A pesquisa do JPesquisa, divulgada Domingo pelo Jornal Pequeno, dando conta da liderança folgada e inconteste do prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), na corrida em que pleiteia a reeleição, causou certo impacto pela diferença que ele impõe – 60% contra 15% – ao seu principal concorrente, o deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB), mas não surpreendeu a nenhum observador da disputa pelo poder na seara política caxiense. Os números, que favorecem largamente o prefeito em cenários diferentes, traduziram a situação decorrente do redesenho do cenário político da Princesa do Sertão, iniciado com a morte do deputado estadual Humberto Coutinho (PDT), no auge do poder, e que abriu um vácuo gigantesco no seu grupo, e pelo visto sem perspectivas de ser preenchido, exatamente por falta de quadros sob a liderança da deputada estadual Cleide Coutinho (PDT).
O prefeito Fábio Gentil, que se impôs como o contrapeso de Humberto Coutinho e tirou o seu grupo do comando caxiense em 2016, ganhou as condições para decidir sobre os destinos de Caxias por muito tempo. Os fatores que explicam os números da pesquisa JP são óbvios. Fábio Gentil não é uma liderança saída do nada nem surgida de passe de mágica. Sua carreira foi uma construção tijolo a tijolo, ganhando consistência em seguidos mandatos de vereador. Amadureceu e se estabeleceu como líder político de uma nova geração, praticando política cuidadosa, sempre sob a orientação do pai, o deputado Zé Gentil, recentemente falecido, uma raposa que muitos subestimaram, mas que soube mostrar suas habilidades e seu senso de oportunidade investindo acertadamente na carreira do filho.
O resultado dessa operação lenta e gradual veio em 2016, com a aliança que ele firmou com o ex-prefeito Paulo Marinho, a terceira força política do município, cedendo a vaga de vice a Paulo Marinho Júnior – que renunciou para assumir mandato na Câmara Federal por suplência obtida em 2018 – foi uma vitória surpreendente de Fábio Gentil, para muitos impensável, sobre o então prefeito Leo Coutinho, escolhido para ser o herdeiro político de Humberto Coutinho. Ao tirar o Grupo Coutinho do poder, Fábio Gentil se credenciou para assumir o posto de maior líder de Caxias neste momento. Isso porque Humberto Coutinho, um político maiúsculo e respeitado até por adversários, cometeu o erro de não preparar um sucessor.
No comando da máquina municipal, Fábio Gentil não decepcionou a quem nele apostou. Faz uma gestão com os pés no chão, investindo no potencial do município. A cidade está limpa, bem cuidada, com sua infraestrutura melhorada, servidores e demais obrigações rigorosamente em dia. O prefeito demonstra ter nítida consciência de que, mais do que um município que abriga 165 mil habitantes, o que fez dela o quinto maior colégio eleitoral do Maranhão, Caxias tem importância política destacada no contexto maranhense, que começa pela sua reconhecida independência. Caxias é polo principal do Leste maranhense, o que lhe dá uma posição estratégica e privilegiada em qualquer equação política estadual. Fábio Gentil vem sabendo alimentar essa tradição com habilidade, removendo, um a um, os obstáculos que lhe aparecem.
Sua posição de líder na corrida às urnas, apurada pela JPesquisa, é fruto desse contexto, sendo também uma fotografia nítida do momento, como são os levantamentos pré-eleitorais. Seu principal adversário, o deputado Adelmo Soares, além do apoio do Grupo Coutinho, que já lhe indicou a vereadora Thaís Coutinho como vice, é um político hábil, com desenvoltura discursiva e avalizado pelo comando estadual do PCdoB – um trunfo poderoso e nada desprezível. Os demais pré-candidatos – o emedebista César Sabá (4%), o “candidato do PT” (4%) e Luís Carlos Moura (2%), parecem sem chance de reagir.
E mesmo levando em conta o fato de 10% que responderam não querer nenhum dos candidatos, e a ponderação segundo a qual ainda é cedo para consumar previsão, é fato que essa parece não se aplicar a Caxias, onde está desenhada uma tendência muito clara, indicando forte possibilidade de o prefeito Fábio Gentil renovar o mandato.
Em Tempo: A pesquisa divulgada pelo Jornal Pequeno foi realizada pelo JPesquisa, empresa ligada ao diário, foi realizada no período de 19 a 22 de Junho, ouviu 600 eleitores, tem margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos, intervalo de confiança de 90% grupo e está registrada na Justiça Eleitoral sob o número MA-02708/2020.
PONTO & CONTRAPONTO
Sem Lula, Dilma sugere aliança PT-PCdoB com Haddad ou Dino liderando a chapa
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) faz uma análise simples e certeira: a virtual desistência do ex-presidente Lula da Silva (PT) de entrar na briga pelo Planalto em 2022 abre naturalmente o caminho para lideranças novas no âmbito da chamada esquerda democrática. Nesse universo, a ex-presidente enxerga de cara dois nomes, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o nome mais forte do PT, na avaliação dela, e o governador Flávio Dino (PCdoB). Na condição de petista, a preferência da ex-presidente é, em princípio, Fernando Haddad. Mas numa avaliação mais abrangente, Dilma Rousseff vê o governador do Maranhão como um nome em condições de liderar a chapa de uma aliança de esquerda. Ela quer o PT como o protagonista maior desse processo, mas ao contrário de outros petistas de proa, a começar pelo próprio Lula da Silva, a ex-presidente admite a participação do PT numa aliança liderada por candidato de outro partido, como seria o caso de Flávio Dino, do PCdoB. Dilma Rousseff tem atenção especial em relação a Flávio Dino. Ela não esquece de quanto o governador se empenhou contra o processo de impeachment, tendo sido, nos momentos decisivos, o líder político mais exposto na linha de frente contra o que eles interpretaram como “golpe”. Além disso, pesa também o fato de Flávio Dino ser reconhecido dentro e fora do Maranhão como um gestor de excelência, com qualificação para comandar o País. Essa ainda improvável parceria poderá vir a ser confirmada.
Edivaldo Júnior intensifica maratona de visita a obras sem falar em sucessão
O prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) intensifica sua maratona de acompanhamento de obras de pavimentação nas diversos regiões de São Luís. Faz essa movimentação sozinho, sem dar a ela caráter eleitoreiro, embora seja fácil perceber o tom político que vem dando às incursões diárias às frentes de obras. Ao mesmo tempo, mantém obstinado silêncio sobre sua sucessão, dando a impressão de que são verdadeiros os rumores segundo os quais não aprova a aliança PDT-DEM com chapa liderada pelo deputado estadual Neto Evangelista, contrariando a orientação do comandante da agremiação brizolista, senador Weverton Rocha. A expectativa cresce dentro e fora do arraial pedetista, de vez que começa a contagem regressiva para as convenções partidárias, quando o prefeito de São Luís finalmente revelará sua posição em relação à sua própria sucessão.
São Luís, 30 de Junho de 2020.