Arquivos mensais: julho 2020

Imprensa especula sobre fusão PCdoB/PSB e Dino reforça seu espaço no cenário político nacional

 

Flávio Dino : ampliando espaço no cenário político nacional

Uma série de conversas entre líderes da chamada esquerda democrática sobre possíveis acertos para as eleições municipais e, no bojo deles, prévias sobre a possibilidade de uma grande frente multipartidária para enfrentar a direita radical conservadora comandada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022, vem sendo divulgada pelo jornal O Globo, que aponta o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) como o mais ativo dos articuladores. Em reportagem publicada na edição de Domingo (19), o jornal carioca especula sobre uma suposta proposta de Flávio Dino para fundir o PCdoB com o PSB, visando lastrear seu projeto de disputar a presidência da República. Colocada como um projeto em andamento, a suposta fusão PCdoB/PSB gerou uma pequena onda de comentários, manifestações de surpresa até mesmo desmentidos. E como toda especulação sobre o futuro da esquerda encontra no PT um gargalo difícil de ultrapassar, as conversas dos líderes têm levado em conta as posições do partido do ex-presidente Lula da Silva, sendo a principal delas a de que a legenda petista não abre mão de comandar as articulações nem de ter um dos seus da cabeça da chapa na corrida presidencial.

O que O Globo vem publicando como uma revelação não é nenhuma novidade. Flávio Dino vem há muito defendendo a formação de uma frente ampla, que reúna os partidos de esquerda e inclua também partidos de centro e até mesmo de direita moderada. E tem fundamentado sua tese com a experiência que ele próprio comanda no Maranhão, onde governa com o apoio de 16 partidos, abarcando um leque ideológico que vai do comunismo pregado pelo PCdoB ao liberalismo extremado defendido por partidos como o DEM e o PP, por exemplo. Nas disputas eleitorais, como as eleições municipais deste ano, cada partido segue seu rumo e tenta ocupar seus espaços, aliando-se nos municípios de acordo com as suas conveniências, sem que isso cause tensões ou fissuras na aliança que dá sustentação política ao Governo do Estado.

Desde que começou a discutir a situação política do País – iniciativa que tomou logo que ficou clara a falta de rumo do Governo do Bolsonaro e as inclinações autoritárias do presidente e sua turma -, o governador Flávio Dino tem batido, com força e intensidade, na tecla de que é necessária a mobilização dos segmentos democráticos, independentemente dos posicionamentos ideológicos, na formação de uma ampla frente. O movimento por ele proposto tem, primeiro, o objetivo garantir a estabilidade política e sufocar arroubos autoritários, e, segundo, criar as bases de uma grande aliança para as eleições presidenciais de 2022. Essa pregação tem sido em reuniões, eventos políticos, lives e em dezenas de entrevistas a emissoras de rádio, de TV e de jornais do Brasil e do exterior. O seu discurso tem sido turbinado por duras críticas ao Governo Bolsonaro.

Essa movimentação política, lastrada por um Governo forte, de resultados muito acima da média, principalmente no campo social, reconhecido pela inexistência de desvios éticos e por uma política de transparência nos gastos públicos, deu ao governador autoridade para dar ao seu discurso o tom de um líder para aspirar voos mais altos. Com o seu Governo e o seu discurso, Flávio Dino ganhou credenciais para discutir o Brasil atual, expor seus pontos de vista sobre o que fazer para mudar o curso do País em 2022. Ganhou mais visibilidade, passou a ser ouvido, afinou o discurso e, naturalmente, foi alçado à condição de candidato a candidato a presidente da República. Atualmente, é uma das vozes políticas mais consideradas nacionalmente, não apenas como governante, mas também como político em pleno movimento de ascensão.

No campo das relações partidárias, a paquera com o PSB não é de agora. Convites para migrar do comunismo para o socialismo foram feitos ainda no primeiro mandato, feitos pelo então líder máximo do PSB, o pernambucano Eduardo Campos, herdeiro de Miguel Arraes, que assumiu o controle do partido ao voltar do exílio. Há duas semanas, o presidente nacional Carlos Siqueira voltou a abrir as portas do PSB para Flávio Dino, que num comentário solto sobre o assunto, levantou algumas possibilidades, entre elas a de uma fusão com o PCdoB. Não foi exatamente uma proposta, mas apenas uma ideia, que também não é nova. Flávio Dino já foi inúmeras vezes convidado para voltar para o PT, e já ouviu propostas diversas para se converter ao brizolismo pedetista.

O político Flávio Dino sabe que sua permanência no PCdoB dificulta o projeto presidencial, mas sabe também que não pode dar um passo errado nesse campo. Qualquer movimento migratório no campo partidário terá de ser muito bem pesado e medido, para não redundar num erro politicamente fatal.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PSOL realiza prévia e confirma candidatura de Franklin Douglas a prefeito de São Luís

Franklin Douglas confirmado candidato do PSOL

O advogado, jornalista e professor universitário Franklin Douglas foi confirmado como candidato do PSOL à Prefeitura de São Luís. A escolha foi feita por eleição prévia com os filiados do partido, realizada nos dias 18 (sábado) e 19 (domingo) em São Luís e em São Paulo, onde o partido escolheu o sindicalista Guilherme Boulos, que fora o candidato do partido a presidente da República em 2018. Escolhido por 60% dos votos Franklin Douglas tem um discurso forte, se mantém como Oposição, disparando duro no plano federal, com artilharia pesada contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No plano estadual, o agora candidato do PSOL, tem funcionado como uma metralhadora giratória contra os demais candidatos, dentro da linha do partido. A eleição prévia definiu a posição do PSOL na briga pela Prefeitura de São Luís. O braço do partido na Capital discutiu a possibilidade de uma aliança com o PSB em torno da candidatura do deputado federal Bira do Pindaré, mas logo recuou, preferindo participar da disputa com candidato próprio, definido agora Franklin Douglas como cabeça da chapa, tendo como vice o líder comunitário José Ribamar Arouche. Falta apenas formalizar a escolha em convenção, como manda a legislação eleitoral. O próximo passo do PSOL será definir sua chapa de candidatos a vereador.

 

Maranhãozinho aposta na eleição de Detinha para a Prefeitura de São Luís

Josimar de Maranhãozinho e Detinha: projeto ousado para São Luís

O deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) não anda bem-humorado em relação ao tratamento que meios de comunicação estão dando à candidatura da deputada estadual Detinha (PL) à Prefeitura de São Luís. Numa entrevista a uma emissora de rádio, ontem ele reclamou que a candidata está sendo tratada com indiferença e insinuou que institutos de pesquisa não a estão incluindo no leque de candidatos mostrado aos entrevistados. Ao mesmo tempo, esforçando-se para virar o jogo, Josimar de Maranhãozinho disse que Detinha “está sendo mito bem recebida” em comunidades da periferia, e que ela vai mostrar aos eleitores o quanto está preparada para se prefeita de São Luís. Ele acredita piamente que, sua candidata vencerá a disputa, a exemplo fez quando se candidatou à Prefeitura de Centro do Guilherme, onde ele dá todas as cartas. Josimar de Maranhãozinho acredita piamente que com Detinha na Prefeitura transformará São Luís na base da sua campanha ao Governo do Estado, contando para isso com “a ajuda de Deus”.

São Luís, 21 de Julho de 2020.

Há meio século, Sarney lançava “Norte das Águas”, revelando o “Maranhão profundo” e o domínio dos coronéis

 

José Sarney, aos 90 anos, meio século depois do lançamento de “Norte das Águas”, que já ganhou várias edições no Brasil e está traduzido em vários idiomas, como inglês, francês e chinês

Há meio século, mais exatamente na noite de 03 de Março de 1970, o auditório da Academia Maranhense de Letras, no centro de São Luís, foi palco de um evento marcante para a tradição literária do Maranhão. Ali, na presença de escritores, poetas, jornalistas e políticos, o então governador José Sarney comemorava seus 40 anos dando um passo audacioso, surpreendente e definitivo para a consolidação do escritor José Sarney ao lançar “Norte das Águas”, livro de contos que revelou o chamado “Maranhão profundo”. Escrito numa linguagem original, elaborada a partir da realidade do mundo revelado nos textos nele reunidos, o livro não só aumentou expressivamente a riqueza literária maranhense, mas também ampliou a literatura regionalista nacional, enriquecendo-a com as imagens e estórias de um Brasil distante, desconhecido, marcado por disputas, ódio, intrigas, violência, sexo, mas também por ternura, amor e poesia, tudo   mostrado com traços leves, mas evidentes, de realismo fantástico, em ascensão naquele momento. Naquele mesmo momento, iniciava a caminhada federal que em 10 anos o levaria à Academia Brasileira de Letras e em 15 à Presidência da República.

“Norte das Águas” foi recebido com surpresa pela crítica, que o saudou como um acontecimento auspicioso no universo literário brasileiro. O livro trouxe à tona a outra face do José Sarney político intelectualizado, humanista por base filosófica e democrata por princípio e convicção, que derrubara a velha ordem nas urnas e estava revolucionando os costumes políticos no Maranhão. Revelou a dimensão do José Sarney – até então só conhecido no mundo literário como poeta, por “Canção Inicial”, e jornalista – como um prosador de talento, com densidade, digno de ser incluído na lista dos mestres da literatura regionalista brasileira, como José de Alencar (Iracema), José Cândido do Carvalho (O Coronel e o Lobisomem), Guimarães Rosa (Grandes Sertões, Veredas), Raquel de Queiroz (O Quinze) e Graciliano Ramos (Vidas Secas), entre outros. “Norte das Águas” é exatamente o que se disse dele até hoje: um bom livro, de leitura cativante, daquelas que prendem o leitor, principalmente aquele que enxerga nas estórias, na linguagem, nos tipos e nos cenários a sua ancestralidade.

Escrito nas horas de folga da sua intensa e agitada agenda como governador – geralmente no próprio gabinete no Palácio dos Leões, após o expediente, segundo a biógrafa Regina Echeverria – e lançado pela Livraria e Editora Martins, com ilustração do pintor e escultor Antônio Almeida, “Norte das Águas” surpreende já no primeiro texto, intitulado “Abertura do tanto-faz”, uma impagável conversa de canoeiros do Pericumã, que termina com a mais perfeita tradução do Maranhão de ontem, mas que também ainda tem um pouco a ver com o atual: “Eta Maranhão grande aberto sem porteira…”.

“Brejal dos Guajás”, que abre a série de contos, é uma obra definitiva, daquelas sem ter o que tirar nem o que por, e na qual José Sarney traduz, mesclando crueza e lirismo, a realidade numa cidade perdida no sertão maranhense, onde dois coronéis, Chico Javali e Né Guiné, primos carnais, mas adversários políticos figadais, dividem, com as suas próprias leis, mas amparados pelo poder emanado de São Luís, a população ao meio, cada um com seus aliados, sua banda de música, seus espertos conselheiros, seus espiões e seus capangas, com a mediação de um padre e, às vezes, de uma respeitada dona de barraca na feira. As maquinações, os fuxicos, a espionagem e lances como a chegada do primeiro Jipe e da primeira amplificadora agitam o Brejal. Com a proximidade das eleições, a disputa recrudesce, ganha tensões de guerra civil, ferve manipulações e traquinagens, que culminam com uma burra sem rabo e um cachorro de rua fuzilado. Abertas as urnas, um impasse com a divisão quase integral do eleitorado e um acordo entre os dois coronéis, negociado pelo padre, para anular o voto excedente e não dar vez para a oposição.

Na sequência, três contos de puro realismo, relatando situações do “Maranhão profundo” até pouco tempo atrás. O primeiro conta a vida de extrema violência dos primos “Boastardes”, Vitofurno, Mamelino e Olegantino, que movidos pela crueldade matavam pelo mais fútil dos motivos, e quando não matavam, castigavam cruelmente até mulher grávida, mas que, mergulhados na sua própria brutalidade, usada como modo de vida, acabam por se matar. Os “Bonsdias” relata a traumática existência dos primos Rosiclarindo, que desmaiava ao ver sangue; Brasavorto, que ao ver cabeça de peixe se transtornava, tentava arrancar os cabelos e soltava um grito que apavorava quem ouvia; e Florismélio, que ao sentir alguns cheiros, a começar pelo de unha, era atacado por uma crise de soluços que durava dias e noites. Os três viveram com uma mulher, Rita Nanica. E os “Boasnoites”, Amordemais, Dordavida e Flordasina, parentes carnais, “encantados do amor da terra, das aguadas e dos campos”, cantadores, contadores de estórias e hábeis na arte de seduzir donzelas e mulheres casadas e infelizes.

Em “Merícia do Riacho Bem-Querer”, José Sarney conta a paixão trágica de Merícia, a mais sonhadora das três filhas bem cuidadas e bem guardadas do coronel Cipriano Feitosa, e Pedroca, mulato que, ao contrário de muitos outros, trabalhava no comércio do coronel como homem de confiança. Merícia, que sonhava conhecer o mundo e os homens, e Pedroca, que não tinha ambições, se apaixonam, fogem, vivem uma noite de amor, mas são apanhados e assassinados pelo coronel e seus capangas. Já em “Joaquim, José, Margarido, filhos do velho Antão”, o contista vai fundo na questão da terra, no poder dos coronéis de se autoproclamarem donos de tudo e de todos, e da cruel relação de troca entre o trabalhador e o dono da terra. Nesse conto, no qual os Arrudas enfrentam, com valentia extraordinária, o poder violento do coronel José Raimundo, José Sarney registra, de passagem, a “invasão” do Maranhão por levas de famílias cearenses, que fugiam da trágica seca que se abateu sobre o Nordeste nos anos 50, em busca das fartas e boas terras e das águas maranhenses.

“Norte das Águas” reúne ainda os contos “Beatinho da Mãe de Deus” e “Dona Maria Bolota que emprestava de bom coração”. No primeiro, que conta a trajetória de João do Zeferino, que se transformou num beato poderoso, Sarney registra o peso e a influência das crendices populares no “Maranhão profundo” e a carga explosiva que ela produz quando se choca com a política. O último relata o pragmatismo de Maria Bolota, que herdou do marido, um carcamano rico, um comércio, dinheiro e muito apego ao que lhe pertencia. Mostra também as duas faces da Igreja Católica naquele tempo e naquela região, a mais humana, verdadeiramente cristã, na figura de um padre pobre, e a negação dela na pele de um bispo esperto e arrogante.

Como observaram alguns críticos, em “Norte das Águas” Sarney foge do sociologismo pretencioso, das interpretações “dialéticas” da História e transforma em preciosidades os movimentos e os dizeres numa sociedade quase feudal. Mas vai fundo nos costumes, no dia a dia daquele Maranhão da primeira metade do século passado, quando as elites controlavam a política por meio dos coronéis, numa realidade em que imperava o mando dos “senhores” da terra e os agentes do Estado por eles controlados, como o delegado, o coletor de impostos e o tabelião. Salvo em casos isolados como a valentia dos Arrudas, migrantes cearenses, nada podia contra a aliança do poder político com o poder da força. Quando escreveu esses contos, José Sarney tinha menos de 40 anos, comandava um governo mudancista em todos os aspectos, exatamente com o objetivo de transformar o Maranhão dos chefes políticos num estado sintonizado com a modernidade. Na sua luta política, enfrentou como adversário o maior e mais ativo e influente dos caciques políticos da época em todo o País, o senador Vitorino Freire, e os coronéis e seus agentes. Andara pelo Maranhão inteiro e sabia exatamente sobre o que estava escrevendo. Pode-se dizer, numa interpretação realista plena, que o que está contado em “Norte das Águas”, mesmo com seus personagens fictícios, não é exatamente ficção.

No discurso que fez na noite do lançamento na Academia Maranhense de Letras, o padre João Mohana, já naquele momento um dos intelectuais mais respeitados do Maranhão, saudou “Norte das Águas” dizendo:  “Nestas páginas está a gente com sua força, sua vida, seus valores, sua sabedoria, suas mazelas, suas esperanças, seus desalentos, seus mitos, suas lendas, seu folclore, seu lirismo, sua violência, suas dores, sua história”. Não foi sem razão que, ao ler livro, que encontrou por acaso na biblioteca de um navio em que viajava, Jorge Amado, que não conhecia Sarney, declarou: “Norte das Águas”, último livro que mais li e gostei, me parece a revelação de um grande contista, de um grande ficcionista brasileiro”. Como ele, o celebrado antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, escreveu para José Sarney sobre “Norte das Águas”: “Com o seu texto, eu reencontrei o sabor, a linguagem carregada de imagens, sobretudo a qualidade profundamente humana da sua população. Eu amei e admirei o seu livro”.

Ao longo de meio século depois de lançado, “Norte das Águas” ganhou cinco edições no Brasil e está traduzido para o português de Portugal, para o francês, o espanhol (Espanha, México e Venezuela), o inglês, o alemão, o russo, o romeno, o búlgaro e para o chinês. Depois dele, Sarney lançou outras obras, como os celebrados romances “O Dono do Mar”, também traduzido para vários idiomas, e “Saraminda”, este último ambientado no Amapá. Mas, para muitos, “Norte das Águas” é a obra mais original de José Sarney, exatamente por traduzir o profundo, belo e feio, áspero e suave, em textos com momentos de crueza e de pura poesia. “Os contos de ´Norte das Águas` parecem escritos sob a regência de Guimarães Rosa. Há uma explosão semântica”, comentou o escritor Marcelo Rubens Paiva. É como escreveu Josué Montello: “A literatura de José Sarney nada tem de engajada ou comprometida. É literatura mesmo, no sentido alto e nobre da obra de arte”.

Meio século depois de lançado, “Norte das Águas” continua leitura essencial para quem quer compreender o Maranhão, sua gente e sua História.

São Luís, 18 de Julho de 2020.

Dino reforça que é preciso formar frente ampla para derrotar Bolsonaro e as forças que o apoiam

 

Flávio Dino diz que frente ampla é o caminho para derrotar Jair Bolsonaro nas urnas no pleito de 2022

“Precisamos derrotar o Bolsonaro e o bolsonarismo, derrotar a ideologia da morte, da destruição que embasa esse sistema de poder que aí está, mas que passará, porque nós venceremos”. Com essa declaração, que resume sua expectativa em relação ao futuro político do País a partir de agora, o governador Flávio Dino (PCdoB) fechou sua participação em live do “Janelas pela Democracia”, realizada na noite de terça-feira (14), e que reuniu líderes dos partidos da esquerda democrática:  deputada federal Gleisi Hoffmann (PT), deputado federal Alessandro Molon (PSB), senador Randolfe Rodrigues (Rede), senador Cristovam Buarque (Cidadania), Carlos Lupi (PDT) e José Luiz Penna (PV). No debate, que foi acompanhado por milhares de internautas de todas as regiões do País, o governador do Maranhão reafirmou com clareza as suas posições, a começar pela defesa da construção de uma ampla frente, que inclua partidos políticos do centro-direita à esquerda, sem tutela ideológica, para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro e a direita radical.

– Não se trata de atacar Bolsonaro, mas de defender o Brasil e os brasileiros – argumentou o governador maranhense, para quem uma frente ampla e bem articulada é o melhor caminho para tirar do poder Jair Bolsonaro e os segmentos conservadores de extrema-direita que o apoiam. “Os movimentos a favor da democracia nos ajudam a ampliar a opinião, para que não seja uma coisa dos partidos e sim uma questão da sociedade, uma autodefesa”, explicou.
O governador do Maranhão sustentou a proposta de construção de uma frente popular. Para tanto, manifestou a convicção de que, se convocadas para a defesa de uma causa do Brasil e do futuro da sociedade brasileira, que vem sofrendo duros ataques do reacionarismo em todos os seus vieses, as pessoas sem partido, sem filiação partidária, sem opção ideológica, mas que defendem o Brasil e os brasileiros, se engajarão no movimento. “Me dirijo àqueles que praticam o patriotismo verdadeiro e não o farisaísmo de quem finge ser patriota, mas que na verdade defende os interesses de outros países, apenas os interesses dos mais ricos, daqueles que mais têm”, disse Flávio Dino, num forte disparo dirigido ao presidente da República. Para ele, defender o “patriotismo popular” é, sobretudo, “amar o povo”.

Com essas manifestações, o governador Flávio Dino deixou implícita sua convicção de que o caminho para derrotar Jair Bolsonaro e as forças da direita radical é travando o embate político direto, intenso, que mostre aos brasileiros os riscos que a democracia corre se essas forças se consolidarem no Poder. Para ele, exemplos como a postura absurda do presidente da República e dos seus seguidores em relação à pandemia do novo coronavírus, o desprezo deles pelo melo ambiente, a política armamentista e a descontinuidade administrativa – ministérios da Educação e Saúde sem ministros, por exemplo – são reveladores do total despreparo do presidente da República e do descompromisso com a sociedade brasileira, principalmente os seus estratos mais carentes.

O governador maranhense está convencido de que a frente ampla contra o atual Governo é o caminho para derrotá-lo nas urnas. O primeiro passo será as forças de Oposição vencerem as eleições municipais e, a partir dessa vitória, construir a base política e eleitoral para derrotar o bolsonarismo nas urnas em 2022, com uma candidatura que represente o espectro político da frente ampla. O seguinte será mobilizar os segmentos políticos de fato comprometidos com a democracia, a exemplo da aliança que construiu no Maranhão e que se mantém com 16 partidos que formam um amplo arco ideológico.

Nos seus pronunciamentos políticos, Flávio Dino tem insistido nessa proposta, explicando, às vezes de maneira quase didática, que a vitória nas urnas é o caminho mais saudável e legítimo consolidar definitivamente a democracia brasileira.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Pré-candidatos à Prefeitura de São Luís intensificam articulações por alianças partidárias

Rubens Júnior, Eduardo Braide e Net Evangelista se mexem para ampliar bases de apoio

Os últimos dias têm agitado intensamente os bastidores da corrida para a Prefeitura de São Luís, com os pré-candidatos mais fortes procurando ampliar as suas bases de sustentação política e partidária, mais transformar esse cacife em poder de fogo eleitoral. Rubens Júnior praticamente selou a aliança do PCdoB com o PT, e vem ganhando reforços individuais, como o da deputada estadual e atual secretária da Mulher, Ana do Gás. Neto Evangelista (DEM) já tem o apoio da cúpula do PDT – sem o prefeito Edivaldo Holanda Júnior, vale registrar – e deve confirmar o apoio do PSL, segundo declarou o presidente do partido no Maranhão, vereador Chico Carvalho. E Eduardo Braide (Podemos) deve formalizar em pouco tempo a aliança com o PSC do deputado federal Aluísio Mendes e com o PSD do deputado federal Edilázio Júnior. Os demais pré-candidatos – Duarte Jr. (Republicanos), Bira do Pindaré (PSB), Carlos Madeira (SD), Yglésio Moises (PROS), Adriano Sarney (PV), Franklin Douglas (PSOL), Saulo Arcangeli (PSTU) e Detinha (PL) –  também se encontram em franco movimento em busca de alianças partidárias. É provável que até o final deste mês, bem antes das convenções, o quadro de candidaturas e suas alianças está definido.

 

Prefeito de Imperatriz reage à ação de promotora e compra briga feia com Ministério Público

Assis Ramos comprou briga feia com o MP ao acusar a promotora Mahyma Abas de perseguição 

Não bastassem seus problemas administrativo, a queda de popularidade e um time de adversários pesos pesados para enfrentar na corrida às urnas, o prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (DEM) comprou briga feia com o Ministério Público estadual ao acusar a promotora de Justiça Nahyma Ribeiros Abas, titular da 1ª Promotoria Especializada de Imperatriz, de perseguição política, quando ela o acionou na Justiça por suspeita de praticar nepotismo na sua administração, com a intenção de prejudica-lo eleitoralmente. Indignado, Assis Ramos – que é delegado de Polícia, portanto conhecedor do alcance e dos limites do MP -, anunciou que vai denunciá-la ao Conselho Nacional do Ministério Público, reafirmando tratar-se de perseguição política. Ontem, o Ministério Público, por meio da sua Secretaria de Assuntos Institucionais, reagiu em nota às declarações e movimentos do prefeito Assis Ramos, declarando total apoio à promotora Nahyma Abas, apontando-a como uma profissional correta e conta com o “apoio irrestrito” do Ministério Público. Resta esperar pela tréplica do prefeito Assis Ramos.

São Luís, 16 de Julho de 2020.

Integrada ao “novo normal”, Assembleia Legislativa se mantém produtiva, apesar das tensões pré-eleitorais

 

Othelino Neto no comando da sessão da Assembleia Legislativa nesta terça-feira

Já quase inteiramente adaptados ao “novo normal”, com a ampliação dos espaços do plenário, o uso de máscara e o número reduzido de assessores lhes dando assistência, os deputados estaduais do Maranhão estabeleceram uma rotina de trabalho, transformando a Assembleia Legislativa num parlamento ativo e com expressiva produção legislativa, sem também abrir mão dos embates causados pelas críticas oposicionistas e as rebatidas governistas. Ontem, por exemplo, o Poder Legislativo realizou uma sessão com pauta extensa, que resultou na conversão em lei de duas Medidas Provisórias importantes, na aprovação de um Projeto de Lei proposto pelo Poder Executivo autorizando o Poder Executivo a conceder subvenção social ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), na apresentação de Projeto de Lei criando o Dia das Vítimas da Covid-19, na repercussão de um Projeto de Lei que reforçou a proteção de mulher em situação de violência doméstica, entre outros temas.

Com a nova rotina, iniciada pela inovadora forma de sessão por via remota, implantada depois de quase três meses de quarentena, evolui agora em meio ao clima pré-eleitoral no qual mais de 20% dos 42 deputados são candidatos a prefeito e os demais encontram-se politicamente envolvidos na disputa. Nesse se contexto, o parlamento dá demonstrações fortes de que sabe exatamente qual é o seu papel institucional e de que tem noção ampla da sua importância como Casa política. A construção desse ambiente é o resultado de um trabalho eficiente realizado com sensibilidade política pelo presidente Othelino Neto (PCdoB), juntamente com os demais membros da Mesa Diretora e os integrantes do Colégio de Líderes.

Harmonizar o funcionamento da Assembleia Legislativa nesse momento, administrando as tensões e respeitando as diferenças, é um exercício de enxadrista movendo as peças de um tabuleiro complicado. Isso porque, ao mesmo tempo em que a agenda lhes impõe participar de comissões e se fazer presente nas sessões plenárias, a condição política exige deles envolvimento direto, como candidatos a prefeito ou como suporte político de candidatos a prefeito e a vereador em dezenas de municípios. As tensões produzidas nas bases políticas costumam desaguar no plenário do Legislativo, obrigando o presidente Othelino Neto a atuar como “voz moderadora”, uma vez que, mesmo antes de estourar no plenário, os confrontos entre parlamentares costumam fazer escala no gabinete presidencial. A atuação do presidente tem sido eficiente, assegurando que, apesar da tensão latente, o parlamento vem conseguindo boa produção legislativa.

A sessão de ontem foi exemplar nesse contexto. Sem maiores conflitos, os deputados aprovaram, por unanimidade, a MP 317/2020, que abre crédito extraordinário em favor do Fundo Estadual de Saúde, no valor de R$ 71.2 milhões. Também unanimemente foi aprovada MP 315/2020, que altera as idades de transferência para a reserva renumerada e de reforma dos militares, que agora passam a ser de 65, 70 e 72 anos. Na mesma linha de entendimento, os deputados aprovaram o Projeto de Lei 231/2020, que autoriza o Estado a conceder subvenção social no valor de R$ 500 mil ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), visando à implantação do Programa de País (2017-2021) e destinada ao benefício da criança e do adolescente por meio de ações preventivas contra a violência. E a Mesa Diretora acolheu projeto de lei protocolado pela deputada Thaíza Hortegal (PP), que é médica e enfrentou dias difíceis num leito de UTI, propondo a instituição do Dia Estadual das Vítimas da Covid-19.

O presidente Othelino Neto vem dando seguidas demonstrações de que é possível manter o parlamento estadual em funcionamento, exercendo as suas prerrogativas de Poder Legislativo, atuando também como espaço nobre para debate político, confrontos entre governistas e oposicionistas e embates pré-eleitorais, tudo movido pelas boas práticas da cultura política republicana.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Declarações de Dino à CNN podem ter feito Pazuello cancelar vinda ao Maranhão

Eduardo Pazuello e Flávio Dino durante a entrevista à CNN na tarde de terça-feira

Estava escrito nas estrelas que o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, cancelaria sua visita ao Maranhão, agendada para ontem, depois de tomar conhecimento das declarações do governador Flávio Dino (PCdoB) sobre as críticas feitas pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, ao excessivo envolvimento de militares no Governo de Jair Bolsonaro, destacando-se o exemplo do Ministério da Saúde. Gilmar Mendes comentou que as Formas Armadas correm o risco de serem associadas a um genocídio. Provocado pela CNN em entrevista na tarde de segunda-feira, o governador Flávio Dino avaliou que, com sua crítica – que não foi ofensiva nem dirigida a A ou B -, o ministro do STF na verdade aponto um grave problema em andamento na República, que é o grande número de militares ocupando funções civis.

No caso do Ministério da Saúde, a situação é especialmente grave, à medida que os militares comandados pelo general que comanda uma pasta extremamente técnica e com a qual os militares não têm afinidade. Para Flávio Dino, além de desnecessária, a ocupação de cargos civis por militares é de “constitucionalidade duvidosa”. Em outro momento, ao avaliar que não viu razão para a reação agressiva de generais às críticas do ministro Gilmar Mendes, foi uma reação “lamentavelmente corporativista”. “Infelizmente, as Forças Armadas, ao exercerem esse plexo de funções públicas de modo inusitado, acabam ficando expostas a esse tipo de crítica. Então, se eles (os militares), têm os bônus, é claro que devem ter os ônus derivados dessa inusitada, inédita, eu diria, assunção de funções públicas civis, que talvez nem na ditadura houvesse se verificado com tanta largueza”, disse o governador à CNN.

Em relação ao Ministério da Saúde, especificamente, o governador Flávio Dino disse o seguinte à CNN: “Não é possível que em meio a uma pandemia nós tenhamos esse nível de instabilidade gerencial. Isso de fato é inusitado, é realmente quase inacreditável. Então, não há dúvida de que já passou a hora de haver uma equipe estável no Ministério da Saúde. É um problema institucional que Jair Bolsonaro tem de corrigir o quanto antes”.

Não há qualquer dúvida de que as equilibradas, mas contundentes declarações do governador Flávio Dino foram o “problema com agenda” alegado pelo general e ministro interino da Saúde. Uma prova forte de que os militares não aceitam críticas.

 

Josimar de Maranhãozinho quer eleger prefeitos para apoiar seu projeto governamental

Josimar de Maranhãozinho: projeto ousado de eleger muitos prefeitos 

Conhecido por não dar ponto sem nó, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho vai aos poucos investindo para montar nas urnas, a partir do PL, a base a partir da qual pretende alçar voos em direção ao Palácio dos Leões. Seu projeto mais audacioso é a candidatura da deputada Detinha, sua mulher, à Prefeitura de São Luís, que não decolou e parece fadada ao fracasso. Com controle férreo sobre Maranhãozinho e Centro do Guilherme, onde os respectivos prefeitos, Auricélio e Zé Didário caminham para a reeleição rezando inteiramente na sua cartilha, e em Zé Doca, onde manda na Prefeitura por meio da prefeita Josenilda Rodrigues, sua irmã, que lhe deve obediência absoluta, ele opera para investir pesado em Paço do Lumiar, por meio da candidatura de Fred Campos, que parece empolgado com o apoio, e em Chapadinha, sendo ali o braço forte da ex-prefeita Belezinha, que vai enfrentar o prefeito Magno Bacelar (MDB). O projeto de Josimar de Maranhãozinho é lançar pelo menos uma centena de candidatos a prefeito nas diversas regiões do Maranhão.

São Luís, 15 de Julho de 2020.

Alianças vão definir o poder de fogo político e eleitoral dos candidatos à Prefeitura de São Luís

 

Rubens Júnior, Eduardo Braide e Net Evangelista se movimentam para que, cada um ao seu modo, construa coligações para a disputa pela Prefeitura de São Luís

As coligações partidárias serão fundamentais no cenário que começa a ser de fato desenhado para a corrida à Prefeitura de São Luís. Sua importância envolve os mais diferentes aspectos que embasam as candidaturas, como, por exemplo, o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV, além dos votos com que os partidos coligados poderão turbinar as chapas que apoiarão. E nesse campo, o deputado federal Rubens Júnior, pré-candidato do PCdoB, sai na frente, construindo uma aliança com cinco partidos, a começar pelo PT. Na mesma direção se movimenta o deputado Neto Evangelista, pré-candidato do DEM que já conta com o apoio do PDT e pode confirmar nos próximos dias o ingresso do PSL na base de apoio ao seu projeto eleitoral. Outras alianças estão sendo articuladas, entre elas a comandada pelo deputado federal Eduardo Braide, pré-candidato do Podemos, que deve confirmar os entendimentos com o PSC e com o PSD, entre outras siglas ainda indefinidas.

Rubens Júnior vem trabalhando duro para ampliar a coligação que vai liderar na corrida às urnas. A base dessa aliança será o PT, que fortalecerá o lastro da candidatura do PCdoB com um expressivo tempo de TV, uma militância aguerrida e, além disso, a indiscutível força do ex-presidente Lula da Silva, associada ao imenso poder de fogo do governador Flávio Dino na Capital. O problema é que o PT está dividido, com uma banda propondo candidatura própria e outra pregando aliança com o PCdoB. Pelos movimentos mais recentes, a aliança vem ganhando força e tudo indica que vai prevalecer. Um dos mais aguerridos defensores da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment, Rubens Júnior tem cacife para propor a aliança, que já tem o apoio do braço do PT em São Luís. Deve ganhar também parte do eleitorado evangélico que segue a senadora Eliziane Gama via Cidadania, além dos eleitores do PP, DC e PMB.

Eduardo Braide trabalha para formar uma coligação que lhe garanta algum tempo de rádio e TV, que serão instrumentos fundamentais na sua campanha. Até aqui, seu parceiro mais certo é o PSC, comandado no Maranhão pelo deputado federal Aluízio Mendes e que tenta ampliar sua presença nacional incentivado pelo remoto sonho presidencial do governador fluminense Wilson Witzel. É possível até que o PSC indique o vice, mas ainda é cedo para confirmação. Outra aliança já confirmada é do Podemos com o PSD, comandado no estado pelo deputado federal Edilázio Júnior, que já declarou expressamente o seu apoio a Eduardo Braide. Aluízio Mendes e Edilázio Júnior são apontados como parte do sarneysismo, mas sua movimentação política sinaliza que buscam independência.

Neto Evangelista está consolidado no DEM e se movimenta agora, intensamente, para oficializar a aliança com o PDT e com o PSL. Em relação ao arraial brizolista, mesmo afirmada e reafirmada pelo senador Weverton Rocha, chefe inconteste do PDT no Maranhão, a aliança do DEM com o PDT ainda está encoberta por uma densa sombra de dúvida, esta motivada pelo distanciamento do prefeito Edivaldo Holanda Júnior dessa movimentação do seu partido. Rumores cada vez mais fortes dão conta de que o prefeito não aprova a aliança PDT/DEM, o que cria, pelo menos, um forte embaraço. Ao mesmo tempo, Neto Evangelista caminha para ter o apoio do PSL, que reúne uma turma com peso eleitoral, como os vareadores Chico Carvalho e Isaías Pereirinha, além do ex-prefeito Tadeu Palácio, que parece disposto a renascer no cenário político de São Luís.

Outras alianças estão sendo desenhadas, com maior ou menor chance de sucesso. Pré-candidato do Republicanos, o deputado estadual Duarte Júnior trabalha para atrair o PSL, enquanto o pré-candidato do PV, deputado estadual Adriano Sarney estaria apostando numa aliança com o MDB, que por sua vez sinaliza com a possibilidade de coligar-se com Neto Evangelista ou com o pré-candidato do PROS, deputado estadual Yglésio Moises. O pré-candidato do PSB, deputado federal Bira do Pindaré, não desistiu de ter o apoio do PT, onde tem muitos apoiadores, e também uma aliança com o PSOL.

Há outros projetos de aliança em andamento, que serão definidos até as convenções marcadas para Setembro. Até lá, muita conversa vai rolar nos bastidores partidários, podendo até surgir alianças diferentes do que as desenhadas agora.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino diz que, mais que uma crítica sobre militares, Gilmar Mendes apontou um problema grave

Flávio Dino comenta cenário político e institucional do País durante entrevista a CNN na tarde de ontem

Em vez de um ataque às Forças Armadas ao afirmar que elas estão participando excessivamente das atividades civis no Governo do presidente Jair Bolsonaro, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, fez, na verdade, uma crítica e apontou um problema grave. E a reação irada e agressiva de generais que ocupam cargos-chave no Governo Federal foi mais uma demonstração de que o Brasil vive uma situação inédita, inacreditável aos olhos do mundo democrático. Flávio Dino também criticou duramente a situação do Ministério da Saúde e manifestou um fio de esperança com a escolha do novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, “depois de 18 meses sem ministro”. Foi a interpretação do Governador Flávio Dino (PCdoB), dada em entrevista à CNN, ontem à tarde, ao ensaio de crise que sacudiu o meio político nacional por conta das declarações do ministro.

Militares X Gilmar Mendes

“Acho que o ministro Gilmar Mendes apontou um problema grave que nós temos hoje no Brasil, que é altíssima ocupação de cargos do serviço público civil por militares. Isto é de constitucionalidade duvidosa, uma vez que são missões e papéis diferentes. Isso se já em vários âmbitos, hoje, na máquina pública federal, inclusive nesta sensível área da Saúde. Creio, portanto, que há um convite à reflexão feito pelo ministro Gilmar Mendes, que longe de despertar reações corporativas, deveria despertar sim uma revisão disto. Do ponto de vista formal, não vejo nenhuma reação para essas reações, que são lamentavelmente corporativistas. In felizmente, as Forças Armadas, ao exercerem esse plexo de funções públicas, de modo inusitado, acabam expostas a esse tipo de crítica. Então, eles têm os bônus, é claro que devem ter os ônus derivados dessa inusitada, inédita, eu diria, assunção de funções públicas civis, que talvez nem na ditadura houvesse se verificado com essa largueza”.

Mudança de postura de Bolsonaro – 

“Nos últimos dias as condições institucionais do País melhoraram. Nós temos uma situação em que a ausência do presidente da República é bem-vinda, o que seria a negação quase conceitual da noção de presidencialismo. Quanto mais ausente ele está, melhor para o País. Isto obviamente é um grave problema. Agora, infelizmente, não acredito que isso seja algo que perenize. Eu conheço o Bolsonaro, e o estilo dele é muito singular, eu diria. Nós temos os problemas que o cercam, que cercam seus amigos, familiares e aparentados. Ele deseja estancar processos judiciais. Temos agora a decisão judicial sobre o Queiroz e sua esposa. Acho que a atitude pessoal dele depende muito desses processos. Como eu não acredito que haverá uma espécie de pizza, uma operação abafa, o Ministério Público e a Polícia têm de continuar a apurar os graves indícios que existem. Creio que muito em breve teremos uma tensão institucional derivada do fato de o presidente República não aceitar controles institucionais. Estamos vendo isso com os militares, que reagem mal a uma crítica, como se eles fossem intocáveis. Qual a instituição humana que é intocável? No momento em que querem exercer funções políticas, têm de se submeter ao debate político. Inclusive para serem criticados. Se não querem ser criticados, não assumam funções públicas. Então, como eles reagem mal a até uma crítica, fico realmente pouco esperançoso de que esse amainar do ambiente se estenda. Eu particularmente gostaria de que se estendesse. Só não faço neste instante é acreditar nisto, por conta destes fatores”.

Ministério da Saúde

“Não é possível que em meio a uma pandemia nós tenhamos esse nível de instabilidade gerencial. Isso é de fato inusitado, é realmente quase que inacreditável. Então não há dúvida de que já passou da hora de haver uma equipe estável no Ministério da Saúde. Esse é um problema institucional que o Jair Bolsonaro tem de corrigir o quanto antes”.

Ministério da Educação

Tenho a viva esperança de que finalmente tenhamos um ministro da Educação. Estamos há um ano e meio sem ministro da Educação. Este senhor que foi agora nomeado tem atividades na área, numa universidade privada (Mackenzie) reconhecida no País. É claro que o perfil (do novo ministro) não converge com aquilo que eu particularmente, mas o presidente tem legitimidade popular, uma vez que foi eleito, de escolher os seus auxiliares segundo a sua visão ideológica, que não é a minha. Espero que o ministro tenha a capacidade de renunciar a crenças pessoais – que ele tem o direito de ter – e colocar em primeiro lugar o interesse público, que tenha a capacidade de ouvir, de dialogar. A educação brasileira tem desafios dramáticos”.

 

Assembleia não terá recesso e manterá a agenda de duas sessões por semana

Othelino Neto: sessão duas vezes por semana

A Assembleia Legislativa realiza hoje mais uma sessão presencial e dentro das regras. Por causa do período em que o Palácio Manoel Beckman permaneceu fechado por causa da pandemia do novo coronavírus, o presidente Othelino Neto (PCdoB), após ouvir os membros da Mesa Diretora e o Colégio de Líderes, decidiu que não haverá recesso, e que nesse período só haverá sessões deliberativas às Terças e Quartas-Feiras. A estrutura do plenário foi alterada, os deputados trabalham usando máscara, com assessoria reduzida, rigorosamente de acordo com os protocolos universais. Esse “novo normal” será mantido até que o “velho e bom normal esteja plenamente de volta.

São Luís, 14 de Julho de 2020.

Após Clay Lago, Tati Palácio e Gardênia Castelo, Camila Holanda vem fazendo diferença como primeira-dama de São Luís

 

Depois de primeiras-damas influentes, como Clay Lago, Tati Palácio e Gardênia Gonçalves, Camila Holanda faz sua própria história como mulher do prefeito de São Luís

A História política recente de São Luís tem sido marcada por dois aspectos que pouco chamam a atenção, mas que, observados com certa acuidade, influenciaram fortemente no que aconteceu na cidade desde que os prefeitos voltaram a ser escolhidos pelo voto direto e secreto com a redemocratização. O primeiro: dos seis prefeitos eleitos de 1985 para cá, dois foram mulheres – Gardênia Gonçalves, em 1985, e Conceição Andrade, em 1992 -, e quatro, homens – Jackson Lago em 1988, 1996 e 2000, Tadeu Palácio em 2004, João Castelo em 2008 e Edivaldo Holanda Júnior em 2012. Nas gestões masculinas, as primeiras-damas tiveram papel destacado, fugindo, cada uma à sua maneira, da mesmice, tendo marcado suas posições de maneira adequada, sem atração por holofotes nem se deixando dominar pelas tentações do poder.

Clay Lago, médica, professora universitária, politicamente consciente e ideologicamente posicionada, exerceu forte, mas discreta, influência sobre o marido Jackson Lago durante os 10 anos em que ele comandou São Luís. Tati Palácio, mulher do prefeito Tadeu Palácio (2002/2008), arquiteta experiente, atuou fortemente nos planos político e técnico, com participação decisiva nos projetos urbanísticos do período, contribuindo com a gestão mesmo quando entraram em crise conjugal. Gardênia Castelo foi sempre o braço direito e a face social da ação política do prefeito João Castelo (2009/2012), com poder de decisão e com a experiência de quem também governou a cidade de 1985 a 1989. As três fizeram sua parte dentro de bons limites dos espaços a elas reservados nessa seara delicada.

Desde Janeiro de 2013, com a posse do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, São Luís convive com Camila Holanda, uma primeira-dama fora dos padrões, que não se envolve ostensivamente na gestão do marido, não faz nenhum esforço para exibir poder, não se encanta com holofotes, mas atua como um esteio do prefeito, o que a torna, além de esposa, uma parceira firme e determinada em todas as horas. Para começar, Camila Holanda é jovem, bonita, despretensiosa, com formação universitária, religiosa e lapidada por anos a fio de balé clássico, sua paixão e do qual só se afastou quando teve de assumir responsabilidades familiares, uma vez que o marido, também jovem, mergulhou na vida pública como político militante – com menos de 40 anos já exerceu dois mandatos de vereador, meio mandato de deputado federal e está concluindo o segundo consecutivo de prefeito de São Luís.

Muito jovem quando se tornou mulher do prefeito de São Luís, Camila Holanda iniciou aí um aprendizado difícil, cheio de desafios, ao longo do qual conheceu todos os contornos, perigos e armadilhas que pontilham o poder. Segundo um amigo do casal, sua determinação em dar suporte ao marido lhe deu forças para superar as dificuldades. Nessa trajetória, uma imagem chamou a atenção dos ludovicenses: na eleição de 2016, quando o prefeito corria sério risco de não emplacar o segundo mandato, jornais estamparam imagem da jovem primeira-dama grávida, sob sol forte, liderando um grupo de panfletagem no centro da cidade. O marido foi reeleito e esse desfecho lhe renovou as forças.

No segundo mandato, por razões que não conhecidas, Camila Holanda decidiu que, além do trabalho social que comanda – entre eles cursos de balé para crianças carentes -, seria presença constante ao lado do marido em todos os atos por ele comandados. Foram meses e meses de registros de uma primeira-dama meio convencional. De uns tempos para cá, porém, depois que o prefeito Edivaldo Holanda Júnior deflagrou o monumental programa “São Luís em Obras”, com a restauração das áreas centrais e de urbanização – drenagem e pavimentação -, em centenas de bairros, a primeira-dama de São Luís mudou radicalmente: acompanha o marido diariamente em visitas a frentes de obras, agora de calças jeans, botinas, camiseta e máscara, sem qualquer adorno. Sempre empunhando um celular, documenta máquinas trabalhando, mostra o prefeito em ação, informa sobre rua, bairro e o tipo de obra em andamento, disparando pequenos vídeos nas suas contas em redes sociais. Não se sabe o alcance dessa ação, mas com certeza, se não foi ainda, já deveria estar sendo levada em conta pelos estrategistas da área de comunicação do Governo municipal.

Há quem diga que a jovem primeira-dama de São Luís está tomando gosto pela política. Mas até aqui o que é visível mesmo é o seu entusiasmo pelo trabalho do marido, que tem horizonte largo pela frente. E construindo uma história que pode também ser uma boa referência para as jovens senhoras cujos maridos estão metidos na briga pelo Palácio de la Ravardière.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Chico Carvalho aguarda decisões para traçar o futuro do PSL no Maranhão

Chico Carvalho:  tarimba no jogo bruto pelo comando do PSL 

O vereador Chico Carvalho, raposa experiente que preside o braço maranhense do PSL há mais de uma década, aguarda um pacote com decisões judiciais e orientações do presidente nacional, o deputado federal pernambucano Luciano Bivar, para definir os rumos do partido no Maranhão. Chico Carvalho é aliado de primeira hora de Luciano Bivar e está preparado para romper de vez com o presidente Jair Bolsonaro e sua turma se eles continuarem tentando tomar o partido na marra. O problema é que Jair Bolsonaro, o seu filho aloprado e deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), de olho nos R$ 300 milhões que irrigarão as contas do PSL, tentaram tomar o partido de assalto, confiados unicamente no poder do Palácio do Planalto. Ocorre que os aloprados  foram surpreendidos com a resistência de Luciano Bivar, fundador do partido e político traquejado nesse jogo, que conta nos quatro cantos do País com aliados leais como Chico Carvalho, que também sabem jogar esse jogo. Quando o filho do presidente e sua turma tentaram a manobra em Brasília, bolsonaristas maranhenses tentaram armar para cima de Chico Carvalho, que sem alarde se moveu e os deixou sem nada e com caras de tacho. Agora, a decisão judicial resolverá de vez a briga interna. Mas mesmo que os seguidores do presidente ganhem a parada no tapetão, para assumir o controle do partido no Maranhão terão de afastar Chico Carvalho da presidência. Isso só será possível por meio de uma convenção e com maioria no diretório. E nesse jogo de bastidores partidários Chico Carvalho é um craque traquejado.

 

PT caminha mesmo para apoiar Rubens Júnior em São Luís

Rubens Júnior recebe o apoio de líderes petistas de São Luís

Todos os sintomas evidenciados até agora indicam que o braço do PT em São Luís tende mesmo a acertar uma aliança com o PCdoB em torno da candidatura do deputado federal Rubens Júnior. Vários graúdos do partido, a começar pelo vereador Honorato Fernandes, que comanda o partido na Capital e busca a reeleição, se declararam favoráveis à candidatura de Rubens Júnior. O entrave é um grupo que defende que o PT participe da corrida eleitoral lançando candidato a prefeito, apontando o deputado estadual Zé Inácio como o melhor nome. Negociações em curso vão colocar a locomotiva petista nos trilhos do PCdoB.

São Luís, 12 de Julho de 2020.

Roseana Sarney descarta candidatura em São Luís e diz que seguirá a definição do MDB

 

Roseana Sarney avisa, em rede social, que não será candidata em São Luis e que seguirá o MDB

“O que o partido definir, eu vou acompanhar o partido”. A declaração é da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), feita em rede social ao comentar a corrida para a Prefeitura de São Luís e a sua participação no contexto da disputa. A emedebista disse que ficou “muito honrada” com o convite feito pelo MDB para que ela fosse a candidata do partido à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), mas que mediu, pesou, ouviu pessoas e decidiu não se candidatar. Avaliando que trabalhou em São Luís “como uma prefeita”, concluiu que a experiência valeu como o exercício de um mandato. A manifestação da ex-governadora confirma, primeiro, que o MDB está pacificado, e que participará das eleições municipais onde for possível lançar candidato a prefeito, vice-prefeito em aliança, e a vereador. E também parece sinalizar que não está inclinada a apoiar a candidatura do deputado estadual Adriano Sarney (PV), seu sobrinho, a menos que ele seja o candidato que o MDB vier a apoiar, o que até aqui parece não ser o caso. Deixou no ar também qual será o grau da sua participação na campanha do candidato que vier a ter o suporte emedebista.

Com a rica experiência política que acumulou, Roseana Sarney sabe que entrar numa disputa agora na Capital, depois de ter fracassado na eleição para o Governo do Estado em 2018, seria um risco político enorme. Ela seria um candidato de peso, poderia desequilibrar a disputa, provocar uma polarização, mas enfrentaria muitas dificuldades, com possibilidade real e concreta de sofrer outra dura derrota. Numa eleição na qual os candidatos são jovens e audaciosos, ela seria transformada no alvo das pancadas, que lhe poderiam impor desgaste forte, mesmo que viesse a vencer a eleição. Ao mesmo tempo, sua candidatura ajudaria muito à chapa de candidatos do MDB a vereador, podendo mesmo abrir caminho para que o partido voltasse a ter representação na Câmara Municipal. Preferiu, porém, não pagar o elevadíssimo preço político nem encarar o desgaste pessoal por um eventual fracasso nas urnas ou por um sucesso com muitas feridas e hematomas.

Ao anunciar que acompanhará a decisão do partido na disputa em São Luís, Roseana Sarney sinaliza com clareza que a crise que abalou o arraial emedebista no final de 2018, quando a ala jovem, liderada pelo deputado Roberto Costa, assumiu o comando do partido, está superada. O MDB saíra das eleições de 2018 estraçalhado, a começar pela derrota dela própria, e mergulhou numa guerra interna, só superada com um acordo para a divisão de espaço dentro do partido. Depois, as tensões foram reduzidas quando o deputado Roberto Costa, com o aval do presidente do partido, ex-senador João Alberto, lançou a candidatura da ex-governadora à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, num grande ato com a presença do presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi. Roseana Sarney deixou o lançamento no ar, avaliou as repercussões, consultou o eleitorado por pesquisa e chegou à conclusão de que o melhor era não entrar na guerra sucessória.

Política que não faz um movimento sem estar embasada por pesquisa, Roseana Sarney certamente se valeu desse instrumento para confirmar que não será candidata, mas manifestando disposição para participar da campanha do partido. Nesse sentido, o comando do MDB pretende levá-la a municípios onde houver candidato do partido, como Caxias e Rosário, por exemplo. No caso de São Luís, o MDB ainda avalia o cenário para se posicionar, seja com candidato próprio ou apoiando candidato de outro partido, como Adriano Sarney, do PV, cuja candidatura não parece ser do seu agrado.  Ela tem lastro político na Capital, onde assina muitas e importantes obras estruturantes, como a Via Expressa, para citar apenas um exemplo.

Esse retorno à vida partidária e ao cenário pré-eleitoral indica que a ex-governadora Roseana Sarney está politicamente ativa e avaliando possibilidades para 2022.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Bira do Pindaré prefere não atacar o prefeito Edivaldo Holanda Júnior

Bira do Pindaré: discurso moderado ao avaliar Edivaldo Holanda Júnior

Quem esperava que o deputado federal Bira do Pindaré, candidato do PSB à prefeitura de São Luís, dispararia chumbo grosso contra o prefeito Edivaldo Holanda Júnior e sua gestão, esperou em vão. O aspirante socialista adotou um tom moderado em relação ao prefeito, contrariando a expectativa de aliados seus, que esperavam um discurso, se não agressivo, mais duro em relação à atual gestão municipal. O tom foi dado na entrevista que concedeu nesta semana a O Estado.

Ao ser indagado pelo repórter Ronaldo Bastos sobre como avalia o ´refeito de São Luís, o candidato do PSB respondeu: “Durante sua trajetória como gestor de São Luís, o prefeito Edivaldo Holanda tem momentos de alta e momentos de baixa. Penso que, nesse momento, ele está em alta, por conta dos resultados produzidos na cidade. Isso faz dele um forte cabo eleitoral, com peso muito grande no processo sucessório”.

Vale lembrar que o prefeito Edivaldo Holanda Júnior ainda não se manifestou sobre candidaturas à sua sucessão, e com seu silêncio tem dado a entender que não abraça o projeto do PDT de apoiar a candidatura do deputado estadual Neto Evangelista (DEM). Pode estar aí a explicação para a avaliação do candidato do PSB.

 

Detinha estaria se sentindo deslocada no cenário político de São Luís

Detinha

Correm rumores segundo os quais a deputada Detinha (PL) estaria desanimada com a sua pré-candidatura à Prefeitura de São Luís. O motivo do desânimo os percentuais por ela obtidos em pesquisas recentes. Mas não pensa em desistir, porque sua candidatura é um projeto do deputado Josimar de Maranhãozinho, seu marido e chefe absoluto do PL no Maranhão. Ele pretende candidatar-se a governador em 2022 e vê como fundamental mostrar alguma força política da Capital. E o caminho para delimitar esse espaço é lançando um candidato ao Palácio de la Ravardière. Detinha, que já foi prefeita de Centro do Guilherme, um dos “feudos” político de Josimar de Maranhãozinho, estaria se sentindo “deslocada” no cenário da Capital. Se é esse seu ânimo, faz sentido.

São Luís, 11 de Julho de 2020.

PSB volta a “abrir as portas” para Flávio Dino, que só definirá futuro partidário após pleito municipal

 

Flávio Dino e Carlos Siqueira (com Miguel Arraes ao fundo): amizade e afinidade política e ideológica

De volta ao campo dos movimentos partidários visando a disputa presidencial de 2022 o projeto de migração do governador Flávio Dino do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Agora com repercussão bem maior do que nas abordagens anteriores, o assunto veio à tona ontem, por meio da revelação, feita pelo jornal O Globo, segundo a qual o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, reforçou o convite ao governador Flávio Dino, declarando que a agremiação socialista está de portas abertas à sua filiação. O chefe socialista teve o cuidado de esclarecer que o convite ao governador não tem como condição a candidatura dele a presidente em 2022. E o próprio Flávio Dino, ao comentar o movimento, foi mais cauteloso ainda, dizendo que colocar candidatura presidencial para migrar para o PSB seria desrespeitoso. Mas o fato é que o convite foi feito e o convidado foi visivelmente simpático à iniciativa.

O governador Flávio Dino se move politicamente com a perspectiva de criar as condições que lhe permitam colocar seu nome no leque das opções à sucessão presidencial. Entre os fatores que causam discussões em torno desse projeto está a sua filiação ao PCdoB. Há quem veja o PCdoB como uma agremiação legítima e viável para sustentar uma candidatura presidencial; há, por outro lado, quem pense o contrário, enxergando num PCdoB uma legenda historicamente superada, argumentando o rótulo de “comunista” e os símbolos (foice e martelo) sustentados pelo partido estão descontextualizados. As primeiras vozes defendem a permanência do governador no PCdoB, enquanto as outras acham que ele deve mudar de partido se realmente estiver planejando participar da guerra

O governador, por sua vez, minimiza o debate, lembrando a base social e o sentido da comunhão da ideologia comunista, criticando a obstinação da extrema-direita em satanizar o comunismo, e mostrando que não haverá maiores problemas com uma candidatura do PCdoB ao Palácio do Planalto. Lembra que venceu duas eleições de turno único, destacando que a segunda, a reeleição em 2018, liderou uma coligação com 16 partidos de diferentes matizes ideológicos, com os quais governa sem problemas de natureza administrativa ou política. “Eu diria que a questão partidária não é a que decide o tamanho da aliança. O que decide o tamanho da aliança é a sua atitude”, assinala.

Politicamente maduro, o governador maranhense avalia com cuidado das raposas a sua condição partidária no cenário da sucessão presidencial. Não há dúvida de que ele é pré-candidato a presidente, mas não coloca esse projeto como irreversível. Até o momento, tem dito que trabalha com três possibilidades para 2022: disputar o Palácio do Planalto, concorrer a uma cadeira no Senado, ou até mesmo permanecer no Governo até o fim do mandato, para depois voltar a dar aulas de Direito Constitucional da UFMA. No que diz respeito à sucessão presidencial, só acredita numa candidatura que lidere uma frente partidária que una esquerda, centro e até mesmo segmentos da direita democrática. Reconhece tratar-se de um projeto complicado e inviável se, por exemplo, o PT não flexibilizar a ideia de que tem o direito de liderar a chapa, o que até agora o partido de Lula da Silva não dá sinais de concordância, muito ao contrário.

Suprimindo-se as cautelas do autor do convite e do convidado, ao abrir as portas para Flávio Dino, o comando do PSB lhe oferece também, e principalmente, a vaga de candidato a presidente da República. Isso porque, mesmo tendo governadores em dois estados importantes – Paulo Câmara (Pernambuco) e Renato Casagrande (Espírito Santo) -, o PSB não dispõe de um nome de projeção nacional com gás político para disputar a sucessão presidencial. Até por saber que Flávio Dino, com a estatura que tem hoje, jamais deixaria o PCdoB para ser mais um quadro nas fileiras do PSB. Não faria sentido.

O governador Flávio Dino não esnoba o convite nem descarta a migração. Mas prefere avaliar melhor essa possibilidade depois das eleições municipais, quando, definidos os novos prefeitos e vereadores, acredita que haverá um “rearranjo” político e partidário no País.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Reforço a Jota Pinto e ficha-limpa de Júlio Matos podem dificultar reeleição de Eudes Sampaio

Eudes Sampaio pode ter  reeleição dificultada por Júlio Matos e Jota Pinto

As forças políticas de São José de Ribamar começaram, de fato, a se mobilizar para conter a onda de crescimento do prefeito Eudes Sampaio (PTB) na corrida às urnas. Com uma gestão ativa, o seu cacife político pessoal e o apoio forte do ex-prefeito Luís Fernando Silva, o prefeito parece surfar rumo a uma reeleição tranquila. Movimentos recentes, no entanto, indicam que Eudes Sampaio poderá enfrentar alguns percalços. Primeiro, o senador Weverton Rocha resolveu turbinar a pré-candidatura do ex-deputado Jota Pinto pelo PDT, fazendo uma movimentação intensa para manter o projeto de pé. Depois, nua decisão surpreendente, que produziu rumores os mais diversos, o Tribunal de Contas do Estado aprovou as contas da gestão do médico Júlio Matos, que foi prefeito de São José de Ribamar pelo PDT no século passado, e de lá para cá ficou de fora de todas as eleições por ser ficha-suja. Com a rumorosa decisão, Júlio Matos limpou a ficha e deve tentar voltar à Prefeitura em Novembro com o apoio do ex-prefeito Gil Cutrim (PDT), que tem o aval do conselheiro Edmar Cutrim, do TCE. Não há sinais ainda de que o favoritismo do atual prefeito esteja ameaçado, mas com a entrada de Júlio Matos no páreo, o projeto de reeleição de Eudes Sampaio pode ganhar alguns quilos de dificuldades.

 

Bira do Pindaré conta com a experiência de Lídice da Mata, ex-prefeita de Salvador

Bira do Pindaré tem em Lídice da Mata boa fonte de conselhos e sugestões sobre SL

O deputado federal Bira do Pindaré, pré-candidato do PSB à Prefeitura de São Luís, realizou, nesta semana, uma reunião virtual para debater os problemas da Capital. Entre os convidados, a deputada federal baiana Lídice da Mata. A presença da parlamentar a princípio pareceu estranha, mas se explica pelo fato de que, além de ser um dos quadros mais importantes do partido, com um rico histórico de militância, Lídice da Mata foi prefeita de Salvador, uma cidade que guarda forte similaridade com São Luís. Como São Luís, a Capital da Bahia tem um grande acervo arquitetônico colonial, tem uma cultura popular muito forte, uma periferia cheia de problemas e até bolsões de palafitas. A experiência da ex-prefeita de Salvador é uma fonte riquíssima para ser explorada pelo candidato do PSB, que não conta nem com o apoio nem com a experiência do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT).

São Luís, 10 de Julho de 2020.