motivo pelo qual o senador não foi ungido candidato da aliança governista à sucessão estadual articulada pelo ex-governador Flávio Dino. Habituado a “ignorar solenemente” ataques à sua atuação política, o pré-candidato pedetista a governador deu sinais de que sentiu a pancada. Do contrário, não teria ensaiado uma defesa em forma de contra-ataque. Curiosamente, ele sinalizou de ter-se incomodado com a declaração do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, mas optou por uma reação amena.
O problema é que Lahesio Bonfim, que se tornou conhecido por declarações polêmicas, algumas agressivas, percebeu que acertou na mosca na estocada no pré-candidato pedetista, e já disse a um interlocutor que vai jogar pesado para ser um dos que disputarão o 2º turno, seja seu adversário o governador Carlos Brandão, seja o senador Weverton Rocha. Se ele avançar e tornar os ataques mais contundentes, o senador Weverton Rocha não terá outro caminho que não o da reação, mesmo sabendo dos riscos que é trocar disparos verbais com um franco-atirador. O mesmo deve acontecer com Edivaldo Jr., que logo se dará conta de que colocar uma pele de cordeiro por sobre os ombros e pregar o bom-mocismo em meio a um embate que vale uma vaga no turno decisivo da disputa é uma estratégia de altíssimo risco. A começar pelo fato de que também pode entrar na alça da mira verbal do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, que, como ele, confia na proteção de Jesus Cristo.
O fato é que o tempo das gentilezas e dos cuidados éticos na corrida ao Palácio dos Leões parece estar chegando ao fim, para ceder lugar ao tempo da crueza.
Faltam vices para três pré-candidatos a governador
Com a definição do deputado estadual Hélio Soares (PL) como vice na chapa do senador Weverton Rocha (PDT), as atenções se voltam para os pré-candidatos a governador Edivaldo Holanda Jr. (PSD), Lahesio Bonfim (PSC) e Simplício Araújo (Solidariedade), que ainda não escolheram seus companheiros de chapa. Edivaldo Holanda está em busca de uma aliança que possa ampliar o horizonte do PSD, podendo também formar uma chapa “puro sangue”, com um vice do próprio partido. Lahesio Bonfim pode ter um vice indicado pelo presidente do seu partido, deputado federal Aluízio Mendes, ou pode formar chapa com uma indicação do PTB, feita pelo senador Roberto Rocha. Finalmente, Simplício Araújo ainda não emitiu sinais de que esteja articulando a definição de um companheiro de chapa, até mesmo pelo fato de que oito entre dez observadores apostam alto que seu objetivo real e concreto é uma cadeira na Câmara Federal.
São Luís, 31 de Maio de 2022.